Catolicismo, N° 523, julho de 1994 (www.catolicismo.com.br)

A rampa inexorável da revolução indumentária

A marcha vitoriosa da corrupção moral até o nudismo denunciada há décadas e confirmada pelos fatos

No anterior número de Catolicismo, mostramos a clarividência com que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira viu, desde a década de 40, o esboroamento da civilização rumo à sistematização da desordem contemporânea. Um dos aspectos desse esboroamento, e dos mais importantes, é a marcha das modas e da corrupção moral até o nudismo.

Com o intuito de fazer compreender com maior clareza algumas das causas da inundação de imoralidade que encharca o mundo contemporâneo, expomos a seguir, em linhas muito gerais, a gênese da corrupção descrita pelo Presidente da TFP, bem como a previsão das conseqüências a que esta chegaria.

A "gradualidade", regra ardilosa na escalada da imoralidade

"Desejamos hoje - escrevia ele em 1956 - pôr em evidencia um dos princípios mais essenciais do triste roteiro seguido pelo Ocidente, partindo de suas tradições culturais e sociais cristãs, para o paganismo total do qual já se acha tão próximo.

"Trata-se do princípio que chamaríamos de 'gradualidade'. A corrupção, em sua longa marcha vitoriosa, não fez saltos. Pelo contrário soube progredir por etapas tão insensíveis que ninguém, ao longo da trajetória, prestava atenção ao deslizar das idéias, dos costumes e das modas. E com isso o caminho percorrido docilmente pela humanidade foi imenso".

Depois de analisar a "evolução" do traje de banho feminino de 1830 a 1920, o autor se pergunta: o que diriam as banhistas de 1920 "se pudessem ver como elas próprias ou suas filhas e netas tomariam banhos de mar ou de piscina em 1956? Provavelmente esta antevisão teria suscitado nelas uma reação salutar. Mas, como ninguém previa tais excessos, a moda continuou seu curso. Em 1956, é-nos licito perguntar como estarão as coisas em 1986?" (O princípio da gradualidade, regra ardilosa do progresso do mal, Plinio Corrêa de Oliveira, Catolicismo, agosto de 1956 - grifo nosso).

Quase vinte anos depois, com a coerência própria de seu pensamento, o Presidente da TFP afirmava: "Tinha eu cerca de dez anos quando assisti ao primeiro grande lance da revolução indumentária que agora vai chegando a seu auge". E, após resumir, aplicando à decadência dos trajes femininos o princípio da gradualidade, sustentava: "Em matéria de trajes de banho, a revolução indumentária foi muito mais sem cerimônias. E numa cadência que conheceu poucas e irrelevantes vacilações, a moda chegou até o biquini.

"Terá sido o biquíni o inspirador e o precursor do vestido de duas peças?

"Seja como for, a partir do biquini e das duas peças, até onde caminharão as coisas?" (Plinio Conta de Oliveira, "Folha de S. Paulo", 7-4-74, "Para onde?" - grifos nossos).

Socialismo, liberdade sexual e nudismo

A esta pergunta, dirigida aos moderados que só olham para o dia de hoje e se recusam sistematicamente a considerar o dia de amanhã, tinha ele já respondido no ano anterior com uma luminosa previsão. Analisando a imoralidade sexual imperante na Suécia, então dominada por um governo socialista, onde um deputado havia apresentado no Parlamento um projeto para estabelecer o monopólio estatal da... prostituição e outro proposto o "reconhecimento oficial de casamentos entre três, quatro, cinco ou seis pessoas, sendo as partes intermutáveis", o Prof. Plinio concluía: "O interesse essencial do assunto vem do fato de que esses episódios da vida sueca põem em evidência traços de alma inerentes à onda de socialismo e de liberdade sexual que varre o mundo inteiro ... e cujas águas vão penetrando também no Brasil.

"Expressão característica da amplitude desse fenômeno é a medida tomada pelas autoridades .... em Mônaco. Acabam elas de permitir o nudismo nas praias. ….

"Fato estritamente monegasco?

"Quem pode pretendê-lo! Se pelo mundo inteiro já se alastrou o biquini e hoje é até fabricado por mãos de freiras, quem pode fechar as olhos poro o fato de que teremos, em prazo maior ou menor, o monoquini, e depois deste o nu total?... " ("Bangladesh, Watergate e nudismo", "Folha de S. Paulo", 19-8-73 - grifos nossos)

Confirmando de modo muito eloqüente a previsão acima transcrita, a revista "Veja", de 12 de janeiro deste ano, com o intertítulo "Nas praias e sítios de nudismo milhares de brasileiros tiram a roupa..." informa: "Na semana passada 400 veranistas se estendiam ao sol nos 500 metros da Praia do Pinho, em Santa Catarina. Todos sem roupa. A cena se repetia em outras quatro praias brasileiras: Também na Paraíba, Praia Brava e Olho de Boi, no Rio de Janeiro e Pedras Altas, também em Santa Catarina. Juntas, as cinco praias somam 10 quilômetros... Em dois sítios do interior de São Paulo, 67 famílias costumam encontrar-se nos fins de semana para churrascos de confraternização, igualmente nuas.

"O nudismo - ou naturismo como os nudistas preferem chamar - tem uma fiel legião de seguidores no Brasil. Só no ano passado, cerca de 60.000 brasileiros tiraram a roupa em uma das cinco praias em que isso é permitido, segundo cálculos da Federação Brasileira de Naturismo.

".... Nos Estados Unidos o nudismo é um grande negócio", prossegue a notícia, acrescentando que, segundo a revista ‘Forbes’ – "bíblia dos banqueiros e grandes empresários" - 20% dos americanos adultos têm o hábito de nadar nus no verão. E acrescenta: "Essa cifra é um terço maior que a de dez anos atrás. O número de associações de nudistas aumentou de quarenta para setenta nos EUA em apenas dois anos. A economia do nudismo movimenta cerca de 120 milhões de dólares por ano em hotéis especializados, cruzeiros de navio e publicidade. Agências de turismo especializadas lotam navios fretados com até 1.000 passageiros sem roupa, que pagam até 5.200 dólares por um cruzeiro de uma semana". (grifos nossos - "Veja", 12-1-94)

Quem avisa, amigo é

Se "quem avisa, amigo é", como afirma o adágio, muitas têm sido as demonstrações de amizade que ao longo de sua vida o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira tem manifestado a seus contemporâneos através de seu exemplo, de discursos, conferências, livros, artigos, campanhas públicas por ele inspiradas etc., denunciando e prognosticando com lucidez e energia o charco moral em que haveríamos de cair, caso o mundo não retomasse as vias da Civilização Cristã. Tais prognósticos, que passo a passo a História vem confirmando, o Presidente da TFP sempre os tem feito acompanhados de uma firme esperança sobrenatural no triunfo da Santa Igreja Católica após a borrasca que assola o mundo atual.

Que a voz dos fatos aqui expostos sirva como tributo de nosso reconhecimento, admiração e gratidão ao insigne pensador católico. Tais fatos devem também levar-nos a pedir forças a Nossa Senhora, a fim de conservarmos íntegra nossa fé nas horas de provação que se aproximam, em conseqüência da terrível ofensa a Deus que significa o avanço impune da onda de corrupção moral que varre o mundo.

JUAN GONZALO LARRAIN CAMPBELL