Ao
considerar esta fotografia, o leitor dotado de senso artístico
experimentará por certo violenta estranheza. Este banco monumental,
encimado por um dossel cujas linhas nobres e elegantes lhe conferem
qualquer coisa de principesco, data do século XVII, e se encontra na
igreja paroquial de La Ferté-sur-Aube, na França. Nada poderia aberrar
mais categoricamente
deste conjunto solene, do que o aquecedor de raios infravermelhos que nele
foi pregado recentemente Esse aquecedor apresenta a configuração de um
caixote ou de uma maquete de prédio de cimento armado de nossos dias, e é
muito exatamente o contrário da leveza, da elegância e da solenidade do
móvel ao qual foi apenso. Para usar uma expressão francesa, o aquecedor e
o banco "hurlent de se trouver ensemble", bramem e urram por se
encontrarem juntos.
Tal
justaposição exprime de modo dolorosamente eloqüente a displicência, para
não dizer a irreverência vandálica, com que se vai fazendo em muitas
igrejas — na França como no resto do mundo — o "aggiornamento".
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