Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comparação entre ditos franceses antigos e modernos

 

 

 

 

 

 

 

Reunião de 23 de setembro de 1974

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

Uma comparação que talvez pudesse interessar aos senhores entre o espírito francês antigo e o espírito francês moderno, seria tomarmos trechos escritos por Edmond Rostand [1868-1918] em “O Chanteclair” [publicado pela primeira vez em 1910], e ditos da Revolução da Sorbonne [1968], e fazermos uma comparação entre uma coisa e outra.

Os senhores se lembram do apólogo “Chanteclair”. Era um galo que cantava, certo de que tinha o dom de despertar o sol no mundo. Então, explica toda beleza que há, todo o papel do sol na ordem da terra, na beleza das coisas; depois, a alegria e a beleza que há em fazer levantar o sol por meio do seu canto.

Mas, depois, em determinado momento ele percebe que era tudo uma ilusão, que o sol nascia apesar dele e que todo aquele canto que fazia de madrugada não adiantava nada. Ele compreende no fim - é uma coisa abominável! - que ser idealista não adianta nada, o que é preciso é trabalhar, porque ninguém faz o sol se levantar, os homens não devem ser poetas e não devem fazer levantar o sol, mas os homens devem ser práticos. Enquanto ele faz a apologia do homem idealista, daquele que fomenta e favorece os valores metafísicos e espirituais, ele tem frases verdadeiramente muito bonitas.

Uma dessas frases eu me lembro que já li aqui com os senhores, mas não é supérfluo repetirmos agora. Embora pronunciando em mal francês, vou ler e dou depois a tradução em português.

Tout ce qui trop longtemps reste dans l’ombre et dort, s’habitue au mensonge et consent à la mort.

É uma frase lindíssima e fulgurante: “Tudo aquilo que por um tempo exagerado permanece na sombra e dorme, se habitua à mentira e consente na morte”.

A que situações um dito deste se aplica? A todos aqueles que tendo por missão brilhar aos olhos dos homens, tendo por missão fazer “levantar o sol” para os homens verem, ou seja, erguer os grandes ideais, travar as grandes lutas, fazer os grandes combates, se encostam e adormecem; estes se habituam à mentira e consentem na morte.

Então pode-se dizer isto de um Episcopado que durante muito tempo não luta, que durante muito tempo não brilha, que não faz nada de extraordinário, este Episcopado, pelo simples fato de cair na modorra, se habitua à mentira e afunda na morte.

Pode-se dizer o mesmo daqueles portadores de nomes tradicionais, que têm uma responsabilidade histórica sobre os ombros e que começam a dormitar debaixo da responsabilidade que têm; em vez de tomar a dianteira dos acontecimentos e lutar, eles se calam e se encolhem. Então: “o sono muito profundo habitua-os à mentira e eles acabam consentindo na morte”.

Qual é a mentira a qual eles se habituam? De tanto não dizer a verdade, acabam mentindo, e de tanto dormir, consentem na morte.

O que significa esse “consentem na morte”? Essas instituições assim perdem o seu papel histórico, se apagam e desaparecem. Então, os senhores têm o papel do Episcopado, por exemplo, dito moderado, durante o Concílio Vaticano II. Há muito tempo tal Episcopado, dito moderado, se tinha habituado a não dizer nada, a não fazer nada que tivesse esplendor. Quando chegou a hora da luta, estavam completamente desabituados dela. Eles consentiram na mentira e na morte. Eles foram levados para frente por um grupo pequeno de bispos modernistas e a Igreja entrou na sua longa noite...

O mesmo se pode dizer dos países que têm uma tradição e classes que representam a tradição. Quando se perde da identidade do país consigo mesmo, perde sua própria tradição e são os alienígenas que vão tomando a direção. Por quê? Porque eles por demais tempo ficaram na sombra e dormiram; se habituaram à mentira e consentiram na morte.

A forma é lapidar e exprime - com aquela concisão francesa - um pensamento profundo. Mas é um pensamento, como os senhores estão percebendo, de substrato eminentemente contra-revolucionário.

Outro pensamento muito bonito nessa direção é o seguinte:

Je chantai dans du noir. Ma chanson s’élève dans l’ombre ; est la première. C’est la nuit qu’il est beau de croire à la lumière !

Eu cantei na escuridão; o meu cântico se ergue nas sombras e foi o primeiro. É durante a noite que é belo acreditar na luz”.

Enquanto a terra toda estava na noite e não havia nem um sinal precursor da aurora, o galo cantou “dans du noir”, na escuridão, porque ele acreditava na luz, ele acreditava no que todo o resto da Criação não acreditava mais. E porque ele acreditou e clamou, a luz veio. Ele então diz: “Eu cantei no negrume e o meu cântico foi o primeiro. É belo acreditarmos na luz quando nós estamos nas trevas”.

Como isto se aplica à nossa própria situação! A TFP canta “dans du noir” e ela pode afirmar que é belo acreditar na luz, quando estamos nas trevas. Tantas vezes nos lamentamos desta longa e intérmina treva da Revolução!... Desse período em que a Revolução parece arrastar-se, esgueirar-se e não chega a seu termo, e a “Bagarre” não vem etc. Entretanto, nós cremos em Nosso Senhor Jesus Cristo, em Nossa Senhora e sabemos que a Igreja Católica vai por assim dizer “ressuscitar”. Então, um dia virá em que vai ser particularmente bonito podermos dizer que quando não havia nenhum sinal precursor de nada, nós criamos, entretanto, em tudo.

Nós cantamos na escuridão. Quer dizer, é uma verdadeira beleza de formulação e de situação que se aplica aos verdadeiros católicos. E eu lembro isto para que compreendamos, meus caros, que não devemos desanimar dentro dessa longa noite, pelo contrário: quanto mais a noite for longa, tanto mais a glória será grande. A graça e o auxílio virão quando nós menos esperarmos.

Esta longa espera de 40 anos um belo dia não será um dos maiores florões de glória da TFP? Quarenta anos, cinqüenta anos antes do Reino de Maria iniciar a TFP esperava. Nossa Senhora falou em Fátima em 1917, em 1927/1928 a TFP começava a nascer. Durante todo esse tempo ela creu, ela preconizou, ela lutou e ela afirmou. Num belo momento nasce a luz.

Que beleza esses 40 anos de afirmação da luz dentro do silêncio! É a história da TFP e de todos contra-revolucionários que Rostand exprime aqui, a meu ver, de modo sumamente bonito.

Outra frase interessante é a seguinte:

Je ne vis que lorsque je mets à pousser des grands cris.

O galo diz: “Eu não vivo a não ser quando eu canto bem alto; é aí que eu vivo”.

A gente compreende nossa missão de arautos do Reino de Maria. Nós só vivemos com a plenitude quando damos brados, e brados no escuro! As promessas de Nossa Senhora em Fatima se realizarão!  Virão mesmo!

Então, quando com grandes brados clamamos isso, com esses grandes brados que afinal de contas despertaram ecos em toda a América e na Europa e “os filhos dEla se levantaram e A proclamaram Bem-aventurada”. É levantar e dizer: “Nossa Senhora vai vencer”! Isto é muito bonito! Eu acho que de vez em quando é preciso nos habituarmos a considerar a beleza dessa situação para se agüentar a luta e a reação que temos que desenvolver.

Outra frase muito bonita:

Chanter c’est la façon de me battre et de croire ; je pense à la lumière et non pas à la gloire.

“Cantar é minha maneira de combater e de crer; eu penso na luz e não na glória”.

Eu acho que qualquer comentário desmerece isso...

O que é cantar para nós? É cantar como o galo canta, quer dizer, proclamar. Dar desses brados que enchem os espaços, é a nossa maneira de lutar e de crer.

Nós pensamos na luz e não nos preocupamos com a glória. Eu acho que são frases lindas do espírito francês, que se aplicam a uma das mais belas situações históricas que jamais houve. Qual é essa situação? É a situação dos verdadeiros católicos na escuridão e na noite.

(Pergunta: Há algum tempo o Sr. tratou sobre o risco que há na cavalaria, o espírito épico, explicando como o cavaleiro medieval ia com alegria para a batalha, porque ele considerava a união com Deus. Quer dizer, essa situação que o Sr. está descrevendo agora não seria exatamente isto?)

É exatamente a situação do cavaleiro.

(Pergunta: O senhor poderia aprofundar um pouco essa idéia?)

Toda sorte de “esgrima” e de “entrechoque” tem uma beleza própria quando é da verdade contra o erro e do bem contra o mal. A verdade brilha com uma certa luz especial, e o erro aparece com um negrume especial nesse conflito militante e a pessoa que está do lado do bem, empenhada nisso, ao lutar sente-se ligada especialmente ao absoluto que é Deus Nosso Senhor; quando ele luta por um princípio, expõe sua vida, sua reputação, ou expõe seus haveres, enfim, qualquer coisa ele expõe deitando força. Quando ele faz isto, afirma implicitamente o princípio de que a causa à qual ele serve é uma causa absoluta, eterna, verdadeira, ou seja, o reflexo de Deus Nosso Senhor.

Então o gosto do risco e o gosto da luta – sempre de acordo com as Leis de Deus e dos homens -, enquanto forma religiosa de dar glória a Deus, isto é a essência da cavalaria.

Nossa posição atual tem exatamente isto, porque nós corremos um prodigioso risco. No momento em que nada faria supor que nossas previsões se realizariam e que as doutrinas que sustentamos possam reviver, nós sacrificamos tudo, amizade, dinheiro, recurso, tranquilidades, relações, o que queiram, para conseguir a vitória disto e nós anunciamos essa vitória, quites a correr o risco de ficarmos como palhaços ou como charlatães. Nós não nos incomodamos: nós nos levantamos e proclamamos!

É um risco prodigioso! A vida de um homem vai inteira nisso. E depois é diferente de dois sujeitos que se combatem, por exemplo, num campo de batalha, e depois cada um volta para casa... Mas é um embate que é o dia inteiro. E a todo propósito um membro da TFP está se esfregando num adversário e está proclamando isto.

O bonito não é dizer o seguinte: “Eu gostaria tanto de minha vocação se ela não exigisse a luta...” Mas é dizer o contrário: “Nunca a minha vocação é tão bela como quando eu luto!” Aí é que a luta aparece com toda a sua grandeza, porque ela tem o caráter de uma afirmação do absoluto e Deus visita a alma do que luta. Aquele que luta como que sente o absoluto de Deus tocar na sua própria alma, e nisso ele é um herói, ainda que tenha que morrer esmagado.

(Pergunta: O senhor poderia dizer como poderia ser a luta no Reino de Maria?)

Nós agora proclamamos “O Reino de Maria virá!”, quando tanta gente julga impossível. É só raiar o Reino de Maria que a proclamação deverá ser: “O reino de Satanás virá”. Enquanto nós dizemos agora “Esperai!”, os contra-revolucionários deverão dizer logo no início do Reino de Maria: “Vigiai!”. É evidente.

Paris, pichamento feito durante as agitações de maio de 1968, durante a Revolução da Sorbonne: "Sejam realistas, peçam o impossível"

Os ditos da Sorbonne são manifestação do “profetismo” do demônio. Mas é engraçado que a Revolução da Sorbonne tem um caráter anti-nhonhô também. Os tipos da Sorbonne se levantaram mais ou menos para dizer o seguinte aos nhonhôs: “Vocês, que no fundo estão de acordo conosco, são uns descansadões que não querem que nós vençamos logo”. Porque o nhonhô é o que não quer andar.

Ora, nós queremos subir para o Céu e os revolucionários querem descer para o inferno, e os nhonhôs querem ficar na terra.

De maneira que há alguns ditos deles [da Revolução da Sorbonne] que, debaixo desse ponto de vista, são interessantes. Mas não é mais a França de Rostand ainda cantando a grandeza do bem: já é a França da época contemporânea cantando agora a pseudo-grandeza do mal e a pseudo-beleza do mal. Mas há uns lampejos de gênio francês dentro disso.

Vou ler algumas frases da Sorbonne para os senhores. Uma frase é a seguinte:

Le rêve est realité.

“O sonho é realidade”. Para o nhonhô, que é terra-terra, o sonho é o contrário da realidade. O sonho do nhonhô - porque o nhonhô sonha com isso, de que o mundo ficou comunista, todos os homens são iguais, todas as leis foram abolidas e todo mundo é livre - esse sonho tornou-se realidade. Ora, para o nhonhô, exatamente, os sonhos nunca são realidades.

Nós poderíamos dizer ao nhonhô no sentido oposto: Le rêve est realité: o Reino de Maria apareceu. O nhonhô evita os dois sonhos em nome da realidade imediata e positivista.

Outra frase interessante é a seguinte:

Exagérer c’est commencer à inventer.

Os nhonhôs os acusam de exagerados. Eles dizem: “Exagero é o começo da originalidade”. Quando se exagera, começa-se a inventar, e na linha do exagero acaba alcançando a verdade. Essa frase assim nós não aceitamos, porque o exagero é a mentira e pelo caminho da mentira a gente chega à invenção fantasiosa. Mas há alguma verdade dentro disso: conceber realidades ou verdades que os outros consideram “exageradas” é o início da originalidade. Isto é bem verdade. E aí os senhores têm a posição da TFP e os senhores têm no meio o nhonhô, para o qual é preciso uma espécie de objetividade fotográfica das coisas; fotografia de inquérito de polícia, esta é a única realidade verdadeira [para o nhonhô]...

Outra frase deles que merece um comentário nosso é a seguinte:

Quand le doigt montre la lune, l’imbécile regard le doigt.

Essa é a meu ver a mais brilhante dessas frases. Eu não sei se já comentamos aqui:

“Quando o dedo aponta para a lua, o imbecil olha para o dedo”.

É uma frase magnífica! O homem de vistas curtas, o dedo faz assim e ele olha para o dedo; ele não vê para onde o dedo está apontando. E mais uma vez satiriza o nhonhô. Quando o dedo aponta para a lua, isto é, quando um homem aponta para um ideal, [o nhonhô] não vê o ideal, ele vê o homem. É a formulação mais rotunda da imbecilidade, mas que é apontada com uma graça francesa digna de registro.

Outra frase:

Il est interdit d’interdire.

Esta é uma frase diabólica: “é proibido proibir”. É a proclamação da anarquia: qualquer proibição está proibida. Logo, há uma coisa que é proibida: proibir. Se é proibido proibir, como não há ordem sem proibição, uma coisa é proibida, é a ordem; uma coisa é proibida, é Nosso Senhor Jesus Cristo. Todo o resto é permitido. Nós esbarramos à toda hora com essa proibição total. Os senhores percebem o nosso entrechoque com eles.

Os senhores têm outra frase que é:

L’imagination prend le pouvoir.

“A imaginação toma conta do poder”. O inimaginável se realizou quando eles tomaram a (Universidade da) Sorbonne: a imaginação tomou conta do poder.

Aqui os senhores têm alguns contrastes; alguns confrontos de frases.

(Pergunta: Os que escrevem esses ditos vem os absolutos, os odeiam e os manifestam através desses ditos?)

Certamente.

(Pergunta: O nhonhô percebe os absolutos, todo o alcance desses ditos?)

O nhonhô percebe não percebendo, porque o nhonhô percebe tudo isto, mas ele quer fechar os olhos. O nhonhô é mais ou menos como Pôncio Pilatos. Pôncio Pilatos tinha todas as graças para perceber que estava com Deus diante de si, mas ele resolveu negar sob aquela forma. Enquanto Anás e Caifás percebiam e negavam sob outra forma. Mas são duas maneiras de negação. Ambos percebem; cada um nega a seu modo.

(Pergunta: O nhonhô percebe os absolutos?)

Ah, o nhonhô percebe os absolutos. E mesmo quando ele fecha os olhos para não ver os absolutos, no fechar os olhos ele reconhece que os absolutos existem, porque ninguém fecha os olhos diante do que não existe.

Vamos dizer, por exemplo: uma girafa está entrando nesta sala. Eu não fecho os olhos, porque se eu fecho os olhos estou dando depoimento aos senhores de que entrou a girafa. Eu olho onde está a girafa. O nhonhô, é evidente, fecha os olhos. E a prova de que o nhonhô fecha os olhos é o seguinte: o nhonhô tenta nos fechar a boca; que o nhonhô não nos vê é fora de dúvida. Logo, o nhonhô nos vê. Logo, nós incomodamos o nhonhô.

A coisa é a seguinte: tem uma equipe de gente da TFP fazendo campanha na rua. O nhonhô passa pela rua e “não vê”. Pergunta-se: o nhonhô não viu mesmo? É claro que ele está fingindo não ver, porque passou perto... Não é possível, ele está fingindo não ver. Mas somos a única coisa que ele finge não ver. A gente vê o jeito do nhonhô olhar para a rua, ele está olhando para tudo, ele vê tudo e as maiores imoralidades ele não finge não ver. Ele vê tudo, só nós ele finge não ver. Se ele finge não nos ver é porque ele nos vê. E nos vê, tanto que nós o incomodamos. Incomodamos tanto que ele tem que fingir que não nos vê. Isso é a prova de que ele nos viu. Ele fechou os olhos; fechando os olhos deu demonstração de que ele nos viu.

(Pergunta: Qual é a tática da Revolução quanto ao nhonhô?)

A Revolução tem duas táticas com o nhonhô. Ela faz do homem um nhonhô, primeira tática. E na segunda tática, ela joga o extremismo dela contra o nhonhô que ela fez. Se ela não tivesse feito do homem um nhonhô, ele podia acabar dando num contra-revolucionário. Foi porque ela fez dele um nhonhô, que ela fez dele um semi-contra-revolucionário. Depois de ter feito dele um semi-contra-revolucionário, ela pisa nele porque ele não é um revolucionário total.

Então, primeiro ela o imobiliza e o degenera; depois ela o espanca.

Agora, o que tem é o seguinte: as periferias do nhonhô podem desertá-lo. Nós devemos distinguir o nhonhô de suas periferias. Quer dizer, às vezes a mulher do nhonhô não é nhanhã; às vezes os filhos do nhonhô não são inteiramente nhonhôs e perguntam para ele: “Por que você está tão contra essa gente da TFP? Você tem alguma solução para oferecer? Eles oferecem uma. Qual é a que você oferece?” E outras perguntas desse gênero. O nhonhô vai se isolando. Mas que o nhonhô não se move, a meu ver não se move. Virou estátua de sal no caminho que ele deveria trilhar...


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