Catolicismo, N.° 293, Maio
de 1975 (www.catolicismo.com.br)
TFP
DE LUTO PELA QUEDA DO CAMBODGE
POR OCASIÃO da queda de Phnom Pehn em poder dos
comunistas, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e
Propriedade distribuiu à imprensa o seguinte comunicado:
"O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do
Conselho Nacional da TFP, determinou que, no dia 17 de abril, fosse hasteado a
meio pau o estandarte da entidade em todas as suas sedes, em sinal de luto e
protesto pela queda do Cambodge sob a dominação comunista.
Esses sentimentos são partilhados pela quase
totalidade dos brasileiros.
Junto ao cadáver do Cambodge trucidado, a TFP faz
reflexões que justificam sua manifestação de dor.
De si, a subjugação de qualquer país por outro
constitui uma violação da moral, praticada em nível internacional, e própria,
portanto, a difundir o escândalo em todas as regiões e por todos os setores
da opinião pública.
No caso concreto, sobreleva notar a circunstância
particularmente calamitosa de que se trata de um país não comunista que passa
a ser escravizado pelo comunismo internacional, e sujeito assim a um regime
que é precisamente o contrário da civilização baseada no Evangelho.
Farrapos de papel
Essas considerações, que justificam de sobejo o luto e
a indignação da TFP, de nenhum modo se igualam em gravidade a uma outra, a qual
afeta o futuro do mundo inteiro. A queda do Cambodge e os dias trágicos que,
vizinho a este, está vivendo o glorioso povo vietnamita, provam à evidência o
que há de ilusório na filosofia de otimismo e pacifismo
"ecumênicos", nos quais se funda a distensão com os regimes comunistas.
Passou para a História a frase do Kaiser Guilherme II
— cuja autenticidade é, aliás, fortemente controvertida em nossos dias — de
que os tratados são meros farrapos de papel.
À vista do que sucedeu no Cambodge e do que corre
gravíssimos riscos de suceder no Vietnã do Sul, está provado que os tratados
com comunistas não passam, estes sim, de míseros "farrapos de
papel", lacerados e pisados tão logo a Moscou e a Pequim convenha.
Levando em conta que, a exemplo dos EUA, quase todas
as nações do Ocidente se vão deixando seduzir pelos mitos inspiradores da
"détente", o caso trágico do Cambodge deve
servir de argumento decisivo para se acabar de vez com aquela política.
Esperamos que a hecatombe do Cambodge abra os olhos de
muitos. Sem embargo, a psicologia da pessoa embaída pela "détente" é tal, que não temos a esperança de que a
terrível experiência aproveite aos líderes que a promovem no mundo inteiro.
Protesto
Assim, seja o hasteamento a meio pau do estandarte da
TFP o testemunho público de nossa indignação e nosso protesto pelo que a
"détente" tem acarretado no mundo inteiro.
Nosso protesto, igualmente, pela pertinácia em continuar fiel a ela — contra a
mais elementar evidência dos fatos — que os "irredutíveis" da "détente", em todos os países não comunistas,
continuarão a mostrar mesmo depois da catástrofe do Cambodge".