Catolicismo, n.° 404, agosto de 1984 (www.catolicismo.com.br)
Fundada em teólogos de renome mundial, a TFP
refuta acusações e desmente cisão
A TFP afirma sua posição doutrinária e
interpela opositor
Em 17/8/84, o Serviço de
Imprensa da TFP publicou na "Folha de S. Paulo" o seguinte
comunicado:
Atendendo ao amável pedido
de muitos leitores que, por dificuldade visual, não haviam conseguido ler até
o fim nosso comunicado publicado na "Folha de S. Paulo" e na
"Folha da Tarde" de 16-8 pp., respectivamente sob os títulos de Redação
TFP reage às críticas e desafia dissidente e TFP afirma posição e
interpela opositor, o Serviço de Imprensa da TFP o divulgou novamente em
17-8. Para dar maior realce a alguns tópicos, saem eles agora em negrito.
Paulo Corrêa de Brito Filho
Diretor do Serviço de Imprensa da TFP
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A REPORTAGEM na "Folha de S. Paulo"
de 15 do corrente sob o título "Líder da TFP é acusado de
autopromoção", assinada pelo sr. João V. Strauss,
com vistosa chamada de 1ª página, vale em realidade por uma defesa desordenada,
biliosa e algum tanto burlesca do sr. Orlando Fedeli, na controvérsia que este
acendeu contra a TFP. Se assim é, é forçoso afirmar que tal "defesa"
não teve por efeito senão deixar o sr. O.F. na mais embaraçosa das situações.
Antes de entrar no âmago
do assunto, cumpre registrar que não há na TFP a cisão apregoada euforicamente pelo jornalista João V. Strauss.
Ao se afastar da TFP, o prof. Orlando Fedeli foi seguido tão-só por 14
cooperadores, que assim deixaram intacta a grande maioria coesa e descontraída
dos sócios e cooperadores da TFP: cerca de 1.200, em confronto com os quais o grupinho do sr. O.F. é como uma migalha que se destaca
de um bolo sem com isto cindi-lo, nem fracioná-lo.
Na realidade, em 31 de
maio de 1983, o sr. O.F. enviou ao prof. Plinio Corrêa de Oliveira uma carta
que anunciava essa ruptura com a TFP, e tentava explicá-la. A essa carta, ele
juntou duas outras, escritas anteriormente, mas que ele não chegara a enviar,
abordando assuntos conexos com os que o levaram à ruptura. Estas cartas
procuravam demonstrar, com base em fatos verídicos em suas linhas gerais, mas
contendo omissões importantes, e outros inverídicos
parcialmente ou in totum,
uma série de acusações gravemente injuriosas e injustas. Essencialmente elas
afirmavam ser professada na TFP uma religião consistente em prestar culto ao
prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e a sua progenitora da. Lucilia
R. Corrêa de Oliveira. As devoções praticadas na TFP a Nosso Senhor Jesus
Cristo e a Nossa Senhora, não seriam senão paraventos.
Esta acusação estapafúrdia, o sr. Orlando Fedeli procurava apoiá-la na interpretação
sofística e retorcida que se esforçava por dar aos mencionados fatos.
O ponto central da
controvérsia que daí naturalmente resultaria, estava pois bem definido: os
fatos em foco prestavam-se, ou não, a tal interpretação?
Em caso afirmativo, o sr.
O.F. teria prestado insigne serviço à opinião católica e à TFP, denunciando o
miserável embuste.
Em caso negativo, só
restaria ao sr. O.F. reconhecer a injustiça de suas acusações. Ele cumpriria
assim um dever de justiça e de probidade, que constituiria a única reparação
possível à sua enorme falta.
Alguns sócios da TFP,
movidos por explicável inconformidade para com as acusações injustas, se
constituíram em comissão, dividiram entre si a matéria, e passaram alguns meses
a elaborar no silêncio, uma refutação frontal, meticulosa, clara e sobretudo
rigorosamente conforme a todos os princípios teológicos, morais e canônicos da
Igreja, concernentes à matéria em foco.
O estudo em apreço
preencheu dois volumes.
O primeiro volume, com
497 pp., tomou por base autores antigos e contemporâneos do melhor quilate,
como o Cardeal Charles Journet, de fama mundial, o
Pe. Antonio Royo Marin O.P., eminente teólogo da célebre Pontifícia
Faculdade do Colégio de San Esteban em Salamanca, o
Pe. Arturo Alonso Lobo
O.P., catedrático de Direito Canônico da mesma Universidade, e muitos outros
teólogos, moralistas e canonistas do mundo inteiro.
O segundo volume, de 453
páginas, é preenchido com exemplos extraídos de biografias de santos, providos
do competente imprimatur, e que confirmam pelos
exemplos daqueles que a Igreja elevou à honra dos altares, quanto é ortodoxo e
digno de aplauso, o procedimento da TFP nas matérias tratadas pelo sr. Orlando
Fedeli. Ao todo, 470 citações.
Como se isto não
bastasse, a TFP submeteu sua refutação à acurada análise de um dos maiores
teólogos contemporâneos, o justamente célebre Pe. Victorino
Rodríguez y Rodríguez O.P.,
autor de mais de 200 renomados livros e estudos sobre
teologia, ex-professor, ele também, da Universidade
de Salamanca, e hoje prior do Mosteiro de São Domingos el
Real, de Madri.
O Pe. Victorino
Rodriguez, depois de madura leitura e análise do
texto que lhe era submetido à apreciação, e também das três cartas do sr.
O.F., exarou um parecer inteiramente favorável, do qual extraímos o seguinte
tópico: "A resposta, a meu ver, atinge plenamente o seu objetivo:
responde de modo adequado às pretensas acusações, com argumentação cristalina
e eficaz, a partir de pressupostos teológico-canônicos
bem assumidos e da reconstrução de circunstâncias subjetivas e objetivas que
serviram de pretexto às denúncias. – NÃO ENCONTREI NENHUM ERRO TEOLÓGICO,
MORAL OU CANÔNICO, OU DE QUALQUER OUTRO PONTO DE VISTA CONCERNENTE AOS
ENSINAMENTOS E ÀS PRATICAS DA SANTA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA E ROMANA".
Assim concluída
inteiramente a faina a que se entregou a comissão de sócios da TFP, só restava
a esta última dar conhecimento de seu estudo às pessoas que, dentro e fora dos
quadros da entidade, estavam ao corrente do assunto.
Embora brilhante fosse a
sua situação em vista dos resultados alcançados, a TFP, que usara em sua refutação
uma linguagem continuamente moderada e cortês, limitando-se à própria defesa
sem atacar no plano pessoal a quem quer que seja, deliberou dar ao seu estudo o
caráter de obra de circulação restrita. Movia-a a tal o propósito de evitar o
quanto possível que repercutisse no grande público a divisão entre os
anticomunistas.
Com efeito, toda
divisão só poderia atrair o estímulo surpreso, pressuroso e festivo dos
comunistas, socialistas, inocentes úteis, companheiros de viagem e congêneres,
sempre a serviço de Moscou.
No momento em que, por
quase todos os Estados do Brasil a agitação rural ferve, e em vários lugares
o sangue começa a correr, é fácil compreender quanto qualquer coisa que
sobrevenha em desdouro da maior organização anticomunista do País só possa
comprometer ainda mais a situação.
O prof. Orlando Fedeli
procedeu com inteira indiferença face a essa situação. E enquanto a TFP
preparava na paz, no estudo e na oração o seu trabalho esclarecedor e cortês,
de vários lados do Brasil e até do Exterior, chegava ao conhecimento dela que
o sr. O.F. se entregava a uma atividade frenética, para denegrir moralmente a
TFP.
Por diversos indícios,
chegou mesmo a parecer provável que, certo de encontrar poderosos apoios
publicitários, ele procurava formar contra a TFP uma verdadeira celeuma, cujo
fim seria forçosamente um estrondo publicitário de grandíssimas proporções.
O estudo tão
prestigiosamente aprovado pelo ilustre Pe. Victorino
Rodríguez O.P. era de molde a pôr cobro a esses
alvorotados desígnios, deixando o sr. O.F. na alternativa, amarga para seu amor
próprio, de retratar-se, ou de se calar.
Havia quem se perguntasse
na TFP como ele se sairia da incômoda situação. A reportagem do sr. João V. Strauss parece proporcionar-lhe o caminho da saída: essa
colaboração não faz senão repetir à maneira de realejo as acusações hoje aniquiladas,
do sr. Orlando Fedeli. E isto em um texto balburdiado
por gracejos, debiques e insolências. Se a TFP tivesse a ingenuidade de
replicar a esse texto, a controvérsia começaria a correr por outras águas, rumo
a outro contendor.
Naturalmente, só isto não
basta. Um homem que procura encher de lama a reputação alheia, e se vê
refutado, ou por sua vez treplica à altura, ou se afunda no descaso geral.
Para ele, tudo é menos desairoso do que, à vista de uma réplica, não ter outra
saída senão ver que quem se ergue a seu lado nada encontra a redargüir, mas se
limita a "realejar" as mesmas acusações,
enquanto ele fica silencioso, na segunda plana.
Não será de espantar,
pois, que, na esperança de escapar à situação, o sr. O.F. aplauda calorosamente
que outras pessoas, ou grupos, saiam a público, desdobrando em novos
aspectos o estrondo publicitário ainda incipiente.
A esse respeito, é
preciso que conste desde já, e do modo mais peremptório, que a TFP não se
deixará arrastar por ataques eventuais, contra ela surgidos neste momento, e
que tão-só "despistem". E que ela se julga desde já desobrigada de
qualquer réplica a outros difamadores que saiam inopinadamente dos bastidores
acenando com novas acusações, como deuses "ex-machina".
E ISTO ENQUANTO O SR.
ORLANDO FEDELI NÃO HAJA ACEITO TAXATIVAMENTE A RÉPLICA DA TFP, OU RETRUCADO A
ESTA NO NÍVEL DE SERIEDADE E ELEVAÇÃO QUE MERECE. E nem alegue ele que não a conhece, porque os dois
livros não lhe foram enviados. Ninguém envia livros a quem lhe cobre de
insultos pessoais. Mas tais livros foram distribuídos gratuitamente a
múltiplas pessoas, a ele tão chegadas, que é impossível que o sr. O.F. não os
tenha obtido para si. E há bastante tempo.
Isto dito, chegou ao seu
termo natural o presente comentário.
Bastará acrescentar que,
já agora, a circulação desses livros deixou de ser restrita. Quem quer que
deseje adquiri-los, os encontrará na sede Santo Eloi
da TFP, à rua Dr. Martinico Prado, n.° 271, CEP
01224, de 8 às 20 horas, telefone 220-5900.