"Catolicismo" N° 512, agosto de 1993 (www.catolicismo.com.br)

OS ERROS REALMENTE EXISTIAM !

PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA TINHA RAZÃO

"Catolicismo" compara as denúncias do "Em Defesa da Ação Católica" (*) com advertências recentes do Cardeal J. Ratzinger (**)

Sede da Congregação Mariana de Santa Cecília (SP) onde se reunia o "Grupo do Plinio"

 

Plinio Corrêa de Oliveira

em 1943

Cardeal Joseph Ratzinger

em 1985

Os Papas haviam proclamado que só o retorno à Igreja salvaria a Humanidade. Entretanto, procurou-se a solução fora da Igreja.

Muitos católicos, nestes anos... provaram o que significa esperar do mundo a redenção, a liberdade e a esperança.  

Que diria São Paulo, se ouvisse falar dessa idéia de uma incorporação das mulheres na Hierarquia, ele que escreveu... “as mulheres estejam caladas na Igreja”?  

Para muitos... esta possibilidade de haver sacerdotizas católicas parece não apenas justa mas inofensiva.

 

As verdades austeras são rigorosamente proscritas. Não se fala de mortificação, nem de penitência, nem de expiação. Só se fala nos deleites da vida espiritual.  

Em muitas casas religiosas, masculinas e femininas, a Cruz cedeu seu lugar, muitas vezes, a símbolos de tradições religiosas asiáticas.  

[Consideram] supressos os efeitos do pecado original

 

A incapacidade de compreender e apresentar o ‘pecado original’ é realmente um dos problemas mais graves da teologia e da pastoral atuais.  

A meditação individual é concebida como mera iluminação. Estes erros repudiam o exame de consciência, o exercício da vontade, a aplicação da sensibilidade, os chamados tesouros espirituais, a que, tudo, apontam como métodos decrépitos, torturas espirituais. 

A vida cultural do católico não pode ser reduzida apenas ao seu aspecto 'comunitário': nela deve continuar a existir também um lugar para devoção privada, embora orientada para o 'orar juntos', isto é, para a liturgia.

É grave erro pretender que as associações erigidas para cultuar determinado santo, como Nossa Senhora, por exemplo, [obnubilem] o caráter ‘cristo-cêntrico’ que evidentemente toda vida espiritual deve ter.

Chega-se mesmo a perguntar se, atribuindo a Maria o seu lugar tradicional, não se ameaça a própria orientação da piedade cristã, desviando-a de olhar apenas para Deus Pai e para o único mediador, Jesus Cristo.  

Combatem, os inovadores da Ação Católica, ativamente o Rosário e a Via Sacra, devoções que, exigindo o esforço da vontade, são por isso mesmo consideradas antiquadas.

Depende também do fato de termos desaprendido [a Via Sacra e o Rosário] se nós hoje nos encontramos expostos de modo tão insidioso aos engodos das práticas religiosas asiáticas. 

Ridicularizam as Ordens contemplativas, por viverem, dizem eles, uma vida contemplativa mal orientada.

Souberam resistir bem as freiras de clasura, as ordens contemplativas, porque mais protegidas do espírito do tempo, e porque caracterizadas por uma finalidade bem precisa e não passível de modificação. 

Tudo quanto signifique combate direto e de viseira erguida contra as modas indecentes, as más leituras, más companhias, maus espetáculos, passa, muitas vezes, sob o mais obscuro silêncio.

Torna-se difícil, se não impossível, apresentar a moral da Igreja como razoável, distante demais como ela é daquilo que é considerado óbvio e normal pela maioria das pessoas, condicionadas por uma cultura hegemônica, à qual acabam por aderir, como autorizados flanqueadores, também não poucos moralistas ‘católicos’. 

Agasta-os tudo que, lembrando a delicadeza feminina, acentua a diversidade dos sexos.

Masculino? Feminino? São perguntas que, para alguns, tornaram-se velhas, privadas de sentido, quando não racistas.  

Tem-se divulgado a doutrina de que a chamada preparação técnica é muito mais importante do que a preparação espiritual. 

É de santos, e não de executivos, que a Igreja precisa para responder às carências do homem. 

CONCLUSÃO

As pessoas que aceitaram algumas destas idéias costumam apoiar e aplaudir as que caminharam mais avante no mesmo terreno, revelando singular entusiasmo pelas que chegaram às posições ideológicas mais radicais... estamos em presença de uma idéia em marcha, ou melhor, de uma corrente de homens em marcha atrás de uma idéia, nela se radicando cada vez mais, e de seu espírito cada vez mais se intoxicando. 

É incontestável que os últimos vinte anos foram decididamente desfavoráveis à Igreja Católica... Uma reforma real pressupõe um inequívoco abandono dos caminhos errados, cujas conseqüências catastróficas não podem ser negadas.

 


Os textos foram extraídos literalmente de:

(*) Plinio Corrêa de Oliveira, Em defesa da Ação Católica, Ed. Ave Maria, S. Paulo, 1943, respectivamente pp. 10, 59, 205, 98, 95, 120, 97, 96, 99, 99, 170, 338.

(**) Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, "A Fé em crise?" Ed. Pedagógica e Universitária, S. Paulo, 1985, respectivamente pp. 26, 68, 72, 55, 99, 76, 100, 72, 59, 68, 35, 16.