Comunicado da TFP
Sob esse
título, foi distribuído à imprensa do País, poucos dias antes da votação das
emendas divorcistas pelo Congresso Nacional, o seguinte comunicado:
Tendo em
consideração que, nos dias 14 e 15 de junho, o Congresso Nacional decidirá,
em reunião conjunta da Câmara e do Senado, sobre emendas à constituição
visando estabelecer o divórcio em nosso País, a Sociedade Brasileira de
Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP):
I.
Dirige-se ao público, e de modo especial à imensa maioria católica do
Brasil, a fim de salientar a gravidade dramática da decisão que será então
tomada. A família é a base da sociedade. A indissolubilidade do vínculo
conjugal é por sua vez base da família. Os destinos do País no que têm de
mais básico, julgar-se-ão portanto naquelas sessões do Congresso Nacional.
II.
Uma eventual aprovação do divórcio acarretaria trauma profundo na
consciência religiosa do País. O referido trauma, sempre danoso, sê-lo-ia
especialmente no quadro de agitação e confusão que o País – como o mundo
inteiro – atravessa.
Este
grave motivo, de ordem circunstancial, por certo terá firmado ainda mais
os Senhores Senadores e Deputados antidivorcistas no propósito de se
empenharem a fundo em obter a rejeição do divórcio.
Mais
ainda, segundo informa a imprensa, os próprios Senhores Senadores e
Deputados divorcistas, atendendo às patrióticas razões cinscunstanciais já
indicadas, teriam formado o propósito de não se empenharem na presente
ocasião, pela implantação do divórcio.
Tudo
isso faz honra a uns e a outros.
III.
O que é a atualidade política hoje, será história amanhã. E os
historiadores mais célebres concordam em que o papel dos fatos imprevistos
e dos casos fortuitos – independentes tantas vezes da vontade dos que
participam dos grandes prélios da vida pública – altera com freqüência o
curso previsível dos acontecimentos.
E,
paradoxo, alteram-no por vezes com especial facilidade, exatamente porque
era previsto. Em outros termos, todos confiavam em que os fatos corressem
de certo modo. Várias das providências necessárias para tal são assim
omitidas ou realizadas a meias, precisamente porque tidas como supérfluas.
Isto permite ao Imprevisto que salte para dentro da liça e mude o desfecho
da luta.
IV.
A TFP levanta suas preces a Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil,
para que o divórcio ainda desta vez seja rejeitado. E ela participa com
toda população, da confiante perspectiva de que assim o seja.
Isso
não impede de manter alerta a vigilância contra o Imprevisto.
Ela
dirige, assim, um cordial e atencioso apelo a todos os Senhores Senadores
e Deputados antidivorcistas para uma plena mobilização de suas influências
e de sua ação, nos magnos dias em que se efetuarão as votações sobre o
divórcio. E, por sua vez, a entidade apela respeitosamente para os
Senhores Senadores e Deputados divorcistas, no sentido de que poupem à
opinião católica de nosso querido País o impacto da aprovação do divórcio,
tão particularmente traumatizante nos dias que correm.
E pede
a todas as forças vivas do Brasil, empenhadas na manutenção da
indissolubilidade do vínculo conjugal instituída pelo próprio Cristo Jesus
(“O que Deus uniu, o homem não separe”, Mt. 19, 6) para que façam
subir aos representantes do Legislativo Federal, da Nação que conta com a
maior população católica da terra, o clamor geral contra a medida que,
aluindo de imediato a família, exporá a fatais riscos a Pátria brasileira.
Plinio
Corrêa de Oliveira
Presidente do
Conselho Nacional
(*) Em
três artigos para a "Folha de S. Paulo", Plinio Corrêa de Oliveira analisou
a marcha do imprevisto, e mostrou a responsabilidade da CNBB na catástrofe,
em razão da imprevidência e moleza com que conduziu a luta em prol da
estabilidade da família:
Mas a CNBB não quis...,
de 16-5-1977;
Foguetório, e não bombardas,
de 25-6-1977; e
34-75-77,
de 27-7-1977.
Alguns
anos depois, o Sr. Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Eugênio Sales,
declarou: "Se a Igreja no Brasil tivesse lutado como o cardeal Motta, o
divórcio não teria sido aprovado" ("O Globo", 21-9-82). Afirmação
coincidente com as observações do Prof. Plinio, acerca da insuficiência da
quase totalidade das declarações episcopais contrárias ao divórcio, no
momento em que a matéria era debatida no Congresso: cfr.
Para a corda de aço, escravos,
"Folha de S. Paulo", 24-10-1982.
Para
outros aprofundamentos, vide: "Um homem, uma obra, uma gesta – Homenagem das
TFPs a Plinio Corrêa de Oliveira" (1989),
Capítulo II: 1964 – 1970 e
Capítulo III, 1970 – 1979.
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