10. A denúncia do "DIÁLOGO" modernista

 

 

 

 

 

 

 

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Cheio de lábia e carregado de atrativos, [escultura representando] o sedutor (Catedral de Estrasburgo) apresenta a suas vítimas a maçã da perdição. Hoje, o fenômeno se repete com requintes de sofisticação quase inimagináveis. Procura-se embair não apenas os indivíduos, mas também as multidões. Entre as táticas utilizadas está a da manipulação do sentido de palavras como "diálogo", "ecumenismo", "paz", etc. Este é o tema do ensaio "Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo", lançado por Plinio Corrêa de Oliveira em 1965, com grande êxito (tiragem total de 132,5 mil exemplares em cinco idiomas)

 

Enquanto a palavra "diálogo" voava de boca em boca, na esteira da Encíclica Ecclesiam Suam, Plínio Corrêa de Oliveira publicava, em 1965, um novo e importante estudo: "Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo" (93). Nele, o autor denuncia o uso do termo "diálogo" como fazendo parte de uma técnica de persuasão que ocupa, na estratégia marxista da conquista do poder, um lugar não inferior ao da violência clássica.

Silvio Vitale, no prefácio à edição italiana dessa obra, assim sintetizava a análise apresentada pelo Prof. Plínio:

"Através do diálogo, o comunismo conquista a oportunidade de induzir o interlocutor católico a colocar-se num plano de relativismo hegeliano: o colóquio desenvolve-se entre pessoas que, no confronto entre tese e antítese, voltam os seus olhares implicitamente para uma síntese que abarque e supere as primeiras. Tal posição é plenamente coerente com o comunismo. (...) Para o católico, pelo contrário, ela é ruinosa porque, aceitando tal tipo de colóquio, passa a contradizer a existência da verdade e do bem como absolutos, imutáveis, transcendentes. (...) O interlocutor incauto parte convencido de que se pode chegar à verdade e portanto à unidade através do próprio empenho em persuadir o adversário. Depois começa a considerar como fim supremo da interlocução não a verdade, mas a unidade. Em seguida, chega a convencer-se de que não existem verdade e erro objectivos, pelo que não é necessário persuadir ninguém para chegar à unidade. De facto, convence-se de que só em função de `verdades relativas' e contingentes a unidade pode efectivamente afirmar-se e progredir. Neste ponto, completamente à mercê da utopia irenista, não é dominado por outro fim que não seja o da coexistência com o adversário a qualquer preço" (94).

Poucas análises da dialéctica hegeliana ombreiam com a obra do pensador brasileiro, na qual a profundidade metafísica faz-se acompanhar de uma grande capacidade de análise psicológica e linguística. Recorda ele que, segundo São Tomás, um dos motivos pelo qual Deus permite o erro e o mal é para que, por contraste, ressalte melhor o esplendor da verdade e do bem (95). Ora, como tornar patente este contraste, senão através da denúncia, aberta e categórica, de tudo quanto o erro contém de falso e o mal de censurável? Com tal denúncia –imposta pelo conselho do Evangelho: "Seja este o vosso modo de falar: sim, sim; não, não"– produz-se um salutar conflito na alma de quem escuta, eliminando equívocos e incertezas e impulsionando-a rumo à adesão à verdade integral.

Contra qualquer tendência irenista, Plínio Corrêa de Oliveira estabelece uma absoluta incompatibilidade: "O comunismo não pode aceitar a coexistência com quem, ao contrário dele, professa uma filosofia baseada no reconhecimento da verdade e do bem como valores absolutos, imutáveis, transcendentes, existentes de um modo perfeito na essência divina." (96). 


Notas:

(93) Cfr. Plínio CORRÊA DE OLIVEIRA, "Baldeação ideológica inadvertida e diálogo", in Catolicismo, n° 178-179, (Outubro-Novembro 1965) e também Editora Vera Cruz, São Paulo, 1974 (5 ed.).

(94) Silvio VITALE, prefácio a Plínio CORRÊA DE OLIVEIRA, "Trasbordo ideologico inavvertito e dialogo", Edizione de l'Alfiere, Nápoles, 1970, pp. 6-7, tr. it. de Baldeação ideológica, cit.

(95) São Tomás DE AQUINO, Contra Gentes, III, 71.

(96) Plínio CORRÊA DE OLIVEIRA, "Baldeação ideológica...", cit., p. 116.

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