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Plinio Corrêa de Oliveira AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES A tradição glorificada na mais célebre festa popular brasileira
"Catolicismo" Nº 163 - Julho de 1964 |
Nesta visualização, "povo" seria sinônimo de Revolução, e, pois, antônimo de hierarquia e tradição. Isto que a Revolução insinua, e por vezes até proclama, a respeito do povo em geral, ela se compraz em o afirmar com particular insistência no que toca às aglomerações operárias das grandes cidades, e especialmente das favelas. Nestas, viveriam unicamente hienas humanas dispostas a espreitar o bom momento para desabar sobre a cidade, avassalando-a, quebrando-a, e implantando sobre seus escombros o estandarte da miséria triunfante. * * *
Por isto, tal visualização das disposições da massa popular é, no Brasil, exagerada por alguns aspectos, rotundamente falsa em outros. Di-lo muito bem, em recente passado, a indiferença, quando não a formal antipatia com que as populações rurais e urbanas, mesmo no Rio e em São Paulo, assistiram às pregações bolchevizantes do Sr. João Goulart. Mas a Revolução, que é ainda mais tendenciosa no que passa sob silêncio do que em seus dizeres, cala este aspecto da realidade. E continua seu intérmino matraquear de "slogans" sobre massas revoltadas prontas a explodir, etc. etc. Por isto não é mau que a desmintamos, fazendo ressaltar a verdade a este respeito, de um ângulo diverso. * * *
Que faria o sanhudo Partido Comunista da União Soviética se, por exemplo, populares cingindo alegremente diademas reais e imperiais, trajando de condes e marqueses, desfilassem festivamente pelas ruas de Moscou, simplesmente pela alegria de usar, e de fazer luzir aos olhos de uma população que aplaude, a beleza destes adornos, símbolos dos princípios, das instituições, dos estilos de vida que o comunismo mais execra? Mobilizaria tanques, canhões, gases lacrimogêneos, todo o terrível material de suas repressões policiais, para acabar com tal festa. Pois o que ela lembraria, e o que o comunismo é, são coisas que "hurlent de se trouver ensemble". E seria compreensível - se bem que injustificável - que o PC russo assim agisse, pois a coexistência dessas coisas urra mesmo. Onde uma está, a outra não pode, absolutamente não pode estar. * * *
Uma conhecida revista carioca estampou em sua reportagem sobre o fato um título bem característico: "Modestos operários e empregadas domésticas se transformaram, por uma noite, em reis, príncipes, condes, rainhas e marquesas". O tema de uma das principais escolas, neste ano, foi o casamento de D. Pedro I com a Imperatriz D. Amélia de Leuchtenberg. É claro que nestes trajes não há que procurar uma fidelidade pesadona e erudita, aos modelos efetivamente usados na época que se quis evocar. A imaginação popular, fecunda no engendrar o fabuloso, apresentou aqui a realeza e a aristocracia como ela as imagina. E o "charme" característico do negro deu ao conjunto uma nota animada e encantadora. É nossa mais remota tradição, como ela perdura nas camadas mais profundas da alma popular. * * * E tu, que afirmas que o povo odeia a tradição, o que dizes a isto, ó mãe da mentira, ó falaciosa Revolução? |