Plinio Corrêa de Oliveira
Discurso ao término
da "Passeata da Fidelidade"
Revista "Catolicismo", n° 494, fevereiro de 1992 |
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3 de janeiro de 1992 Discurso de encerramento do imponente "Desfile da Fidelidade", no centro de São Paulo, que antecedeu ao início do VIII Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP (Excertos) "Vós percorrestes esse caminho que é o caminho da fidelidade à tradição. (...) A tradição que vós representais não é algo de fixo, de estagnado, que não se desenvolve, que não tem o futuro diante de si. Não são as figuras de cera do museu Grévin de Paris ou do Tussaud de Londres. (…) "A tradição que nós representamos é a Tradição católica, é a tradição cristã, é uma tradição cheia de vida. Uma vida natural e sobrenatural ardente. E essa vida quer abrir caminho para si na História e está abrindo inclusive nessa passeata (...). "Uma tradição viva, que clama, que conclama, que aclama, que reclama, que proclama, que não fica quieta e que não pára! (...) "Clama a sua resolução de continuar viva defendendo o seu espaço na terra. E afirmando o seu progresso, os seus direitos contra quem pretendesse intimidá-la em nome das pseudo-maravilhas de um pseudo-progresso. "É uma tradição que conclama aqueles que pensam como ela, a que se juntem a ela e que venham lutar com ela, a favor das verdadeiras tradições. "É uma tradição que aclama, não só tudo quanto no passado e no presente se faz de bom, mas também, desde já e antecipadamente, aclama aquilo que a nossa Fé inspirará aos nossos vindouros até o dia do Juízo Final. (…) "Com os vossos passos, repercutiram no Céu, os pulsares de vossos corações: é a Cristo que queremos! É a Maria que queremos! E só o que for conforme a Cristo e Maria é por nós verdadeiramente desejado!"
(Texto integral) 3 de janeiro de 1992 Discurso diante o Caetano de Campos (São Paulo), ao término do "Desfile da fidelidade" Altezas, Reverendíssimos senhores sacerdotes, minhas senhoras, senhores, é com a maior satisfação que a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade em sua cidade sede, que é a cidade de São Paulo, acolhe não só os participantes provenientes das várias partes do Brasil, como dos vários países do Exterior, aqui afluídos para tomar parte nesta manifestação que tem um sentido histórico e atual profundo. Esse sentido vós bem o conheceis, vós o aclamaste há pouco em eloqüentes palavras de entusiasmo. Esse sentido é bem exatamente o sentido da fidelidade à Tradição. No momento em que a América, as três Américas comemoram o seu descobrimento e em que uma primeira Missa realizada no solo americano marca também que o descobrimento não se fez apenas segundo um sentido de vantagem material, mas segundo um profundo sentido espiritual de adesão à única Fé verdadeira, a Fé ensinada pela Santa Igreja Católica, Apostólica Romana; Nesse momento em que, com a implantação da Santa Cruz no território americano e com a celebração da primeira missa, se inicia a epopéia missionária que haveria dar esse imenso continente – segundo os planos da Providência – havia de dá-lo à Igreja e a Nosso Senhor Jesus Cristo; Nesse momento em que se comemora o fato de que a arrancada civilizadora marca os seus primeiros passos no território americano, chegando à situação de apogeu em que se encontra atualmente; Neste momento, vozes estranhas se levantam para dizer mau em nome de um passado mais remoto ainda do que o passado desses quinhentos anos atrás, em nome de um passado de paganismo, em nome de um passado de atraso selvagem – para não dizer atraso silvícola – dando uma arrancada no rumo da civilização; Nesse momento, vozes se levantam para afirmar que o descobrimento foi um desastre para as populações nativas da América, que ele foi um desastre para a história do mundo e mal dizer dos reis católicos, dos monarcas, dos Papas, dos bispos, dos homens que geriram a res civil durante esses quinhentos anos, no sentido de integrar o continente americano na civilização ocidental nascida na Europa. Não podia deixar de ser que a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade levantasse um protesto contra essa tendência que vai ao arrepio de todo o curso da História e que afirmasse num ato solene em que estão presentes representantes dos mais variados países da América e de diversos países da Europa, afirmasse a sua solidariedade e sua solidariedade entusiasmada e convicta à obra missionária realizada pela Igreja Católica no Brasil, como em todo território das Américas, ao longo desse tempo. E ao mesmo tempo proclamasse a segurança de que o futuro da América só tem um sentido: é o futuro da Civilização Cristã. [palmas] Nosso Senhor Jesus Cristo disse dos sacerdotes que eles eram "o sal da terra e a luz do mundo". Se eles são - e o são - "o sal da terra e a luz do mundo", por excelência, o é Aquele que é o Sacerdote por excelência, que é Ele, Jesus Cristo. E tudo aquilo que se afaste dEle caminha para uma terra sem luz e sem sal, caminha por um caminho que é o descaminho. E o mundo bem teve a ocasião de o ver, quando há algum tempo atrás ruiu a cortina de ferro e os olhos estarrecidos da humanidade puderam contemplar o estado de miséria, de miséria física e de miséria intelectual, de compressão da personalidade humana, de abatimento da dignidade humana, realizado em 70 anos de dominação atéia sobre um dos mais extensos países do mundo. Aí, se compreendeu bem, quanta verdade tinha Nosso Senhor de dizer, que Ele é o caminho, Ele é a Verdade e Ele é a Vida. E que aquilo que se afasta dEle é descaminho, é erro e é morte. [palmas] Esse descaminho, este erro e esta morte, não só nós não o desejamos para o Brasil – parte considerável da América – para nenhuma parcela do território americano, mas todos nós que aqui estamos, nos opomos a que isso se realize. E pelo empenho de nossas orações mas também de nossos esforços, de nossa ação pacífica mas persuasiva, de nosso ação indefectível, de nossa ação contínua, havemos de trabalhar e havemos de lutar para que realmente a América em geral e o Brasil em particular sejam Terra de Cristo e Terra de Maria. [palmas] Já o itinerário que vós seguistes, do Pátio do Colégio até esta praça, é muito significativo e simbólico do nobre propósito que vos move. Com efeito, vossa caminhada pode chamar-se a "Caminhada da Fidelidade". A caminhada de uma fidelidade que teve início no Pátio do Colégio, naquela primeira célula-mater de São Paulo, quando [São Paulo] era apenas uma aldeola, habitada por portugueses e por índios que os missionários acabavam de introduzir para luz do Evangelho. Quando São Paulo era tão pequena que ela cabia em torno dos limites do atual Pátio do Colégio e toda a sua população cabia na pequena igreja que vós ali vistes, perto da qual recebestes a bênção sacerdotal. Naquela pequena igreja que a laicidade republicana de 1889, impiamente destruiu, mas que por desígnio de governos posteriores, e pela colaboração daConstrutora Adolpho Lindenberg, que talentosamente soube reconstituir a linha e a fisionomia da primeira igreja de São Paulo, se encontra ali o marco da vida religiosa e da vida civil de São Paulo. Daquela pequena São Paulo que haveria de dar nesta cidade que é hoje uma das maiores do mundo, daquela pequena cidade até hoje, o roteiro enorme se realizou. E esse roteiro, vós simbolicamente o percorreste. Porque vós deixastes o Pátio do Colégio e seguistes através de várias vias do Centro antigo de São Paulo, onde se encontram prédios construídos em várias épocas da história paulista. E bem simbólicos de todos esses séculos que São Paulo tem vivido de lá até aqui, vós percorrestes esse caminho portanto, que é o caminho da fidelidade à tradição, até esse lugar aqui onde vós vos reunís para aclamar o vosso propósito de fidelidade à luta pela Civilização Cristã em terras brasileiras e no continente americano bradando: Pelo Brasil! Tradição, Família e Propriedade! [Brado] Eu estou bem certo, senhoras e senhores, que os passos dos homens na terra repercutem no Céu. E que desde os primeiros momentos em que passos cristãos começaram a pisar este solo e em que a vida sobrenatural começou a se difundir aqui, até esse momento e até os séculos cheios de incógnitas, mas também de promessas como também de riscos que se desdobram diante de nós, tudo quanto aqui se fizer repercutirá no Céu e ficará inscrito no Livro da Vida. No Livro da Vida ficará inscrito no Céu que no ano de 1992, na aurora desse ano, em que certo falso progressismo se promete a si próprio tantas realizações no seu programa de renovações, que são no fundo deteriorações, houve também passos que repercutiram firme na terra dizendo: "Nós também avançaremos! Nós também caminharemos!" [palmas] Com os vossos passos, repercutiram no Céu os pulsares de vossos corações: "É a Cristo que queremos! É a Maria que queremos! E só o que for conforme a Cristo e Maria é aquilo que nós verdadeiramente desejamos!" [palmas] A tradição que vós representais não é algo de fixo, de estagnado, que não se desenvolve, que não tem o futuro diante de si. Não são as figuras de cera de um museu Grévin ou de um museu Tussaud, respectivamente, em Paris ou em Londres. São uma coisa muito diversa. A Tradição que nós representamos é a tradição católica, é a tradição cristã, é uma tradição cheia de vida. Uma vida natural e sobrenatural ardente. E essa vida quer abrir caminho para si na História e está abrindo inclusive nessa passeata do dia de hoje. [palmas] É uma tradição viva, que clama, que conclama, que aclama, que reclama, que proclama, que não fica quieta e que não pára. Ela clama a sua resolução de continuar viva defendendo o seu espaço na terra. E afirmando o seu progresso, os seus direitos contra quem pretendesse intimidá-la em nome das pseudo-maravilhas de um pseudo-progresso. É uma tradição que conclama aqueles que pensam como ela, a que se juntem a ela e que venha lutar com ela, a favor das verdadeiras tradições. É uma tradição que reclama contra tudo aquilo que se faça em atentado contra ela. É uma tradição que aclama não só tudo quanto no passado e no presente se faz de bom, mas também desde já e antecipadamente, aclama aquilo que a nossa Fé inspirará aos nossos vindouros até o dia do Juízo Final. [palmas] É nesta certeza que se abre assim, o VIII Encontro de Correspondentes da TFP, com elementos vindos dos mais variados pontos deste continente, do continente europeu. Eu vejo aqui com simpatia e com afeto, e saúdo com o melhor de minha solicitude, eu saúdo pessoas vindas do Norte desse continente, das margens do rio Hudson, que banha Nova York. Pessoas vindas das margens desse Amazonas, tão nosso, tão caracteristicamente brasileiro, tão distante pela geografia, mas tão próximo pelo afeto. Eu saúdo os que vieram de junto do rio Manzanares, que banha a histórica e legendária Madrid e que aqui vieram para participar de nosso entusiasmo e de nossa dedicação... (Uma senhora espanhola brada: Viva Dr. Plinio!!! Viva la TFP!!!) E que com uma vivacidade caracteristicamente castelhana, indicativa do desejo de participar de todas as proezas e de todos os heroísmos, acaba de me cortar amavelmente a palavra neste instante. E eu saúdo com afeto também, aqueles que vieram das margens do Rio da Prata, já no outro extremo do continente, irmãos diletos, de amigos descendentes dessa Espanha heróica, que eu acabo de saudar e que estão unidos ao Brasil, não só pela continuidade geográfica mas por tantos outros laços entre os quais a ligação tão afetuosa, que faz de todas as TFPs pelo mundo inteiro uma grande entidade, vinculada pelos mesmos ideais, marcada pela mesma missão, ao serviço do mesmo Deus e da mesma Igreja, e da mesma civilização. A todos vós, muito cordialmente eu saúdo. |