Plinio Corrêa de Oliveira

 

São Sisto II, Papa

 

Engajou a Igreja na resistência,

na fidelidade, rumo ao martírio e ao Céu

 

Santo do Dia, 6 de agosto de 1965

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

Algumas considerações a respeito desta vida muito bonita que Dom Guéranger nos narra de São Sisto II, Papa e mártir. É uma narração tremenda para o “ecumenismo”! (palavra aqui empregada no sentido que lhe dão os progressistas, n.d.c.)

 

 O Papa São Sisto II entrega os tesouros da Igreja a São Lourenço (Beato Angélico)

Agora vamos ler então a vida de São Sisto II, Papa e mártir. Escreve Dom Guéranger (líder ultramontano do século XIX, em sua obra “L’Année Liturgique”):

Saudemos hoje o nobre pontífice que foi o primeiro dos papas a descer na arena que Valeriano abre, enorme, para os soldados de Cristo. Estamos no ano de 258”.

Os senhores calculem: estamos em 1965...

“O imperador acaba de proibir todas as reuniões do culto cristão e mesmo nos cemitérios ele as proíbe. Os cemitérios cristãos são postos em seqüestro”.

Os cristãos se reuniam muito em cemitérios.

Pela primeira vez a Igreja é atacada como associação civil. Ela é assimilada, pelo decreto imperial, às reuniões ilícitas para as quais a lei romana é implacável. Os lugares de reuniões interurbanos, que são as igrejas propriamente ditas (as reuniões dentro das cidades) -- os cemitérios ficavam fora da cidade – estão confiscados”.

É a reforma eclesiástica.

“Diante de tais interdições, o que vai ser a atitude do chefe da Igreja? Suprimir as reuniões é ameaçar a própria vida da Igreja!”

Ou seja, se ele obedecer o decreto, a própria vida da Igreja está ameaçada, porque os católicos não se reuniriam mais. Como é que se vai manter a fé? Note-se o seguinte: a rigor, os padres poderiam ir batizar e prestar outros atendimentos aos fiéis e não fazer mais as reuniões. Eram só as reuniões que estavam proibidas. Não se tratava, portanto, de uma proibição do culto, mas esta primeira medida visava apenas a proibição das reuniões.

Um Papa sem zelo poderia dizer: “Olha, nós temos um ponto comum com este bom imperador. Ele também acha bom que haja culto... Só que individual, nas casas. Nós não vamos derramar torrentes de sangue para fazer reuniões. Reuniões para que? O padre ensina catecismo, dá o sacramento em cada casa a vai embora. Com o padre e os fiéis está tudo feito! Para que mais qualquer coisa? Acaba com as reuniões”.

Portanto a perseguição foi desencadeada pelo princípio de realizar reuniões. Foi o que São Sisto resolveu enfrentar.

Os senhores estão vendo que não é a própria realização do culto, mas algo que de algum modo é colateral. Quer dizer, ele resolveu enfrentar a perseguição por entender que sem se reunirem, não era possível que os fiéis perseverassem em grande número como convinha. Os senhores vêem aí a importância da reunião. Primeiro para que todos possam rezar juntos e receberem os sacramentos, é claro. Mas em segundo lugar porque se reunir é ter uma bênção especial. Nosso Senhor já o disse no Evangelho. Reunir-se, reunir-se, reunir-se: isto é condição de vida. Então continua o comentário:

Suprimir as reuniões seria ameaçar a própria vida da Igreja”.

A linguagem é muito adequada, porque não quer dizer “cancelar”. É expor, sujeitar a riscos.

Então Sisto II decidiu que a Igreja continuaria a reunir-se. A viver, que os fiéis se reuniriam como de costume nos cemitérios que se encontravam fora de Roma. É lá que no dia 6 de agosto de 258, numa cripta do cemitério de São Calisto, ele foi surpreendido no meio de fiéis, quando celebrava o sacrifício da Missa. O povo procurou protegê-lo contra os soldados, que imediatamente o mataram, assim como os quatro diáconos que o assistiam”.

É uma cena trágica, mas ao mesmo tempo lindíssima! Um Papa verdadeiramente Santo, que resolve resistir, não é “ecumênico” mas é resistente e celebra calmamente a Missa num lugar proibido... Os senhores imaginem o que é uma Missa celebrada por um Santo e com vários diáconos santos também – não é tão freqüente para nós esta cena… - e de repente entra a soldadesca do imperador romano e o povo que procura proteger o celebrante. Este morre vítima no altar, onde ia imolar a Vítima divina. É uma coisa verdadeiramente lindíssima! Esta é uma cena que enche a alma… para as almas que são capazes de serem enchidas com cenas destas e não com bobagens, “quorum infinitus est numerus” (cujo número delas é infinito).

“Dois outros diáconos, Felicíssimos e Agapito, vão ser eles também vítimas desse golpe de mão e serão enterrados no cemitério de Pretestato; o sétimo diácono Lourenço, será morto dentro de alguns dias.”

É o famosíssimo São Lourenço.

“São Sisto foi enterrado no lugar mesmo de seu martírio”.

Vejam que coisa linda! A gente ir a uma igreja e no lugar mesmo do martírio do Papa, estar ele enterrado. A vítima morta no lugar do martírio. Mártir morto no lugar em que foi martirizado. Não há melhor!

“E a cripta se chama ‘Cripta dos Papas’, um dos lugares mais santos da Cidade Eterna. Este foi, talvez, o lugar mais popular dos papas mártires. O seu culto (de São Sisto II) começou no próprio dia de sua morte. Em Roma havia outrora uma dupla estação nesse dia, era uma visita que o povo fazia. Uma no cemitério de Calixto, onde repousa o santo papa e os seus quatro diáconos, outra no cemitério de Pretestato, onde tinham sido sepultados os outros diáconos”.  

 

A “Cripta dos Papas”, na Catacumba de São Calisto (em Roma), acima referida

E aqui termina esta história.

Eu vou falar a linguagem progressista e democristã: “Vejam ao que conduziu a imprudência desse papa! Ele, afinal de contas, foi morto por sua imprudência e os outros diáconos também. Não teria sido melhor ele ter feito uma transação ecumênica?

São Sisto está no mais alto dos Céus rezando por nós. Ele engajou a Igreja no caminho da resistência e no caminho do martírio. Eu pergunto aos senhores: o que teria sido a Igreja se não fosse essa avalanche de mártires que a gente admira? Ele não engajou no verdadeiro caminho? Então, o caminho da resistência e do martírio não será também para nós, em determinado momento, o verdadeiro caminho?

Os senhores estão vendo um mundo de lábios que se preparam para “o século de Judas”. Nosso dever será este, com o favor de Nossa Senhora: caminhamos para a resistência e para o martírio e para dizer: não, não e não! Que Nossa Senhora nos dê forças para sermos coerentes com isto até o fim. Não podemos desejar coisa melhor para a nossa vida. Aí sim, no momento extremo em que estivermos morrendo, poderemos dizer aquelas palavras de Jó, que toda a vida tanto me impressionaram e às quais faço uma transposição no que digo: “Bendito o dia que me viu nascer, bendita as estrelas que me viram pequenino, bem aventurado o momento em que minha mãe disse: nasceu um varão". Porque isto é verdadeiramente viver!

Que Nossa Senhora nos ajude a isto e lembremo-nos que é especificamente para isto a adoração que fazemos ao Santíssimo Sacramento, aos sábados à noite, na igreja do Carmo. A finalidade essencial é esta: termos a graça de cumprir o dever, de resistir e de ir para o martírio se for preciso.

Vista parcial da igreja da Ordem terceira do Carmo (na capital paulista), onde o Prof. Plinio e os membros da TFP se reuniam aos sábados para fazerem adoração ao Santissimo Sacramento, pedindo a Nossa Senhora a graça da perseverança coerente na Fé católica, apostólica, romana até o martírio, se a tal fosse necessário


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