"Encerramento do VI Encontro Nacional de Correspondentes
e Simpatizantes da TFP",
11 de fevereiro de 1986
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a Correspondentes Esclarecedores da TFP, mantendo
portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria
que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar
qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos
aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e
constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor
ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo
nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e
categoricamente o rejeita”.
As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido
que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução
e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº
100 de "Catolicismo",
em abril de 1959.
O
Prof. Plinio falando em Encontro de
Correspondentes Esclarecedores da TFP
Eu tenho aqui todo um maço de
perguntas que dizem respeito mais ou menos à questão do
respeito humano. E eu gostaria de tratar disso um tanto
aprofundadamente, porque eu tenho a impressão de que a
principal razão pela qual a Revolução desvia as almas, a
principal razão pela qual o mal de tal maneira se
espalhou na Terra, não é — e eu sei que é espantoso o que
eu vou dizer, mas é minha impressão —, não é nem sequer a
imoralidade, que é propaganda de tantas formas pelo
mundo afora, que assedia o homem até dentro do lar, com
as maiores obscenidades através da televisão. Não é
isso.
A questão é outra, a questão é o respeito humano.
O que vem a ser, propriamente, o respeito humano?
Pela ordem natural das coisas, o procedimento que deve
causar simpatia, o procedimento que deve causar
admiração é o procedimento que a pessoa tenha conforme o
ensinamento, a lei e o exemplo de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Ele, na sua natureza divina, é a personificação
de todas as perfeições. Na sua natureza humana-divina,
ele é o exemplo de todas as perfeições. De maneira tal
que, tudo quanto ele fez, foi perfeitíssimo e nada do
que é admirável deixa de ter um fundamento nele. Nada
daquilo que discrepa dele é admirável em qualquer
sentido. Nosso Senhor Jesus Cristo é o alfa e ômega, é a
primeira e a última letra de todo alfabeto humano, o que
quer dizer, de toda a ordem universal. Com Cristo, nEle
e por Ele, este é o princípio de nossa vida!
Ora, acontece precisamente que, dado esse princípio,
seria natural que todo homem virtuoso fosse admirado,
todo chefe de família virtuoso fosse admirado, toda
esposa e mãe virtuosa fosse admirada; em todas as idades
da vida a nossa admiração fosse para aqueles que
professam e praticam a doutrina e moral de Nosso Senhor
Jesus Cristo; nossa admiração deveria ser, portanto,
uniformemente para todos aqueles que, continuamente, são
fiéis a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas, a experiência nos mostra outra coisa. É que no
mundo de hoje, e em todas as épocas, mais ou menos em
algumas rodas, se constitui uma falsa ótica pela qual
aquele que segue a Nosso Senhor é objeto de desprezo, é
objeto de riso, é objeto de ódio. E esse desprezo, esse
riso e esse ódio tem o poder de desviar de tal maneira o
julgamento humano, que muitas vezes o próprio católico,
à vista da opinião dos outros, se sente inferiorizado,
se sente marginalizado e tem uma vergonha de ser
católico.
E esta situação falsa, esta situação absurda debaixo de
todos os pontos de vista, esta situação é a situação sob
a qual gemem os católicos hoje, quase do mundo inteiro.
Como se explicar que se dê esse golpe de vista
deformado? Como explicar que se tenha chegado até esse
extremo, depois de 2 mil anos de Nosso Senhor Jesus
Cristo ter morrido na Cruz por nós e nos ter salvo?
Nós vamos passar agora para o fim do 2º milênio, entrar
para o 3º milênio. Nisso, à essa altura, o mundo deveria
estar todo evangelizado, deveria estar todo convertido,
deveria gabar-se do nome de cristão! E nós que estamos
aqui, não há um que não tenha sofrido escárnio,
detração, calúnia, isolamento, desprezo por dizer: eu
sou católico, apostólico romano.
Mais ainda, as virtudes de que eles mais caçoam são as
virtudes que nós mais admiramos! A pureza, por exemplo, nós
admiramos a pureza, nós temos para com ela verdadeiro
entusiasmo, nós procuramos vencer em nós a lei da carne
para sermos fiéis à lei do espírito, o que é que nós
encontramos por toda parte? Que aquela pessoa que
pratica a pureza, é vista como uma pessoa fanada, como
uma pessoa desbotada, como uma pessoa descorada, uma
pessoa sem vitalidade, uma pessoa inferior em todos os
sentidos da palavra e, por causa disso, escarnecida.
Uma moça que se apresente coberta, que se apresente
dignamente, sem os clássicos decotes exagerados, sem
isso, aquilo e aquilo outro, uma moça assim é julgada,
não sei, quase como se fosse uma super caipira de há mil
anos atrás. Um jovem que se diga puro é uma gargalhada
geral, onde está esse jovem?
Agora, qual é a atitude que nos devemos tomar diante
dessa caçoada? Qual é a atitude que nós devemos tomar
diante dessa gargalhada?
Há, primeiro, uma atitude interior. E há, em segundo
lugar, uma atitude exterior.
A atitude interior deve ser da maior repulsa: essa
caçoada, esse desprezo é dirigido a Nosso Senhor Jesus
Cristo, porque quem a nós persegue ou de nós caçoa,
porque estamos seguindo a lei dele, é dele que caçoa, e
nosso primeiro ato deve ser um ato interior de
reparação.
"Ecce Homo - Anônimo - Esc. Portuguesa Séc.
XV"
Museu Nacional de Arte
Antiga - Lisboa
Mas esse ato interior de reparação, que é um ato de
justiça, ninguém, ninguém está mais longe de merecer
qualquer caçoada, qualquer riso, qualquer ódio do que
Nosso Senhor Jesus Cristo, é um ato que de si
comporta
uma nota de compaixão para com Aquele de quem se caçoa,
nosso Divino Mestre, de tal maneira perseguido,
esbofeteado, escarnecido na sua Paixão e ao longo da
História. Mas não basta compaixão, é preciso outra coisa,
a injustiça traz consigo uma indignação santa. E não há
verdadeiro sentido de justiça ultrajado se não é seguido
de indignação. Nós devemos cobrar de nós mesmos
indignação pelo que está se passando.
Quer dizer, vendo que caçoa de nós, nós não devemos nos
indignar porque se caçoa de nós. Isso pouco importa. Que
importância tenho eu; me permitam, mas que importância
tem qualquer um dos senhores? Que importância tem até os
sacerdote que estão aqui sacerdos alter Cristus, o
sacerdote, um outro Cristo que importância tem o
príncipe, que importância tem qualquer dos senhores
diante de Nosso Senhor Jesus Cristo ultrajado e
caçoado?!
Que um outro homem, tão homem como eu, faça mau juízo a
meu respeito, a mim tanto se me dá. O que é ele? Eu
começaria por perguntar a ele: quem é você? Vá plantar
batata com seu juízo! Eu serei como quero e bem entendo!
E diante de você, e acabou-se. Pouco me importa.
Mas, o que eu não posso aceitar, aquilo com que eu não
me conformo, aquilo que me indigna é que se tenha feito
assim com Nosso Senhor Jesus Cristo, meu Rei e meu Deus.
Isso eu não aceito!
Então, antes de tudo, diante de um ato em que se caçoa
de nós, apagar a nossa personalidade. Ressentimento
pessoa, indignação, medo de ficar mal diante dos outros,
pouco importa! O que importa é que Nosso Senhor acaba de
ser ultrajado. Diante desse ultraje, compaixão para com
Ele, indignação: eu não me conformo!
Eu não me conformo, é pouco. Se eu tenho boca é para
falar. Se eu tenho olhos é para ver, e se eu tenho corpo
teso e reto é para enfrentar!
Essa cena tão banal, às vezes são dois colegas, é um
meninote que caçoa de uma meninota, é um rapaz que caçoa
de seu colega, é uma mocinha que dá um riso ácido para a
outra, coisa tão banal, isso tem profundidades imensas,
porque do outro lado desse riso não está aquela pessoa
apenas. Se em mim está, pela vida da graça, está
presente, na vida sobrenatural está presente de algum
modo Nosso Senhor Jesus Cristo, “Chistianus alter
Christus”, e eu sou um cristão católico e, portanto, em
certo sentido sou um outro Cristo, nele está o contrário
de Cristo. Quem é que está? Quem é o contrário de
Cristo? É satanás!
Alguma pessoa poderá me dizer: “Mas eu não posso crer
que o fulaninho ou fulaninha, em que eu vejo tais ou
tais qualidades, tenha em si satanás”. Infelizmente,
dizendo que em mim está Jesus Cristo não quer dizer que
eu tenha todos os santos predicados de Nosso Senhor
Jesus Cristo. Quer dizer que eu estou representando aqui a
ele, estou simbolizando a ele naquele ato e que, pela
vida da graça ele me dá o meio de eu cumprir o meu dever
naquele momento. Posso ter outros defeitos, ele pode ter
algumas qualidades, mas nele está satanás, não porque
satanás está nele inteiro, mas na medida em que ele está
perseguindo um filho de Cristo, ele é o filho de
satanás. Não tem por onde escapar.
E, por causa disso, eu devo saber, na hora, no momento
oportuno, pelo estudo e pela meditação, eu devo saber
que palavras responder.
Eu tenho uma promessa formal; todo católico tem uma
promessa formal de Nosso Senhor, que não se incomode que
lhe faltem as palavras necessárias no momento oportuno,
para defender a fé e a Causa Católica, porque o Espírito
Santo lhe dirá o que deve dizer.
Assim isso é dito ao menor, é dito à qualquer menino ou
é dito a qualquer menina, é dito a qualquer velho, a
qualquer ancião ou qualquer anciã na outra extremidade
da vida. Não se perturbe o vosso coração. Confiai,
porque vós encontrareis a palavra certa. E eu direi
daqui há pouco no que essa palavra certa consiste.
O fato concreto é que se deve responder, e se deve
responder com uma altivez, e vejam bem, altivez não é
vaidade, altivez não é orgulho, altivez não é
agressividade, altivez é altivez. O que é altivez?
Altivez vem de altura: com toda a altura da alma, cheia
de fé, elevada aos pés de Nosso
Senhor Jesus Cristo, por meio de Nossa Senhora, elevada
pela fé, a pessoa deve responder com segurança, com
tranqüilidade, certo de que diz a verdade: eu amo a
pureza!, eu venero a pureza!, eu pratico a pureza!, e
tudo o que você diga não me importa. Vá agora contar
para todo mundo e dêem risada todos vocês! Eu
continuarei a fazer assim...
Por Maria Santíssima, lírio de pureza!
(Todos: Tradição, Família, Propriedade!)
Eu não quero dizer, absolutamente, que com isso se vai
vencer todos os obstáculos. Caçoarão, rirão. Nós devemos
enfrentar a caçoada e a risada. Ainda que seja um teto
que se desabe sobre nós, nós devemos enfrentar. Quando
tiver caído o teto e todos os palhaços tiverem rido o
quanto queiram, acabado o riso nós estamos de pé. Eles
compreenderam que eles perderam a partida.
Eu presto minha homenagem e manifesto toda minha
admiração às senhoras que tem a coragem, nesse mundo, de
se vestir ainda segundo as modas da decência, as modas
da correção e da distinção, de se portar de acordo com
isso. Presto minha homenagem às jovens e aos jovens que
insistem em se manter puros. O nome dele está inscrito
no Livro da Vida. Mas, o fato é que isso não basta. É
preciso que, no procedimento com os filhos das trevas,
os filhos da luz sejam altivos. Está dito que as trevas procurarão combater a luz e
degluti-la, mas que não conseguirão cercá-la. Por algum
lado essa luz brilhará sempre. É o que é preciso que se
diga de nós. Podem cercar-nos com todas as difamações,
com todas as máfias, com todas as caçoadas, uma luz
sempre irradiará dali. Será a luz de Cristo, Lumen
Christi, e essa luz vencerá a luta da História!
(Aplausos.)
Graças a Nossa Senhora, eu fui, desde minha infância um
católico praticante. Fui batizado na idade comum,
comecei a freqüentar os sacramentos na idade comum,
etc., etc.. Mas, infelizmente, só lá pelos 20 anos é que
eu tive conhecimento da existência do Movimento Católico
e nele ingressei.
Antes disso eu praticava a religião católica, etc., mas
tinha que viver com alguém e vivia num ambiente que era
completamente diferente e diverso do ambiente católico,
aonde eu tinha discussões homéricas a respeito da fé
católica. Eu tinha discussões de berros e de urros, com
gente com quem eu sustentava a nossa doutrina – alguns
eram pessoas bem inteligentes, outros bem menos, mas alguns eram
pessoas bem inteligentes – eu sustentava a nossa
doutrina e acabou-se. E as pessoas acabavam mais ou
menos respeitando.
Mas, em certo momento, quando entrei para o Movimento
Católico, chamou a atenção deles que eu me tinha me tornado
muito mais católico, e que eu tinha me tornado um líder
católico. E eu percebi a vaia que dos meus ambientes
sociais nasceria de todos os lados contra mim, por
causa disse. Porque, no meu tempo se considerava que um
rapaz casto era objeto de vergonha, era um mariola, era
um carola, era um efeminado. Eu disse: eu vou mostrar à
essa gente!
Em vez de permitir que eles avancem, eu vou avançar em
cima deles! E comecei – São Paulo era uma cidade bem
menor do que hoje, e toda alta sociedade de São Paulo ia
aos domingos em duas ou três igrejas, de preferência,
aonde assistiam uma determinada Missa que era de 11
horas ou de meio dia, conforme a Igreja.
Eu comecei a freqüentar essas igrejas mas não só
freqüentar. Eu comprei um terço especial, que vou cortar
daqui há pouco como, comprei um terço especial para
rezar diante deles na igreja, coisa que nenhum homem
fazia. Já era muito um homem se ajoelhar. Eu comungava
na Missa mas, além de comungar na Missa, eu comecei a
puxar o terço. E, para desafiá-los, já que diziam que o
católico era um carola, eu comprei um tercinho com
contas de porcelana azul claras, bem azulzinho e ia
ajoelhar-me ao lado dos mais anticlericais e começava
rezar.
Risinho.
Depois, como se isso não bastasse, eu levantava
e fazia a Via-Sacra. Eu já tinha cumprido o preceito e
assistido outra Missa, eu fazia a Via-Sacra diante
deles, coisa que eu nunca tinha visto um homem da alta
sociedade fazer; eu fazia a Via-Sacra diante deles.
Indo aos maiores restaurantes, Nome do Padre, do Filho e
do Espírito Santo antes e depois da refeição. Tomando
uma atitude de um dos deles, mas em desacordo com eles e
enfrentando a eles.
Foi nessa posição e nessa atitude de alma, vencendo o
respeito humano – respeito humano é o respeito dos
homens e não de Deus – vencendo o respeito humano com
altivez, foi assim que se constituiu a TFP. E o exemplo
dado e desejado por todos da TFP, é ir quebrando o
respeito humano de encontro, fazendo fogo de encontro,
chegando num meio qualquer onde não se está de acordo,
proclamar as nossas convicções e arrostar a onda.
É o que eu aconselho aos meus caros correspondentes em
todo o Brasil. Eu vos dou um conselho: combinai de vos
serem mandadas muitas fotografias daqui de
São Paulo, por enquanto. Se quiserem também, fotografias
da Sede da TFP norte-americana, da sede da TFP
argentina, da TFP chilena, de tantas outras bonitas
sedes que temos por aí, para mostrar um pouco para esta
gente o que é a TFP, o valor, o tamanho, o peso, o
poder, quanta gente segue a TFP, para dizer a eles:
“vocês pensam que nós estamos isolados, vocês pensam que não somos nada, olha aqui o que é a
TFP,
vejam como Nossa Senhora penetra pelo mundo moderno,
mostrando que Ela tem filhos que sabem erguer alto o
estandarte dEla”.
Homens que nos maiores recintos da Terra proclamam
desassombradamente o que pensam e o que querem, e cantam
o hino de sua fidelidade à Igreja, aos olhos de todos os
outros homens, sem se incomodarem, sem se importarem!
Eu me lembro – sou obrigado a recorrer às minhas
memórias, porque vivi minha vida, não vivi a vida de
outro – eu me lembro quanto era deputado, foi fazer um
discurso um deputado comunista, Zoroastro de Gouveia. E
ele disse uma cosia qualquer, que todos os brasileiros
católicos não eram bons brasileiros porque obedeciam ao
papa e não ao governo brasileiro, uma asneira qualquer
deste gênero. Eu me levantei e fiz um berreiro com ele,
de tal maneira tonitruante que ele ficou meio espantado.
Ele, se pudesse, fugia, o pobre Zoroastro [Sobre este
episódio, ver "Minha
Vida Pública", Parte II, Capítulo X, item 10].
Eu parei, ele tentou me amainar... não era preciso
porque eu me indignava ou amainava o quanto quisesse,
não era preciso.
Vinte anos depois eu apareci na Câmara dos Deputados em
Brasília. Esse fato deu-se quando a Câmara dos Deputados
era no Rio. Apareci em Brasília e fui tratar de um
assunto na secretaria da Câmara dos Deputados.
O homem que dirigia a secretaria olhou assim para mim e
disse: - “O senhor não é, não é...”. Eu pensei no
Zoroastro. Ele disse: - “O senhor não é o Plínio Corrêa
de Oliveira”?
- Sou, sim senhor. Como é que o senhor se lembra de mim,
há vinte anos! Eu não me lembraria dele.
Ele disse: - Porque o senhor foi o homem que deu aquele
grito com o Zoroastro de Gouveia”.
- “Até hoje eu me lembro disso”.
E eu tive uma alegria na minha alma. A minha tática não
estava errada. Na hora parecia não ter maior efeito. Mas
na hora em que eu gritei eu pensei: dos homens que estão
aqui, muitos até antes de morrer vão se lembrar do calor
com que eu proclamei o nome de Nosso Senhor Jesus
Cristo!
Minhas Senhoras, com a dignidade e a graça que é o
apanágio de vosso sexo; meus senhores, com a força e a
faculdade de impacto que é o privilégio do nosso; meus
jovens, com o fogo da juventude de um e de outro sexo,
todos os que aqui se encontram, eu vos convido para
isso: a grande cruzada de calcar aos pés ao respeito
humano, de todos os modos, em todas as ocasiões. Todo o
resto se resolverá e todos os senhores verão, mais cedo
ou mais tarde, que muitos se terão influenciado pelas
palavras dos senhores.
E a prova disso é a TFP. A TFP? A TFP, os jornais só
falam dela para falar mal, quando falam dela e não se
encerram numa campanha de silêncio. A televisão só fala
para falar mal, e quando não fala mal se cala. Todos os
poderosos nos ignoram, até quando lutamos a favor deles,
eles não olham para nós. Mas, de ponta a ponta do
Brasil, poucos brasileiros os senhores encontrarão, tão
atrasados ou tão analfabetos, que não saibam o que é a
TFP. Podem até não saber o que é a Sociedade Brasileira de Defesa da
Tradição, Família e Propriedade; um nome longo assim não
sabem. Perguntam: “Você não sabe o que é a TFP?” Em
poucas cidades do Brasil os senhores encontrarão gente
que não sabe o que é a TFP.
Como é que isso se fez?
Bradando, proclamando; proclamando e cantando a sua
fidelidade à Tradição, Família e Propriedade!
(Aplausos.)
O Brasil tem por volta de 130 milhões de habitantes,
espalhados por um território continental. Entretanto,
como em todas as cidades do Brasil a TFP se fez
conhecida? Visitando-as por meio dos nossos eremitas
itinerantes [*], é verdade. Mas é só por isso? É por muitas
outras coisas mas é sobretudo porque visitando, porque
falando, porque escrevendo, porque lecionando, porque
andando pelas ruas, porque rezando nas igrejas, porque
fazendo qualquer coisa, o fazemos com o corpo alto e a
cabeça alta, de quem é filho de Deus e de Maria e espera
o prêmio do Céu!
Eu desejo, eu peço a Nossa Senhora do Bom Conselho, que
Ela fale no interior de vossas almas, bons conselhos
nesse sentido, durante os meses em que nós não nos
virmos, de maneira tal que quando daqui a alguns meses
eu tenha a alegria de vos rever, eu possa notar que
essas palavras produziram em vossas almas o destemor, a
confiança em Deus, de que contra ventos e marés nós
saibamos ir e saibamos proclamar bem alto o nome de
Maria. E com isso eu me despeço de Vós até o próximo
Encontro.
(Aplausos)
Aspecto do encerramento de um
Encontro de
Correspondentes Esclarecedores em São Paulo
NOTAS
[*]
Em algumas sedes da TFP introduziu-se – por desejo dos
sócios ou cooperadores que ali residem ou trabalham – um
regime de silêncio fora das horas de reunião e de lazer,
com vistas à obtenção de um clima de recolhimento
propício ao trabalho ou ao estudo.
Quem primeiro sugeriu adotar esse sistema foi o
saudoso membro do Conselho Nacional da TFP, Fábio
Vidigal Xavier da Silveira, falecido em 1971. Alguns
anos antes de falecer, o Dr. Fábio visitara o célebre Eremo dell’Carcere, lugar de recolhimento e oração
perfumado pela presença sobrenatural de São Francisco de
Assis, que o construíra. A recordação do Êremo de São
Francisco entusiasmava o Dr. Fábio. E sua imaginosa
vivacidade brasileira transpôs logo a palavra italiana
para a sede do setor da TFP que ele dirigia.
O nome colocado pelo Dr. Fábio foi recebido com
simpatia geral na TFP. E de modo natural, logo surgiram
outros Êremos. E foi assim se institucionalizando esse
regime de recolhimento, estudo, oração e trabalho em
comum.
Na realidade, os Êremos não são mais do que sedes de
estudo ou trabalho em que se requer maior concentração
de espírito, ou simplesmente se tem em vista um melhor
aproveitamento da ação. Pois os Êremos revelaram-se
altamente eficazes como fator de aprofundamento
intelectual e rendimento nos trabalhos. Por extensão,
são chamados eremitas os que residem nos Êremos.
As caravanas da TFP, que percorrem o Brasil
difundindo os princípios da entidade, são chamadas de Êremos Itinerantes, dada a sua semelhança fundamental
com a vida dos Êremos: vida de recolhimento na ação.