NO INSTANTE em que se inicia nosso VI Encontro, já percebemos que, segundo o velho hino das Congregações Marianas, "do Prata ao Amazonas, do mar às cordilheiras", a família espiritual da TFP progride, floresce e vai tendendo a cobrir o Brasil. Foi este o maravilhamento dos Encontros anteriores. E o Encontro que ora se realiza é bem um atestado a mais da pujança desse crescimento. Dentro da sociedade espiritual que é a Igreja Católica, dentro da sociedade temporal em que nascemos e vivemos, isto é, nosso Brasil, somos uma minoria, somos um resíduo. Mas somos uma semente que contém em si o futuro.

Vendo nas ruas tremular o estandarte rubro e dourado da TFP, muitas almas começam a se articular em torno dele, para encontrar aí a solução dos graves, sérios, altos e respeitáveis problemas suscitados pela luta contra um inimigo comum. E qual é esse inimigo?

No remoto ano de 1917, Nossa Senhora apareceu em Fátima recriminando o mundo. Já naquele tempo, pela sua pouca fé, e pela imoralidade dos costumes em que ele vivia. E o ameaçou com castigos, revoluções, guerras e punições divinas de várias ordens, entre as quais estava expressamente a expansão dos erros da Rússia (o comunismo) pelo mundo inteiro.

De então para cá, o mundo inteiro, tomado como um todo, não fez outra coisa senão rejeitar a mensagem de Fátima. Então, o comunismo aparece a nossos simpatizantes como um castigo de Deus, como resultante dos pecados universais, como algo que Nossa Senhora permite que exista e se difundia para flagelar o gênero humano. Eles compreendem que o comunismo os afasta de Nossa Senhora, detestam a expansão deste grande flagelo porque ele é o contrário do que a Fé católica ensina, e sabem que o credo vermelho levará inúmeras almas à irreligião e a um regime todo feito de injustiça e de concupiscência debandada, como se vê nas legislações dos países detrás da cortina de ferro.

Embora despreocupadas, infelizmente, da prática da Religião; desinteressadas dos problemas morais e psicológicos; vivendo ora para os negócios, ora para a política, ora para a avidez do saber meramente teórico, ora para o prazer, certas almas percebem, entretanto, o gigante Adamastor - o comunismo - que avança. E elas confluem para a TFP, pois nela percebem uma veracidade e uma coerência de princípios, uma perseverança de fidelidade, uma eficácia de métodos, uma continuidade de acertos e de vitórias que conduziram a entidade, de um pequeno grupo de seis ou sete amigos que nos anos 40 se reuniam inicialmente em exíguo apartamento do andar térreo de um edifício na rua Martim Francisco, em São Paulo, a esta imensidade que, qual árvore frondosa, estende sua galharia por toda a terra. Se tão pouco chegou a dar tanto, agora essa plêiade de sócios, cooperadores e correspondentes quanto poderá dar?

Ó amigos! A tormenta contemporânea vai se aproximando de nós, trazida pelas múltiplas crises que se desencadeiam sobre o mundo de hoje: questão agrária, questão urbana, questão empresarial etc. De modo geral, questão comunismo ou TFP, questão ateísmo ou Fé católica, seja expresso, seja declarado - eis aí a grande batalha!

Os católicos indiferentes, os católicos que não reagem; os católicos que teriam todas as razões para lutar, porém não lutam; os católicos que, se vissem Nosso Senhor Jesus Cristo na iminência de ser crucificado, entrariam em suas casas para tomar um sorvete, ou para se abanar, sem se incomodar com Aquele que, dentro em breve, estaria bradando do alto da Cruz: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?" - estes são os que verdadeiramente perdem o Brasil; oh, se eles lutassem, tudo se conseguiria. Se o comunismo é um risco, não o é tanto porque ele se organiza e dispõe de dinheiro. É porque aqueles que não são comunistas, que não trabalham a favor dele, também não trabalham contra ele.

Dir-se-ia que do lado psicológico, do lado espiritual, a opinião pública brasileira está atacada de um mal perigoso. Não é propriamente um micróbio, mas é uma ausência de resistência contra toda espécie de micróbios, em vista do que toda sorte de mal pode se instalar no organismo sem encontrar reação. Isto se assemelha muito a uma terrível doença moderna, da qual muito já ouvistes falar: é o AIDS. É um como que AIDS espiritual que penetrou no Brasil, como em todo o Ocidente!

Vencida entre os católicos esta crosta de tibieza, tudo poderá se mover no sentido da salvação. Se esta crosta de tibieza não for vencida, poderemos bradar, como os poloneses de outrora: "Finis Poloniae"! Haverá de chegar um dia - mas espero em Nossa Senhora Aparecida que este dia não chegue - em que teríamos que dizer: "Finis Brasiliae"! Mas o Brasil é a terra de Nossa Senhora Aparecida, e eu espero que Ela evite isto!"