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Plinio Corrêa de Oliveira
São Justo, bispo de Cantuária
Santo do Dia – 09 de novembro de 1966 ( Transcrição e adaptação de gravação magnética de conferência para sócios e cooperadores da TFP, sem revisão do autor ) |
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Amanhã ( 10 de novembro ) vai ser festa de São Justo (? 627), bispo e confessor, do qual afirma Rohrbacher, na “Vida dos Santos”, o seguinte:
Esta carta é muito interessante. Antes de tudo por causa dessa afirmação que nós encontramos em Padres e em Doutores da Igreja, que todos os deuses antigos são demônios. Há um trecho da Escritura que diz isso: “omnes dii gentium daemonia” (Salmo 95, 5), referindo-se a todos os deuses dos povos pagãos. E isso provêm desse fato (que São Luís Grignion de Montfort põe muito em relevo): o homem depois do pecado original nasceu escravo; ou ele é escravo de Deus ou é escravo do demônio; ou ele é escravo de Nossa Senhora (*) ou escravo do demônio. De maneira que a expressão é muito característica, e se opõe profundamente ao que muitos hoje entendem por ecumenismo. Exatamente nesse sentido é interessante esta carta do Papa São Gregório Magno, porque ela indica, ao mesmo tempo, muita ductilidade, muita maleabilidade naquilo que não tem importância, e uma enorme severidade naquilo que é realmente importante. Os templos dessas nações pagãs eram templos que não tinham nada de comum com a arte moderna. Esta última freqüentemente é uma negação violenta e blasfema da verdade e do bem. Em tais casos, é a arbitrariedade artística erigida em afirmação normal de desordem e de feiúra. Evidentemente, esta arte não é adequada para uma igreja católica. Mas os templos constituídos em outras escolas artísticas, que não terão a elevação do gótico, não terão a sacralidade do gótico, mas que são escolas dignas e que realmente contêm verdadeiros elementos de beleza, esses templos podem adequadamente servir para o culto católico.
Nós publicamos certa vez, na seção “Ambientes e Costumes” de “Catolicismo”, um pagode chinês e mostrávamos como ele era próprio para servir ao culto católico dentro de uma nação chinesa. Não que se fosse construir um pagode para ali pôr um culto católico, porque quando se constrói uma nova igreja, procura-se fazer o melhor possível. Mas quando se recebe o fato consumado, procura-se aceitar o aceitável, e o pagode bonito, com muita nobreza, com muitos valores, merecia perfeitamente ser aceito pelo culto católico. Quando os heróis da Reconquista tomavam aquelas cidades onde os mouros construíram mesquitas muito bonitas - como, por exemplo, as famosas mesquitas de Córdoba e de Granada - eles as purificavam, tiravam de lá todos os emblemas do islamismo e instalavam ali o culto católico. E até hoje o culto católico continua a ser celebrado nesses locais, e isso é uma coisa digna, feita pelos próprios heróis da Reconquista. Quando Isabel, a Católica (1451-1504), penetrou em Granada, uma de suas primordiais preocupações foi precisamente de mandar purificar a principal mesquita, e de mandar rezar ali uma Missa católica. Era o principal símbolo da vitória alcançada contra o Islã. Ora, é exatamente desse gênero o conselho que São Gregório dá a Santo Agostinho de Cantuária. Se os templos pagãos eram bem construídos, quer dizer, adequados ao culto, os católicos podiam aproveitar. O Papa dava também uma razão de caráter psicológico: as pessoas estão habituadas a ir lá; uma vez que se elimine o elemento ruim ali dentro, que é o culto idolátrico, o hábito de ir lá desinibe a pessoa de freqüentá-lo. Então, convém aproveitar essa circunstância. Os senhores estão vendo quanta intransigência no necessário e depois quanta ductilidade naquilo que é secundário e que realmente aí não há nenhuma transigência com os princípios. Não quer dizer o seguinte: ser intransigente com os princípios fundamentais e tolerante com os princípios secundários. Em matéria de princípios deve-se ser coerente em toda linha. Mas há uma parte da realidade que está fora - sob vários aspectos – do campo dos princípios e que, portanto, pode ser considerada com essa largueza de espírito. Vemos que São Gregório aconselha também fazer barraquinhas em torno da igreja, para fazer comilanças, porque aquele pessoal está habituado a comer. E ele indica um sentido religioso para isso: alegrem-se, celebrem, alegrem a Deus que lhes deu essa comida! Pois comam e fiquem alegres com isso! – E com isso se atraía o povo. Diz-se que foi Deus quem deu a maçã ao alemão para fazer o apfelstrudel. O apfelstrudel que o alemão fez que nos dê alegria: comam, pois, o apfelstrudel! Os senhores estão vendo como essas coisas se relacionam harmoniosamente e dão bem uma expressão da perenidade da Igreja até nas coisas inteiramente secundárias. (*) Sobre o conceito de escravidão a Nossa Senhora, por São Luis Maria Grignion de Montfort, recomendamos a nossos visitantes a leitura da conferência de 28 de abril de 1973 do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, "A ESCRAVIDÃO A NOSSA SENHORA É A SUPREMA LIBERDADE"
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