Catolicismo, Abril de 1999 (www.catolicismo.com.br)
REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO
ELEVAÇÃO DE PENSAMENTO — EFICÁCIA NA AÇÃO
Revolução e
Contra-Revolução: eixo em torno do
qual têm girado os artigos de Catolicismo por quatro décadas.
Entretanto, é provável que nossos leitores não formem uma idéia completa sobre
a penetração que o livro tem alcançado. Em vista disso – neste mês em que se
comemora o 40º aniversário do lançamento desta magna obra – nosso objetivo é
mostrar, no presente artigo, a influência e a eficácia do pensamento do Prof.
Plinio Corrêa de Oliveira, na esfera teórica e teórico-prática, na luta conta a
Revolução, com base na opinião que eclesiásticos, pensadores e escritores de
diversas tendências ideológicas emitiram a respeito de tal obra. (1)
Juan Gonzalo Larrain Campbell
O jesuíta equatoriano Pe.
Aurélio F. Aulestia mostra a grande envergadura de Revolução
e Contra-Revolução, apresentando-o como
enfoque contemporâneo do combate entre Bem e o Mal, sobre o qual, em
suas épocas, trataram Santo Agostinho – “As duas cidades” – e Santo
Inácio de Loyola – “As duas bandeiras”.
"Dois Amores, escreveu Santo Agostinho, fundaram
duas Cidades, a saber: o amor de si mesmo até o desprezo de Deus, fundou a
cidade terrena; e o amor de Deus até o desprezo de si mesmo, fundou a Cidade
celestial (De civitate Dei XIV, 28) ....
"Santo Inácio de Loyola, em seus Exercícios Espirituais apresenta a célebre
meditação das Duas Bandeiras, que, na realidade, é um verdadeiro comentário da
visão genial de Santo Agostinho ....
"De outra forma,
mas coincidindo no essencial com Santo Agostinho e Santo Inácio de Loyola, um egrégio pensador e publicista moderno, Plinio
Corrêa de Oliveira, brasileiro, apresenta a luta eterna das Duas Bandeiras sob
os nomes de Revolução e Contra-Revolução”.(2)
Ensaio fundamental dentro do tradicionalismo
O
escritor brasileiro, Ubiratan de Macedo, que
reconhece sua discrepância ideológica em relação à TFP, afirma que Revolução e
Contra-Revolução dá os fundamentos filosóficos do tradicionalismo:
"Plinio
Corrêa de Oliveira .... escreveu, em 1959, um ensaio fundamental dentro do tradicionalismo. Referimo-nos ao opúsculo Revolução e
Contra-Revolução que foi logo traduzido para várias línguas, caracterizando a
importância mundial do tradicionalismo brasileiro.
"Este
ensaio dá os fundamentos filosóficos do tradicionalismo." A seguir ressalta a visão metafísica e
teológica da História que se desprende da obra:
"Caracteriza
a Revolução como sendo não apenas um movimento localizado como a Revolução
Francesa, mas dá-lhe uma dimensão metafísica e de teologia da História. A
Revolução é um inimigo temível que inspira uma cadeia de ideologias e que está
por detrás da Reforma Protestante, da Revolução Francesa e do
Comunismo."(3)
A melhor sistematização da
Contra-Revolução
Por sua vez, o autor
espanhol Luiz M. Sandoval Pinillos
escreve:
"Possivelmente a
aproximação mais complexa e sistemática
da Contra-Revolução .... é a que contém o livro de Plinio Corrêa de Oliveira,
Revolução e Contra-Revolução, de referência ineludível".
E mais adiante acrescenta
que a concepção da obra é: "Perfeita como arquétipo ideal, muito útil e
necessária para formar uma organização compacta de combate
contra-revolucionário."(4)
"Inspira as campanhas da TFP"
O sacerdote progressista
francês Charles Antoine, conhecido brasilianista (5) deixa claro o espírito hierárquico que
anima o Autor e o caráter abarcativo do livro, que inspira
as campanhas e ofensivas da TFP, reconhecendo assim a eficácia da obra
também no terreno político-social:
"Só bem mais tarde
esse pensamento teológico se orienta e sistematiza. Em 1959, com efeito, Plinio
Corrêa de Oliveira publica um novo livro: Revolução e Contra-Revolução. Segundo o Autor, a revolução mundial está em
marcha, e leva necessariamente à destruição do homem e da sociedade ...."
E continua:
"O comunismo é
hoje o inimigo, e a Contra-Revolução a luta específica e direta do cristão. É a
idéia monarquista que inspira a Contra-Revolução. Isso não implica a rejeição
da república, que, em sua essência, não é forçosamente revolucionária ....
"A [publicação] de
Revolução e Contra-Revolução corresponde a uma doutrina elaborada e combativa,
que inspira as campanhas e ofensivas do movimento [TFP] após a sua constituição”.(6)
Poderosa influência de Revolução
e Contra-Revolução no Chile
A
eficácia da doutrina exposta pelo insigne pensador e líder católico em seu
livro e a conseqüente influência exercida por este no terreno político-social
marcaram a fundo a polarização da situação chilena nas décadas de 60 a 80. É o
que sustenta o destacado sociólogo esquerdista Otto Boye. Após afirmar que o jesuíta Pe. Vekemans
liderou o pólo progressista, escreve :
"Por sua parte, a
TFP solenizou a presença no Chile de uma mentalidade católica de direita que
parecia praticamente desaparecida. Um de seus padres fundadores (sic), o brasileiro Plinio Corrêa de Oliveira, foi
amplamente difundido no Chile através de sua obra Revolução e Contra-Revolução.
Dada a acolhida que esta corrente integrista de
direita tem tido entre alguns católicos de classe alta que até hoje influem
poderosamente no governo chileno, merece ser citada um par de reflexões centrais de dito autor
...."(7)
Catecismo da Contra-Revolução
Dificilmente
poderiam honrar mais o Autor de Revolução e Contra-Revolução, as
palavras do conhecido escritor norte-americano John Steinbacher, extraídas de seu prefácio à edição em inglês
da obra publicada nos Estados Unidos em 1972:
"Este livro é um
catecismo contra-revolucionário. A História tem registrado catecismos
revolucionários no passado.... Mas nunca existiu um livro parecido ao que o Sr.
vai ler ...."
E após fazer um breve
resumo da obra, conclui:
"Não cabe nenhuma
dúvida que a última metade deste livro (A Contra-Revolução) é o documento mais
importante que jamais se escreveu, depois da Bíblia, posto que mostra, com
clareza e de modo inequivocamente
exato, como a
Civilização Cristã pode ser salva por esta geração".(8)
Louvor de Núncio Apostólico, Mons. Romolo Carboni
Pouco
mais de dois anos após a publicação de Revolução e Contra-Revolução, o
então Núncio Apostólico no Peru, Mons. Romolo Carboni (9) escreveu uma carta datada de 24-7-1961, a seu
Autor, manifestando-lhe sua “magnífica impressão” a respeito da obra.
Veja fac-símile da missiva ao
lado e, abaixo, alguns trechos da mesma:
"Distinto professor:
“A
leitura de seu livro Revolução
e Contra-Revolução causou-me
magnífica impressão, tanto pela justeza e acerto com que analisa o processo da
Revolução e desenvolve as verdadeiras origens da quebra dos valores morais que
desorientam as consciências no presente, como pelo vigor com que assinala a
tática e os métodos de luta para superá-la ....
“Estou seguro de que
seu douto livro prestou um singular serviço à causa católica e contribuirá para
concentrar as forças do bem na rápida solução do grande problema contemporâneo
....
“Desejo-lhe, estimado
Professor, uma ampla difusão e uma merecida acolhida a seu livro por parte dos
leitores católicos desejosos de alistar-se nas fileiras do movimento
anti-revolucionário.
“Aceite o testemunho de
minha sincera admiração por sua obra e as expressões de minha distinta
consideração”.
Romolo Carboni
(Arcebispo Titular de Sidón) Núncio Apostólico"
_____
Notas:
1) Os textos
apresentados neste artigo constituem uma pequena amostra das centenas de
repercussões de Revolução e Contra-Revolução que temos em mãos.
2) Aurélio F. Aulestia B., SJ, Es necesario que Jesucristo reine!, En la
Mitad del Mundo, Quito, 1973, pp. 64, 65.
Tanto o Pe. Aulestia como todos os autores que adiante citamos
fundamentam suas afirmações em Revolução e Contra-Revolução, transcrevendo
trechos da obra. Devido ao pouco espaço que dispomos e a finalidade deste
artigo, limitar-nos-emos a reproduzir apenas suas
opiniões.
3) Ubiratan de Macedo, As idéias políticas no Brasil,
Convívio, São Paulo, 1979, vol. 2, p. 241.
4) Luiz Maria
Sandoval Pinillos, Consideraciones sobre la
Contrarrevolución, Speiro,
1990, pp. 3, 28 e 29.
5) O Pe. Antoine escreveu numerosos livros sobre a situação político-religiosa do Brasil, em muitos dos quais trata
longamente sobre o pensamento e a ação de Plinio Corrêa de Oliveira.
6) Pe.
Charles Antoine, O Integrismo
Brasileiro, Civilização Brasileira, 1980, pp. 22, 23.
7) Otto Boye, Condicionantes externas del aporte de la Iglesia Católica
a la Idea y Praxis de la Democracia en Chile, CED (Centro de Estudios del
Desarrollo), Agosto/1984, nº 13, pp. 29-31.
8) Revolution and Counter-Revolution, 1972, by Educator
Publications, Fullerton, CA, Foreword by John Steinbacher,
pp. 7 e 10.
9) Mons. Romolo Carboni, foi Núncio
Apostólico no Peru, e posteriormente,
junto ao Governo da Itália.