Capítulo III

 

5. O apogeu do Legionário

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Acima, inauguração das máquinas do “Legionário”, estando presente o Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva. À direita do Arcebispo, Da. Lucilia Ribeiro Corrêa de Oliveira e Plinio Corrêa de Oliveira. À sua esquerda, o Bispo de Sorocaba, D. José Carlos de Aguirre, o Bispo-auxiliar de São Paulo, D. José Gaspar de Affonseca e Silva, e Da. Olga de Paiva Meira, Presidente da Liga das Senhoras Católicas 

No dia 3 de Maio de 1938 foram benzidas as novas oficinas gráficas do Legionário, com a presença do Arcebispo de São Paulo D. Duarte Leopoldo e Silva (49) e da elite eclesiástica, intelectual e social da capital paulista. Foram numerosos os assinantes e simpatizantes da revista que, não podendo participar no acto, enviaram de todo o Brasil mensagens de estima e apoio. Entre estes, merece ser citada por extenso uma carta de D. Octaviano Pereira de Albuquerque, Bispo de Campos, uma das mais ilustres personalidades do Clero brasileiro, que oferece um testemunho eloqüente do clima de estima e admiração que rodeava neste período o Legionário. A carta, datada de 18 de Abril de 1938, foi dirigida a Plínio Corrêa de Oliveira:

Dom Octaviano Pereira de Albuquerque, Bispo de Campos

"Obsequiado constantemente por V. S. com a remessa que se digna de me fazer de seu hebdomadário Legionário cuja leitura prefiro à de outras folhas, sinto-me impelido a trazer-lhe as minhas sinceras felicitações pelo grande bem que ele vai fazendo à sociedade. Mostra V. S., em vista do óptimo emprego da sua actividade intelectual ter recebido modelar educação religiosa desde os seus mais verdes anos e sabido bem dirigir-se por mestres provectos, que o habilitaram a ser director de um orgão católico, ocupando as colunas dele com matéria útil e substanciosa sobre todos os assuntos referentes à religião e às questões sociais da actualidade, sem se ocupar de coisas banais e comesinhas. Depois, tem sempre chamado a minha atenção a gravidade com que são tratados os assuntos políticos, conservando, sem alteração, os seus ideais, mas sem acrimónias para os de campos adversos, evitando discussões inúteis e, quiçá contraproducentes, por gerarem odiosidades pessoais. Com os meus votos de felizes páscoas, peço a Deus que continue a abençoar pessoalmente a V. S., dando-lhe perenemente, coragem, para, "sans peur et sans reproche", propugnar pela causa santa de nossa Augusta Religião. De V. S. muito amigo e admirador" (50).

Outra importante e significativa visita ocorreu no mesmo ano. No verão de 1938, esteve no Brasil o célebre Padre dominicano Réginald Garrigou-Lagrange (51), para participar na Primeira Semana de Estudos Tomistas, que teve lugar no Rio, sob a presidência do Núncio D. Bento Aloisi Masella. O Padre Garrigou-Lagrange viajou depois a São Paulo, onde visitou a equipa do Legionário (52). No número de 18 de Setembro de 1938, uma fotografia mostra Plínio Corrêa de Oliveira junto do dominicano francês.

 

A um pedido do Legionário para comentar a frase "A Igreja não se encontra nem à direita, nem à esquerda", o ilustre teólogo respondeu assim:

"Pessoalmente, sou um homem de direita, e não vejo porque o haveria de esconder. Creio que muitos daqueles que se servem da fórmula citada, fazem uso dela porque abandonam a direita para se inclinar à esquerda, e querendo evitar um excesso, caem no excesso contrário como aconteceu em França nos últimos anos. Creio, também, que é preciso não confundir a verdadeira direita com as falsas direitas, que defendem uma ordem falsa e não a verdadeira. Mas a direita verdadeira, que defende a ordem fundada sobre a justiça, parece ser um reflexo do que a Escritura chama a direita de Deus, quando diz que Cristo está sentado à direita do seu Pai e que os eleitos estarão à direita do Altíssimo" (53).

Notas:

(49) "É com coração de Bispo e com toda a minha alma – afirmava o Arcebispo – que venho trazer-vos hoje a minha benção, não só pela inauguração das máquinas do nosso jornal mas sobretudo pela vossa dedicação e o vosso espírito de fé" (cfr. O Legionário, n° 295, 8 de Maio de 1938).

(50) Cit. in  O Legionário, n° 296 (15 de Maio de 1938). Uma igualmente significativa bênção especial de Pio XII ao Legionário foi transmitida no ano seguinte ao Dr. Plínio pelo Cardeal Leme que se encontrava em Roma para a coroação do novo Pontífice. Este é o texto da carta, com data de 5 de Abril de 1939: "Meu caro Dr. Plínio. De coração lhe agradeço o carinhoso telegrama que me passou para a Bahia. Com satisfação transmito especial benção que o Santo Padre concedeu ao nosso intrépido Legionário e ao seu benemérito director, verdadeiro homem da imprensa católica, redactores, benfeitores e leitores" (cit. in O Legionário, n° 346, 30 de Abril de 1939).

(51) O Padre Réginald Garrigou-Lagrange nasceu em Auch, próximo de Tarbes, em 1877 e morreu em Roma em 1964. Aluno dos dominicanos Cormier, Gardeil e Arintero, foi um dos maiores teólogos do século XX. Cfr. a vastíssima bibliografia in Angelicum, n° 42 (1965), pp. 200-272. Cfr. também Innocenzo COLOSIO, O.P., "Il P Maestro Reginald Garrigou-Lagrange. Ricordi personali di un discepolo", in Rivista di Ascetica e Mistica, n° 9 (1964), pp. 226-240; Benoit LAVAUD, "Garrigou-Lagrange", in DSp, vol. VI (1967), coll. 128-134.

(52) Cfr. in O Legionário, n° 309 (14 de Agosto de 1938) e n° 310 (21 de Agosto de 1938).

(53) Cit. in O Legionário, n° 313 (11 de Setembro de 1938).

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