Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

A Catedral de Aachen: reflexo da grandeza carolíngea

 

 

Catolicismo, N° 552 - Dezembro de 1996, Ano XLVI, pag. 28

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A Catedral de Aix-la-Chapelle, a capital do Império de Carlos Magno, assim chamada em francês, ou Aachen, segundo a designação alemã - é toda de pedra, e distinguem-se três elementos arquitetônicos: o Dom propriamente dito, que é a cúpula central encimada por outra pequena cúpula, no alto da qual está implantada uma cruz; uma alta torre; o corpo do prédio, que contém a continuação da igreja. Tudo isso comunica-se por dentro e constitui um só edifício.

 

 

 

Há no templo religioso uma fusão de estilos. A cúpula é românica, portanto com influência romana, mas notam-se nela triângulos com inspiração ogival, ornando-a do lado de fora. Nesses triângulos há qualquer coisa que já prenuncia o estilo gótico. 

As outras partes do edifício foram construídas em época posterior, na Idade Média. Assim, a torre, o corpo arquitetônico à esquerda e as ogivas nas outras partes são nitidamente góticas, bem como, mais abaixo, as rosáceas de cristal.

 

Lustre oferecido a Nossa Senhora Padroeira de Aachen por Frederico I Barba-Ruiva (1122-1190), Imperador do Sacro Império Romano Germânico. Tal dom representa a cidade celeste de Jerusalém, tal como a descreve São João no Apocalipse (Ap. 21)

Nas fotos (acima e abaixo) uma visão interna da cúpula, aparecendo o lustre. Ela é riquíssima, levando-se em consideração os recursos que havia naquele tempo.

 

 

As altas arcadas, com dois andares de colunas, e por detrás os lindos vitrais, podem ser igualmente admirados. Os vitrais autênticos, famosos em todo o mundo, foram destruídos na II Guerra Mundial, sendo substituídos por estes que se vêem na foto, menos belos que os anteriores, mas perfeitamente dignos.

 

 

 

A escultura foi uma das artes que a Idade Média mais desenvolveu. Têm-se aí imagens externas da Catedral, que são muito bonitas. Chama a atenção nessas estátuas, como nas incontáveis figuras que existem do lado de fora ou de dentro das igrejas medievais, a paz e a serenidade extraordinárias.

 

 

São homens grandes, fortes, muito másculos, em que transparece certo ar de ter um bisavô ou avô bárbaro. Um deles parece suster na mão uma miniatura de casa, que talvez seja Noé com sua arca. Nota-se o patriarca venerável, de barba possante, um homem forte, um guerreiro, mas com serenidade e doçura. 

Também nas figuras laterais, sobretudo a que se segue imediatamente, isso é bem visível. A serenidade é uma nota componente da Idade Média, da qual o mundo hodierno perdeu a fórmula: é a ligação harmoniosa entre a força e a doçura. Os medievais são fortíssimos, herança da natureza pujante dos povos germânicos; e, de outro lado, são dulcíssimos. Esse ambiente de doçura é proveniente de um passado cheio de lutas, mas também marcado pela oração, pela piedade, por obras de caridade e de misericórdia.

 


Nota da redação: Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 9 de dezembro de 1988. Sem revisão do autor.


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