Um telegrama procedente de Nova York, que
nossa imprensa diária divulgou, transmitiu um judicioso comentário de um jornal
daquela grande cidade americana, acerca dos métodos de administração empregados
por certas autoridades secundárias de ocupação nas regiões conquistadas pelas
tropas aliadas, na África do Norte. Mostrou o sagaz articulista que, se bem que
o estado de guerra justifique, e até imponha restrições à liberdade individual,
os processos de administração empregados pelos aliados não devem, sob pretexto
algum, adotar a mentalidade nazista.
A observação é das mais importantes, e
certamente merece alguns comentários. Com efeito, não vale a pena, pelo amor ao
combate, perder as razões de combater, e a preservação dos ideais com que
entramos na luta deve ser para nós uma preocupação sagrada.
Em entrevista recentemente concedida à
imprensa o Sr. interventor Fernando Costa declarou que o Brasil entrou em
guerra para a defesa da civilização cristã. Vinda de autoridade tão altamente
graduada, estas palavras merecem ser registradas com cuidado pela opinião
católica, porque tem um alcance definitivo. Elas consagram como meritório
esforço de guerra tudo quanto se faça no sentido de conservar claros, vivazes
os princípios em defesa dos quais agora se mobiliza o Brasil.
Por isto, o “Legionário” não pode deixar
de proporcionar aos seus leitores o estudo de alguns princípios doutrinários
referentes à Civilização Cristã.
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Seria supérfluo entrar aqui na
analise das muitas definições de civilização, apresentada pelas várias
correntes filosóficas. Em todas elas encontramos um resíduo comum, que serve
para o desenvolvimento do conceito de civilização todas as manifestações do
espírito humano. Os fenômenos de caráter econômico, político, social e
artístico só podem ser considerados como expressivos de uma civilização na
medida com que refletem uma tendência, uma atitude ou uma definição do espírito
humano.
Por isto, uma civilização cristã é
aquela que brota dos espíritos profundamente impregnados da doutrina de Nosso
Senhor Jesus Cristo. E, como esta doutrina é, antes de tudo e essencialmente
uma civilização, é impossível existir uma civilização cristã na qual os homens
não professem a religião de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Entretanto, a Religião de Nosso
Senhor Jesus Cristo não pode ser toda e qualquer religião que se diga ou
pretenda cristã. Se de fato Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu uma só Igreja
verdadeira, só será plenamente cristão o povo que a ela pertencer. Católicos,
em tudo dóceis à Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana, consideramos
heréticas e dignas de anátema as igrejas dissidentes, que ela fulminou com sua
condenação.
Isto nos leva a uma conclusão de
capital importância: o Brasil só será real e genuinamente cristão sendo
católico, apostólico, romano. E, portanto, nossa civilização, só continuará
cristã se o Brasil continuar dentro do aprisco da Santa Igreja Romana.
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Ser católico consiste em crer e
praticar a [doutrina da] Santa Madre Igreja Católica, Apostólica Romana. E a
Igreja não manda crer apenas os artigos do Credo, ela impõe que aceitemos na
íntegra toda a sua doutrina, incluindo as conseqüências de caráter político,
econômico e social que tal doutrina envolve; o que implica em afirmar que a
condição essencial para que qualquer país tenha a civilização cristã consiste
em que ele receba a doutrina da Igreja em sua plenitude.