ÁFRICA DO SUL

 

Para que o “caminho das Índias” não se transforme numa rota de servidão

 

 

QUANDO, EM 1980, se constituiu na África do Sul um Bureau para representação das TFPs, o País – aliás em acentuado desenvolvimento sob muitos pontos de vista – já atraía a atenção por diversos aspectos especialmente próprios a interessar qualquer observador.

O território sul-africano é habitado por uma população heterogênea, de supreendente diversidade sócio-cultural, in­clusive nos grupos racialmente afins. Os brancos – cerca de 20% – se compõem de dois blocos principais: o majoritá­rio, constituído pelos descendentes dos colonizadores holan­deses e franceses (conhecidos como "africânderes", possuin­do um idioma próprio, o africâner), e o de ascendência in­glesa. Entre os negros (65% da população) há dez grupos ou povos muito diferenciados étnica, cultural e lingüistica­mente, dos quais os zulus são os mais numerosos. Os mesti­ços (10% da população) se subdividem em dois conjuntos, segundo a preponderância de sangue negro ou malaio, e são conhecidos como coloureds. Culturalmente são afins com os africânderes. Os hindus – cerca de um milhão, 3% da população – são a principal minoria asiática, havendo tam­bém amarelos, sobretudo chineses.

O sistema de governo da África do Sul é presidencialis­ta, com três Parlamentos: um de brancos, outro de hindus, e um terceiro de mestiços, cada qual com autonomia para seu grupo racial, e voz para os problemas nacionais. As po­pulações negras estão divididas em dez Homelands (*), pro­víncias semi-autônomas, segundo as homogeneidades raciais e as autoridades tribais tradicionais. Quatro dentre elas (Ven­da, Bophuthatswana, Transkei e Ciskei) gozam de direitos de Estados independentes perante a África do Sul. Os ne­gros que vivem em áreas-brancas não têm direito de voto a nível nacional, mas apenas no âmbito municipal, em suas black townships (**).

(*) Homeland significa "terra natal", "lugar de origem".

(**) Municipalidades negras.

 

Também merece atenção a situação religiosa e moral do País. Embora nenhuma igreja protestante esteja unida ao Estado, a ala protestante majoritária, calvinista – a "Dutch Reformed Church" – tem grande influência. O di­vórcio existe desde os tempos da colônia, mas o aborto e a prostituição são proibidos por lei. Nos últimos anos, a onda permissivista que avassala o Ocidente não tem deixado de afetar a África do Sul.

Os católicos são 2,3 milhões (6,9%) da população. Não poucos eclesiásticos tomam atitudes que favorecem e impul­sionam as esquerdas no País. É de se destacar, nesse senti­do, o jornal "New Nation", pertencente à Conferência Epis­copal, contra cuja orientação a TFP sul-africana realizou no ano de 1987 uma de suas mais memoráveis campanhas.

O apartheid (***) existente na África do Sul tornou-se mundialmente famoso pela ação publicitária que contra ele faz a mídia internacional. Essa ação publicitária focali­za problemas de fato existentes, mas exagera-os sob vários pontos de vista. Tal exagero é fácil de se compreender por proceder de órgãos que geralmente passam sob silêncio o cerceamento das liberdades individuais existente nos países de além cortina de ferro. Precisamente neles, segundo afir­ma célebre documento da Sagrada Congregação para a Dou­trina da Fé, "mantém-se nações inteiras em condições de es­cravidão indignas do homem", acrescentando que "não se pode desconhecer esta vergonha de nosso tempo" (1).

(***) Apartheid, pala­vra do idioma africâner que significa "separa­ção", e que corresponde a um conjunto de leis em vigor na África do Sul, as quais estabelecem a se­paração das diversas ra­ças quanto às áreas de ha­bitação, educação, saúde, direitos políticos etc.

(1) Instrução sobre alguns as­pectos da "Teologia da Li­bertação", 6-8-84, XI, 10 – Coleção Documentos Pon­tifícios, Vozes, Petrópolis, 1984, 2a. ed., vol. 203, p. 39.

 

Ora, ignorar tal situação é precisamente o que certa mí­dia faz, enquanto soa todos os alarmes contra o apartheid sul-africano, urgindo demagogicamente soluções radicais muitas vezes desejáveis, porém nem sempre viáveis.

Tal unilateralidade faz pressentir, sem dúvida, a influên­cia russa sem a qual ficam inexplicados alguns desmandos propagandísticos da mídia ocidental.

Ademais, não faltam motivos para supor que a Rússia soviética deseje estender a essa região sua influência.

Com efeito, é impossível deixar de pensar que, se a Áfri­ca do Sul perder o controle do legendário Cabo da Boa Es­perança, quem passar a dominá-lo controlará também a ro­ta do petróleo que vem do Golfo Pérsico para o Ocidente. Mais ainda. O País, incluindo o território da Namíbia, con­ta com importante reserva de minerais – mais da metade da reserva mundial de ouro – além de várias matérias-pri­mas essenciais para a economia ocidental (e avançada indús­tria bélica), as quais só existem ali e na Rússia. A África do Sul e a Rússia, somadas, possuem cerca de 90% das reservas mundiais de platina, cromo, manganês e vanádio (cfr. "The World Almanac", 1987, p. 139).

Passando para sua esfera o atual território da África do Sul, a Rússia soviética, já dona de fabulosas jazidas de ouro e diamantes, teria em mãos incomparável instrumento de chantagem econômica contra o Ocidente.

Diante deste quadro complexo e delicado, os Young South Africans for a Christian Civilization se constituiram e começaram a agir.

 

 

 

1980

 

Informando sobre as TFPs

Desde 1980, o público sul-africano começara a conhecer os ideais da TFP através do trabalho inteligente e dedicado de um brasileiro residente no País.

Um Bureau para representação das TFPs foi instalado no centro da cidade de Johannesburg, onde eram oferecidas aos interessados as publicações das diversas entidades, especialmente a edição em inglês do livro de Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, sendo também distribuídos comunicados à imprensa. O escritório era visitado por pessoas e grupos interessados nas atividades das TFPs, ocasião em que se projetava um audiovisual sobre o tema.

No eixo Johannesburg-Pretória, região mais densamente povoada e coração econômico do País, as visitas a colégios, universidades, paróquias, associações cívicas e mesmo casas de família, por membros do Bureau ensejavam exposições sobre as TFPs e eram ocasião para a projeção do referido audiovisual.

Assim se ia constituindo um grupo de rapazes especialmente interessados nos ideais das TFPs, que se reuniam semanalmente na sede do Bureau. Alguns dentre eles viriam a formar mais tarde a Young South Africans for a Christian Civilization.

O Bureau começou a editar o boletim "TFP Newsletter", e a divulgá-lo no círculo crescente de seus amigos e simpatizantes. Contém ele notícias das diversas TFPs, comentários de atualidade, reproduzindo também artigos de Plinio Corrêa de Oliveira, muito apreciados pelos leitores.

 

Uma Mensagem marial com conotações anticomunistas

MARÇO — Em 1981 o Bureau promove uma edição em inglês e outra em português, do opúsculo de autoria de A. A. Borelli Macha­do sobre as aparições de Nossa Senhora em Fátima, que se revestem, como se sabe, de co­notações anticomunistas. As edições totalizam 10 mil exemplares.

Na saída das Missas de domingo em igre­jas de Johannesburg e Pretória, o opúsculo é vendido, contando freqüentemente com o apoio dos vigários, que, de seus púlpitos, in­centivam os fiéis a adquirir a publicação.

A colônia portuguesa — cujo contingen­te aumentava consideravelmente com a chega­da de refugiados procedentes de Angola e Mo­çambique — reserva à iniciativa simpática acolhida.

No decurso dos anos 1981-1982 são pro­feridas por representantes do Bureau pales­tras para as comunidades portuguesas das pa­róquias de Belgravia, Malvern, Crown Mines e La Rochelle.

Repetidas vezes, artigos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira são estampados no sema­nário em língua portuguesa "O Século", de Johannesburg.

 

JUNHO — Os comentários do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre a situação polonesa são reproduzidos pela "TFP Newsletter" (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacio­nal n° 11).

 

Sobre a exportação da guerrilha nicaragüense

SETEMBRO — A "TFP Newsletter" publi­ca denso resumo do estudo da TFP brasilei­ra sobre a Noite sandinista (cfr. Parte 1, cap. IV do presente livro).

 

O anticomunismo autêntico é antifascista

DEZEMBRO — Interessante estudo da TFP uruguaia é difundido pela "TFP Newsletter". Contém ele interessantes citações que provam a semelhança de pensamento entre ambas as correntes em matéria de estado, família, eco­nomia, etc. A revista "Standart", editada pe­la associação Aliança dos Estudantes Modera­dos da Universidade de Wits de Johannes­burg, publica o estudo em separata.

 

 

1982

 

Em 1982, o Bureau para a representa­ção das TFPs faz publicar na África do Sul a Mensagem contra o socialismo autogestioná­rio de François Mitterrand (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional n° 12).

Por ocasião da guerra das Malvinas, o boletim (n° 12) publica o pronunciamento de Plinio Corrêa de Oliveira, sob o título Brasil, Argentina e Grã-Bretanha em face de um inimigo comum: o Poder soviético, alertando contra o perigo de uma "vietnamização" daquele conflito pela possível entrada da Rússia em cena (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 13).

 

 

1983

 

Ampliando contactos

13ABRIL/MAIO – Para atender a insistentes pedidos de pessoas desejosas de somar esforços contra o perigo comunista, membros do Bureau realizam uma tournée por 19 cidades, onde proferem palestras sobre o socialismo autogestionário, guerra psicológica revolucionária e a Mensagem de Fátima. Em um mês são visitadas Bloemfontein, De Aar, Worcester, Cidade do Cabo, Stellenbosch, Swellendan, George, Uniondale, Port Elisabeth, Grahamstown, King Williamstown, East London, Komga, Umtata, Port Shepstone e Durban.

Pouco depois retornam a Bloemfontein, capital do Estado livre de Orange e sede do Poder Judiciário, pronunciando conferência sobre Guerra psicológica e comunismo para alunos da Orange Free State University. Na mesma ocasião, proferem palestra para a comunidade portuguesa local.

 

Por detrás do atentado, a garra de Moscou

MAIO – Um carro-bomba terrorista explode em movimentada rua de Pretória, matando 19 transeuntes e ferindo 239. O Bureau para a representação das TFPs protesta, em comunicado publicado no quotidiano "The Citizen" e no semanário "O Século", ambos de Johannesburg (2).

(2) Cfr. "O Século", Johannesburg, 2-9-83.

 

Em setembro de 1983, o Bureau para a representação das TFPs difunde o protesto de suas coirmãs pela derrubada, por caças russos, de avião de passageiros sul-coreano (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 15).

 

A TFP e a juventude negra

OUTUBRO – No salão paroquial da igreja St. Michel localizada no bairro negro de Soweto, ao sul de Johannesburg, projeta-se para centenas de jovens filme sobre as aparições de Fátima. No ano seguinte a mesma exibição é feita no colégio católico Holy Cross, no mesmo bairro.

 

 

1984

 

Crescente atividade em prol da civilização cristã

MARÇO – Funda-se em Johannesburg a associação Young South Africans for a Christian Civilization (Jovens sul-africanos por uma civilização cristã).

Em sua sede social começam a organizar-se ciclos periódicos de conferências para estudantes universitários de todas as condições sociais e para  numerosas famílias amigas. As exposições versavam os temas "Teologia da Libertação", revolução da Nicarágua e a obra Revolução e Contra-Revolução. Video-cassetes com conferências do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, dubladas em inglês, foram algumas vezes apresentados.

Assim se constituiu ativo núcleo de correspondentes da associação, que passaram a participar, a partir de junho desse ano, de Encontros de Correspondentes e Simpatizantes da TFP brasileira, em São Paulo.

Por outro lado, os Young South Africans for a Christian Civilization prestam auxílio à Sociedade São Judas Tadeu, da Cidade do Cabo, na promoção do filme-documentário Fátima, Rainha da Paz, em paróquias e auditórios públicos.

Freqüentemente, membros da entidade são convidados a proferir conferências sobre a Mensagem de Fátima para grupos de jovens de paróquias lusas, bem como no Catholic Luncheon Club, de Pretória, que reúne homens de negócio católicos do País.

A entidade continua promovendo em sua sede reuniões para jovens negros do Soweto. Em outubro desse ano, uma excursão recreativa para eles organizada em Rustenburg termina com palestra do Pe. P. Foster, C.S.S.R., que tem honrado a TFP com sua amizade.

 

JUNHO/DEZEMBRO – Começa na África do Sul e na Namíbia a difusão do opúsculo da TFP norte-americana Toda a verdade sobre a Swapo – idealistas cristãos e heróis da liberdade e da justiça? Ou instrumentos da agressão comunista internacional? (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 16).

 

Ciclo de conferências do "Bureau"

AGOSTO – Representantes do Bureau expõem o tema A luta anticomunista das TFPs para a Ação Maronita da Paróquia de Nossa Senhora do Líbano em Johannesburg. Dois meses depois, o mesmo assunto é desenvolvido para a Liga das Donas de Casa de Kempton Park, nessa mesma cidade.

 

 

1985

 

Ecos do estrondo publicitário da Venezuela

JANEIRO – O jornal dominical católico "The Southern Cross" publica (3), em primeira página, notícia caluniosa referente à "Asociación Resistencia", coirmã venezuelana das TFPs. Os Young South Africans for a Christian Civilization enviam desmentido, que é publicado no mesmo jornal (4) juntamente com quatro cartas de apoio à entidade e de protesto contra a absurda notícia. Também dois boletins paroquiais se solidarizam com a TFP, e lamentam o fato de um jornal católico ter veiculado informação sem verificar previamente a autenticidade dos fatos narrados.

(3) Em 13-1-85.

(4) Em 20-1-85. Quatro cartas de apoio à TFP foram publicadas no mesmo jornal, em 3-2-85.

 

Sobre as TFPs

MARÇO – Representante do Bureau pronuncia conferência para a Liga das Senhoras Católicas, em Marivale, Johannesburg, sobre as mais recentes atividades das TFPs.

 

MAIO – "O Século" e o semanário católico "The Southern Cross" publicam (5) o telex das TFPs em apoio à atitude de João Paulo II, que rezou através da Rádio Vaticana um Rosário em protesto contra o filme blasfemo Je vous salue, Marie (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 17).

(5) Cfr. "O Século", Johannesburg, 13-5-83; "The Southern Cross", 26-5-85.

 

O terrorismo em toda a sua crueldade

JULHO – O Sr. e a Sra. J. Leontsinis, da organização Victims against Terrorism, apresentam, na sede do Bureau, dois impressionantes documentários sobre linchamentos de negros não-revolucionários pelas gangs de "camaradas".

 

Congresso de estudantes anticomunistas

JULHO – A Federação Nacional dos Estudantes da África do Sul promove em Johannesburg o Congresso Jovens pela Liberdade, reunindo delegados de 35 países, representando 45 organizações juvenis. Entre os delegados estão o sr. Francisco del Campo, da Ação Universitária da TFP chilena, e um representante do Bureau local da TFP. Na ocasião, delegações dos Estados Unidos, Argentina, México, Equador e Peru visitam aquele escritório, como também o sr. Habidullah Mayat, porta-voz nos Estados Unidos da resistência afegã, que concede entrevista à "TFP Newsletter", publicada sob o título Afeganistão: antes morto que vermelho.

 

Crescente interesse dos negros

AGOSTO/OUTUBRO – Por duas vezes, os Young South Africans for a Christian Civilization convidam líderes negros anticomunistas a pronunciarem conferências para seus amigos e simpatizantes. Por outro lado, o audiovisual sobre a TFP é projetado para quinze prefeitos de diversas cidades negras, em Johannesburg.

Em outubro, a convite do catedrático de Ciências Políticas da Universidade do Norte, no distrito negro de QwaQwa, dois cooperadores da entidade proferem conferência para universitários negros sobre a guerra psicológica revolucionária.

 

Líderes conservadores europeus e norteamericanos em Johannesburg

JULHO/DEZEMBRO – Encabeçando delegação de líderes anticomunistas norte-americanos, o sr. Howard Philips, presidente do Comité Conservador dos Estados Unidos, visita a África do Sul, pronunciando interessante conferência no Bureau para representação das TFPs. Entre os presentes se encontram dirigentes de movimentos anticomunistas sul-africanos como o sr. Jan Roodbol, do SACDL, sr. Edward Cain, de Sign Posts, sr. Gunnar Wielbalck, de UCA, sr. e sra. Leontsinis, de Vítimas do Terrorismo.

O sr. William Keyes, Presidente do Black Political Action Committee e ex-assessor do Presidente Reagan, visita por sua vez o Bureau com uma delegação de líderes negros norte-americanos, entre os quais está o sr. J. A. Parker, Presidente do Instituto Lincoln para Investigação e Educação, de Washington.

O sr. David Balsinger, Presidente do Ban Coalition, o faz por sua vez em setembro, acompanhado de diversos líderes religiosos da Maioria Moral. Além das exposições de Young South Africans for a Christian Civilization e de membros do Bureau, faz uso da palavra o Presidente do Pro Vida sul-africano, sr. Claude Newbury.

Durante a visita do sr. Keyes, o Bureau é honrado com a presença do Príncipe Ernst Von Isenburg, que lidera a Deutsch-Sudafrikanische Gesellschaft, na Alemanha.

 

Indecente blasfêmia

DEZEMBRO – Tendo sabido da venda no País de cartões de Natal blasfemos e imorais, os Young South Africans for a Christian Civilization apresentam queixa às autoridades competentes, que prometem providências. O protesto da TFP é publicado no "The Southern Cross" (6).

(6) Em 8-12-85.

 

1986

 

Técnicas de ação conservadora

FEVEREIRO – O sr. Morton Blackwell, ex-assessor do Presidente Reagan e um dos líderes da "Nova Direita" americana, profere instrutiva conferência sobre as técnicas de ação de seu movimento.

 

Morto ou vermelho, dilema de nosso tempo

FEVEREIRO – Estando esgotadas as precedentes edições do opúsculo sobre a mensagem de Nossa Senhora em Fátima, de autoria do Eng. A. A. Borelli Machado, é lançada pelo Bureau nova edição em inglês (5 mil exemplares), desta vez com ilustrações em cores e incluindo o artigo Morto ou vermelho? O grande dilema de nosso tempo na perspectiva de Fátima, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

 

Campanha contra as sanções econômicas à Africa do Sul

ABRIL – A Conferência dos Bispos marcara para 1º de maio de 1986 reunião extraordinária, a fim de assumir posição favorável ou contrária a um pedido da comunidade internacional, de sanções econômicas contra a África do Sul. Quinze dias antes da reunião, circulavam pelas paróquias dois textos claramente favoráveis às ditas sanções. Estas incluiriam a proibição da importação de produtos sul-africanos, por parte de vários países europeus e sul-americanos;  a proibição de exportar produtos para a África do Sul, bem como o "desinvestimento", isto é, a retirada para os países de origem dos capitais aplicados naquele País da África austral.

Os Young South Africans for a Christian Civilization promovem então abaixo-assinado, no qual pediam aos srs. Bispos que "se opusessem ao desinvestimento e às sanções econômicas contra a África do Sul", considerando que suas conseqüências prejudicariam "a população negra mais que a quaisquer outros", enquanto faria com que a "subversão comunista colhesse grande proveito".

Anúncios são colocados nos jornais "The Citizen" (7) e "The Star" (8), de Johannesburg, sob o título Apelo aos católicos: digam NãO ao desinvestimento, com um cupom de adesão ao abaixo-assinado. Os militantes da entidade iniciam campanha pública de coleta de assinaturas com suas características capas e estandartes. A iniciativa recebe apoio de alguns padres, que autorizam que as assinaturas sejam coletadas na entrada das Missas dominicais.

(7) Em 18-4-86.

(8) Em 21-4-86.

 

A campanha obtém 11.356 adesões, dentre as quais se destaca a de D. J. Rosner, Bispo Emérito de Queenstown, bem como de uma dezena de Sacerdotes e diversas freiras. O Delegado Apostólico, representante de João Paulo II no País, foi sendo posto ao corrente dos resultados da campanha.

Dezenas de jornais e rádios (9) comentam o abaixo-assinado, e a TV SABC leva ao ar entrevista com representante da associação, em programa de debate sobre o desinvestimento.

(9) Cfr. "The Citizen", 9-4, 30-4 e 3-5; "Star", 24-4 e 29-4; "Sunday Times", Joannesburg, 4-5; "Pretoria News", 23-4 e 26-4 "Beeld" (Afrik), Joannesburg, 3-5 e 13-5; "Die Afrikaner", 4-6-86; The Natal Mercury", Durban, 23-7; "Diamond Fields Advertiser", Kimberley, 23-4; "Alberton Record", Alberton, abril de 1986:"Panorama" (revista sul-africana em lingua portuguesa), maio de 1987; "Realità Sudafricana" (idem, em italiano), fevereiro de 1987. Exterior: "National Catholic Report", USA, 9-5-86; "Secolo d'Italia", 16-11-86.

 

Tentativa sem êxito do grupo "Justiça e Paz"

MAIO – Uma tentativa de frustrar a campanha dos Young South Africans for a Christian Civilization fica evidente na carta do grupo Justiça e Paz, da catedral de Johannesburg, publicada no "The Star" (10), acusando a entidade de "nem uma vez ter mostrado apoio às aspirações dos negros". Em resposta, a agremiação assevera que "se por legítimas `aspirações dos negros' se entende `justiça social', é por elas que estamos lutando. A luta da TFP é pela justiça social, considerando que o comunismo seria a pior espécie de injustiça social para a África do Sul, como o é para a Rússia e seus satélites" (11).

(10) Em 24-4-86.

(11) "The Star", 6-5-86.

 

Em certos meios católicos, muitas vozes se erguem, fazendo eco ao brado dos Young South Africans for a Christian Civilization no sentido de externar aos Srs. Bispos os perigos dessas sanções. Dentre estas vozes, cumpre registrar a do Clero da Arquidiocese de Durban e de vários conselhos paroquiais por todo o País. O jornal "New Nation" (9-5-86) descreve esta reação como desencadeada por "grupos direitistas católicos brancos liderados por Tradição, Família e Propriedade (TFP)", que "tentaram influenciar os Bispos para não apoiar o desinvestimento". O mesmo comentário aparece no conhecido semanário progressista católico norte-americano "National Catholic Reporter" (9-5-86).

A negação mais categórica da versão segundo a qual a causa do desinvestimento tinha a simpatia da população negra autêntica é patenteada na manifestação que reúne 130 mil zulus no King's Stadium, de Durban, a 1º de maio, por ocasião do lançamento da união sindical pró-livre empresa United Workers Union of South Africa. No ato, o principal orador é o chefe zulu Príncipe M. Buthelezi, que ao pedir que o público presente pronunciasse "Sim" ou "Não" ao desinvestimento, faz o estádio estremecer pela vibração de um rotundo "Não"! Um dos Young South Africans for a Christian Civilization faz, então, uso da palavra discorrendo sobre a entidade a que pertence e a campanha contra o desinvestimento.

Outros militantes da associação, instalados com capas e estandartes na entrada do King's Stadium, coletam 2.300 assinaturas de zulus para o abaixo-assinado. Durante o dia, jovens zulus da organização INKHATA, anti-socialista, antidesinvestimento e contra a violência revolucionária, ajudam na coleta de assinaturas. Um desses jovens brada na língua zulu: "Assinem aqui. É contra o Bispo Tutu (*). O Bispo Tutu quer o desinvestimento. Nós somos contra".

(*) Bispo anglicano de notória tendência revolucionária.

 

Os Srs. Bispos, contudo, não quiseram ouvir este apelo. Sua Carta Pastoral, assinada em Marianhill, pede "pressões econômicas" contra a África do Sul...

 

Carta pessoal de Reagan

SETEMBRO – O Presidente Ronald Reagan veta uma lei de sanções à África do Sul, aprovada pelo Congresso norte-americano (*).

(*) Este veto presidencial foi posteriormente tornado sem efeito pelo Congresso Americano.

 

Os Young South Africans for a Christian Civilization enviam então telex de congratulações ao Presidente dos Estados Unidos, relembrando a campanha da entidade. A Casa Branca responde por carta assinada pessoalmente pelo Presidente, onde agradece o apoio e desenvolve seu pensamento a respeito da situação sul-africana.

 

Em inglês, africâner e três línguas nativas

JULHO – Entre as aldeias de refugiados negros, procedentes de Moçambique e de Angola, os Young South Africans for a Christian Civilization distribuem milhares de estampas de Nossa Senhora de Fátima, em cujo verso se lê uma oração em português suplicando à Santíssima Virgem que obtenha a vitória da civilização cristã sobre o comunismo. Dois anos mais tarde a mesma oração seria difundida em africâner e em três línguas nativas.

 

 

1987

 

"Teologia da Libertação": os "Young South Africans for a Christian Civilization" em polêmica com o jornal eclesiástico "New Nation"

MARÇO – "Karl Marx é um símbolo da essência escondida do Cristianismo, o que traz como conseqüência que os cristãos se devem unir aos marxistas na tarefa de humanização" (cfr. Liberation: the basic theme of the Gospel, "New Nation", 14-5-87, p. 6).

Esta frase resume em poucas palavras a idéia-força que vem movendo o jornal "New Nation" (NN), publicado sob os auspícios da Conferência dos Bispos Sul-Africanos, e que fora fundado com abundante dinheiro fornecido pela entidade caritativa alemã Misereor para supostamente exprimir "a atitude e os sentimentos da comunidade negra".

Considerando o enorme potencial revolucionário do NN, os Young South Africans for a Christian Civilization sentem a necessidade de expor esta problemática documentadamente a João Paulo II, bem como à opinião pública. É então elaborado o opúsculo O "New Nation" e a Teologia da Libertação – O triste itinerário de um leitor do jornal publicado por Bispos católicos: mal-estar, perplexidade, desconcerto, angústia.

Já dois meses antes de sua divulgação pública, o estudo havia sido enviado ao Pontífice, acompanhado de um abaixo-assinado de 100 distintas personalidades sul-africanas: nove sacerdotes católicos, freiras, leigos católicos preeminentes, vários ministros protestantes, um deputado do Parlamento dos mestiços, três líderes de organizações de negros, dois de organismos indianos, professores universitários, homens de negócio, estudantes, operários, donas de casa; enfim, representantes de todas as camadas da população, que pediam ao Papa que "interviesse e fizesse cessar este escândalo: um jornal católico favorecendo o comunismo, o pior inimigo da Igreja e da civilização cristã".

O estudo dos Young South Africans força Christian Civilization critica o enfoque do NN para os problemas internos da África Austral, e mais especificamente para as reivindicações – às vezes legítimas – da comunidade negra.

No plano religioso, denuncia que o NN somente empresta voz e vez aos seguidores de modalidades da Teologia da Libertação censuradas pela Santa Sé, e apresenta a Nicarágua como modelo para a Cristandade sul-africana.

Prefaciado pelo Pe. G. Blanchard, O.M.I, missionário há 41 anos no Lesotho e professor de Seminário, o opúsculo dos Young South Africans for a Christian Civilization recebe aplausos calorosos e ataques verrinos.

Através de campanhas de rua e mass-mailing, a edição de 10 mil exemplares da obra escoa rapidamente.

O NN procura fugir à polêmica, declarando em editorial não ter "propósito entrar em debate com os autores da publicação".

De seu lado, D. W. Napier, presidente da Conferência Episcopal, em comunicado publicado em NN, renova seu apoio ao jornal, declarando que "o NN não promove o comunismo" ("New Nation", 23-7-87, p. 19).

Respeitosamente, a associação replica que o comunicado é bem uma resposta que não respondeu, pois, para fazê-lo seriamente, seria preciso analisar as diversas acusações, mostrando que os textos de NN em que elas se fundamentam "ou não eram autênticos, ou foram distorcidos e impropriamente interpretados" (12).

(12) Cfr. "TFP Newsletter", nº 27, p. 5.

 

Ação Cristã

JULHO – Um representante dos Young South Africans for a Christian Civilization explica as finalidades e atividades da organização para grupos conservadores anticomunistas sul-africanos, reunidos na Conferência por uma Ação Cristã promovida pela United Christian Action.

 

Face ao legendário Cabo

JULHO – Os Young South Africans for a Christian Civilization instalam sede social da associação na Cidade do Cabo, a fim de expandir os ideais da TFP até à extremidade meridional do País.

 

Desastroso o acordo nuclear

NOVEMBRO – O sr. Howard Phillips, Presidente do Comité Conservador dos Estados Unidos, disserta, a convite dos Young South Africans for a Christian Civilization, sobre o acordo nuclear russo-norte-americano, que qualifica adequadamente de "desastroso".

 

Anistia: o que diz a voz da experiência

DEZEMBRO – No momento em que muitas vozes se pronunciavam a favor da anistia a subversivos e terroristas, um comitê de vinte e cinco sul-africanos, sócios ou simpatizantes dos Young South Africans for a Christian Civilization envia às autoridades carta acompanhada de um dossiê de recortes da imprensa colombiana, mostrando quão catastrófico fora para aquele País a anistia concedida pelo governo aos guerrilheiros comunistas (13).

(13) Cfr. "The Citizen", 23-12-87. O Boletim 2/88 da Missão Permanente da África do Sul nas Nações Unidas reproduziu a notícia em seu "Sumário da Imprensa Sul Africana".

 

 

1988

 

Lamentando omissão episcopal

MARÇO – Os Young South Africans for a Christian Civilization distribuem comunicado de imprensa comentando a decisão das autoridades civis de suspender por três meses o jornal "New Nation". O documento põe em relevo que o recente estudo da entidade não pedia ao Governo a adoção dessa medida, mas por outro lado não há campo para criticar tal decisão, uma vez que a ameaça comunista no País se vê favorecida pela orientação do jornal. Os Young South Africans for a Christian Civilization manifestam sua tristeza pelo fato de que tal medida tenha sido necessária (14).

(14) Cfr. "The Citizen", Johannesburg, 26-3-88; "The Argus", Cidade do Cabo, 2-4-88.

 

Nova maquiagem?

ABRIL – Com o título Glasnost e Perestroika: mudança real ou nova maquiagem? a "TFP Newsletter" comenta as tão alardeadas modificações promovidas por Gorbachev na Rússia. Contribui desta forma para abrir os olhos do público para a nova tática comunista (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 18).

 

Imoralidade, demolição e comunismo

MAIO – Os Young South Africans for a Christian Civilization dirigem memorial ao Ministro do Interior felicitando-o por suas recentes declarações em que anuncia maior rigor no combate à imoralidade. Atendendo pedido do Ministro, o documento assinala a necessidade de explicar à opinião pública que a degradação dos costumes forma parte da ofensiva comunista para demolir as mentalidades e, desta forma, as sociedades ocidentais. Como medida concreta, sugere que se investigue a relação existente entre o divórcio e o perigoso debilitamento da instituição familiar, e que a educação sexual seja substituída por adequada formação moral da juventude.

 

A TFP, o Episcopado e a abstenção eleitoral

OUTUBRO – Tendo a Conferência Episcopal Sul-africana e a Comissão de Justiça e Reconciliação a ela subordinada recomendado à população que se abstivesse de votar nas eleições municipais que seriam celebradas no dia 26 desse mês, os Young South Africans for a Christian Civilization divulgam manifesto em que deploram respeitosamente tal atitude, mostrando que propicia o antagonismo entre as raças e entre setores da população (15).

(15) O documento foi publicado na íntegra em "Weekend Argus", Johannesburg, 22-10-88; "The Daily News", Durban, 25-10-88, e resumidamente em "Thew Citizen, Joannesburg, 24-10-88.

 

É de se notar que o resultado eleitoral não revelou o aumento da abstenção, que pelo contrário se retraiu.

 

Young South Africans for a Christian Civilization

Presidente: Bernard Tuffin

Vice-Presidente: José Luis Fernandes Batista

Secretário: Enrico Ferrareto

Deputy Secretary: João Carlos Leal da Costa

Endereço: P.O. Box 10906 - Johannesburg 2000

 

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