Plinio Corrêa de Oliveira
Ascensão e queda dos impérios O autêntico conservador
Catolicismo, n° 454, outubro de 1988 |
|
Destacados líderes do movimento conservador norte-americano visitam a TFP Por iniciativa da TFP brasileira e do "TFP Washington Bureau", localizado na capital norte-americana, estiveram em São Paulo visitando a TFP quatro destacados líderes do movimento conservador dos Estados Unidos, nos dias 29, 30 e 31 de agosto último. Os Srs. Paul Weyrich, Morton Blackwell, Henry Walther e William Kling, tendo conhecido as principais sedes, instalações, serviços e departamentos da TFP, foram recebidos em diversas ocasiões pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da entidade, durante as quais se fez uma análise das perspectivas, preocupações e esperanças do movimento conservador no Brasil, nos Estados Unidos e em todo mundo. Encerrando a estadia, os ilustres visitantes pronunciaram esclarecedoras palestras no auditório do Mofarrej Sheraton Hotel, para aproximadamente mil pessoas – sócios, cooperadores, correspondentes e simpatizantes da TFP – sobre o tema: "Os Estados Unidos no momento presente, vistos pelo movimento conservador".
Ao apresentar os conferencistas, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira dirigiu ao público algumas palavras, das quais destacamos os seguintes tópicos: "Este é um dia de grande júbilo para a TFP. (…) Apresenta a possibilidade que temos de exprimir nossa simpatia e nossa admiração por irmãos de ideal beneméritos (…). Um espírito superficial poderia por-se o problema: dada a extraordinária solidez dos Estados Unidos, do ponto de vista econômico, que quer dizer "conservar" nesse país? Dá a impressão de que conservantismo nos Estados Unidos não tem razão de ser, ao menos do ponto de vista internacional. Do ponto de vista interno poder-se-ia alegar que os Estados Unidos não têm um movimento comunista definido, que não são sacudidos por grandes convulsões sociais, que vivem na condição de Estado de maior prosperidade do mundo. E, portanto, que o conservantismo ali também não tem razão de ser. Mas como seria frívola e infundada uma objeção desta natureza! A História dos grandes Estados obedece a uma constante inelutável: povos nascem, os poderes nascem, firmam-se com esforços que a História celebra, conservam-se com maior ou menor duração, e depois, entram em declínio. E, por fim, tudo cai dentro da poeira da História. E assim, a poeira áurea da História está cheia de restos de tantos poderes que se foram sucedendo. Se de um lado parecia que conservar é inútil, porque tais poderes se desfazem, de outro lado dir-se-iam também que é muito útil. E sobretudo o é, se se considerar a natureza do esforço conservador dos Estados quando chegam no seu período ascensional do que quando chega ao seu ápice. No seu período ascensional, ele é trabalhado por energias que o levantam, que têm élan, que têm desejos de fazer, desejos de construir. Dir-se-ia que povos, sonolentos há séculos, levantam-se e entram dentro da História e afirmam, de repente, o seu poder. Sobem e projetam-se como Estados de primeira ordem no cenário internacional. Mas, depois de um longo desejo de ação e de luta, os Estados são sujeitos às tentações e às delícias do repouso. E é exatamente com essa tentação que a decadência dos Estados começa. A despreocupação, a fruição de uma ordem de coisas que parece não apresentar maiores problemas, o gozo do prestígio internacional, tudo isso são fatores que levam à distensão. A preguiça leva ao horror do esforço, leva ao horror do perigo, leva à decadência. E ao cabo de algum tempo, temos um povo que – sendo brilhante, há duas ou três gerações – vai caminhando para o seu ocaso. Esse povo que teve quem o levantasse, não teve quem o conservasse. Conservar na grandeza, fazer com que esta ainda tenha mais ascensão pela acentuação das grandezas espiritual e intelectual, da presença contínua dos grandes ideais, esse é o trabalho difícil àqueles a quem a Providencia incumbe de conservar os grandes impérios. Há diferentes modos de conceber a grandeza. Se considerarmos uma árvore, ela vive de recuperar, a todo momento, aquilo que ela perde. Enquanto ela cresce, vai tirando do solo os elementos para crescer ainda mais. E quando ela para de crescer, vai tirando do solo os elementos para a sua duração, de maneira que ela constitui uma torre vegetal, por assim dizer, de grande altura e significação.
Eu me lembro aqui das sequoias norte-americanas, árvores impressionantes por sua altura e por seu diâmetro. Tirando do solo, longamente, todo o necessário para viver, e depois, para resistir aos fatores de degradação, elas constituem um belo símbolo daquilo que é a verdadeira conservação. Ora, é esse o trabalho que o movimento conservador faz. Ele, na tormenta contemporânea que varre todos os Estados, está voltado continuamente para afirmar a grandeza moral, espiritual dos Estados Unidos. E por esse meio, propiciar força especial também à grandeza política e militar, que faz com que esse país seja hoje o maior baluarte – na ordem temporal – de todo o Ocidente contra o comunismo". |