Da obra
“Meio século de epopéia anticomunista”, Editora Vera Cruz Ltda., São Paulo,
1980:
“Terminadas as convulsões estudantis em
todo o País [no segundo semestre de 1962], os universitários de “Catolicismo”
da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, proclamam, no Manifesto
Dez
afirmações anticomunistas, sua posição doutrinária face aos recentes
acontecimentos e às questões candentes que sacudiam o Brasil naqueles dias. Com
a distribuição desse manifesto na histórica Faculdade, a resistência ao
esquerdismo firmava cada vez mais a sua presença no meio estudantil” (cfr. op.
cit., pag. 113).
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Dez afirmações anticomunistas
Prezados
Colegas,
Terminadas as recentes convulsões universitárias, e
uma vez serenados os espíritos, as causas de tudo quanto houve ficam relegadas
para um segundo plano. Mas um ponto permanece certo e indiscutível a exigir uma
clara tomada de atitude de nossa parte: ficou mais evidenciada do que nunca a
influência exercida pelos comunistas em nosso meio estudantil.
Dentre as causas determinantes dessa grande
influência, destacamos a confusão reinante em torno da verdadeira atitude a ser
tomada pelos que ainda desejam lutar em favor da preservação de nossas mais
caras tradições cristãs. Julgamos, pois, que uma definição clara e precisa
dessa atitude é um dever imperioso, que concorrerá para esclarecer os espíritos
e para evitar que os incautos, inocentes-úteis, se deixem novamente guiar por
maus líderes.
Acaba de ser distribuída entre os alunos de nossa
tradicional Academia, pelo órgão oficial do Centro Acadêmico, um questionário a
respeito de alguns de nossos mais importantes problemas. Para evitar as
respostas monossilábicas sugeridas pelo questionário, que por sua própria
natureza não se prestam a esclarecer posições doutrinárias, os abaixo-assinados
resolveram responder aqui. Restringiremos ainda nossas respostas unicamente às questões
que apresentem interesse vital e doutrinário, pois consideramos que é
principalmente na esfera dos princípios que se encontrarão as soluções para os
problemas brasileiros, especialmente para o problema comunista.
1. Afirmamos que a Constituição não deve ser
reformável a todo momento pelo Poder Legislativo sob a ação de qualquer maré
montante ocasional, promovida pela demagogia; toda a ordem jurídica resulta
ameaçada num regime em que a letra constitucional está continuamente em risco
de modificações.
2. Afirmamo-nos contrários a toda e qualquer forma de
socialismo, doutrina anticristã, inconciliável com os ensinamentos pontifícios;
defendemos a iniciativa privada, reconhecendo que o Estado só deve intervir no
campo econômico em caráter subsidiário, segundo ensina a Mater et Magistra.
3. Afirmamos que os que concebem as relações entre os
corpos docente e discente de uma Universidade, à maneira de luta de classes e
com um ideal igualitário, fazem o jogo do comunismo em matéria de estrutura
universitária; somos, pois, contrários aos movimentos de reivindicações
estudantis quando baseados em tal modo de conceber o problema.
4. Afirmamos que a condição mais essencial de vigor de
uma Universidade reside na atração de elementos de escol para o seu corpo
docente; isso só pode ser obtido proporcionando aos professores o prestígio e a
segurança que não se conseguem senão com a cátedra vitalícia. Um professor
exposto a perder a qualquer momento a sua cátedra perde a independência que
constitui um dos mais nobres atributos do ensino universitário.
5. Afirmamo-nos intransigentemente contrários ao
comunismo, como sistema e como doutrina; e, portanto, contrários a todas as
suas formas, quer seja russo, chinês, iugoslavo ou cubano.
6. Afirmamos que na atual guerra fria entre o Ocidente
e o mundo comunista não é lícito a nosso País adotar uma terceira posição
neutralista; o Brasil deve participar ativamente da luta contra a ofensiva
socialista. Sempre presentes e atuantes no bloco ocidental, devemos, no
entanto, velar para que se preserve cabalmente nossa independência. Mais ainda:
a grandeza do Brasil já lhe permite influir na fixação dos destinos do mundo.
Queremos que essa influência se exerça no sentido de acentuar o cunho cristão
dos ideais com que o Ocidente deve lutar contra o Oriente.
7. Afirmamos que a controvérsia em torno da autodeterminação
dos povos é um dos exemplos mais típicos da confusão intencional que os
socialistas exploram. A tese, em si mesma obviamente verdadeira, tem sido,
entretanto, explorada em larga medida pelos comunistas. Em nome da autodeterminação
se combatem as sanções contra Cuba. Em nome da mesma autodeterminação se
procurou entregar ao comunista Lumumba a nação
congolesa. Por que, em nome da autodeterminação, não se permite a Katanga permanecer independente? Por que, e nome da autodeterminação,
não se fazem campanhas e abaixo-assinados conta a presença de tropas russas em
Cuba ou em Berlim? Por que os demagogos não gritam contra a escravização da
Polônia, da Hungria, da Coréia do Norte e de todos os demais povos subjugados
pelo comunismo? Que princípio é esse, de dois pesos e duas medidas?
8. Afirmamo-nos contrários ao divórcio, e defendemos
com todo o ardor a indissolubilidade do vínculo matrimonial; lamentamos que a
legislação e jurisprudência brasileiras venham concedendo ao concubinato,
gradualmente, categoria de estatuto jurídico, o que equivale
a instituir no Brasil o princípio comunista do amor livre.
9. Afirmamos que a pena de morte, embora legítima em
si, seria inconveniente no Brasil de hoje, em que tantas paixões estão acesas e
a iriam utilizar a serviço de interesses pessoais e não em favor da civilização
cristã.
10. Afirmamo-nos contrários às sucessivas restrições
que vem sofrendo o direito de propriedade; solidarizamo-nos com o Arcebispo de
Diamantina, o Bispo de Campos, o Professor Plinio Corrêa de Oliveira e o
economista Luiz Mendonça de Freitas, pelas posições anti-socialistas do livro Reforma Agrária - Questão de Consciência;
entendemos que qualquer desapropriação de bens privados, por mais legítima que
seja, não poderá ser feita senão com o pagamento do preço justo, previamente e
em dinheiro.
Sustentamos que qualquer campanha anticomunista só
pode ser considerada séria e dinâmica quando envolva a preservação dos
princípios aqui afirmados, em que se baseiam os três grandes valores contra os
quais Moscou mobiliza hoje as coortes dóceis e míopes dos inocentes-úteis:
Tradição, Família e Propriedade.
Anelo Ney Mendes Corrêa - 1º ano
Orlando
Fedeli - 1º ano
João Scognamiglio Clá Dias - 3º ano
Edson
Neves da Silva - 3º ano
Manomi
Souza Pinto - 3º ano
Frederico
José Straube - 4º ano
Octávio
Gonçalves Moreira Jr. - 1º ano
José Luiz
F. Guimarães Ablas - 3º ano
José Lúcio
de Araújo Corrêa - 3º ano
Camillo
Durval Gonçalves Berti - 1º
ano
Sérgio Ewbank Carneiro - 1º ano
Fernando
Furquim de Almeida Fº - 5º ano
Gregório
Vivanco Lopes - 2º ano
Hagop
Seraidarian - 5º ano
Bertrand
de Orleans e Bragança - 3º ano
Geraldo Cury - 2º ano
Nelson
Loureiro - 4º ano
Antônio
José Mirra - 3º ano
Paulo
Vieira da Rocha - 2º ano
Paulo
Francisco Martos - 2º ano
Joanito
Romera - 4º ano
Antônio C. Machado
Teixeira - 3º ano