Anais do Primeiro Congresso Interamericano de Antigos Alunos da Companhia de Jesus
Realizado de 31 de agosto a 7 de setembro de 1948 em São Paulo e Rio de Janeiro – Brasil. (Pags. 172 e 173)
O Sr. Plínio Corrêa de Oliveira (de São Paulo – Brasil)
Sr. Presidente, ouvindo o enunciado das teses aprovadas pela Comissão, desejo dizer algumas palavras. E, formulando ao mesmo tempo minha declaração de voto, devo registrar diante deste ilustre Congresso uma observação que é a seguinte: se é verdade, de um lado, que o Papa Pio XI recomenda na sua encíclica Quadragesimo Anno uma particular solicitude em favor das classes desamparadas que, por sua própria natureza, são fracas e carecedoras de proteção, não é menos verdade, por outro lado, que o Papa Leão XIII nos mostrou – na sua encíclica Parvenu à la Vingt Cinquième Année – que todo o processo de evolução da sociedade contemporânea obedece a um desenrolar sucessivo de explosões revolucionárias que foram iniciadas no campo religioso com o protestantismo, geraram no campo político a revolução francesa, e chegam ao seu epílogo no campo econômico com o comunismo.
Atendendo, pois, a que, neste século, estamos vivendo o epílogo desta catastrófica crise de hierarquia e autoridade; se de um lado a crise imensamente dolorosa para os nossos corações de cristãos, dentro da qual se debatem as classes desamparadas, merece nossa atenção; por outro lado, encontramo-nos também em frente a uma avalanche mundial de crise de autoridade em frente ao princípio invasor do socialismo que visa eliminar todos os direitos individuais; eu, por mim, voto por esta tese, tendo em mente que a tradição da Companhia de Jesus, de grande batalhadores, de emérita lutadora contra o protestantismo, de grande lutadora contra o espírito da revolução, de grande campeã contra o comunismo, a Companhia de Jesus – cujas tradições nós, seus ex-alunos, devemos perfilar – nos ensina pelo seu exemplo que devemos ter no trato dessas questões também a preocupação da defesa do direito individual, hoje muito ameaçado pela onda avassaladora da demagogia, pela tendência de se atribuir tudo ao Estado, num exagero de socialização.
É portanto neste espírito de equilíbrio que voto a favor das medidas propostas pela douta Comissão.
(Palmas prolongadas)