Plinio Corrêa de Oliveira em 1964 na porta da Sede do Conselho Naciona da da TFP, na Rua Pará em São Paulo

 

Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

São Bento Biscop:

adorno da Inglaterra

 

Santo do Dia – 11 de janeiro de 1966 

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de exposição verbal do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP, tendo portanto estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

São Bento Biscop levando a Basílica de São Pedro para a Inglaterra

O Santo do Dia de amanhã é o seguinte:

São Bento Biscop, de nobre família cristã, nascida no Northumberland, em 621, foi educado na Corte do rei da Inglaterra. Ingressou no exército, distinguindo-se particularmente no manejo das armas. Escolheu-o o rei Oswi para seu ajudante oficial, e nas campanhas empreendidas por esse monarca, Bento tomou parte saliente. Tendo embora conhecido prêmios e provas de estima por motivos de seu valor no combate e por sua fidelidade ao rei, Bento pediu licença da vida militar e ingressou na vida religiosa. Após uma peregrinação a Roma, voltou à Inglaterra, dedicando-se durante vários anos ao estudo e à oração.

Professou depois na Ordem de São Bento, fundou numerosos mosteiros e reerguendo o fervor naqueles em que a fidelidade à regra havia esmorecido. Foi grande auxiliar de São Teodoro e Santo Adriano nas suas atividades na Inglaterra. Foi São Bento Biscop que introduziu na ilha inglesa vitrais e pinturas nas Igrejas, assim como a música e o canto sacro. Mandou vir da Itália arquitetos e artistas para construção e ornamentação dos templos. Para regularizar as solenidades religiosas escreveu um livro: “Da Celebração das Festas”. Acometido de dolorosa paralisia, que pôs rudemente sua paciência à prova, São Bento veio a falecer em 690.

 Para começar por tomar a figura de São Bento Biscop no período de sua vida em que ele foi religioso, é interessante notar sua missão especial. Quer dizer, foi um religioso que, pelo tempo em que nasceu, pertencia à era dos Santos que fundavam nações. Esses santos que fundavam nações eram substituídos ou sucedidos por santos que organizavam nações.

São Bento foi o introdutor do vitral nas Igrejas da Inglaterra

Santa Catarina de Alexandria - St Mary's Church - Deerhurst - England

Foi evidentemente um santo que adornou a Nação. Ele fundou as manifestações artísticas de vida religiosa da Inglaterra, mandando vir da Itália artistas com uma verdadeira inspiração católica, mandando vir vitrais, mandando vir música, estabelecendo uma ordem nas festas religiosas, que eram as únicas festas que no tempo se conheciam, e com isso introduzindo elementos de beleza dentro da vida religiosa. Elementos de beleza esses que depois se difundiriam da vida religiosa para a vida civil. Porque em todos os movimentos da História da Cristandade as coisas começam na vida religiosa e se distribuem, se difundem através da vida religiosa para a vida civil. E por essa forma ele foi então o adornador da Inglaterra de seu tempo.

Esse bispo adornador entretanto não foi um adornador de adornos emolientes, de adornos tolos, de adornos fúteis. Esses adornos tinham os dois grandes elementos de inspiração que todo verdadeiro adorno deve ter: antes de tudo, a meditação, a reflexão, a profundidade de quem leva a vida de um contemplativo e que pensa nesse adorno com toda profundidade de um pensamento, dando à beleza uma riqueza de conteúdo e uma riqueza de expressão que não faz dele apenas algo que agrade aos olhos e aos ouvidos, mas algo que fale ao pensamento.

De outro lado esse adornar tinha nele as reminiscências do antigo guerreiro. São os homens fortes, são os homens que sabem lutar, são os homens empreendedores, os homens que tem iniciativa, esses são os que presidem a aurora e a ascensão da arte. Os homens moles, os homens de trapos, os homens que tem horror à luta, esses são os que vivem na época de decadência da arte e que produzem a decadência da arte. Os santos que meditam profundamente, a contemplam profundamente, e que sabem ser guerreiros, estes estão na origem de todo surto artístico verdadeiro.

É essa a lição que podemos tomar da vida de São Bento Biscop. 

 

 

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