A CAVALARIA NÃO MORRE
Bem Aventurado o homem que confia no senhor, e de quem o senhor é a esperança.
Será como a árvore que é transplantada sobre as águas, a qual estende suas raízes para a umidade. Em tempo de seca não terá míngua nem jamais deixará de dar fruto.
( Cf. Jer., Cap. XVII, 7 SS. ).
A CAVALARIA NÃO MORRE
Correu-se a laje.
Parece tudo acabado.
É o momento em que tudo começa.
É o reagrupamento dos Apóstolos.
É o renascer das dedicações, das esperanças. A Páscoa se aproxima.
Ao mesmo tempo, o ódio dos inimigos ronda em torno do Sepulcro, de Maria Santíssima e dos Apóstolos.
Mas Eles não temem.
E em pouco raiará a
manhã da Ressurreição.
Possa também eu, Senhor Jesus, não temer. Não temer quando tudo parecer perdido irremediavelmente.
Não temer quando todas as forças da Terra parecerem postas em mãos de vossos inimigos.
Não temer
porque estou
aos pés de Nossa Senhora,
junto da qual
se reagruparão sempre,
e sempre mais uma vez ,
para novas vitórias,
os verdadeiros seguidores
de vossa Igreja.
Fim
GLOSSÁRIO
Absoluto, senso do absoluto, procura do absoluto: Em sentido próprio, absoluto é só Deus. Entretanto, existem na criação seres com graus de perfeição muito elevados, e esses seres nos remetem para a idéia de Deus de maneira mais excelente que os demais. A busca de tais perfeições constitui aquilo que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira chama de procura do absoluto. Como dizia São Boaventura, "o Universo é a escada pela qual ascendemos até o Criador" (São Boaventura, "Itinerário da Mente para Deus", cap. I, 2); "Comecemos por contemplar todo este mundo sensível como um espelho através do qual podemos chegar até Deus, o artista soberano" (id, Cap. I, 9). Os seres criados são o vestígio, a imagem e a semelhança do Criador. Portanto, em todas as coisas, de alguma forma reluz o absoluto. Ter o senso do absoluto é o saber ver em todas as coisas os aspectos que melhor refletem a Deus. Entre outros autores, explanou São Boaventura tal tese, por exemplo no Brevilóquio (Parte II, cap. XII) e no Itinerário da Mente para Deus (Cap. I, 2). "A criação do mundo é como que um livro, no qual resplandece, representa-se e lê-se a Trindade criadora em três graus de expressão, a saber: como vestígio, como imagem e como semelhança" (Breviloquio, II, XII). V. também Santo Tomás de Aquino, "Summa Theologica", I q. 45 a. 7.
Arquétipo: Tipo é o "modelo ideal reunindo em si os caracteres essenciais de certa espécie de objetos, em seu mais alto grau de perfeição". Arquétipo é o "tipo supremo, de que os objetos dos quais temos a experiência não são senão cópias; protótipo, padrão, original, modelo, paradigma" (Paul Foulquié, "Dictionnaire de la Langue Philosophique", P. U. F., Paris, 1962).
Arquitetonia, arquitetonicidade: no vocabulário pliniano, arquitetonia é uma ordenação possante e harmônica de conceitos. Arquitetonicidade é a qualidade pela qual um conjunto de idéias ou de belezas se insere em um conjunto, como as massas construídas num conjunto arquitetônico de grande classe.
Bonum: do latim. O Bem.
Contra-Revolução, contra-revolucionário: V. mais abaixo Revolução. Para Corrêa de Oliveira, contra-revolucionário em sentido pleno "é quem conhece a Revolução, a ordem e a Contra-Revolução em seu espírito, suas doutrinas, seus métodos respectivos; ama a Contra-Revolução e a ordem cristã, odeia a Revolução e a anti-ordem; faz desse amor e desse ódio o eixo em torno do qual gravitam todos os seus ideais, preferências e atividades" ( "Revolução e Contra-Revolução", II, IV).
Idealizar: nesta frase, em em geral no vocabulário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, significa despir determinada coisa de suas imperfeições, para imaginá-la perfeita, conforme às nossas mais altas aspirações. Essas figuras ideais pairam impalpavelmente sobre a Humanidade, constituindo uma esfera que não existe senão no pensamento: uma transesfera.
Inocência: o conceito pliniano de inocência vai muitíssimo além da acepção corrente da palavra. Não se trata apenas de não praticar o mal, mas sobretudo de aderir fortemente à harmonia do Verdadeiro, do Bom e do Belo. Inocente é quem não pecou contra aquele estado de espírito primevo de equilíbrio e temperança, e por isso conserva-se aberto a todas as formas de maravilhoso e apetente delas.
Metafísica: como substantivo, é a parte da Filosofia que estuda o ser enquanto ser. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira muitas vezes utilizava o adjetivo metafísico(a) em seu sentido etimológico, isto , aquilo que vai além do físico.
Paradisologia: Estudo de como teria sido o Paraíso Terrestre, de que foram expulsos Adão e Eva, e mais acima, como é o mundo angélico e o Paraíso celeste. É nessas culminâncias que se encontra a matriz para uma ordem humana ideal, para a qual a humanidade deve tender dentro das limitações impostas pelo pecado original. Um dos pólos de atração do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, durante toda sua vida, foi a procura da ordem ideal. Muitos dos pensamentos sobre o maravilhoso, a sociedade ideal, a ordem ideal, transcritos nos livros desta coleção, foram extraídos do acervo doutrinário monumental constituído por mais de quarenta anos de reuniões realizadas com esse fim. As anotações delas constituem manancial de riqueza incalculável para o estudo da ordem do Universo considerada em todos os seus aspectos.
Pulchrum: Devido a certa banalização da palavra belo em português, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira muitas vezes lhe preferia o temo latino pulchrum, que significa a mesma coisa mas carrega outras conotações. Sobre o pulchrum em Santo Tomás, vide Summa Theologica, I, q. 5, a.4; I, q. 39, a. 8; I-IIae, q. 27, a. 1 ad 3 . "O Belo na ordem criada é o esplendor de todos os transcendentais reunidos: do ser, do uno, do verdadeiro e do bom; ou, mais particularmente, é o fulgor de uma harmoniosa unidade de proporção na integridade das partes (splendor, proportio, integritas - cfr. Santo Tomás de Aquino, Summa Theologica, I, q. 39, a. 8)". Garrigou-Lagrange O.P., Divine Perfezioni, Roma, 1923, p. 337.
Reino de Maria: São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716) em seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem prevê a implantação na Terra de uma era "em que almas respirarão Maria como o corpo respira o ar", e em que inúmeras pessoas "tornar-se-ão cópias vivas de Maria" (Cap. VI, art. V). A essa era ele chama Reino de Maria. Essa profecia se entronca organicamente com a de Nossa Senhora em Fátima. Com efeito, depois de prever várias calamidades para o mundo, Ela afirmou: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará".Revolução: Para o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução é o processo quatro vezes secular que vem devastando a Civilização Cristã. E a Contra-Revolução consiste no movimento de almas que se opõe a essa derrubada, e visa restaurar a verdadeira ordem. Ver o ensaio "Revolução e Contra-Revolução", do mesmo autor. Quatro edições em português, com tradução e várias edições nas principais línguas vivas.
Revolucionário: adepto da Revolução, de forma consciente ou subconsciente.
Sacral, sacralidade:
na maneira de se exprimir de Corrêa de Oliveira, há uma diferença de matiz entre as palavras sagrado e sacral: sacral é o sagrado posto na ordem temporal ou profana. A sacralidade tem uma profunda relação com as desigualdades do Universo e se apóia sobre os seguintes princípios: a) O Universo — mais ainda, toda a ordem do ser — é hierárquico. b) Ele é insondavelmente desigual de um grau para outro, e infinitamente desigual em relação a Deus. c) O mais alto, a um ou outro título, é sempre causa, modelo, mestre e regente do mais baixo. d) A título próprio, só Deus é causa, modelo, mestre e regente das criaturas. Portanto, todas as hierarquias se reportam a Deus, que é infinitamente nobre, sublime e elevado. e) A escala dos seres é uma escala fechada, no sentido de que o mais alto, que é Deus, toca no último, no ínfimo. Deus e as ordens superiores estão, a um ou outro título, presentes nas ordens inferiores. Portanto não se trata de uma ordem estraçalhada e descontínua, mas harmônica, que se fecha. Verum: do latim. O verdadeiro.Transesfera: v. idealizar, mais acima.
Sobre Revolução e Contra-Revolução
O presente volume não pretende ser outra coisa que um eco do famoso tratado de Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, tomado sobretudo do ponto de vista da necessidade da luta e do heroísmo.
Essa obra-prima de Plinio Corrêa de Oliveira, tão pouco conhecida no Brasil apesar de sua repercussão mundial, teve entretanto quatro edições em português, e foi publicada em inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, romeno e polonês.
É interessante conhecer alguns trechos mais relevantes da apreciação que sobre ela faz o Pe. Anastasio Gutiérrez C.M.F., em carta de 8 de Setembro de 1993.
Esse ilustre teólogo, recentemente falecido, foi doutor em Direito Canônico pela Universidade de Latrão e professor dessa mesma Universidade; fundador do Instituto Jurídico Claretiano de Roma; membro da comissão de redação do Código de Direito Canônico; conselheiro de várias congregações vaticanas, entre as quais a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; conselheiro do Conselho pontifical para a interpretação dos textos legislativos, organismo supremo da Igreja para as questões canônicas.
não poucos, de uma antologia. Muitos deles apontam as "táticas" inteligentes que favorecem a Revolução, e as que podem ou devem ser utilizadas no âmbito de uma ‘estratégia’ geral contra-revolucionária. "Em suma, atrever-me-ia a dizer que é uma Obra profética no melhor sentido da palavra; mais ainda, que seu conteúdo deveria ensinar-se nos centros superiores da Igreja, para que ao menos as classes de elite tomem consciência clara de uma realidade esmagadora, da qual — acredito — não se tem clara consciência. Isso, entre outras coisas, contribuiria para revelar e desmascarar os idiotas-úteis companheiros de viagem, entre os quais se encontram muitos eclesiásticos que fazem, de um modo suicida, o jogo do inimigo: esse setor de idiotas aliados da Revolução desapareceria em boa medida. "Não me resta senão congratular-me com a Instituição TFP por ter um Fundador da altura e qualidade do Prof. Plinio. "Concluo dizendo que impressiona fortemente o espírito com que a obra está escrita: um espírito profundamente cristão e amante apaixonado da Igreja. A obra é um produto autêntico da sapientia christiana"."Revolução e Contra-Revolução é um livro magistral, cujos ensinamentos deveriam ser difundidos até fazê-los penetrar na consciência de todos os que se sintam verdadeiramente católicos.
"A análise que faz do processo revolucionário é impressionante e reveladora por seu realismo e pelo profundo conhecimento da História, a partir do fim da Idade Média em decadência, que prepara o clima ao Renascimento paganizante e à Pseudo-Reforma, e esta para a terrível Revolução Francesa e, pouco depois, ao Comunismo ateu.
"Abundam pensamentos e observações perspicazes de caráter sociológico, político, psicológico (...) semeados ao longo de todo o livro, dignos,