A D V E R T Ê N C I
AO presente texto é adaptação de transcrição de gravação de
conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da
TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre
nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial
disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da
Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como
homenagem a tão belo e constante estado de
espírito:
“Católico
apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja.
Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja
conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui
empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em
seu livro "Revolução
e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº
100 de
"Catolicismo", em abril de 1959.
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Nossa Senhora
acabara de recomendar a oração pelos pecadores, [e] apareceu a
visão do inferno.
“Ao dizer
estas palavras - a favor dos pecadores, reparação, etc.,
narra Lúcia - abriu Nossa Senhora as mãos como nos dois
meses anteriores”.
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Representação do inferno - Très
Riches Heures du Duc de Berry |
Naquele
gesto próprio à imagem de Nossa Senhora das Graças, as mãos
inclinadas para baixo, um jorro de luz saindo das mãos.
“O reflexo
que elas expediam, parecia penetrar na terra e vimos como que
um mar de fogo e mergulhados nesse fogo os demônios e as almas
como se fossem brasas transparentes e negras, com forma
humana”.
É preciso notar
que sabemos
―
para termos uma idéia do que é esse fogo do inferno
―
pela fé, que se trata de um verdadeiro fogo. É preciso, portanto,
excluir a idéia modernista, de que o fogo do inferno é uma
expressão simbólica, que retrata os sofrimentos de caráter
moral. Existe no inferno o sofrimento de caráter moral e
esse sofrimento é terrível. É a privação de Deus, é o
desespero eterno, a pessoa se sente colocada completamente fora de
sua própria natureza, posta num pavoroso conflito consigo mesma.
Mas ao lado desse sofrimento moral, existe um sofrimento de
ordem física, que se exerce sobre a alma. Há um fogo
verdadeiro no inferno, que é fogo realmente e esse fogo queima a
alma.
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Os videntes após a
visão do inferno |
Alguém
poderá dizer: “Mas não posso compreender como sendo a alma
espiritual, possa ser queimada pelo fogo”. É muito fácil
compreender: a alma espiritual não está ligada ao corpo? Ela não
está ligada, portanto, a algo de caráter material? Se ela está
ligada à matéria, por que então não pode ser queimada por algo
material? É evidente!
Desse fogo
Santo Afonso de Ligório diz o seguinte: que é tão terrível,
que a pior chama da terra queima tão pouco em comparação com
esse fogo, como uma chama de pintura queima pouco, em comparação
com uma chama real da terra. Os Srs. compreendem, portanto, o
seguinte: os piores fogos que aqui se vêem, não são tão terríveis
quanto o inferno.
É uma meditação
muito boa para ser feita. Por isto é que Nossa Senhora quis que
aparecesse esse fogo para os pecadores de hoje. Eu costumo, quando
vejo alguma chama mais impressionante, lembrar-me do inferno e é
uma coisa que faz bem. Quando desço, por exemplo, para Santos e
vejo aquela chaminé de Cubatão, com aquela impressionante labareda
que sai, eu me agrado em pensar um pouco no inferno. Aquele
fogo está preparado para mim, está preparado para cada um dos
senhores, se não formos fiéis.
Santa Teresa de
Jesus teve a graça de ver o lugar que estava reservado para ela no
inferno, se não fosse fiel. E era um lugar tremendo, como uma
espécie de nicho de forno, de sepultura, onde ela devia entrar
dobrada, e ficar dobrada durante toda a eternidade, com o corpo
dela, quando se desse a Ressurreição dos mortos. E faz bem, por
exemplo, quando a gente passa por essas ruas que estão em
conserto, e que têm um piche ardendo dentro de uma espécie de caçarolazinha e que a gente vê aquele fogo saindo como uma chuva
de piche, é interessante a gente pensar: “Se eu tivesse que ficar
a noite inteira somente com um dedo queimando aqui, eu talvez
amanhecesse morto de desespero e de dor!"
Agora, isto com um fogo
que é uma coisinha, perto do fogo do inferno.
O fogo do inferno
é terrível e entra por toda a eternidade. Vale a pena pensar
nisto! “Medita nos novíssimos e não pecarás eternamente”.
Ora, os Novíssimos são: morte, juízo, inferno e paraíso. Temos que
pensar nessas quatro verdades, todas elas nos são necessárias e
aqui nós vemos como Nossa Senhora estimula a meditação do inferno.
E aí continua:
“Um mar de
fogo e mergulhados nesse fogo do horror e das trevas”.
Então, as
figuras “que flutuavam
no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam...”
Os Srs. vejam que
coisa horrorosa: são movidos pelas chamas que saem de dentro
deles. Queimam tanto, que deles saem labaredas! Isto é diferente
de queimar de fora para dentro. É ter nas próprias entranhas um
fogo que queima de um modo horroroso, não devora nada, e andam
pelo impulso desse calor. Os Srs. vejam o tormento que isto
representa.
“...juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os
lados...”
Os Srs. imaginem
uma doença na qual a pessoa começasse a deitar nuvens de fumo e
chamas, e que a pessoa depois fosse cambaleando entre as chamas e
andando. Os Srs. podem imaginar o medo que todos teriam desse
contágio? Se houvesse uma pastilha para evitar essa doença, como
essa pastilha seria ótimo negócio e todos queriam comprá-la?
Entretanto, os Srs. estão vendo como estamos: o homem é tão cego,
que não tem medo de fazer frente ao pior sofrimento por toda
eternidade.
Mas essa visão
foi um dom de Nossa Senhora. Se Nossa Senhora quis dar essa visão,
quis que ela tivesse se dado, quis para o bem de
nossa alma. Nós devemos fazer disso um tesouro e devemos meditar
nestas coisas ponto por ponto, pois isto nos auxilia e nos
aproxima d'Ela. Depois, para o pecador empedernido que se move pela
consideração do inferno. Os filhos da Revolução são empedernidos
por definição e sem a consideração do inferno, eles não se salvam.
É por causa disto que temos que tomar uma visão dessa e meditá-la
ponto por ponto, pedindo a Nossa Senhora a virtude do temor de Deus.
Há algum tempo
atrás, um médico me dizia que para morrer, uma pessoa não precisa
estar doente há tempos. Há certas formas de doença que acometem a
pessoa de um momento para outro e matam. Não é um enfarte. O
enfarte tem causas mais ou menos próximas ou remotas; ele é
repentino, mas tem uma longa gênese no organismo. Há uma doença
chamada embolia - que parece ser uma partícula que se desprende de
algum lugar do organismo - que mata o homem instantaneamente. E dá
de um momento para outro; pode dar em qualquer um de nós. Quem
sabe se um de nós amanhece morto amanhã? Quem de nós sabe se vai
estar vivo quando se levantar? Fato comum: Fulano morreu! Bateram
na porta, ele não respondeu. A criada ficou nervosa, chamou o pai,
chamou a mãe... entraram, ele estava morto! Não é impossível!
Então:
“...entre gritos de desespero que
nos horrorizavam e enchiam de pavor. Os demônios se apresentavam
como figuras asquerosas de animais espantosos e desconhecidos,
transparentes como negros carvões em brasa”.
Já comentei com
os Srs. quão nojento é esmagar alguma taturana ou algum bicho
desses. Sai uma gosma horrorosa de dentro. Fica-se com pavor
daquilo. Os Srs. imaginem um homem que tivesse que passar a
eternidade banhado inteiro no suco asqueroso de uma taturana!
Seria uma visão horrível! É menos que o nojo do demônio, porque o
demônio é asqueroso, é porco, é todo deformado, é monstruoso em
todos os aspectos. E é esse um inimigo que nos atrai a si e é por
causa de tantos “barrabás”, que nós o preferimos
a
Nosso Senhor
Jesus Cristo.
Nossa Senhora disse à
Lúcia:
“Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres
pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a
devoção ao meu Imaculado Coração”.
Vejam bem:
portanto, se queremos nos salvar, devoção ao Imaculado Coração de
Maria.
“Se fizerem o que
eu disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai
acabar” etc.,
Eu chamo atenção para Nossa
Senhora ter dado ênfase
especial à devoção ao Imaculado Coração d'Ela, que era uma devoção
relativamente pouco espalhada na Igreja.
Essa devoção é
pouco espalhada na Igreja. A bem dizer, ela data do século XVI.
Vê-se então que é uma dessas maravilhas de graça, que Nossa
Senhora reservou para esse tempo de aflição. E Ela especialmente
indica que devemos ter devoção ao Imaculado Coração d'Ela para nos
salvar dos nossos pecados e especialmente do pecado da Revolução,
e especialmente as raízes do pecado da Revolução, que são o
orgulho e a impureza.
Se alguém quer
vencer o demônio do orgulho, o demônio da impureza, consagre-se ao
Imaculado Coração de Maria e faça uma jaculatória, por exemplo, ao
Coração de Maria, análoga à que se faz ao Sagrado Coração de
Jesus. Há aquela jaculatória muito bonita: “Ó Jesus, manso e
humilde de coração, fazei meu coração semelhante ao Vosso”.
Podemos dizer
isto a Nossa Senhora: “Ó Maria, mansa e humilde de coração, fazei
nosso coração contra-revolucionário e humilde semelhante ao
Vosso”.
Ou “Ó Maria,
combativa e humilde de Coração, fazei nosso coração combativo e
humilde como o Vosso”.
E essa me parece
que seria a jaculatória melhor: “Ó Imaculado Coração de Maria, que
sois sem mancha, fazei-me sem mancha como sois Vós mesmo”.
Aí estão
jaculatórias para extirpar em nós o demônio da Revolução.
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