Plinio Corrêa de Oliveira
Santa
Inês, virgem em seu martírio
Santo do Dia, 20 de janeiro de 1966 |
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A D V E R T Ê N C I
A O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de
conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da
TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor. Se o
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre
nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial
disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério
tradicional da
Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como
homenagem a tão belo e constante estado de
espírito: “Católico
apostólico romano, o autor deste texto
se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja.
Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja
conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”. As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui
empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em
seu livro "Revolução
e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº
100 de
"Catolicismo", em abril de 1959. |
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Mosaico representando Santa Inês (* Roma, 290-293 + Roma, 21 de janeiro de 305), Paróquia de Santa Inês fora dos muros (Roma), Wikipedia CC BY-SA 2.0 Sobre Santa Inês, diz D. Guéranger, citando palavras de Santo Ambrósio: “Novo gênero de martírio. A virgem não tem idade ainda para ser supliciada e já está amadurecida para a vitória. Não está ainda amadurecida para o combate e já está apta para obter a coroa. Tem contra si mesma sua pouca idade (12 anos), mas já é mestra na virtude. Avança cheia de alegria, com passo desembaraçado para o lugar do seu suplício. Ornada, não de cabelos artificialmente penteados, mas de Cristo. Coroada, não de flores, mas de pureza. Todos estão em lágrimas. Somente ela não chora. “Admiram-se de que entregue tão facilmente uma vida que ainda não gozou, que ela sacrifica como se tivesse esgotado. Todos se admiram de que seja testemunha da divindade, numa idade em que não poderia ainda dispor de si mesma. Sua palavra não teria valor na causa de um mortal. Hoje crê-se nessa palavra, no testemunho que presta a Deus. Com efeito, uma força que está acima da natureza não poderia vir senão do autor da natureza. Ela se adianta, reza e curva a cabeça. Vê tremer o carrasco, como se ele mesmo fosse um condenado. Sua mão está agitada, seu medo pálido pelo perigo de outro, enquanto a jovem vê sem medo seu próprio perigo. Eis então uma só vítima num duplo martírio um, o da castidade, o outro o da religião. Inês permaneceu virgem e obteve o martírio”. Observação do Rohrbacher: “No mesmo dia, morte de Luís XVI, rei da França, o qual por se haver recusado a assinar a deportação de sacerdotes fiéis e haver-se tornado confessor da fé católica, foi morto pelos ímpios da época. O papa Pio VI, como doutor particular, qualificou de martírio a morte de Luís XVI”.
Igreja de Santa Inês, Praça Navona (Roma). Foto Paulo R. Campos - ABIM Este comentário de Santo Ambrósio sobre Santa Inês, tem um certo caráter literário, mas profundo e muito bonito porque é todo feito de contrastes, e através destes vai pondo em evidência o pensamento que ele quer salientar. Em primeiro lugar, o contraste entre a idade e o martírio. Ela ainda não está em idade de ser supliciada, porque é tão jovem que não é idade de se supliciar ninguém. Porém, já está amadurecida para a vitória. Aquela que não está amadurecida para a vida, está amadurecida para vencer. É uma glória: a imaturidade do tempo e a maturidade da virtude. Segundo contraste: não está amadurecida para o combate e já está apta para obter a coroa. Uma moça nessa época não está em condições ainda de combater, mas já obtém a maior de todas as coroas, que é a coroa do martírio. Terceiro contrate: tem tão pouca idade, que não dispõe de si mesma. Entretanto aquela que tem tão pouca idade que a lei não considera poder se governar a si mesma, já é uma mestra da virtude. Então, são os contrastes que a personalidade dela oferece. Agora, outra consideração: o modo dela sofrer o martírio. Avança cheia de alegria, com o passo desembaraçado; e avança para o lugar de onde todos fogem. Outro contraste: está ornada não de cabelos artificialmente penteados, mas de Jesus Cristo, porque Jesus Cristo é o verdadeiro ornato, a verdadeira beleza da alma que se consagra a Ele. Outro contraste: está coroada, não como as moças romanas de seu tempo, com flores, mas de pureza. A pureza nela resplandece e é como um halo em torno de sua cabeça. Outro contraste: todos estão em lágrimas diante daquela menina que vai ser morta. Ela não chora. Contraste glorioso, porque está sedenta de ir para o Céu. Outro contraste: admiram que entregue tão facilmente uma vida que ainda não gozou. Ela sacrifica esta vida como se estivesse esgotada. Outra figura belíssima, que retrata sua personalidade. Todos admiram que ela já seja testemunha da divindade. Entretanto, ela ainda é menor de idade. O máximo que uma pessoa pode ser é mártir, testemunho da divindade; no entanto, ela é menor de idade. Ainda: sua palavra não valeria num processo comum, mas todos se impressionam com sua defesa de Nosso Senhor Jesus Cristo. A razão de todos esses contrastes: neles há sempre o absurdo e o que era natural é que ela fizesse o contrário do que está fazendo. Ora, a razão é que uma força que está acima da natureza só poderia vir do Autor da natureza. Acima da natureza é mais do que a natureza. Porém mais do que a natureza, só quem fez a natureza. Deus se revela pela santidade e pelo milagre da morte, do martírio de Santa Inês. Ela se adianta, reza e curva a cabeça. Vede tremer o carrasco, como se ele mesmo fosse um condenado. A condenada vai calma, o carrasco treme. “Sua mão está agitada, seu rosto está pálido pelo perigo de outro, enquanto a jovem vê sem medo o próprio perigo”. O carrasco tem medo de manusear os instrumentos do suplício, e ela não tem medo do carrasco. “Eis então uma só vítima e um duplo martírio: o martírio da castidade e o martírio da religião. Inês permaneceu virgem e obteve o martírio”. Dois martírios, portanto, numa só vítima. Esta é a consideração magnífica de D. Guéranger sobre Santa Inês. |