Sessão de abertura do Encontro de Correspondentes-Esclarecedores –
21 de junho de 1984
Revdos. Padres, Príncipe Dom Bertrand,
senhores componentes da mesa, minhas senhoras e meus senhores!
Cabe-me dissertar
nesta festiva abertura do Encontro da TFP a respeito de um tema que, de si, não
é festivo. Ele abre apenas as perspectivas para o tema festivo do encerramento.
Os dois temas sobre os quais eu devo versar em sessões plenárias de nosso
Encontro são: o primeiro, o de hoje, “a TFP face aos problemas contemporâneos –
no Brasil e no mundo”. E o último é: “As esperanças que essa situação traz
consigo”.
Eu devo falar desde
já, fazer menção desde logo a essas esperanças para que se compreenda que o
sombrio do tema de hoje tem a sua recíproca no gaudioso
do tema final. E que devem ser vistos os dois temas num conjunto. Mas, de fato,
a situação do mundo contemporâneo, como a situação do Brasil
de hoje, são muito sombrias. E diante desde sombrio, o sério, o por onde
se faz verdadeiro serviço a Nossa Senhora é reconhecer esse sombrio, olhá-lo de
frente, enfrentá-lo e, enfrentando, vencê-lo. E, vencendo, dar glória a Maria!
(Aplausos)
Nós não podemos ter
a esperança de vencer um inimigo que nós nem sequer temos coragem de olhar de
frente. Pois que olhar de frente, desassombrada e virilmente, em espírito de
fé, é a condição para se calcularem os lances, para se acertarem os lances e,
portanto, é a condição da vitória. Olhemos, portanto, bem
exatamente, a situação do mundo contemporâneo, consideramo-la até o
fundo. (...)
Nessas condições,
vamos levantar o aspeto geral do mundo contemporâneo, da situação do mundo contemporâneo.
E levantá-la ordenadamente, raciocinadamente.
Para raciocinar bem
a esse respeito, há três noções preliminares que são de uso corrente, mas que
me cabe esmiuçar adequadamente, para que nós entendamos bem todo alcance que
elas tem nessa conferência.
Em primeiro lugar, a
noção de ordem. Se há algo que falta no mundo contemporâneo é a ordem. Quanto
mais o mundo contemporâneo procura impor a ordem, tanto mais a ordem lhe foge
de entre os dedos. E quanto mais esses dedos, para conseguirem reter a ordem,
se vão transformando em garras, tanto mais esta ordem se vai desfazendo.
O que vem a ser a
ordem?
A ordem é a disposição dos seres segundo sua natureza. Depois, de
acordo com o seu fim. Depois, de acordo com a liberdade e os meios para se
moverem rumo ao seu fim.
Eu falo diante de um
gravador, de um microfone. O que é um microfone? Quando é que um microfone está
em ordem? É quando todos os elementos do microfone estão compostos, estão
dispostos de acordo com a natureza do microfone. Se eu pusesse por exemplo, dentro do microfone, uma corda de harpa, a
natureza do microfone não comporta isso, porque não é harpa. Resultado, o
microfone não funciona. Ele precisa ter dados seus elementos compostos de
acordo com a natureza do microfone.
Em segundo lugar, é
preciso que todos esses elementos sejam voltados, estejam coordenados, estejam
imbricados entre si de maneira a realizarem a finalidade do microfone. Essa
finalidade é de servir aos senhores. Quer dizer, de captar o tom, as palavras
dessas conferências e espalhar por um salão tão amplo de maneira que todos possam me ouvir. Esta é a finalidade do microfone.
Em terceiro lugar é
preciso que esses meios – no caso o microfone - tenham
uma liberdade de movimentos que lhe proporcione realizar o seu fim. Quer dizer,
no caso do microfone, uma certa elasticidade ele precisa ter para vibrar com o
som. Se ele for rígido, ele não tem as reatividades e as elasticidades que
fazem pegar o som. Resultado, ele não adianta. Ele tem que ter, portanto, uma
certa liberdade ordenada de movimento pela qual ele chega ao seu fim. Esta é a
ordem verdadeira.
Nós veremos depois
de que utilidade essa noção pode ser para construção geral do nosso panorama.
O que é a paz?
Depois que Santo
Agostinho definiu a paz, a noção de paz ficou em paz. E não se discutiu mais.
Por mais que se tratasse do assunto antes e houvesse discussões antes sobre
esse conceito, Santo Agostinho pôs em paz a noção de paz. Porque ele a definiu
com duas palavras: “A paz é a tranqüilidade da ordem”.
Onde há ordem, há tranqüilidade.
Essa tranqüilidade se chama paz. Não é, portanto, qualquer tranqüilidade que
constitui a paz. É a tranqüilidade que nasce da ordem.
Há certas formas de
imobilidade, que nem merecem ser chamadas propriamente
de tranqüilidade; certas formas de atonia, certas formas de inação, não são
paz. O braço poderoso de um carregador que carrega um peso grande; de um atleta
que levanta um peso grande, esse realmente é um braço que está em paz, ainda
que se note na disposição de seus músculos, que ele está fazendo um esforço
enorme. Porque ele está em ordem e está realizando sua finalidade: carregar
aquele objeto para ganhar um prêmio e assim manter a vida dele e da família de
quem carrega, e dele mesmo. Aquilo está em paz. O braço de um titã carregando
um globo, está em paz.
Pelo contrário, o
braço inerte de um paralítico, este não está em ordem. Ele está tranqüilo, não
está fazendo esforço nenhum, mas aquela tranqüilidade da inércia, a tranqüilidade
da paralisia, esta não é a verdadeira paz. Ela não nasce da ordem.
Nós queremos a tranqüilidade
da ordem. E ordem nós vimos há pouco o que é. Então os conceitos de ordem e de
paz se entrosam muito exatamente.
A tranqüilidade do
sepulcro: Se diz, no sepulcro se pode escrever R.I.P,
“requiescant in pace”.
Descanse em paz. Essa paz se refere à paz em que está a alma, mas não se refere
à paz do corpo, porque aquela desagregação decorrente da inércia e da
putrefação, aquilo não é a paz. A verdadeira paz é a paz que decorre da ordem.
Onde há putrefação, desagregação, não há verdadeira ordem, há o contrário, há a
desordem.
Então os conceitos
de ordem, de paz, e tranqüilidade são conceitos, no que diz respeito ao ser
vivo, eminentemente conectados com o dom da vida que Deus dá. Aquilo que
favorece o dom da vida, que o estimula, que o ordena, isto é de acordo com a
paz. O resto não é de acordo com a paz.
Assim, colocadas as
nações, nós devemos dizer o seguinte: Tomadas essas noções genéricas mais
próximas de nosso tema, nós temos duas outras noções.
Em primeiro lugar, a
noção de desordem. Há duas formas de desordem, e ambas importam para a
focalização dos temas desta palestra de hoje. A primeira forma de desordem é
quando se toma uma coisa, se destrói a ordem que estava e, com aquele mesmo
material, se põe todas as coisas numa ordem errada, numa contra-ordem.
Vamos dizer, por
exemplo, que uma pessoa tomasse esse microfone e esvaziasse. Depois tomasse
todas as peças que estão dentro e jogasse dentro desse cano vazio, que é a
parte externa do microfone, mas ordenando de tal maneira que estivesse tudo ao
revés. Nós teríamos uma contra-ordem. Quer dizer, o contrário de uma ordem. Mas
este contrário de uma ordem, ainda tinha um certo elemento comum com a ordem. E
que é uma ordem ao revés. E, portanto, havia uma certa construção que era a
construção monstruosa, a intenção de caricaturizar, a intenção de deformar, mas
havia uma certa intenção.
Há uma outra forma
de desordem que é o caos. O caos já não é a contra-ordem, é uma explosão. Se eu
faço arrebentar uma bomba, por exemplo, aos pés de um edifício, voam pelos ares
todas as partes desse edifício. Enquanto as partes do edifício nos ares estão
ainda numa certa proximidade, de maneira de formarem, ao menos para vista, um
todo, eles estão no caos. Aquilo é uma força dinâmica que invade tudo, que leva
tudo, que joga todas as coisas umas contra as outras, ao sabor de alguma coisa
que se poderia chamar mais ou menos o acaso, e que faz com que não haja, nem
sequer a contra-ordem que existe numa peça contra ordenada intencionalmente.
Assim, com essas
noções, nós devemos nos perguntar o seguinte: nós, no mundo
contemporâneo, é claro que estamos numa profunda desordem. Essa é uma
noção que eu pressuponho. Uma pessoa que presenciando o mundo contemporâneo com
as suas movimentações loucas não se dá conta de que isto não é ordem, é uma
pessoa que não viria a uma reunião de correspondentes da TFP. O correspondente
da TFP se caracteriza preliminarmente, na primeira das suas atitudes mentais,
ele se caracteriza como aquele que sente no fundo de seu ser que a ordem está
transtornada, e que tudo o que ele tem em torno de si é desordem. Não vou,
portanto, justificar esta afirmação tida como lugar comum primeiro para todos
os que estamos aqui.
Mas, nós poderíamos
nos perguntar o seguinte: Esta desordem, o que ela é?
Ela é uma
contra-ordem ou ela é um caos? Quando ela tiver chegado ao seu termo, quando o
mundo contemporâneo chegar ao ponto final de sua evolução, se os homens que
conduzem a desordem contemporânea não contassem mais com os fraquíssimos
obstáculos que lhes impedem de realizar a desordem que sonham, e eles
construíssem o seu plano, esse plano qual seria? Seria o plano de uma
contra-ordem, ou seria o plano de uma explosão? Nós teríamos que espécie de
desordens?
E a resposta que nós
devemos pôr é a seguinte: de momento, para onde eles caminham é para a
contra-ordem. E o exemplo característico dessa contra-ordem é o comunismo. Os Estados que se entregam ao regime comunista tem um regime
político, tem um regime social e econômico. Eles têm uma cultura, eles tem uma arte, eles têm aquilo que, caricatamente,
se poderia chamar uma civilização.
Mas o regime é um
contra-regime, porque é feito para administrar uma situação contrária à ordem
natural das coisas, e feita para chocar a ordem natural das coisas. A ordem
sócio-econômica é uma contra-ordem, porque põe todas as coisas como não devem
estar. A cultura é uma contra-cultura, a civilização é uma contra-civilização,
mas forma Estados estáveis. É verdade que policiescamente estáveis, é por força da polícia que esses
Estados são estáveis. Mas não se lhes pode negar estabilidade.
Os senhores vejam na
Rússia. Em 1917, os comunistas tomaram conta da Rússia e se estabeleceram com
uma passividade do povo russo, extraordinário.
Ouviam-se comentadores que diziam que essa passividade vinha do hábito de
obedecer criado pelos antigos czares, os czares brancos, os czares da monarquia
habituaram o povo a obedecer. Foram substituídos pelos chamados czares
vermelhos - Lenine e seus sucessores. Esses tomaram esse hábito do povo
obedecer e obrigaram o povo a obedecer uma
contra-ordem. E o povo coube na contra-ordem.
Essa explicação se
verificou falsa com a conquista de uma boa parte da Europa pelos comunistas.
Invadiram nações de um desenvolvimento cultural e político, enfim, em todos os
sentidos, que estavam entre as nações culminantes da humanidade. A Alemanha,
por exemplo. Eles invadiram, tomaram conta. Não estavam habituados a obedecer
dessa maneira. Entretanto, foram jugulados e não se ouve falar de revolta, nem
nada, da parte dos alemães sujeitos ao regime comunista.
O
mesmo da Checoslováquia, nação de grande cultura, de grandes
tradições. E podemos dizer tudo isso de todo o resto dos países que estão para
além da Cortina de Ferro. Em graus e modos diferentes, a mesma coisa se pode
dizer.
Quer dizer, eles têm
uma estabilidade própria cuja análise não me compete fazer, mas uma
estabilidade que, existindo neles, não é uma qualidade, é um defeito. É a garra
da tirania mantendo uma contra-ordem, impondo que ela exista. Mas, enfim,
impõe, há uma contra-ordem. Corresponde ao gravador virado ao revés. Tudo ali
está ao revés, mas existe.
Mas nós não devemos
nos iludir. Os doutrinadores do comunismo - Marx, Lenine, Engels,
e tudo o mais que os senhores quiserem das várias correntes do comunismo,
Trotski, o que os senhores quiserem - todos eles são unânimes num ponto: ainda
que eles divirjam entre si os outros pontos, eles são unânimes num ponto. O
ponto em que eles são unânimes é este: na realidade esta contra-ordem - nós
chamamos de contra-ordem, nós sabemos que é uma contra-ordem, eles dizem que é
uma ordem. Bem, esta contra-ordem é provisória. Haverá um determinado momento
em que, amalgamados e amassados pela tirania comunista, esses povos estarão em
condições de se desagregarem, e de desaparecer da terra o Estado, desaparecer a
lei, e entrar o reino da anarquia. De uma anarquia que eles não concebem como
explosão de um prédio, mas eles concebem como uma explosão cheia de harmonia. O
Estado se desfaz, as leis se desfazem, as autoridades se desfazem; pequenos
núcleos populacionais enchem a terra mas formando
apenas pequenas entidades que não formam federações, não formam nada, e a terra
volta a um regime tribal, parecido com o dos índios. Em que o homem encontrará,
dizem eles, a ordem em que os índios se encontram.
Entre os índios não
há revolta, entre os índios não existe luta, e os homens voltados ao estado
tribal, misteriosamente conjugado – e este ponto é tão longo, tão complexo,
envolve tantos pontos de vista que deles não pretendo tratar aqui na reunião de
hoje, mas enfim, misteriosamente conjugados com a cibernética – esse estado
tribal cibernético, misto da aplicação das últimas técnicas modernas ainda em
desenvolvimento e de um retrocesso aos mais primitivos estágios da humanidade,
esse estado é o caos, mas um caos que eles imaginam um caos harmônico, para
qual eles querem retroceder de novo.
Aí nós temos,
portanto, que a desordem contemporânea é uma desordem profunda, mas é uma
desordem, em alguns países, para formar ainda o bloco granítico, gerador ele
próprio, a contra-ordem geradora ela própria de sua distruição.
Em determinado momento isso se destrói e nós temos uma nova dispersão dos povos
sobre a terra.
Nós temos um
regresso misterioso ao estado indígena. Nós temos, ao mesmo
tempo que esse regresso, uma espécie de apogeu de ciência que dará ao
homem libertado das suas necessidades pela cibernética, dará ao homem uma
possibilidade também mal enunciada para o grande público – na
TFP isso se estuda aprofundadamente; talvez tenhamos
algum dia um Encontro só sobre a cibernética e a anarquia cibernética,
pseudo-harmônica que as forças do mal procuram criar na terra –
então nós teremos isso de futuro. E, em alguns Estados nós temos ainda a
construção da contra-ordem. Em outros Estados nós já temos a tentativa de
realizar a desordem, a explosão, a anarquia.
Por exemplo, na
autogestão do socialismo, a acusação essencial que as 13 TFPs fizeram à autogestão foi essa. A autogestão
socialista tende a desagregar o Estado numa porção de corpúsculos. Esses
corpúsculos, ditos autônomos, são pequenas tiranias internas de um Estado
regressado à condição tribal, e representam a destruição da civilização.
Eles têm a mesma
história das 3 Revoluções. Gerou-as remotamente o
protestantismo. Depois passou, a mentalidade protestante passou para a esfera
política e produziu a Revolução Francesa; em terceiro lugar, passou para a
esfera sócio-econômica e produziu a Revolução comunista. IV Revolução... as 3 Revoluções são do tempo em que eu escrevi o livro
[Revolução e Contra-Revolução], quer dizer, nos anos 50 e tanto, em que nem se
falava de IV Revolução para o grande público.
IV Revolução é a da
anarquia, IV Revolução é a revolução da desordem completa, da desordem dita
harmônica, desta grande mentira do demônio que - eu disso estou persuadido, mas
também não posso entrar em pormenores aqui, dado a extensão de nosso tema – a grande desordem pseudo harmônica, e eu digo
que é pseudo porque sempre que o demônio promete alguma coisa, é aquilo que ele
quer tirar – ele promete a harmonia desse desfazimento.
Nós teremos o infernal transtorno desse desfazimento. Então, nessa anarquia nós
temos a fase final da Revolução. E nós temos a realização completa do reino do
demônio.
Diante dessa
situação, qual é a nossa posição? Nossa posição comporta uma resposta: antes de
tudo nós sabemos que Deus é onipotente, criador do céu e da terra e não
permitirá que o demônio exerça seu reino na terra. Nós sabemos que Ele fundou a
Santa Igreja Católica Apostólica Romana, imortal, e contra essa Igreja as
portas do Inferno não prevalecerão. Nós sabemos por uma promessa de Nossa
Senhora em Fátima que depois de todos os castigos que exatamente a desordem
contemporânea provoca a Providência divina a despejar sobre o mundo, depois
desse castigo, quem vencerá é Ela! E ela o disse: “Por fim
...
(Aplausos)
... por fim, disse ela em Fátima, o meu Imaculado Coração
triunfará”. E que essa caminhada da atual situação para o caos é uma caminhada
que terá como ponto terminal - quaisquer que sejam os pontos intermediários -
terá como ponto terminal o contrário: a paz de Cristo no reino de Cristo, a paz
de Maria no reino de Maria! É para lá...
(Aplausos).
Essas palmas, eu
vejo nelas algo que me agrada sumamente, mas que me surpreende. Mais do que
gesto de simpatia, ou de indulgência para com o conferencista, essas palmas são
a explosão de nossa convicção de que, apesar de todas as aparências em
contrário, apesar do sinistro, do imenso e do tão largamente próximo da realização...
nada disso prevalecerá. As portas do Inferno não
prevalecerão...
Nós estamos certos
disso porque temos fé, e essa fé canta no interior de nossa alma!
São exatamente 5
horas deste dia de hoje. Poderá figurar no Reino de Maria, nos anais da
História, que em plena noite da realização deste plano sinistro - não é noite
no sentido astronômico da palavra, mas faz-se noite sobre a terra, tenebrae facta sunt, as trevas baixaram sobre a terra e a enchem
inteiramente! Há uma noite do espírito, há uma noite da fé, há uma noite de
tudo no mundo de hoje – em plena noite, mil e tantas pessoas,
reunidas aos pés de uma imagem de Nossa Senhora do Carmo, que lembra aqui a
grandeza dela enquanto Rainha e flor do Carmelo, lembra o terrível profeta
Elias do qual diz a liturgia siríaca católica que, se
Deus não tivesse levado da terra, ele na sua cólera destruiria a terra por
causa dos pecados dos homens.
No momento em que um
conferencista começou a desenvolver, numa sessão iluminada pela presença de
dois sacerdotes da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, que nos conduzem o
passo nessa caminhada, que neste momento um auditório com mil e tantas pessoas
começou sentir-se opresso com essas definições de ordem, depois de contra-ordem,
de caos, etc., etc., e que o auditório estava ligeiramente soturno. Mas quando
se começou dizer que, apesar de tudo, nós acreditávamos, houve uma explosão!
(Aplausos).
Explosões como esta as haverá talvez por outros cenáculos da terra. Nenhum
jornal as vai registrar. Na grande imprensa, no rádio, na televisão, nos
grandes meios que servem ao grande plano do qual eu falei há pouco, em nenhum
deles se vai falar dessa explosão. Mas a história contará um dia que as
explosões de fé, de amor à Nossa Senhora e à Igreja
venceram mais do que as explosões da bomba atômica!
(Aplausos).
Seja como for, nós
devemos nos pôr, a respeito desse movimento que é a Revolução, que vai tão alto
e que tende a realizar a sua própria finalidade, nós
devemos nos fazer uma pergunta fundamental para explicar a situação do mundo
contemporâneo, para nós termos idéia da situação do mundo contemporâneo.
Em que ponto nós
estamos? Há, na história das ondas do mar, estágios diferentes. A gente olha de
vez em quando para o mar e percebe aqui, lá e acolá o mar está tranqüilo. Mas
de repente uma como que conspiração das águas se faz em algum lugar, um
redemoinho se começa a fazer sentir na massa profunda das águas. Em algum tempo
esse redemoinho começa a gerar ondas que se levantam, mas que ainda não
quebram. Em certo momento elas se levantam tanto que elas quebram. Quando elas
quebram, já estão em movimento, em demanda da terra. Mas à
medida em que elas vão realizando sua meta e vão chegando perto da
terra, as ondas vão decrescendo. E quando elas chegam à
terra e vão parar na praia, eles estão de tal maneira que elas agonizam na
areia. A areia as absorve, a onda morreu.
(Aplausos).
Nós podemos
perfeitamente nos perguntar: esta onda que veio de há cerca de 500 anos atrás,
esta onda que chegou até nossos dias, em que estágio ela está? Há muito tempo
ela deixou o estágio da conspiração aquática profunda; há muito tempo ela
espalhou sua agitação pelas águas do mundo inteiro. Mas ela (está) apanhando
agora, caminhando para o seu declínio? Nós poderemos esperar, que pela própria
força das circunstâncias, o movimento revolucionário universal, tendo de tal
maneira realizado seus fins, vai sentir exaustas suas potencialidades e vai
morrer? Ou ele tende a chegar até aquela explosão?
Em outros termos, o
que devemos fazer em face da Revolução? Esperar que ela morra
depois de ter agonizado sem glória, ou prepararmo-nos para enfrentá-la e para
lhe cortar o passo, porque ela não morrerá assim? É uma pergunta fundamental
para a atual situação.
A resposta - e os senhores verão daqui a instantes porque - a resposta que
eu sugiro é a seguinte: não tenhamos otimismo! Confiança em Deus é, debaixo de
certo ponto de vista, o contrário do otimismo! É otimista aquele que não tem
coragem de olhar a realidade. E por isso imagina a realidade como ela não é.
Tem confiança em Deus aquele que olha de frente a realidade. E quando a
realidade diz: a Igreja vai ser destruída, responder de frente, olhos dentro
dos olhos: “Tu mentes”!
(Aplausos).
Tu mentes, mas a mim
não me basta dizer que tu mentes. A mim me é necessário outra
coisa: Tu dizes que tu avançarás e vencerás. Está bem, um dos obstáculos que
está em seu caminho sou eu!
(Aplausos).
Eu sim, não apenas
eu Plinio Corrêa de Oliveira, mas eu contra–revolucionário que vim a esse Encontro
dos quatro cantos da terra, que vim do mais extremo norte da América, como vim
do mais extremo sul da América, que vim do litoral Pacífico do nosso continente
até o litoral Atlântico; que vim das nações mais célebres e antigas da Europa;
que vim das Filipinas, que vim da Austrália, que vim da África, sou eu que
estou aqui presente para te dizer: Não basta isso, eu tentarei cortar os teus
passos!
(Aplausos)
Vencerei eu? Pouco
importa. Tu serás vencido, isso é o que importa! Vencerá a Igreja! Isso não há
dúvida nenhuma, vamos para frente!
Agora, nisso, não
tenhamos portanto dúvida em admitir o seguinte: que se
nós estudarmos o traçado do movimento revolucionário, ele, humanamente falando,
apresenta os modos de chegar até seu fim. Ele apresenta força, apresenta o
entusiasmo, ele apresenta o recurso de riqueza e as riquezas de recursos
necessárias para fazer o que ele quer. E que, se não houver, velada ou
claramente, uma interferência da Providência para cortar o passo desse
movimento, não se pode calcular que um movimento que vem vencendo há 500 anos,
um movimento que sofreu certamente golpes rudes –
por exemplo, o Concílio de Trento e a Contra–Reforma foi uma vitória
grande, brilhante da Igreja; o pontificado de São Pio X foi uma brilhante
vitória da Igreja; antes de São Pio X a definição do doma da Imaculada
Conceição; da infalibilidade papal, foram brilhantes vitórias da Igreja.
Mas de cada vez, a
fera, depois de ter blasfemado e vertido um pouco de sangue, continuou a sua
caminhada. De maneira que nós estamos onde estamos. E não há nada que faça
supor que sem uma interferência clara ou velada da Providência, não entro nesse
pormenor, ela vá para frente.
Há qualquer coisa do
bom senso que diz isso. os senhores imaginem um homem
que está no alto de um monte. Ele vê no extremo do horizonte uma águia que
levanta vôo. Pelo vôo da águia, pelo certeiro com que ela voa, pela vitalidade
com que ela voa, quem está observando dirá: certamente ela vai até o extremo
oposto e ela vai sumir de minhas vistas, ela que veio de um horizonte até onde
meus olhos não chegavam, ela vai até um outro ponto do horizonte até onde
(minha vista não poderá) alcançar também. Seu próprio modo de voar me diz isso.
A própria análise da
Revolução – e nós o veremos daqui há pouco – a própria
análise da Revolução diz isso.
Quer dizer o
seguinte: essa análise traz consigo a verificação de que há
sempre um pouco de descontentamento com a Revolução, mas esse descontentamento
vai tomando cada vez menos intensidade. E essa intensidade cada vez menor está
no momento de ser supressa. E, portanto, nós estamos, não nos iludamos, nós
estamos no momento extremo em que o inevitável parece dever realizar-se.
Parece! E tudo
depende da palavra “parece”. Nós temos razões sobrenaturais para esperar o
contrário. Nós temos razões naturais nas quais reluz algo de sobrenatural para
esperar o contrario. Há 30, 40 anos, por exemplo, é certo que as reações da
opinião pública - os senhores vão ver isso daqui a pouco - é certo que as
reações da opinião pública eram reações muito mais enérgicas contra o mal do
que são hoje. Mas há 30 ou 40 anos atrás seria dificílimo reunir, nesta cidade
de São Paulo, um auditório tão desejoso do Reino de Maria, com uma idéia tão
completa, tão nítida - eu não recuo diante da palavra - tão radical do Reino de
Maria, como o auditório que está aqui.
(Aplausos).
Vamos analisar um
pouco este mecanismo por onde a revolução foi se espraiando e vamos ver em que
ponto está esse mecanismo. Eu digo o seguinte: nós sempre tivemos - nos meus 75
anos eu vi isso tantas vezes se dar e alcancei gente que viu isso mais no
passado. E, mais do que essas memórias individuais, os anais da historia estão
aí para contar isso: sempre que vinha uma onda revolucionária mito forte,
seguia-se um certo movimento contra-revolucionário. Esse movimento
contra-revolucionário fazia uma contra-revolução muito fraca do que a
Revolução. E daí a algum tempo a Revolução dava um pulo ainda mais para frente.
Novo pulo... nova Contra-Revolução mais fraca. E assim
a Revolução avançando, pulando três degraus de uma escada e depois descendo um,
ela foi, num ritmo gigantesco, tomando conta do mundo.
Os senhores tomem, por exemplo a Revolução Francesa. Ela determinou, em última
análise, um espraiar-se dos seus ideais pelo mundo inteiro. Mas na própria
França, ao cabo de algum tempo, ela determinou uma reação
contra-revolucionária. Essa reação contra-revolucionária se afirmou
inteiramente em 1815 com a queda de Napoleão Bonaparte. Ela durou 15 anos, de
uma frouxa e pálida contra-revolução, em que algumas coisas que a Revolução
derrubara foram postas de pé mais ou menos, em que alguns restos do que a
Revolução destruíra foram classificados e piedosamente guardados em museus. Daí
a pouco, outra Revolução em 1830 e daí em diante, de Revolução em Revolução,
sempre com uma pequena contra-revolução, as coisas foram andando.
Isso indica no homem
ocidental, na psicologia do homem ocidental, a existência de 3
faixas de mentalidade: as mentalidades nitidamente contra-revolucionárias, que
não queriam a Revolução e estavam dispostas a reagir contra ela. De outro lado as mentalidades revolucionárias que de um modo explícito ou
implícito queriam que a Revolução chegasse até seu auge, até esse auge que ela
está no momento de atingir agora.
Uma faixa intermediária
que queria viver! Que queria sobretudo gozar a vida
dentro da tranqüilidade. E que, portanto, preferiria que no mundo não houvesse
revolucionários nem contra-revolucionários. Eles queriam que o mundo parasse e
que, durante todo o tempo que eles vivessem, o mundo vivesse sem amolação, para
eles poderem gozar a vida. E que, por causa disso, eram antipáticos à Revolução
e antipáticos à Contra-Revolução.
Antipáticos à
Revolução porque a Revolução fazia desordens. Antipáticos à Contra-Revolução mais
ainda, porque eles não queriam voltar para a ordem anterior. Eles queriam ficar
naquilo que eles encontraram, queriam conservar o mundo como eles encontraram
quando nasceram. Eram conservadores, partidários da estagnação no sentido mais
definido da palavra. Eles constituíam a grande maioria das populações.
E os revolucionários
sentiam que podiam sacudi-los um pouco. Não demais, que eles adeririam à
Contra-Revolução. Era, portanto, preciso, sob pena deles perderem esse meio
termo indeciso e decisivo, era preciso que eles andassem
depressa, porém não demais. E esse meio termo tinha uma capacidade de se
indignar que era uma capacidade ir longe. Essa capacidade de indignar-se que
era uma capacidade que podia ir longe. Eles tinham medo, a Revolução tinha medo
dos neutros. Por causa disso ela andava relativamente devagar e até admitia
alguns recuos.
Esta zona da opinião
pública continua a existir hoje. Nós temos tanta gente que não quer o
comunismo, mas que também não quer o anticomunismo. Quer dizer, não uma reação
valorosa contra o comunismo. Eles querem um mundo onde não se lute, querem o
mundo deles, onde se ganhe dinheiro, onde se cuide da saúde, onde se divirta
todo o mundo e onde ninguém tem amolação. Um mundo que por isso mesmo, que é um
mundo feito para a diversão, vê com maus olhos as regras da moral. Eles não
vêem na moral uma lei de Deus, eles vêem um hábito. Os princípios morais com
que eles estão habituados, eles querem que continuem. Os princípios morais a
que eles não estão habituados, podem ir se desgastando
com o tempo que eles não se incomodam nenhum pouco.
Esse estilo de gente
é um estilo de gente que constitui a categoria que na nossa linguagem da TFP
nós chamamos, por exemplo, o sapo. Os
bem instalados no mundo que não se incomodam com nada.
O que é decisivo
nessa situação de hoje é que, ao contrário do que se dava outrora, a reação dos
sapos é cada vez mais frouxa diante
do mal. Essa reação é cada vez intolerante diante do bem. De maneira tal que o
próprio eixo político da terra vai rodando para o mal e rodando para um
despenhadeiro por causa dessa rotação dos sapos.
Quer dizer, este é o fato fundamental que está dando a possibilidade de levarem
o mundo para onde vão levar.
Os senhores podem
notar isso no mundo contemporâneo com algumas coisas visíveis. Houve, por
exemplo, um fato que teria ficado, e eu espero que fique ainda algum dia,
quando no Reino de Maria se escrever a história, houve um fato que teria ficado
famoso, e do qual se falaria com horror nas conversas domésticas, por exemplo,
até o fim deste século, pelo menos. É a tomada de Phon
Phen.
Os senhores se
lembram, a capital do Cambodge tomada de repente por
um bando de vândalos, de bárbaros, de bandidos, que se assenhoreiam da cidade,
que jogam pelas janelas os objetos úteis, os objetos interessantes das várias
casas; fica aquilo tudo para se deteriorar em praça pública, nas ruas; a cidade
de Phon Pehn abandonada, e
toda cidade obrigada a ir a pé pelo mato adentro, para fazer trabalhos forçados
para o regime comunista.
De tal maneira que
até os doentes foram obrigados a abandonar os hospitais e seguirem também. E se
os médicos alegassem que aqueles doentes morreriam, a resposta deles era: “Não
é só os doentes que vão morrer não! Muita gente sadia vai morrer também, porque
essa marcha é uma marcha de morte. Andem”!
E andaram. E assim a
coluna da morte foi percorrendo terrivelmente o espaço para acabar não se sabe
no que. Nem o mundo contemporâneo sabe bem no que é que terminou essa sinistra
marcha, que horrorizou naquele momento. Um ano depois já não se falava mais
disso. E o burguês estava contente no seu automóvel, na sua casa, na sua vida.
Desapareceu. A capacidade de indignar-se tinha cessado nele.
Há algum tempo atrás
a Rússia invadiu o Afeganistão. Todo o mundo se levantou protestando contra o
horror dessa invasão. Os russos não se incomodaram e continuaram a lutar. O
Afeganistão se incomodou e continuou a resistir.
Quem hoje se
incomoda com o Afeganistão? Aquela opressão deixou de ser tão indignante quanto era no começo? Não deixou. Por que é que
ninguém mais fala disso? A capacidade de reagir morreu. As pessoas não se
incomodam mais com o bem, elas não tem horror ao mal,
elas não têm entusiasmo pelo bem.
Que o bem suma e
desapareça, não tem importância. Que o mal triunfe, não tem importância. Com
tanto que na minha vida individual, a 5 metros de circunferência em torno de
mim não aconteça nada, eu, pai da vida, do ano de 1984, não me incomodo com
nada. Eu não resisto mais. Eu sou o débil, o entreguista que odiaria a quem me
dissesse isso. E que por isso antipatiza com a TFP. Porque a TFP lhes lembra
continuamente o dever! Esse dever que é seu pesadelo!
(Aplausos)
Mas ai dos povos
para os quais o pesadelo se chama dever! Porque eles cairão no pesadelo vivo e
não terão a alegria, a glória de ter cumprido o dever. Isso é o que acontecerá.
Acontecerá na história contemporânea com esses gozadores da vida.
Os senhores tomam
outra coisa significativa: o aborto. Afinal de contas, o aborto é uma matança
de inocentes. A TFP espanhola lançou um manifesto em que falava isto
precisamente, que a matança dos inocentes estava desencadeada na Espanha. Ela é
a matança dos inocentes! Há alguém mais inocente do que a criança que ainda
está no claustro materno, ou que está para sair do claustro materno, que pecado
pode ter cometido?
Quando se mata em
qualquer lugar do mundo um esquerdista, a imprensa do mundo inteiro reclama
porque os direitos humanos estão sendo violados. Eu pergunto: e quando se mata
uma criança inocente não estão sendo violados os direitos humanos?
Entretanto, a
realidade qual é? Na Espanha, na França, em quantos outros países
contemporâneos, no Brasil, a qualquer hora é aprovada uma lei do aborto.
Sabem o que é que
dá? Dá um pouco de protesto, um pouco de choramingo e depois acabou e ninguém
mais se incomoda. E todo mundo fica sabendo que as quantidades dos inocentes
estão sendo mortos nos hospitais, e que estão sendo mortos por uma conspiração
do pai e da mãe com a ciência que foi feita para salvar as vidas.
E de um modo de tal
maneira cruel e terrível que em muitos e muitos casos de aborto a criança nem
sequer recebe o batismo. De maneira que a criança é privada da vida terrena e é
privada da glória de Deus no céu. Vai ter a limitada felicidade do Limbo.
Pergunto: a
indiferença diante disso, os senhores já imaginaram que é que representa? Quer
dizer, há crime mais espantoso do que esse? Os senhores já imaginaram o que é
que representa?
Os senhores estão
notando aqui o terrível da situação. Quer dizer, aquilo que era o liame, o
freio que impedia o mundo de cair, e que era esse resto de senso moral e de
reação moral que ainda tornava lenta a Revolução, isso está desaparecendo.
O que é que nós
temos diante de nós? Nós temos esta coisa terrível, um mundo em autodemolição. Paulo VI disse isso: que a fumaça de Satanás
tinha penetrado na Igreja de Deus. Quando ele tinha para dizer isto - a fumaça
de Satanás tinha penetrado na Igreja. E que a Igreja se encontrava entregue a
um misterioso processo de autodemolição. Os srs. notem o alcance destas
palavras: a Igreja se encontrava num misterioso processo de audodemolição,
quer dizer, a Igreja se demolia a si mesma. Porque para ser uma autodemolição é ela se demolindo a si mesma. E como a
Igreja é hierárquica, tudo o que ela faz, ou é feito pela Hierarquia ou não foi
ela que fez. Foi feito menos com consentimento da Hierarquia, com o placet da
Hierarquia. A autodemolição da Igreja comporta pelo
menos o consentimento e o placet da própria Hierarquia da Igreja.
Nós temos, ao lado
dessa autodemolição da sociedade espiritual, nós
temos a autodemolição do poder político, a autogestão
para onde se caminha é o poder político destruindo-se a si próprio para dar
lugar à anarquia.
Por toda parte os
senhores notam, aquilo que está de pé demolir-se a si próprio. É o castigo do
mundo contemporâneo. Eles levantaram a Torre de Babel. Na Torre de Babel, de
que nos fala a Escritura, os homens em certo momento pararam de construir e se
espalharam pela Terra. Aqui não. Os homens estão sofrendo a vergonha de
destruírem eles mesmos a Babel que tinham construído.
Mais ainda, eles
põem suas mãos criminosas não na Babel mas na própria
Igreja de Deus. E começam a fazer a demolição da própria Igreja de Deus. Esta é
a situação em que nós nos encontramos.
Me
parece que
seria o caso de nós mencionarmos fatos ilustrativos disso, para não ficarmos
apenas no ar e não termos idéia tão somente de que isso se disse em tese, isso
se disse em teoria. Nós devemos pegar as coisas como elas são e como elas se
apresentam. Eu vou dar exemplos.
Um exemplo é a
destruição do bom senso. Eu devo prevenir que isto é feito com base nos
recortes que servem em geral para as conhecidas Reuniões de Recortes da TFP. E
que nessas reuniões esses recortes são mais abundantes nos países onde a
imprensa é mais abundante também. E que, portanto, há mais notícias desses
sintomas no Brasil, porque nós estamos no Brasil. E em países onde a imprensa é
particularmente desenvolvida. Não quer dizer que nesses países esses sintomas
são maiores ou menores do que em outros países. Eu não aprecio isso. Eu dou o
que a imprensa dá. E quando a imprensa é abundante eu tenho mais a dar do que
de paises onde a imprensa não dá abundante. Eu não estou fazendo, portanto,
nenhuma análise da situação comparativa de um país ou de outro país.
Mas os senhores
tomem, por exemplo o seguinte: a degradação do bom
senso no mundo contemporâneo. A importância dada ao animal, enquanto se matam
as crianças, às vezes no ventre materno. Quer dizer, o que é que isso quer
dizer como vergonha para o homem contemporâneo?
Notícia dada pelo
“Correio da Bahia” de Salvador:
“O proprietário de
um cão condenado a morte por tirar a vida a um “podley”, pediu clemência a um Juiz dizendo que o animal
mudou seu comportamento e que merece uma segunda oportunidade”.
Quer dizer, condenar
criminalmente um cão...
“Tucker,
um ... de 63 quilos, pertence a Herick,
de Augusta, foi condenado à morte
através de uma injeção em 1982”!
Então já há leis
estudando como é que o animal é condenado à morte. Bem....
“... apelou a
sentença ao superior tribunal do Maine que manteve a
decisão no começo desse mês. Notícias dos jornais dizem que o caso de Tucker provocou uma avalanche de cartas, telegramas e
telefonemas ao gabinete do governador pedindo-lhe perdão, pelo cão”.
E por causa de um
movimento de compaixão pelo cão, o governador parece que anistiou o cão.
[Jornal] Estado de Minas:
“Agora descobriram
um publico muito popular em toda a França: os cachorros. Seis milhões deles
existem no país. Nasceu na semana passada o teatro para cachorros, sob o apoio
da prefeitura local e da Sorbonne, além disso. Os
organizadores da coisa explicam: Nosso ministro da cultura nos pediu um esforço
geral para os excluídos da cultura francesa. Então nos lembramos dos cachorros.
Eles são sensíveis. Em Estocolmo existem teatros de rua para o público dito
canino. Isso jamais havia sido feito em Paris. Eles tem
uma cultura gigantesca, desconhecida, um lado primitivo fantástico. Fizemos
para eles uma peça mista. Os seus donos podem participar. Quem atua é gente,
mas se o cachorro resolveu transmitir sua reação ao público, é bem aceito”.
Então vem explicado
que há modos de interpretar a reação do cachorro, e de acordo com esses modos
de reação, vai modificando a situação da peça, e que os cachorros são
representantes da peça. Os senhores compreendem, é a demência em estado puro.
“The
Sidney Herald”, de Sidney. O senhor fulano de tal
ficará dentro de uma jaula no zoológico de Sidney, como se fosse um animal,
para mostrar que os humanos são iguais aos outros animais. Ele usará a antiga
jaula do gorila, na qual será substituída a placa com nome do
animal, por “homo sapiens”. Outra placa: “Não dê comida”. Ele será
tratado pelo encarregado dos animais e o gasto previsto será de 200 dólares por
semana. Ele terá telefone. E se alguém, doar, ele terá um computador dentro da
jaula”.
Bem, isso não são
coisas que antigamente passariam por tais manifestações de loucura que se
tornariam impossíveis. Não! Mas o bom senso está gasto e todo mundo pode fazer
a coisa mais dissonante do bom senso que não tem diferença.
Agora, enquanto, por
esta forma se tratam os animais, vejam como se tratam os homens. Aqui está uma
notícia do Estado de Paraná, jornal de Curitiba:
“Há tanto bandido
solto aprontando por aí toda espécie de coisas, e os policiais foram prender a
mim que estava no meio do mato caçando passarinhos. Isto é ridículo”. Disse o
homem que está condenado, parece-me que a 3 meses de
prisão por um juiz do Estado do Paraná porque caçou passarinho, porque há uma
lei proibindo caçar passarinho”.
Então o homem vai
para a cadeia por causa do passarinho. Não causa agitação a ninguém. Porque o
bom senso é uma mola gasta e não reage mais.
Eu estou dizendo
isto para mostrar aos senhores este equilíbrio fundamental, como está gasto. E
quando esse equilíbrio está gasto tudo se pode recear.
Notícia do Time, de Londres:
“Um jovem de Dublin,
de 18 anos, foi preso na cadeia e condenado a três meses de prisão”:
Por que? Porque
matou o gato. Se esse jovem estiver casado e tivesse contratado com o médico a
morte do próprio filho, ele não seria preso, ele teria um subsídio do Estado.
Ao menos em muitos países.
“Em Guayaqil no Equador e em Nice, na França abriu-se um
restaurante de grande luxo super especializado, para cachorros”.
Aqui os senhores tem, esse caminhoneiro faz um anúncio de salão
de beleza para cachorros, movimentado pela cidade. É aqui em São Paulo mesmo.
Por essas loucuras,
explicam-se coisas assim: estando na Austrália, o príncipe Charles, herdeiro do
trono, se encontrou com uma moça que tinha uma torta na mão. E perguntou a ele
muito timidamente, se ele tomaria a mal que ela jogasse a torta na cara dele.
Qual é a resposta dele? “Atire e atire logo”. Ela atirou, ele pegou os pedaços
de torta que estavam caindo sobre ele atirou nela. Saiu uma brincadeira geral e
foi muito popular.
Em são Francisco, na
Califórnia, houve um processo contra uma companhia que deveria assegurar a
ordem durante os funerais de uma pessoa. E o processo foi porque a companhia
não garantiu suficientemente a desigualdade dos funerais contra um grupo de
hippies que ia lá, todos com correntes - o morto era hippie -
constituídas por ratos amarrados pelas patas e pulando, que era a forma
deles darem homenagem ao morto. Parece que a companhia perdeu o processo.
Uma outra notícia
aqui em São Paulo - Folha Ilustrada: “As lojas de vestidos de noivas da Rua São
Caetano são as mais atingidas pela evolução. Uma lojista declarou que na
maioria das clientes – noivas, hein
– querem contratar roupas de
noivas dando a impressão que são gestantes”.
Além da imoralidade,
a loucura! O que quer dizer aquele vestido branco? Quer dizer a pureza. E vai
como gestante, contrata isso? A casa faz e realiza-se o casamento, não tem nada
de mais. Nesta parte de São Paulo pelo menos, parece que a moda vai
continuando.
Eu termino esses
disparates com uma notícia que uma certa parte dos Estados Unidos, a notícia
vem de Washington, dada pelo News and Wold Reporter,
uma certa parte dos Estados Unidos em que está se generalizando a idéia de que
uma das peças sociais da casa é o banheiro com banheira para duas pessoas,
homem e mulher, se deitarem juntos. E para receberem visitas e conversarem,
etc. Eu sei que em São Paulo existem prédios de apartamentos, etc., em que a
porta do banheiro é de vidro. E ainda que não seja de vidro transparente, a
loucura de um procedimento desses fala por si.
Bem, eu tenho aqui
outro maço de fatos dessa natureza. O que impressiona não é que haja loucos que
façam isso. Isso sempre houve em toda a época da historia, mas é que essas
coisas se transformam em hábitos que, se não generalizam, são vistos por todo o
mundo com uma espécie de indiferença, não se incomodam, está acabado.
Dessacralização.
Quer dizer, as coisas sagradas serem apresentadas como não sagradas, sem que
ninguém se arrepie, ninguém se horrorize. Por exemplo
aqui no Brasil: uma representação fotográfica da estátua de Cristo Redentor com
um distintivo do clube de futebol Corintians. Nosso
Senhor Jesus Cristo, aparece, portanto, como torcedor
do clube de futebol. E é para uma capela onde devem rezar os torcedores do
clube de futebol.
Nosso Senhor está
tão infinitamente acima disso, que é um ultraje apresentá-lo com esse
distintivo de torcedor. Dessacraliza. Não tem
importância! O jornal dá a notícia, todo o mundo faz, essa capela deixará de
existir quando quiser, há uma falta de reação, todo o mundo está disposto a
assistir com indiferença tudo.
A Folha, órgão da
diocese de Nova Iguaçu, dá uma notícia de uma cerimônia litúrgica. Há um
diálogo entre pessoas, não sei se do sacerdote com fiéis ou de fiéis entre si
durante a celebração: Louvada seja Maria, Mãe de Cristo e Mãe de todos os
homens”. O outro responde: “Ave Maria, grávida das
aspirações dos pobres”. “Benditos sejam os frutos da libertação do vosso
ventre”, que é a revolução social. O contexto dá a entender que “bendita seja a
revolução social”.
Nós vemos por toda
parte, além do blasfemo dessa linguagem, nós vemos por toda a parte este fato concreto, que nas igrejas progressistas, as igrejas deixaram
de ser centros de expansão de devoção, de voltar a alma dos fiéis para o
sobrenatural, de os encaminhar para a vida eterna e só cuidam de agitação
social e propaganda comunista, não fazem outra coisa. É pelo menos uma
dessacralização tremenda. Há pessoas que saem da igreja dizendo que estão em
desacordo. Era melhor que não fosse. Depois bocejam. É um tão vago pequeno
desacordo e nada mais. Eles não estão em desacordo com nada que não toque na
vidinha pessoal deles e no egoísmo deles. E estes são, em geral, os melhores.
(...)
Os senhores
resmungam, os senhores gemem aqui enquanto eu falo, está muito bem, é um pingo
de gente! Mas aquilo que segurava a Revolução, o freio da Revolução, isso está
se desfazendo.
Os senhores vejam
aqui: Nova York – isso é publicado pelo O Estado de São Paulo:
“As reivindicações feministas tinham também provocado polêmica em Nova York.
Por exemplo, uma estátua que representa Jesus crucificado sob forma feminina”.
O que se pode dizer
de uma coisa dessas? Nós não sabemos o que dizer. Mas os senhores sabem o que é
que tem? Notem que eu estou tirando as notícias publicadas por jornais. Essas
notícias são publicadas pelos jornais, em geral, em letra tão
pequena e tão esparsas, que as pessoas não notam o que está acontecendo,
não percebem essa irrupção da falta do bom senso, irrupção da imoralidade. Elas
lêem e não guardam na cabeça. Mas essas coisas se depositam no subconsciente. E
amanhã as pessoas habituadas a ler isso nos jornais, elas mesmas não reagem
como deveriam reagir.
Quer dizer, esta
força de reação da sociedade está minada por um processo talvez psíquico,
subliminal. Mas isto é o que está nos jornais que todos nós lemos.
Na França, “durante
o último carnaval, desfilou pelo Quartier Latin um indivíduo usando fantasia de Nosso Senhor Jesus
Cristo”, durante as palhaçadas do carnaval. Essa notícia não diz que foi pego,
que foi agarrado, que foi obrigado a despir-se de seus símbolos, (...) não diz
nada. Ele passou. É possível que muita gente que o tenha visto passar, tenha
dito: “Que desagradável, não é”? E depois tenha
continuado brincar o carnaval, está acabado.
“ABC litúrgico”,
semanário litúrgico da diocese de Santo André. Súplica: “Senhora Aparecida,
mulher do povo, de José carpinteiro, mãe do operário Jesus, não teve vergonha
de ser mãe do filho subversivo e blasfemo”.
No meu tempo de
jovem, os congregados marianos, entre os quais eu, teríamos
feito uma excursão a esse lugar e empastelado o jornal!
(Aplausos)
“Die
stime des glaubes”: a voz da fé. Em alemão é isso: a voz da fé.
Revista de uma cidade de importância média na Alemanha, Ravensburg,
3 de maio de 1983. “Jesus e as instituições religiosas
estão arrastadas pela lama na cidade de Munique”. A capital católica da
Alemanha! A gloriosa cidade de Munique. República Federal Alemã. Há três
semanas é apresentado nessa cidade um filme intitulado ”O Fantasma”. O fantasma
é o salvador Jesus Cristo. Conteúdo: a superiora emprega Jesus como garçom do
bar do convento. Dois policiais bêbados exigem que Jesus lhes sirva e... – eu peço perdão a Nossa Senhora, cuja
imagem está aqui, aos sacerdotes e às senhoras. Se desce
tão baixo que eu hesitei em ler. Mas nós temos que ver de frente as coisas como
são. E eu vou ler:
“A superiora emprega
Jesus como garçom do bar do convento. Dois policiais bêbados exigem que Jesus
lhes sirva lhes sirva excrementos. Com a coroa de espinhos, Jesus percorre o
centro de Munique pedindo como mendigo quem quer lhe dar excrementos.
Finalmente dois polícias tentam produzir este material para ele, mas não
conseguem. Então ele volta para o convento para dizer que não conseguiu. A essa
altura, a superiora do convento fica com pena dele e entra em relações com ele”.
É um documento! Aqui
está a revista, com, aliás, fotografia de uma encantadora imagem de Nossa
Senhora, e o que está contado aqui dentro é isso.
Quer dizer, o mais
feio pesadelo não poderia corresponder a isso. Minhas senhoras, meus senhores,
esta é a realidade, que as pessoas não tem coragem de olhar de frente. Para
essa realidade a TFP precisa lhes chamar a atenção, para nós compreendemos até
que ponto o mundo está pecando.
Os homens que fazem
isso são poucos. Eu quero crer que a sala de cinema em Munique, representando
essas ignomínias, seja uma só, e que ela raras vezes esteja cheia. Quero
compreender tudo. Há uma coisa que eu não compreendo: como é que isso não foi
fechado! Isso é que eu não compreendo, a indiferença diante disso, é isso que
eu não compreendo.
Uma notícia de João
Pessoa, no jornal A União e também no
jornal Norte, de João Pessoa... Bem,
é uma coisa que... esta eu não vou nem dizer.
Um jornal dos EEUU
chamado Ligoriam.
Deve ser órgão de alguma entidade ligada à memória do grande Santo Afonso de Ligório, doutor da igreja, moralista, fundador dos
redentoristas, bispo etc.
“Nesta primavera a
universidade de Illinois, Chicago, promoveu a
exibição de pinturas de uma artista chamada Dagles Vandicke. A exibição foi denominada “Dama
da Babilônia”. Uma pintura apresentava Cristo crucificado com uma cabeça de
porco. Outra figura de Cristo tinha como cabeça um vaso de toilette,
que estava com o assento levantado. Na frente do assento havia uma pintura de
Nossa Senhora de Guadalupe e hóstias eucarísticas flutuavam na água dentro do
vaso. A autoridade da universidade não haveria permitido tão torpe ataque
contra os judeus ou as pessoas de cor”.
É verdade. Mas como
é contra Nosso Senhor Jesus Cristo, pode!
Por que? Aí vem
dizendo que as pessoas de cor e judeus tem órgãos que vigiam e que os católicos
não tem.
Onde está a
Hierarquia!? Aonde estamos
nós, católicos? Sabemos...! “Ah, tem lá, é? Ah, eu não vou ver aquilo, eu não
me incomodo”. Como não vou ver aquilo! O que está acontecendo no mundo! Quem é
você para comungar em paz e não entrar ali e não arrancar essa tela? Quem é
você?!
(Aplausos).
Um cotidiano de uma
cidade nos arredores de São Paulo, vem publicando anúncios de trajes masculinos
e femininos, anúncios grandes, com o desenho de um homem nu e de uma mulher
nua, indicando qual é o traje para cada parte do corpo e que esse traje existe
naquela loja.
A corrupção que isso
representa... o jornal publica várias vezes, não há
protesto, ninguém corta assinatura do jornal, ninguém escreve ao jornal. E
entre os leitores, muita gente não gosta que isso seja assim. A inércia dos que
não gostam, isso é o terrível. Eu não estou dizendo que o número dos que não
gostam caiu muito, eu estou dizendo que o amor deles caiu muito, que eles são
indiferentes. O amor de Deus está baixando na terra do modo mais assustador.
Aqui por exemplo,
uma notícia de propaganda de casas de prostituição masculina, feita em vários
jornais, em São Paulo. Anunciando a coisa assim: “Aproveite a vida ainda quando
tiver tempo de gozá-la”.
É um paganismo
completo. Sai, o jornal dirigido por gente que se tem como digna, como correta,
essa gente publica. E ninguém protesta. Está tudo em ordem. Isto, a meu ver, é
o auge da desordem.
Londres: É publicado
pela revista Approaches,
da Escócia.
“Padre David
Constant já constitui uma ameaça à inocência da juventude muito antes de se
tornar bispo. Ele era um detestável catequista “aggiornato”. Ele nunca poderia ter se tornado bispo
auxiliar de Westminster. Tornou-se”.
Como? Como é que um
homem desses chega a bispo? Naturalmente é capaz de chegar até cardeal de Westminster. Não me espantaria, porque nada mais espanta,
só espanta que algo corra normalmente.
“Quando o
escandaloso folheto “Choyse
in sexe” foi publicado em 72 trazia um incerto no
qual o então padre Constant recomendava seu uso nas escolas católicas. Entre
outras coisas dizia o folheto: 1º) Deus está presente tanto no transe místico
quanto na preocupação da prostituta de valorizar o dinheiro do seu cliente”.
Uma blasfêmia! Que
teria feito aí a Inquisição?
“A masturbação é
parte intrínseca do crescimento humano. É permissível a relação sexual para
casais comprometidos”.
Isso há 10 anos.
“Agora o bispo Dom Constant não é somente bispo auxiliar de Westminster,
quer dizer, da parte central de Londres, mas também presidente do Departamento
de Catequese da Comissão de Educação da Conferência dos bispos da Inglaterra e
do país de Gales, e ainda presidente da Comissão de Educação e Westminster”.
Quer dizer, esse
homem que propaga, com o traje de sacerdote e com suas mãos consagradas,
propaga a imoralidade mais crua, esse homem dirige “n” organismos católicos de
formação e de educação, além de ser bispo da Santa Igreja Católica Apostólica
Romana. Sabe-se, comenta-se um pouco. Pouco depois, não se presta mais atenção.
Na França há um
livro intitulado: “Sexualidade e vida cristã”. Afirma: “A masturbação, sem
subestimar a sua nocividade quanto ao hábito, os autores mostram também os
aspetos bons da masturbação”. E vem aí todo um desenvolvimento do lado que a
masturbação tem de bom.
Agora, aqui várias
notícias de jornal que eu salto, a respeito de como estão se multiplicando o
caso de homens que se vestem dando impressão de mulher, e mulheres que se
vestem dando impressão de homem. Dando a impressão, ambos, que os sexos
masculino e feminino podem coexistir no mesmo ser. O que é um velho mito gnóstico, que se está procurando reviver, e evidentemente
imoral.
E vem aqui de uma
revista da Holanda: “Catholische Stimmen”,
Vozes católicas. Na cidade de Tilburg, na Holanda, a
narração de que na catedral desse lugar realizou-se um casamento de um noivo
católico com outro protestante, sendo que eram duas pessoas homossexuais, do
mesmo sexo que se casavam. O vigário da catedral fez o casamento.
Isso deu protestos
gerais do público. Ao menos nesse lugar deu. E o bispo teve que publicar um
pequeno comunicado dizendo que o modo de pensar dele também era contrário ao
que se tinha feito ali. Esse padre continua a exercer tranquilamente
as suas funções de sacerdote nessa diocese.
Não falta muito
desse “menu” horrível que estamos comendo juntos.
Outra coisa
tremenda. Com a decadência do bom senso, e com a decadência de todas as reatividades, a
decadência também de uma coisa tão elementar que, antigamente, se considerava
que o homem não podia extirpar de si ainda que ele quisesse. O
amor elementar, nobre, casto, do filho a seus pais e do pai a seus
filhos, este amor se julgava que mesmo no homem mais ordinário, mais tarado, no
pai pior, na mulher mais degradada, quando se tratava do filho, ou quando se
tratava do pai, da mãe, ou da filha, tinha uma reação e o amor intervinha.
Eu me lembro por exemplo, que no meu tempo de moço, quando se queria
dizer que A disse para B um ultraje horroroso concernente à mãe de B, dizia-se
assim: ultrajou com aquele ultraje que o faria brigar ainda que ele não
quisesse. Que dizer, houve um tal desaforo que o homem não se contém e briga.
Isto está decaindo
terrivelmente. Não é só da parte dos filhos, é da parte dos pais.
Bruxelas: Isso é
tirado do jornal “A Tarde” de salvador. “O
Departamento Nacional de Infância informou que mais de 10 mil crianças são
vitimas de maus tratos, ou graves negligências, na Bélgica ao longo de um ano.
Cerca de 20 crianças morrem e outras 600 terão sequelas
permanentes devido aos maus tratos. Segundo esse órgão quase dois terços das pequenas vitimas tem menos de 2 anos a metade nem
mesmo um ano”.
Quer dizer, contra
essas vitimas inocentes os pais, que omitiram de matá-los quando nasceram,
exercem toda a espécie de crueldades.
“O ministro dos
assuntos sociais da comunidade francófila na Bélgica,
acaba de criar equipes pluridisciplinares
encarregadas de ajudar as famílias a garantir a segurança para as crianças”.
Do New York
Times, EEUU:
“Pelo menos um
milhão de crianças americanas são maltratadas ou abandonados todos os anos”.
Um milhão por ano!
Mais do que 50 mil
delas vivem em Nova Iorque, podendo esse número ser muito maior, de acordo com
Dr. Vicent Fontana, presidente da Força Tarefa dos Maus
Tratos da Criança”. Das 45 vítimas examinadas pela
organização, metade delas morreram em conseqüência da agressão direta, com
espancamentos e queimaduras praticado pelo pai ou pela mãe. O restante sucumbiu
vitima de abandono em apartamentos que se incendiaram ou foram privados de
assistência médica”.
Antigamente isso
parecia uma coisa impossível. Não tem perigo. Havia qualquer coisa no coração
da mãe, que uma mãe não acreditaria que outra mãe fosse capaz disso.
“Deutsche
Tage Post”: Munique. “Na Alemanha todos os anos são registrados pela polícia 30 mil maus
tratos de crianças. Em quase mil casos se segue, como conseqüência a morte.
“Le
Cotidien de Paris”. Aproximadamente mil crianças
morrem por ano na Alemanha Federal, por golpes recebidos dos seus pais. 30 mil
recebem maus tratos de toda ordem”.
“Le
Nouvelle Observateur”.
Paris. A política do filho único lançado pelo governo comunista chinês fez
voltar à moda o mais antigo método de limitação dos nascimentos: o
infanticídio. Não se conta mais, nos poços e nos rios, os cadáveres das meninas
costuradas dentro de sacos e jogadas nos poços com uma pedra”.
Para matar.
Jean François Poncé
– era uma figura muito em
vista na vida política da França até um tempo atrás, e hoje na vida literária.
Ele diz o seguinte´, publicado no Présent:
“Três assuntos
abomináveis revelados ultimamente, há uma semana: Alexandre, 18 meses, morto
por uma bofetada do seu pai e guardado três semanas no cofre do automóvel;
Virgínia, 16 meses, morta pelo seu pai, cortada em pedaços e dada a comer aos
cães; Sabrina, 3 anos, maltratada por seus pais e
encontrada amarrada a um móvel num quarto de hotel. Setecentas crianças morrem
cada ano em conseqüência de maus tratos corporais. Ou seja, perto de 2 crianças
morrem liquidadas por seus pais em cada dia na França”.
“O secretariado de
Estado e da Família anuncia o total apavorante de 4
mil crianças vítimas cada ano, na França, de maus tratos de seus pais”.
Aqui uma outra
notícia análoga, também da França.
E aqui, do
"OESP":
“Entre os milhares
de processos que tramitam pelas varas da família, de São Paulo, alguns deles
retratam violento quadro de agressividade contra os bebês, geralmente os
espancamentos se dão pelas próprias mães, a maioria solteiras
ou jovens separadas, vê nos filhos um obstáculo para a vida. Os sinais
de espancamento, na maioria das vezes inclui queimaduras com cigarro nas mãos,
pernas e nádegas”.
Mas uma mãe que mata
a criança com queimaduras de cigarro, que espécie de megera é essa?
“Equimoses, fraturas
dos dedos e dos ossos longos, clavículas e costelas. Hemorragias da vitima,
lacerações, inchaços, lesões etc.”.
E vem uma notícia
tão longa que nem sequer eu vou lê-la aqui.
Vem
mais dois montes de recortes sobre outra coisa: como está se multiplicando o número de
pessoas que são favoráveis à eutanásia. Matam os velhos porque estão
importunando. E quando não matam os velhos, passam por um hospital qualquer,
largam o velho e fogem, e não querem mais receber o velho dentro de casa. O
velho é o trambolho que se trata de desejar que a morte leve. E que fica no
extremo oposto do aborto. Para o velho e para a criança que nasceu, débeis, a
morte! Os que são fortes dominam a vida.
Isso é o quadro
geral que eu teria a lhes apresentar. Se fosse só isso... Eu tenho aqui uma
série de dados de teólogos progressistas eminentes, que dizem que é preciso
exterminar com todas a pompas, com todas as estruturas jurídicas, com todas as
delimitações por onde a Igreja Católica se diferencia das outras igrejas,
porque a Igreja é algo espiritual que não tem realidade material, portanto é
como perfume pelo ar, um vapor pelo ar. O resto tem que desaparecer.
Quer dizer, é a autodemolição, é a destruição da Igreja por mãos de
teólogos.
Aí os senhores tem um quadro geral da situação.
Os senhores vendo
isso... resumamos:
Há 400 ou 500 anos a
Revolução não realizou fulminantemente as suas finalidades,
única e exclusivamente por causa de uma certa reatividade boa que existia nessa
camada intermediária da sociedade. Esta reatividade está provadamente
num declínio assustador. Porque ela presencia, ela lê, ela tem notícia dos
fatos mais espantosos e ela não se incomoda.
São célebres os
casos de crime cometido em prédio de apartamento, o crime produz barulho, e
todo o mundo no prédio de apartamento em frente acende a luz e fica vendo o
crime! E ninguém sequer chama a polícia para impedir o crime. Porque não se
incomodam.
Se isso que era,
humanamente falando, um reforço, um obstáculo que impedia a Revolução de chegar
ao seu fim, se isto está tão debilitado, tudo leva a crer que se debilitará
cada vez mais. Então, qual é o resultado?
É que, em tempo que
não se pode calcular em número de meses ou de anos, mas um tempo breve, nós
teremos o desaparecimento desse sentimento, ou quase desaparecimento, e nós
teremos que a hiena de Satanás toma conta da terra. Esse é o resultado.
Cabe agora
perguntar: qual é a posição da TFP diante disso? Porque se nós estamos colocados
na presença desta situação, que não é contestável, são os jornais de todos os
dias, não é contestável que não há reação, todo o mundo vê que não há: a lei de
divórcio entra, a propriedade privada é abolida, tudo é liquidado e ninguém se
incomoda.
Qual é a nossa
posição, qual é a posição - não só da TFP mas de todos
aqueles que são verdadeiramente católicos apostólicos romanos? Qual é a nossa
posição? Eu digo “nossa” no sentido amplo da palavra.
A primeira
preocupação consiste em nós não flectirmos nós
mesmos. Que dizer, nós conservamos viva em nós a indignação e a censura por
esses fatos. Porque se nós não tomarmos cuidado de nós mesmos não conservarmos
essa nossa indignação intacta, vai acontecer que dentro de algum tempo nós
também já não estamos olhando isso com mesma censura. Porque à força de ver a
coisa se repetir, nós começamos a achar a coisa explicável. Está na fraqueza do
homem, que aquilo que se repete muito na presença dele, ele deixa de censurar.
Nós temos que
prestar a Nossa Senhora, a Nosso Senhor Jesus Cristo, esse desagravo: corações
que são piras de indignação.
(Aplausos).
Corações que não
cedem, que não transigem, e que estão continuamente diante do mundo na seguinte
atitude: “Os Mandamentos de Deus prevalecerão para sempre. Nosso Senhor
declarou que os Mandamentos dEle nunca serão
alterados! Ora, isto é o contrário aos Mandamentos. Logo nós somos contrários a
isso. E ainda que o mundo inteiro negligencie, que o mundo inteiro aprove, que
o mundo inteiro aplauda, nós diremos não! E nós vamos dizer aos outros que nós
dizemos não.
(Aplausos).
Não bastará que nós
digamos: ”Coitada, Fulana, tal, ela matou seu
filhinho. Coitadinha, como ela devia estar nervosa, para ter
morto seu filhinho”.
Não senhor! Ela
pecou contra tal Mandamento. E pecou de pecado mortal, ela pecou o (“não
matarás”). Ela pecou. Ela era obrigada para com o seu filho a um amor especial,
e se ela matou o seu filho, ela é mais abominável diante de Deus do que Caim, porque a mãe que odeia seu filho, essa mãe prevarica
do dever materno de modo horroroso que se possa imaginar. É isso que se deve
dizer.
E é isso que é preciso
fazer constar aos outros. É preciso que se sinta a nossa oposição. É preciso
que eles sintam, que por fraca que seja essa força, esta força está contra
eles.
É uma das tarefas do
Correspondente, do Esclarecedor, é agir assim. É procurar discretamente,
corretamente, com energia nos casos em que é preciso energia, é dizer nos
lugares onde está presente, ser um centro de aglutinação de uma inconformidade.
Nós somos inconformes com isso!
E nós devemos
terminar o nosso raciocínio com a seguinte consideração para as pessoas com
quem discutirmos, com quem conversarmos: quem vê um Mandamento de tal maneira
violado e se manifesta indiferente, não é muito diverso, ou talvez seja muito
idêntico, àquelas pessoas que viam Nosso Senhor passar pelas ruas de Jerusalém,
espancado, escarrado, esbofeteado e vítima de todas as ignomínias, atirado ao
chão e tudo mais, e não reage, dizendo: “é verdade, quem sabe se era melhor não
fazer isso para ele. Mas estão fazendo. Eu vou lá para dentro tomar um pouco de
vinho”. E não se incomoda.
Quer dizer, isso é
preciso. (...)
Pilatos não quis que
Nosso Senhor fosse objeto de cuidados fúnebres, considerando que ele, posto na
sepultura, podiam depois roubar o cadáver dele e dizer que Ele ressuscitou. E
isso, diz Pilatos, seria pior do que antes.
Quer dizer, havia
uma possibilidade de gente que continuava a ter saudades dele e voltar-se para
Ele, dentro de toda aquela ignomínia.
(...) Se se pudesse matar a Igreja, Ela agora morreria. Só não matam
a Igreja, porque Nosso Senhor Jesus Cristo prometeu a indestrutibilidade dela,
e por isso a Igreja não vai ser morta. Mas é por isso e mais nada do que isso.
Há um oceano de ignomínias, e desse oceano de ignomínias pende, como de uma
fita áurea do céu, uma argola, que é a promessa divina: a Igreja não morrerá.
Todos aqueles que
tiverem fé, agarram-se nessa promessa, segurem... (Aplausos). Essa promessa
baixa do céu continuamente, como uma argola reluzente e maravilhosa, que está
como quê a perguntar: quais são as mãos que se voltam para mim e que me
seguram? A esses eu salvarei durante a tormenta, a esses eu darei a vitória“.
Sejamos desses,
agarremos a promessa divina, agarremos a argola e digamos: “nós protestamos,
nós acreditamos na vitória, nós vamos para frente. Inconformados, altivos e
corajosos. A argola, a proteção, a promessa, nos acompanharão. Nossa Senhora
vencerá. Nós é que teremos a vitória no dia de amanhã”.
(Longos aplausos).
Por Maria!
[Brado: Tradição,
Família, Propriedade (três vezes)].