Plinio Corrêa de Oliveira
fala na AMAN
sobre nova tática comunista
A Cruz, Rio de Janeiro, 5-12-1965 |
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RESENDE, 27 — Em comemoração do 30.° aniversário da intentona comunista, o Comando da Academia Militar das Agulhas Negras promoveu uma sessão, na qual o prof. Plinio Corrêa de Oliveira pronunciou uma conferência a respeito do comunismo e da nova tática que este emprega para baldear inadvertidamente para seu campo ideológico as multidões. O conferencista iniciou manifestando sua emoção na comemoração desta data e salientando que o Exército Brasileiro tem cumprido galhardamente sua missão, mesmo em oportunidade em que não contava com o apoio das autoridades constituídas. Depois de mostrar que o comunismo é o maior problema nos dias atuais em todo o mundo, perguntou por que motivo se comemora com tanto realce a data de hoje, quando outras datas de importância aparentemente maior são comemoradas com aparato bem menor. E respondeu: «É porque o sangue desses brasileiros que tombaram ainda não se recolheu, ainda clama por justiça, porque o braço que os vitimou, o ideal criminoso que provocou a traição ainda continua a atuar em nosso País e no mundo. E enquanto essa ideologia continuar a atuar, o sangue de todos que morreram continuará pedindo justiça. Mais do que isso, continuará como uma lição para todos nós». Traçando, a seguir, uma comparação entre o cenário mundial de 1935 e o atual, mostrou o conferencista como a nossa época assinala uma imensa e triste transformação: após a segunda guerra, a Rússia espalhou seus tentáculos em grande parte do mundo, conseguindo impor o seu jugo a nações ilustres da Europa como a Católica Polônia, a Hungria, a Alemanha Oriental, espalhando pelo mundo o pior dos colonialismos. Entretanto, lembrou, apesar de ter imposto o seu jugo a uma grande parte do mundo, o comunismo fracassou em um ponto muito importante, do qual ele tem absoluta necessidade. Fracassou porque, apesar de existir há mais de cem anos, durante os quais dispôs de grandes máquinas de propaganda e de imensos recursos materiais, não conseguiu convencer as massas, não conseguiu persuadir os homens da vantagem de sua doutrina. Há 120 anos que se realizam eleições no mundo inteiro e o comunismo não conseguiu uma única vitória. As eleições provam o fracasso do comunismo: não vence porque não convence. As próprias massas não lhe são tão sensíveis como ele gostaria. Nem mesmo nos países comunistas conseguiram convencer o povo. Tanto que não promovem eleições lá, com medo de uma derrota. Portanto, fracasso eleitoral completo. Ora, uma vez que o comunismo não consegue convencer com sua doutrina, procura mudar de tática. Aplicando o lema «divide et impera», procura desenvolver uma ação na seguinte base: dividindo as duas grandes forças que se lhe opõem, a opinião católica e o direito de propriedade. Depois de dar os argumentos que servem de base ao direito de propriedade, segundo o bom senso e a doutrina católica, mostrou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira como a propriedade privada não é contrária ao interesse pessoal ou ao bem comum. Reconhecendo que a propriedade privada desempenha uma função social preciosíssima, afirmou que qualquer órgão, para desempenhar bem sua função, deve ser um órgão pujante. A defesa da propriedade privada, pois, é a defesa do bem comum. Nota tática Continuando, o Presidente Nacional da TFP apontou a nova tática que o comunismo põe em prática a fim de arrebanhar para si as multidões. Procura insinuar a possibilidade de um acordo entre a Igreja Católica e o comunismo, segundo o qual este lhe daria liberdade de culto em troca do silêncio da Igreja a respeito da sociedade civil coletivista. Consequência dessa manobra: 500 milhões de católicos do mundo deixariam de atacar o comunismo e este teria conseguido sua maior vitória. Foi para combater essa manobra do Comunismo internacional que o conferencista escreveu o ensaio «A Liberdade da Igreja no Estado Comunista», no qual demonstra que essa coexistência é ilícita e imoral. E, ainda, que a propriedade privada não só é necessária, mas é imposta pela Lei de Deus, em dois de seus mandamentos: «Não furtar» e «Não cobiçar as coisas alheias». Este ensaio polêmico sofreu uma grande campanha de silêncio, muitos ataques, inclusive por parte de setores «católicos progressistas», uma tentativa de refutação por parte de um jornal comunista da Polônia. Por outro lado, um importante órgão da Santa Sé, a Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades, em carta altamente elogiosa, afirmou que ele "é um eco fidelíssimo de todos os documentos do Supremo Magistério da Igreja». Encerrando, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ressaltou a importância da classe militar, do espírito de combatividade, para a grandeza do País e conclamou os jovens cadetes a tomarem uma atitude de franco combate ao comunismo, de tal maneira a se tornarem o símbolo de tudo aquilo de patriótico, nobre e varonil que o comunismo quer destruir. A assistência aplaudiu de pé o ilustre conferencista. Encerrando a sessão, o comandante da AMAN agradeceu ao conferencista «as palavras cheias de fé e de patriotismo». |