|
Plinio Corrêa de Oliveira AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES UNIVERSALIDADE CATÓLICA E INTERNACIONALISMO PAGÃO
"Catolicismo" Nº 31 - Julho de 1953 |
||||
O terceiro quadro apresenta S. Francisco Xavier em alto mar, implorando o auxílio de Deus durante uma terrível tempestade. O grande apóstolo do Oriente partira de Málaca em frágil embarcação, rumo ao Império do Sol Nascente, e a tormenta o surpreendeu durante o percurso. Seus companheiros de viagem foram tomados de pânico, mas Xavier, impávido, pôs toda a sua confiança na Providência. Deus acolheu benigno a oração de Seu servo, e a tempestade amainou sem que ninguém sofresse dano.
O possante movimento das ondas, a beleza dramática do mar revolto, o desamparo da embarcação transformada em joguete dos elementos desencadeados, a iminência do risco, o pânico dos tripulantes, a serenidade, a fortaleza, o espírito sobrenatural de Xavier, tudo no quadro contribui para definir um contraste empolgante. De um lado, os abismos líquidos do mar, que parecem querer abrir-se para tragar Xavier, e de outro lado sua serenidade perfeita, porque confia inteiramente no Céu. É uma glorificação rica em inteligência, tacto, e verdadeiro senso artístico, da virtude da confiança. * * * Uma observação final. A Igreja é universal, e contudo sua influência, igual em todos os tempos e todos os lugares, respeita e até favorece admiravelmente as características legitimas, próprias a cada povo e a cada época. Assim, o quadro referente a São Francisco Xavier durante a tormenta traz todas as notas de finura, imaginação e riqueza de expressão da arte no Extremo Oriente, e não obstante é todo ele animado por um quente e vigoroso sopro de genuína inspiração católica. Pelo contrário, a escola artística do escultor e do pintor cujas obras apresentamos mata todas as características de tempo e de lugar. Basta ter visitado a Bienal em São Paulo, para notar que hediondezas destas pululam com desoladora uniformidade hoje em dia, em todas as partes da terra, comprimindo e asfixiando num mesmo molde o gênio artístico peculiar a cada nação. Internacionalismo profundamente errado, que é precisamente o oposto da admirável universalidade da Igreja. |