Catolicismo, N.° 435, Março de 1987 (www.catolicismo.com.br)

 

A TFP mantém bem alto seu estandarte anti-agro-reformista

 

VÃO SE AVOLUMANDO dia a dia os protestos levantados por prestigiosos órgãos da classe rural — ou surgidos es­pontaneamente de importantes zonas agrí­colas — contra a política do Governo face à agricultura e à pecuária. Tais protestos incluem mais de uma vez a reivindicação de um tratamento paritário entre produto­res agrícolas e industriais no conjunto da economia nacional.

Em vista desses fatos, a Sociedade Bra­sileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, comunica que:

1. Não sendo embora um órgão de clas­se, mas entidade voltada à apreciação da plurimórfica realidade nacional com base nos princípios tradicionais da doutrina ca­tólica, considera um dever declarar seu apoio às referidas reivindicações agrope­cuárias, as quais se lhe apresentam, de mo­do geral, conformes à justiça e à eqüida­de.

2. Dentro da tormenta sócio-econômica que assim se vai estendendo pelo País, a TFP não esquece, entretanto, a necessida­de indeclinável de manter bem alto seu es­tandarte na luta contra a Reforma Agrá­ria socialista e confiscatória que vai sendo gradualmente imposta, em todo o territó­rio nacional, pelo MIRAD.

3. O empenho explícito, desassombrado e constante em favor da propriedade pri­vada e da livre iniciativa constitui o ponto-chave da defesa dos direitos da agricultura brasileira contra o perigo agro-reformista.

4. Com efeito, é, por certo, muito cen­surável que o Poder Público onere com uma política agrícola injusta a produção agropecuária. Contudo, mais censurável ainda é confiscar ele a própria terra, da qual, mercê do trabalho humano, nascem estas riquezas.

5. É o que facilmente se conclui, desde que se tome em conta que onerar abusiva­mente os frutos pendentes da laranjeira de alguém é obviamente prejudicar esse al­guém.

Porém, muito mais prejudica a esse al­guém a pessoa que lhe serra pela raiz a la­ranjeira.

6. A TFP apela, pois, para o povo bra­sileiro no sentido de que, com a atenção dele desviada para os mais diversos assun­tos por efeito dos problemas angustiantes que vão emergindo a todo momento nos mais variados pontos do horizonte nacio­nal, não se omita de manter no centro de suas preocupações uma explícita e inflexí­vel ação legal anti-agro-reformista.

7. Este apelo é feito a toda a população, e não só à classe agrícola. Pois, caso a opi­nião pública se habitue à Reforma Agrá­ria, estarão abertas irremediavelmente as portas para outras reformas que golpeiam sucessivamente os demais setores da socie­dade e da economia brasileira: a Reforma Urbana voltada contra os proprietários de imóveis urbanos, e a Reforma Empresarial voltada contra os proprietários dos estabe­lecimentos industriais e comerciais. É esta a tríplice reforma dirigida contra a propriedade privada e contra a livre ini­ciativa, segundo os velhos anseios que o Partido Comunista do Brasil (PCB) vem difundindo em nosso País desde sua fun­dação, no longínquo ano de 1922.

 

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE
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