Plinio Corrêa de Oliveira

AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

Coexistência harmônica de desigualdades

 

"Catolicismo" Nº 122 - Fevereiro de 1961

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Quadro de Jean Restout: São Vicente de Paulo, São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal ante Ana d’Áustria, Rainha da França.

Como se sabe, os três grandes Santos, um Bispo-Príncipe de Genebra, outro fundador dos Lazaristas e das Filhas da Caridade, e a última fundadora das Visitandinas, tiveram muito contacto entre si, e com Ana d’Áustria, Regente da França na minoridade de seu filho, Luiz XIV. O pintor quis perpetuar essas relações tão interessantes para a Igreja e a Cristandade, por meio de um quadro figurando um encontro entre essas grandes personagens.

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Ao centro da cena está, numa justa homenagem à majestade real, Ana d’Áustria. Mas como à santidade compete glória maior que à própria coroa, as figuras do maior realce são os três Santos. São Francisco de Sales, Bispo, Príncipe, Doutor ilustre, revestido das insígnias de seu alto cargo, tem em toda a sua pessoa algo de imponente e solene, ligado a uma indefinível suavidade. São Vicente de Paulo, Sacerdote, se apresenta sem pompa, mas com a dignidade e a distinção de um Ministro de Deus. Sua face, seu porte, parecem reluzir de energia e doçura. Santa Joana de Chantal, membro da Igreja discente, aparece toda recolhida em seu austero hábito de Religiosa, em atitude de veneração ante tão ilustres e veneráveis personagens. Mas tudo revela na humilde Freira uma grande alma, e sobre ela paira uma luz que já é prenúncio da glória dos Santos.

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Desigualdades de toda ordem - de situação na Igreja e na sociedade civil, de talento, até de virtude - se apresentam nesse quadro como harmonicamente coexistentes. Pois na Igreja como na sociedade temporal não quis Deus estabelecer a igualdade completa sonhada pela Revolução.

Como é isto nobre, digno, sereno, espiritual, santamente alegre.

E tão diverso das carrancas, do ar maciço e agressivo que domina os ambientes soviéticos. Tão diferente, por exemplo, da atmosfera carregada de gracejos soezes e ameaças, que pairava quando, recentemente, Kruchev fez a crítica da agricultura soviética.


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