Plinio Corrêa de Oliveira

 

O Santíssimo Nome de Maria

e o dever de zelar pela glória de Deus

"agora e sempre"

 

Santo do Dia, 11 de setembro de 1964

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

 

Dia 12 de setembro: festa do Santíssimo Nome de Maria. Nessa data, no ano de 1683, tendo o rei João Sobieski com seus poloneses vencido os maometanos que assediavam Viena e ameaçavam a Cristandade, o bem-aventurado Papa Inocêncio XI estendeu essa festa à toda Igreja, como agradecimento à intercessão da Mãe de Deus.

            Os antigos consideravam o nome como uma espécie de símbolo da pessoa, de onde, durante muito tempo, se ter desenvolvido muito o uso das iniciais, que é de algum modo símbolo do nome.

Então, o nome é o símbolo da realidade psicológica, moral, espiritual, mais profunda que está na pessoa. E, por causa disso, o Santissimo Nome de Nossa Senhora, como o Santíssimo Nome de Jesus, deve ser considerado nome simbólico da virtude excelsa de Nossa Senhora, simbólico de sua missão,  daquilo que Ela verdadeiramente é.

O Nome de Nossa Senhora é a afirmação desta glória interior, a afirmação destes predicados interiores. E, por causa disso, o Nome de Maria seria a manifestação – simbólica é claro – de tudo quanto há de excelso em Nossa Senhora. Festejando este Nome, festejamos a glória que Nossa Senhora teve, tem e terá no Céu, na terra e em todo universo. 

Quanto à Sua glória no Céu, já está tudo dito: Ela é a Rainha de todos os Anjos e de todos os santos e está colocada incomparável, incomensuravelmente acima de todas as criaturas. De maneira que na ordem criada, Ela é o cone para o qual tudo converge e é, então, nossa medianeira com Deus Nosso Senhor. E a glória que Ela com isso tem é simplesmente inexprimível, pois que é uma decorrência de Sua condição de Mãe do Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Na terra – nós precisamos pensar muito nisto –, na terra também Nossa Senhora deve ser glorificada: Gloria Patri, et Filio et Spiritui Sancto. Aí se responde: Sicut erat in principio, et nunc et semper, et in secula saeculorum, Amen – Assim como era no princípio, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos, Amém. O normal é que Nossa Senhora fosse venerada na terra, e que o Nome santíssimo de Nossa Senhora fosse glorificado de modo inexprimível.

Os senhores imaginem um mundo como a Cristandade, na qual, em toda ela soprasse o espírito de São Luís Grignion de Monfort, os srs. imaginem que em toda essa Cristandade os discípulos de São Luís Grignion fossem o sal da terra e dessem realmente o tom da piedade de Nossa Senhora, e os srs.  compreendem o que seria a glória de Nossa Senhora no mundo. Seria incomparavelmente mais do que é hoje!

Nós vemos Nossa Senhora tão glorificada pela Santa Igreja, ao menos até o momento em que começou o “progressismo”. Essa glória nos parecia  imensa, mas não era nada em comparação com a glória que Ela deveria ter e que seria uma glória dentro do espírito de São Luís Grignon. E esta glória de Nossa Senhora, nós a devemos amar ardentemente, porque é insuportável que Nossa Senhora não tenha toda a glória que Ela deveria ter. É simplesmente a coisa mais odiosa, mais execrável, que o vício, que o crime, que a Revolução, que a maldade dos homens, que o demônio enfim, consiga diminuir a glória que Ela deva receber dos homens.

E nós deveríamos, em relação à glória de Nossa Senhora, ser zelosos como filhos na casa de sua mãe. Imaginem se um filho pode se sentir bem na casa de sua mãe, quando vê que recusam à sua mãe as atenções que lhe são devidas... Como podemos nos sentir bem na terra, que está sujeita ao reinado de Nossa Senhora, vendo que na terra são recusadas as honras e as atenções a que Nossa Senhora tem direito? Isto deve ser para nós uma ocasião contínua de pesar... muito mais do que pesar, de indignação, de indignação enorme por ver que a Rainha não está sendo reconhecida por todos no papel em que Ela deve o ser. 

 

 Nossa Senhora da Esperança Macarena (Sevilha – Espanha)

 Peçamos a Nossa Senhora que aceite o nosso desagravo pelas injúrias que Lhe são feitas e que está continuamente recebendo. E que Ela disponha nossas almas para uma reparação completa. Mas devemos fazer um exame de consciência, perguntando-nos a nós mesmos se nossa reparação é como deveria ser e se não deveríamos também oferecer uma reparação... pela deficiência de nossa reparação.

E este é um ponto em que temos muito que pensar. Porque não podemos pedir perdão de um modo superficial a Nossa Senhora pelo que fizeram os outros, sem pedir perdão pelo que fazemos nós também, como se nos aproximássemos de Seu trono sem culpa, como se nós fôssemos ilibados e os outros carregados de culpa! Portanto pedir a Ela que aceite uma reparação pela pífia reparação de seus pobres reparadores.

Como seria a reparação perfeita? Esta decorreria de um amor pleno, de uma noção plena de tudo quanto Nossa Senhora representa, noção plena de tudo quanto Ela é. Porque não se trata apenas de uma noção teórica, mas  uma noção prática, viva, noção concreta que se deve ter.

E depois nos perguntarmos se durante o dia - quando estamos trabalhando, quando vemos uma revista, quando lemos um livro, por exemplo - o zelo pela glória de Deus e pela glória de Nossa Senhora verdadeiramente nos devora. Ou se não há ocasiões em que somos fracos, pífios, em que nossos interesses pessoais, nossas questões de amor próprio, nossos problemas de mil questões de susceptibilidade e de coisas desse gênero não interferem e não empanam o zelo que devemos ter pela glória de Nossa Senhora. Porque se interferem, empanam, e se pensamos demais em nós e pensamos pouco nEla, nossa reparação não será tão plena como deveria ser.

E aqui entra mais uma vez a oportunidade de recorrermos aos nossos Anjos da Guarda e a nossos Santos protetores, pedindo que eles se unam a nós para dar à nossa reparação um valor que, de si, ela não tem, para ser uma reparação adequada, reta e que de fato satisfaça. Sugeriria, portanto, que rezássemos para que nossa reparação fosse boa e para que nos preparássemos para sermos perfeitos reparadores.

Tenho a maior esperança de que levando estas disposições ao pé do altar de Nossa Senhora, isto terá como conseqüência que Ela nos dispense abundantes graças e que Seu sorriso receberá, senão a nossa reparação, pelo menos a nossa humildade. E esta humildade nós podemos e devemos levar aos Seus pés.