Catolicismo, n° 520, abril de 1994 (www.catolicismo.com.br)

Previsões do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira confirmadas por Castro

Vietnamizar a Ibero-América: intenção do comunismo na Guerra das Malvinas

Durante a guerra das Malvinas, em 1982, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira considerou seu dever expor, num telex dirigido ao então Presidente Figueiredo - a título de colaboração para o bem do Brasil e da América Latina - as graves conseqüências que a crise anglo-argentina poderia acarretar para nosso continente (1).

O eixo em torno do qual girava a exposição do ilustre pensador católico baseava-se nas intenções claramente expansionistas do comunismo na Ibero-América, acentuadas mais especificamente naquele momento pela sintomática presença naval soviética nos mares sulinos.

Após denunciar o caráter simbólico da referida presença e assinalar os vaivéns imprevisíveis de uma guerra como possível ocasião para uma "episódica" ajuda militar russa à Argentina, sob a forma, por exemplo, de um desembarque, o Presidente da TFP afirmava: "Depois... Depois... Para o entrever basta olhar para as conseqüências que, em longa esteira de humilhações e de dores, se têm desdobrado onde quer que as tropas soviéticas deitem as garras. Para completar a previsão [grifo nosso], é só excogitar aqui em que termos essa ameaça poderia concretizar-se dentro do atual panorama Ibero-americano, mais especificamente dentro do atual panorama brasileiro.

"As eventuais correrias de tropas russas, argentinas e inglesas ensejariam incursões em território deste ou daquele país vizinho. As incursões russas, favorecidas, bem entendido, por guerrilhas locais de inspiração comunista, se intitulariam de ‘libertadoras’. E no país invadido, ficaria desfraldado o estandarte da subversão.

"Com tudo isto, a esperança animaria e poria em ação os organismos comunistas e socialistas que Moscou mantém vivos em toda a América Latina, em todo o Brasil, Sr. presidente. A 'esquerda católica' se agitaria ainda mais atrevidamente, pregando mais ou menos veladamente a luta de classes, ao mesmo tempo que difundindo (com ardis todos seus) a inércia entre os não comunistas. E o terrorismo reabriria as feridas de outrora, em toda a América Latina, por meio de assaltos, seqüestros, atentados!

"Nos extremos confins desse horizonte macabro, a experiência dolorosa mostra que quem quisesse resistir a essa agressão do superpoder soviético teria de recorrer ao superpoder norte-americano. Era a vietnamização do Brasil, da América espanhola que teria começado" [grifos nossos].

A confirmação de Fidel Castro

Tais previsões, que na ocasião a muitos terão parecido exageradas, foram recentemente confirmadas por Fidel Castro, nas seguintes declarações estampadas pelo jornal "Ambito Financiero" (26-7-93), de Buenos Aires: "Fidel Castro declarou que seu país ofereceu enviar tropas em apoio à Argentina durante a guerra das Malvinas, em 1982, e sugeriu então que todos os países que quisessem ajudar, que formassem um batalhão, 'uma coalizão de latino-americanos'. Explicou que 'nós lhes sugerimos que não se rendessem, que fizessem uma coalizão latino-americana, que mantivessem a guerra…"

E referindo-se a uns ataques que recebeu do Presidente Menem, prosseguiu: "Agora que nos atacam e nos caluniam, não fica mal recordar qual foi a atitude de Cuba naquele momento tão difícil e tão complicado" (2).

* * *

Que as intenções do comunismo fossem as denunciadas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, encarregou-se de o confirmar o próprio Fidel Castro... onze anos depois. Se elas não se concretizaram até agora, caberá aos historiadores imparciais do futuro apontar as causas profundas desse fracasso...

JUAN GONZALO LARRAIN CAMPBELL

NOTAS:

1.O referido telex foi publicado três dias depois na "Folha de S. Paulo" (7-5-82) e amplamente difundido em campanha pelos sócios e cooperadores da TFP.

2. As afirmações de Castro e as intenções do terrorismo internacional denunciadas pelo Presidente da TFP ficam reforçadas pela ajuda que Kadaffi prestou à Argentina na ocasião, e que foi dada a conhecer posteriormente pelo "The Sunday Times". O jornal afirma que Kadaffi embarcou secretamente armas num valor superior a 70 milhões de libras esterlinas, incluindo 120 mísseis soviéticos Sam-7, para a Argentina, durante a guerra das Malvinas.

"O coronel Kadaffi ofereceu ajuda incondicional e ilimitada à Argentina", disse o embaixador líbio em Buenos Aires. "Estávamos nos preparando para abastecer com armas enquanto durasse o conflito", acrescentou ("The Sunday Times", 13-5-84).