Uma
situação modesta. Trata-se de um soldado, veterano de guerra, do exército
inglês.
Mas esta situação modesta tem suas glórias. O mérito de
uma existência inteira transcorrida no serviço da pátria, e num serviço
que tem a peculiaridade de ser luta. Luta cheia de riscos, que comportam o
sacrifício da saúde e até da vida.
Todas estas glórias se refletem no traje, modelado por
uma longa tradição para ser o símbolo dos altos valores morais que uma
carreira militar, ainda que modesta, contém em si.
As medalhas lembram serviços, e perigos enfrentados em
prol da Inglaterra. Os galões indicam uma graduação que, se bem que
inferior merece ser assinalada. O tecido excelente da farda, seus belos
botões, seu corte distinto exprimem quanto a sociedade reconhece e admira
esta modesta situação. O tricórnio solene e elegante acentua esta
impressão. Assim apresentado, o personagem se sente digno, calmo e feliz.
Seu olhar e seu porte exprimem o hábito em que está, de ser respeitado. A
fisionomia tem algo de sobranceiro, que a venerabilidade da barba alva
ainda marca mais. A considerar o rosto, pensa-se vagamente em Jorge V. E
de fato este modesto militar é, no fundo, uma minúscula imagem do Rei.
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Um
chefe de Estado, déspota temido e incontrastável de todas as Rússias.
Cabelo desgrenhado, bigodeira vulgar, face grosseira e brutal, gesto
impetuoso e violento, traje carente de qualquer elevação ou distinção.
Nada o diferencia de um servo, de um desses servos que modelaram sua alma
na freqüentação dos botequins, e são botequineiros em todas as camadas
mentais ou físicas seu ser.
Nada, nele, indica qualquer coisa de elevado, nada
exprime a grandeza e a dignidade do poder supremo. Ou, mais simplesmente,
a grandeza e a dignidade de um homem correto.
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Modesto soldado, elevado a uma situação que é a
miniatura de um Rei: beneficiário feliz de uma civilização que foi outrora
católica, e em cuja alma está o instinto de tudo elevar e engrandecer.
Poderoso ditador, rebaixado, como apresentação e como
pessoa, ao nível do último servidor: símbolo de uma ordem de coisas
satânica, que por adoração à igualdade tem por instinto rebaixar e
degradar tudo!
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