Plinio Corrêa de Oliveira
São Gabriel da Virgem Dolorosa
Legionário, 21 de fevereiro de 1943, N. 550, pag. 2 |
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(1838-1862) Entre as vidas de santos, assaz edificantes, que à imitação nos apresenta a Igreja, sobressai a de um jovem beatificado em 1908 pelo imortal Pio X e canonizado em 1920 por Bento XV; ele serve de Patrono à Mocidade do Brasil: é o angélico São Gabriel da Virgem Dolorosa, cuja existência exemplar empolga a quantos tiverem a ventura de compulsar atentamente sua biografia. Para os moços há mister um luminoso espelho onde se mirem enquanto vivem neste mundo corrupto e corruptor, e em que vejam a imagem de alguém a lhes apontar o caminho certo da visão beatífica. É singular sua existência, pois antes de se fazer religioso, esteve no mundo se fazia estimar pela fineza do trato, rosto amável, maneiras distintas, espírito ardente. Dois defeitos o distinguiam: era impetuoso de gênio e inclinado à vaidade. Apesar de tantas diversões mundanas, o nosso herói não se descurou dos deveres de piedade; recebia frequentemente a Eucaristia e nunca incorreu em falta que lhe maculasse a candura da alma. Seu amor acendrado à pureza se salientou quando, de foice em punhos, pôs em fuga o atrevido sedutor e corrupto jovem que almejava atirá-lo ao abismo do pecado. Chamava-se no século Francisco, e pertencia a distinta família. Seu berço foi Assis, a mesma cidade do seráfico São Francisco. Revelou-se sempre bom aluno, quer dos Irmãos das Escolas Cristãs quer dos Revmos. Padres Jesuítas. Porém, o que mais impressiona em São Gabriel foi seu grande amor à Santíssima Virgem, o que constituiu sua principal característica. A prova disso a temos nos obséquios que a Ela fazia, repetidamente. Bastas vezes, por atos, provou seu ardente amor à Maria. A Ela consagrou-lhe toda a vida. Ante as dificuldades dizia: “Não poderás vencer-te, Gabriel, por amor de Maria?” e suplantava os empecilhos. Tinha, de frequente, nos lábios a prece: “Ó Maria, minha boa Mãe, ajudai-me!” Recomendava todas as suas obras a Nossa Senhora, confiando o êxito delas à sua maternal bondade e proteção: “Suscipe, dizia-Lhe, suscipe, Domina mea, istam in manu tua”. Falava eloquentemente de nossa Mãe do Céu e conquistava para Ela muitos corações. Como recompensa desta devoção a Virgo potens raptou o coração de nosso herói, desatou os laços que o prendiam ao mundo, e chamou-o amorosamente, reiteradas vezes à vida religiosa. Recordemos comovente cena. Na oitava da Assunção, em Spoleto, conduziram os fiéis, em procissão querida imagem de Maria. Esta, ao passar junto de nosso santo, ajoelhado, a contemplá-la sem desviar os olhos, miraculosamente, lança também sobre ele seu olhar penetrando-lhe a alma com suave e poderosa voz: “Que fazes, ó Francisco? O mundo não te convém; vai, espera-te a vida religiosa”. Com isto se resolveu de se consagrar definitivamente a Deus entrando o futuro São Gabriel da Virgem Dolorosa na congregação dos Passionistas, onde se mostrou modelo acabado de religioso observante das regras. Dada sua pureza angélica, foi chamado por Leão XIII de “nosso São Luís Gonzaga”. De São Gabriel devem os jovens brasileiros aprender e amar a Mater Dolorosa, a serem puros e santos, mesmo na vida no mundo. Louvemos, pois, a este heroico santo, celebremos suas principais virtudes, amemos a Mãe de Jesus. Louvemos a este santo, mas imitando-o: “Laudatio sanctorum imitativo eorum” (louvemos os Santos imitando-os). Invoquemo-lo sempre a fim de que nos ajude a sermos fiéis Congregados Marianos fiéis a Jesus e a Maria, afastando-nos do pecado, da corrupção, da impureza para um dia sermos seus felizes companheiros na bem-aventurança, onde louvaremos mais e mais a querida Virgem das virgens, a Mãe Castíssima e Rainha da pureza! |