Catolicismo, N° 431/432, Nov/Dezembro de 1986 (www.catolicismo.com.br)

 

A voz da TFP faz cair a máscara liberal do comunismo

 

I. A TFP em campanha

Encerrada a grande e vitoriosa campanha pacificamente desenvolvida na cidade de São Paulo, pela TFP, para difusão da mais recente obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, No Brasil: a Reforma Agrária leva a miséria ao campo e à cidade, os cooperadores da entidade rumaram em diversas direções do território nacional, com o objetivo de dar prosseguimento a sua patriótica atividade.

 

1. A campanha em Belo Horizonte: os fatos

Parte deles, chegada a Belo Horizonte e incorporada aos sócios, cooperadores e correspondentes locais da secção mineira da TFP, organizaram no dia 27 de outubro p.p. análoga propaganda na Praça 7 de Setembro e na Avenida Afonso Pena, logradouros centrais daquela pujante capital.

 

2. Agressão comunista

Às 12:30 horas, isto é, cerca de duas horas depois de ela ser desenvolvida tranquilamente por nove núcleos dispostos ao longo daqueles logradouros, magotes de extrema esquerda - nos quais era sobretudo de se registrar a participação efervescente de comunistas notórios - começaram a provocar os elementos da TFP por meio de slogans, injúrias etc.

O processo tático é bem conhecido: a altercação atrairia curiosos. Formar-se-iam grupos de populares que participariam do vozerio em sentido favorável ou contrário a um ou outro lado. No auge da efervescência, alguns agitadores agrediriam - o mais discretamente possível - elementos da TFP. Daí resultariam berreiro e confusão.

 

3. Análise da agressão: jogada publicitária

Estaria assim montada a jogada publicitária do PC: se os da TFP se defendessem vitoriosamente pela força, os mass media - freqüentemente infiltrados de elementos pró-comunistas, e predispostos assim a aceitar como verdadeira a versão comunista dos fatos - denunciariam à opinião pública os da TFP como agitadores, agressores, "nazi-fascistas", segundo o gasto refrão das esquerdas etc. etc.

Se, pelo contrário, os elementos da TFP se dispersassem para evitar luta tão inconveniente para eles do ponto de vista publicitário, a versão pró-comunista levada aos jornais apresentaria a TFP como inócua e ridícula organização de molóides, a não ser tomada a sério como barreira defensora contra o comunismo.

Com isto lucraria o próprio comunismo. Pois se beneficiariam correntes conciliatórias, de um anticomunismo pouco consistente. E se prejudicaria a mais experiente, perspicaz e estruturada organização anticomunista - aliás comprovadamente pacífica - que há no Brasil.

Bem entendido, esta estratégia dos agressores supunha, em Belo Horizonte, a inércia ostensiva - ou quase tanto - da Polícia, que se absteria de comparecer para separar os contendores, distribuindo uns e outros em locais diferentes, nos quais exercesse cada corrente a liberdade de palavra assegurada pela Lei.

Os comunistas e esquerdistas congêneres pareciam contar firmemente com essa abstenção. E não foram frustrados. Até o fim - com exceção de inócuas e esporádicas intervenções - a Polícia nada fez que assegurasse de modo permanente e amplo, a liberdade de palavra da TFP.

 

II. Tática da TFP face à jogada comunista

Prevendo essa abstenção, os cooperadores da TFP adotaram a tática de se dissolverem logo que começasse a agitação, e se reconstituírem nos locais por onde os agitadores já tivessem passado. Tática hábil, que deu os resultados esperados.

Cooperadores da TFP pouco conhecedores da cidade penetraram na Praça 7 de Setembro, densamente superlotada de transeuntes, a qual por isto tornava difícil o simultâneo e ágil escoamento das muitas dezenas de cooperadores da TFP que deviam rumar, ato contínuo, para o local de sua reaglutinação. Assim, na própria praça, foram circundados pelos agitadores. Começaram então estes as agressões, às quais, conforme diretrizes formais, os cooperadores da TFP não revidaram. Nesta difícil conjuntura, os da TFP se esquivaram habilmente, evitando de se expor de modo imbecil a brutalidades imprevisíveis.

 

III. Na imprensa, ecos favoráveis à jogada comunista - A TFP retifica versões distorcidas

No dia seguinte, quase toda a imprensa belo-horizontina, em largos noticiários, publicou versões tendenciosas dos fatos, emulando em ridicularizar os da TFP. No mesmo dia, aparecia em secção livre no "Estado de Minas", o maior diário da capital mineira, sereno e substancioso comunicado da entidade, restabelecendo claramente a verdade dos fatos. Assinou-o o Dr. Antonio Rodrigues Ferreira, presidente da secção local da TFP.

 

1. Fruto da tática da TFP: o comunismo deixa cair a máscara da não-violência

O comunicado ressaltava que o comunismo brasileiro deixara cair inabilmente a máscara de organização pacífica e amante das liberdades públicas, que usara com espantoso desembaraço durante a Abertura, com o fito de obter sua reintegração na legalidade.

Ficava patente que, como nos tempos de Lênin - no longínquo ano de 1917 - também no Brasil, em 1986, a violência faz parte da essência do pensamento e dos métodos comunistas.

Para silenciar a todo custo a TFP, o comunismo resolvera pagar, assustado, um alto preço político-propagandístico: e deixara cair ao chão a preciosa máscara que por tantos anos, e com tantas vantagens táticas, touxera bem afivelada ao rosto.

Aviso aos eclesiásticos, aos políticos, aos militares, aos jornalistas, aos escritores que queiram ver a verdade inteira.

 

2. A população de Belo Horizonte dá boa acolhida à TFP

Na terça-feira, dia 28 de outubro, os elementos da TFP se dispuseram discretamente nas mais importantes artérias de quinze bairros da grande cidade mineira. E atuaram também, detidamente, na cidade operária satélite de Contagem.

Inadvertidamente, os comunistas cometeram o erro de quase não atuar nesse dia. E por toda parte - notadamente em Contagem - o contato direto da TFP com a população se fez desanuviado, pacífico e cordial, como está notoriamente na indole do discreto e pacato povo mineiro. O que depõe expressivamente a favor da afirmação de que a baderna da Praça 7 de Setembro, do dia anterior, só era obra de punhadinhos de desordeiros comunistas. O que novo comunicado da secção mineira da TFP, igualmente assinado pelo Dr. Antonio Rodrigues Ferreira, comentou com denodada clareza em informe publicitário do "Estado de Minas" do dia 29.

 

3. Os comunistas temem a palavra da TFP

Esse cair de máscara do comunismo em Belo Horizonte tem um interesse de alta atualidade, não só porque deixa ver o alto teor da violência intrínseca à ideologia e aos métodos dos vermelhos, como ainda porque dá ocasião de medir quanto os comunistas temem o exercício da liberdade que a Lei reconhece à TFP.

As vozes esquerdistas se calaram sobre os episódios da Praça 7 de Setembro e da Avenida Afonso Pena na imprensa belo-horizontina, já a partir do dia 29 de outubro. O episódio lhes desagradava explicavelmente.

 

4. Também no interior de Minas e São Paulo, provocações comunistas

Mas o medo comunista continuou ao encalço das valorosas caravanas da TFP em cidades do interior a que se dirigiram, e empregou contra elas métodos análogos aos usados em Belo Horizonte (com as necessárias adaptações a meios urbanos menos vastos).

Assim, na cidade de Ipatinga, onde puderam descobrir a pista de uma das caravanas, os comunistas utilizaram provocações análogas. E o mesmo fizeram, no dia 30 de outubro, com uma caravana que atuava em Ribeirão Preto.

O objetivo dessas novas provocações parece transparente: obter que os propagandistas da TFP se impacientassem e passassem à agressão; ou então que se calassem.

Agressão eventualmente praticada por sócios ou cooperadores da TFP daria - pelo menos nos malévolos - fundamento para a suspeita de que também no dia 27, em Belo Horizonte, eles reagiram com força. O que facilitaria, por pouco que fosse, a máscara pacifista do comunismo.

Pelo contrário, se se abstivesse de agir, a TFP "entregaria os pontos". E libertaria o comunismo, e o tríplice reformismo (agrário, urbano e empresarial) - que o comunismo tanto bafeja - do guante da argumentação cerrada que caracteriza esta entidade.

 

IV. Brado de alerta da TFP ao Brasil

Desiludam-se os comunistas e seus "companheiros de viagem": a TFP não fará nem uma coisa nem outra. De momento, a TFP dirige um brado de apelo a todas as autoridades para que lhe defendam a liberdade, o que é condição indispensável para que se creia que no Brasil ainda é possível ser anticomunista.

E espera continuar a servir a Pátria e a civilização cristã, segundo os meios ordeiros e pacíficos de que ela não abrirá mão.

Em numerosas outras cidades, a campanha vai se desenvolvendo pacificamente, e sem provocações.

 

V. Prece a Nossa Senhora Aparecida

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, queira proteger a TFP para o bem da civilização cristã em nosso País.

São Paulo, 31 de outubro de 1986

Paulo Corrêa de Brito Filho

Diretor de Imprensa da TFP