PERU

 

No berço da “Teologia da Libertação” avançam os estandartes da Tradição

 

 

CARREGADO DE LEGENDA e de charme, o Peru tem uma irradiação cultural toda especial na América do Sul. Lima, sua capital, é sem dúvida uma das cidades mais formosas do continente. Fundada por Pizarro em 6 de janeiro de 1535, recebeu o nome de Ciudad de los Reyes, em honra dos Reis Magos. Possui a mais antiga Universidade da América do Sul e, entre outros esplêndidos monumentos arquitetônicos, uma catedral edificada no século XVI.

A Igreja canonizou vários santos peruanos ou que viveram no Peru, os quais marcam a História do País. Entre eles estão Santa Rosa de Lima, Patrona da América Latina, São Toríbio de Mongrovejo, segundo Arcebispo de Lima, e São Martinho de Porres.

No passado recente, o Peru recebeu o estigma da ditadura esquerdista do general Velasco Alvarado, a quem sucedeu o general Morales Bermúdez. O regime militar, que se estendeu de 1968 a 1980, promoveu, com efeitos desastrosos para a economia (para falar só dela), a Reforma Agrária, a Reforma Empresarial, a Reforma do Inquilinato e inúmeras nacionalizações. Com a subida ao poder, em 1985, do candidato do APRA, Alán García Pérez, começou novo surto de reformas, com o que a situação agravou-se novamente. Foi promulgada lei pela qual o trabalhador adquire estabilidade em três meses, e a "Lei de Estatização dos Bancos, Seguros e Financeiras". Estão em discussão no Parlamento vários projetos de lei do inquilinato, lesivos aos direitos dos proprietários, bem como proposituras favoráveis às mais ilegítimas formas de contracepção.

Atuam no País movimentos guerrilheiros, notadamente o "Sendero Luminoso – Partido Comunista do Peru" e o "Movimento Revolucionário Tupac Amaru", ambos fazendo sentir sua ação inclusive em Lima e com jornais oficiosos circulando nas bancas. Tudo foi sendo tolerado com crescente indulgência pelos últimos governos.

Para complementar esta súmula do quadro político, convém notar que na América do Sul o Peru é o país que mais se relaciona com o bloco comunista, o que tem maiores atritos com o FMI e com os credores dos US$ 13,7 bilhões de dólares de sua dívida externa.

A população, cuja forte maioria é de ascendência indígena (21% nem sequer fala o castelhano), é maciçamente católica. Esta é também a religião oficial. Um acordo entre a Santa Sé e o Governo do Peru garante à Igreja uma tal ou qual proteção do Estado. O aborto é ilegal, mas o divórcio foi aprovado em 1933. Os anticoncepcionais estão isentos de impostos.

O Peru é o berço da "Teologia da Libertação". Há inúmeros focos de difusão dela e de doutrinas com ela relacionadas: alguns centros da Universidade Católica, o Centro Bartolomé de las Casas, o Centro de Estudio y Promoción del Desarrollo (DESCO), o Centro de Estudios y Publicaciones (CEP) etc.

Sobre esse fundo de quadro, os estandartes do Núcleo Peruano Tradición, Familia, Propiedad se erguem cada vez com mais afirmatividade, e a voz de seus militantes se faz ouvir com grande ressonância, sobretudo nos momentos-chave da vida do País, como, recentemente, na polêmica sobre a lei de estatização dos bancos.

Mas é interessante retroceder alguns lustros, para se conhecer como essa chama de Fé e coragem se acendeu.

 

 

No mundo de hoje, todo ele interdependente, os acontecimentos de um país repercutem em outros.

Não é de estranhar, portanto, que os jornais da capital peruana houvessem informado sobre a luta ideológica que algumas TFPs desenvolviam contra a má orientação da Democracia Cristã no Chile. Em concreto, era conhecida a difusão do best-seller latino-americano Frei, o Kerensky chileno, de autoria de Fábio Vidigal Xavier da Silveira, diretor da TFP brasileira (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 3).

No artigo El Kerensky chileno, "La Prensa", de Lima (1), se refere ao livro publicado na Argentina, qualificando de "acertado" o título. Para o jornalista Eduardo Indacochea Zaráuz, "não cabe a menor dúvida de que o Presidente Frei está convertendo o Chile na ante-sala do comunismo na América do Sul".  Observa ele, ademais, que "a Democracia Cristã lat no-americana é a mesma, com ramificações no Chile, Venezuela e Peru". O artigo repercutiu no México (2) através de agências telegráficas.

(1) Em 14-11-67.

(2) Cfr. "El Sol", Cidade do México, 15-11-67 (despacho da AP).

 

De seu lado, a revista "Caretas" (3) objeta que Kerensky não foi o preparador do bolchevismo na Rússia, mas constituiu uma "tentativa de evitá-lo". Malgrado manifestar desse modo sua discrepância em relação à tese da obra, a revista pondera: "Não duvidamos de que a TFP se expanda".

(3) 361, 13/25-3-68.

 

 

1970

 

Obra de Plinio Corrêa de Oliveira elogiada por Núncio Apostólico

Em princípios da década de 70, um grupo de estudantes universitários e do ensino médio, preocupados com o avanço das idéias esquerdistas nos mais variados ambientes peruanos – sobretudo nos meios católicos – começa a se reunir em Lima para estudar a realidade contemporânea à luz da doutrina católica.

Chega ao conhecimento daquele grupo de jovens a obra Revolução e Contra-Revolução, de Plinio Corrêa de Oliveira, que se vendia nas livrarias de Lima, e cuja edição incluí uma carta de louvor dirigida ao autor pelo Núncio Apostólico no País, Mons. Romolo Carboni, hoje Núncio Apostólico junto ao Quirinal (ver Livros publicados por várias TFPs 1).

Tomando como base os princípios expostos em tal obra, os referidos jovens resolvem difundir esses ideais nos meios estudantis peruanos.

Surgem assim o grupo Tradición y Acción por un Peru mayor, e a revista do mesmo nome, que constituíram um gérmen de abnegação e idealismo para aqueles que hoje integram o Núcleo Peruano Tradición, Familia, Propiedad.

 

A bênção do Bispo de Huancavelica

Mons. Florencio Coronado, então Bispo de Huancavelica, em carta de 7-12-70 à revista diz: "Felicito-os sinceramente por levantar a bandeira da Fé e da Tradição nestes tempos em que se quer destruir tudo em aras de uma civilização materialista. Rogo ao Todo-Poderoso que abençoe os seus esforços na realização da nobre tarefa a que se propõem".

 

 

1971

 

SETEMBRO – "Tradición y Acción" reproduz documentos publicados pelas revistas "Ecclesia", da Espanha e "Approaches", da Inglaterra, comentados pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e que são amplamente difundidos pelas TFPs em toda a América Latina (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 2).

A iniciativa encontra boa acolhida nos meios católicos, destacando-se o apoio de Mons. Ignacio Arbulu Pineda, então Bispo de Huánuco: "Deveras comprazido, envio-lhes a presente para felicitá-los pela oportuníssima e valente tomada de posição, diante da aberta investida marxista nos meios católicos. Fazia falta realmente no Peru a denúncia da conjuração secreta tramada pelo IDO-C e os grupos proféticos para desfigurar a autêntica fisionomia da Igreja Católica, colocando-a a serviço de seus fins destruidores".

 

 

1972

 

O "kerenskysmo" religioso

Sob o título O "kerenskysmo" religioso, "Tradición y Acción" (outubro/novembro/72) apresenta uma análise do importantíssimo papel que desempenham os moderados, sejam eles Bispos, Sacerdotes ou leigos, no processo de autodemolição da Igreja.

A publicação é difundida nas ruas de Lima, particularmente nas portas das igrejas.

 

 

1973

 

Congressos anticomunistas

Por iniciativa de "Tradición y Acción", jovens peruanos assistem a Semanas de Estudos anticomunistas realizadas na cidade de São Paulo, sob os auspícios da TFP brasileira. Os eventos, nos quais tem destacada atuação o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, se dão em março de 1973 e janeiro de 1974.

 

Manifesto de universitários à juventude peruana

Colaboradores de "Tradición y Acción" lançam, em meados de 1973, o Manifesto de universitários à juventude peruana, e o difundem amplamente no decurso do ano em universidades, colégios e igrejas de Lima e Arequipa.

O documento alerta sobre o progressismo católico, como também a respeito de um estranho fenômeno de sonolência diante do perigo que leva não poucos setores a adotar a "posição do avestruz". E convoca os jovens peruanos a uma gloriosa cruzada ideológica para a restauração da ordem católica.

 

"Teologia da Libertação" ou marxismo para cristãos?

Com este título, "Tradición y Acción" (dezembro/73) publica uma análise da doutrina defendida pelo Pe. Gustavo Gutiérrez no livro Teologia da Libertação. O artigo é uma advertência sobre os extremos a que conduz a corrente progressista e constitui o primeiro brado de alerta contra a impunidade de que desfruta o "marxismo-cristão" nos meios católicos, a respeito do qual a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé emitiu recentemente conhecidas e importantes admonições.

 

Comentário ameaçador do jornal oficioso do Governo

Como em anteriores campanhas, os militantes de "Tradición y Acción", ostentando na lapela uma flâmula vermelha com o leão dourado, símbolo da entidade, difundem a denúncia sobre a "Teologia da Libertação" nas ruas de Lima (dezembro de 1973) e Arequipa (janeiro de 1974), especialmente nas portas de igrejas. A iniciativa, que encontra muito boa acolhida do público, desperta o vozerio irado, à míngua de argumentos, da "esquerda católica".

Indício da profunda repercussão da campanha é o fato de que o suplemento político de "La Nueva Crónica" (4) – jornal oficioso do Governo – dedica duas páginas para comentar "a longa e esmerada análise" de "Tradición y Acción", como também sua campanha para difundi-la "com grandes aparelhos [sic] .... nas portas de alguns templos e com a inexplicável complacência de alguns párocos".

(4) Em 5-1-74.

 

Além de referir-se ao já citado Manifesto de universitários, o artigo exprime uma perplexidade, na qual bem se pode ler uma sugestiva advertência: ... "a ponto de parecer impossível sua venda livre em um país que vive em transe de revolução, e no qual a Igreja oficialmente tem uma posição progressista e apóia o processo de mudança histórico-social".

 

 

1974

 

Alusão do Gen. Velasco Alvarado

Como se o narrado anteriormente não fosse suficientemente significativo, em conferência de imprensa (5) o Presidente Velasco Alvarado, em resposta a um jornalista, afirma textualmente:

"Posso lhe dizer que a crítica é saudável quando há vontade de ajudar e não de atrapalhar, porque permite detectar erros.

"Muito diferente é fazer contra-revolução. E isto ocorre por culpa de nós mesmos, que somos demasiado tolerantes. Há um grupo de `señoritos' de colarinho e gravata e de sobrenome comprido que combate a Revolução. E nós os deixamos. Esta Revolução deveria ser mais enérgica, como toda Revolução" (6).

(5) No dia 29-5-74.

(6) "El Comercio", Lima, 30-5-74.

 

Seria difícil encontrar no País outro grupo que correspondesse a tal descrição – especialmente no que se refere ao uso de colarinho e gravata...

É sugestivo que nessa conferência de imprensa, depois de aludir a um político peruano no exílio que em São Paulo formulara uma declaração contra o seu Governo, o Chefe de Estado afirme também: "Converteram São Paulo no centro da contra-revolução. E para essa cidade viajam outros emissários" [sic] ... (7)

(7) Idem.

 

Dois meses depois (8), o regime terminava de conculcar as liberdades públicas ao decretar a nacionalização da imprensa e ao reprimir violentamente as manifestações populares de repúdio a essa medida.

(8) Em 28-7-74.

 

Chega assim ao auge a tirania socialista, que conta com o paradoxal apoio de várias correntes que se apresentam como democráticas – entre elas a Democracia Cristã – e com o aplauso enfático de numerosos e destacados membros do Episcopado peruano.

Os jovens de Tradición y Acción por un Peru mayor são colocados diante da alternativa de se resignarem à inércia em sua própria pátria, sob o tacão da bota de Velasco Alvarado; ou optar pela voluntária expatriação em países onde as circunstâncias lhes permitam prestar, dentro da legalidade, serviços às TFPs locais, além de prosseguir em sua vida de estudos e de oração.

Eles preferem se expatriar por alguns anos.

 

 

1982

 

Bureau

O crescente interesse despertado pelas atividades das TFPs levou a que se estabelecesse um escritório de representação para contatos no Peru.

 

MARÇO – Publicação da célebre Mensagem do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-de-ponte? (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 12).

 

MAIO – Por ocasião da guerra no Atlântico Sul entre a Argentina e a Inglaterra, pela posse das ilhas Malvinas, é enviado telegrama de solidariedade à TFP argentina. Um impresso com os textos do telegrama e do manifesto da entidade platina é distribuído por correio a grande número de pessoas, sendo entregue também aos meios jornalísticos, que noticiam o fato (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 13).

 

MAIO – Difusão do telex que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira enviara ao Presidente do Brasil, gen. João Baptista Figueiredo, onde externava sua preocupação pelo perigo da intromissão russa no conflito das Malvinas, com uma eventual "vietnamização" do continente latino-americano (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 13).

Como meio de conexão com os numerosos interessados, se edita o boletim "Tradición, Familia, Propiedad", cujo primeiro número traz uma visão de conjunto da repercussão mundial que tivera a Mensagem das 13 TFPs – hoje 15 – sobre o socialismo autogestionário.

 

 

1983

 

Nasce a TFP

ABRIL – No dia 21 se constitui o Núcleo Peruano Tradición, Familia, Propiedad, contando com sede social em Lima para as suas atividades. Dentre estas, cumpre destacar as reuniões de formação para numerosos jovens de todas as classes sociais que, neste mundo pragmático e sem horizontes, se sentem atraídos pelos ideais da civilização cristã. Da nova entidade passam a fazer parte, evidentemente, os antigos membros de Tradición y Acción, bem como numerosos outros jovens.

 

A despreocupação ajuda a guerrilha

JUNHO – O Núcleo Peruano TFP reproduz em seu boletim o manifesto A despreocupação vem sendo a maior aliada da guerrilha – Apelo da TFP aos despreocupados: preocupem-se por fim!, publicada pela TFP colombiana.

 

JULHO – A Imagem de Nossa Senhora de Fátima que chorou em Nova Orleans visita Lima, Arequipa e Trujillo, reunindo multidões. O fato é amplamente noticiado pela imprensa peruana. A mesma Imagem peregrina retornará ao País em maio de 1985, sendo de novo calorosamente acolhida (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 5).

 

JULHO – O Núcleo peruano TFP subscreve telegrama a Reagan, lamentando a nomeação de Kissinger como assessor para a América Central (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 14).

 

SETEMBRO – Enérgico protesto da TFP, divulgado pela imprensa, por ocasião do bárbaro massacre dos passageiros de avião sul-coreano pelos russos (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 15).

 

A TFP nas ruas

SETEMBRO – Os membros do Núcleo Peruano TFP descem às ruas de Lima ostentando suas capas e estandartes rubros com o leão dourado, para difundir o opúsculo de autoria de A. A. Borelli Machado As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia (5 mil exemplares).

 

Reflexões sobre as eleições

DEZEMBRO – Os comentários de imprensa sobre os resultados das eleições municipais de novembro tendiam a favorecer a impressão de que houve uma guinada rumo à esquerda.

Contudo, os referidos comentários eram simplistas, quando não errôneos, pois passavam por alto sobre as manipulações de que havia sido objeto a opinião pública. É o que afirma o documento Reflexões sobre a última contenda eleitoral, divulgado pelo Núcleo Peruano TFP através da imprensa (9).

(9) Cfr. "El Comercio", Lima, 3-12-83; "Correo", Arequipa, 4-12-83; "Expreso", Lima, 19-12-83.

 

Os militantes da entidade saem às ruas e praças de Lima para distribuir o manifesto acima, proclamando slogans em que denunciam a tentativa de persuadir a opinião pública de que o País é esquerdista.

 

 

1984

 

Um encarcerado em torno do qual se reconstroem as paredes da prisão

AGOSTO – Sob o título A história do encarcerado em torno do qual se reconstroem as paredes da prisão, o núcleo TFP publica manifesto na imprensa (10) por ocasião do 15º aniversário da implantação da Reforma Agrária socialista e confiscatória pelo regime de Velasco Alvarado.

(10) Cfr. "El Comercio", 30-8-84; "Expreso", Lima, 26-9-84.

 

O documento assinala que: "o Peru viveu uma década encarcerado em um regime progressivamente marxista; em determinado momento, por misericórdia da Providência Divina, observou que as grades que o mantinham cativo desapareciam e que, em princípio, nada o impediria de sair da prisão e voltar à vida normal. Entretanto, permaneceu e continua ali, como se não tivesse sido libertado; mais ainda, os que foram seus carcereiros, materiais ou espirituais, ali continuaram assumindo atitudes aparentemente inócuas, enquanto outros se articulam e organizam para reconstruir a prisão. E para não sobressaltar a vítima, recorrem ao engodo de apresentar os inconvenientes do cárcere, que ainda subsistem em grande parte, como se fossem defeitos inerentes ao fato de viver em liberdade".

O manifesto faz menção à Reforma Agrária coletivista e confiscatória, cujas injustiças foram mantidas intactas depois do fim da ditadura, bem como assinala as disposições legais, lesivas à propriedade e à liberdade, que obrigam os industriais a aceitar a cogestão de empregados e operários nas empresas, com o efeito de acentuar a prostração econômica do País.

Além disso, o referido pronunciamento aponta, no âmbito religioso, a incrível circunstância de que a "Teologia da Libertação" – hoje gravemente censurada pela Santa Sé – nunca tenha recebido reparos por parte dos Pastores da Nação na qual essa corrente nasceu.

São distribuídos 40 mil volantes com o texto integral do manifesto, em campanhas públicas, tanto no centro quanto nas periferias de Lima. Difunde-se ainda outro texto adaptado para a circulação popular.

 

Tramas anti-TFP na América do Sul

DEZEMBRO – O Núcleo TFP reproduz em seu boletim informativo os comunicados Perseguição ideológico-religiosa na Venezuela e O Kremlin deixa cair a máscara e canta vitória, a propósito da injusta medida de proscrição da Associação Civil Resistencia, entidade coirmã das TFPs, decretada pelo governo socialista daquele País.

 

Natal das crianças pobres

O Núcleo TFP, em coordenação com o Comitê de Damas São João Macias, do distrito de São João de Lurigancho, organiza, na véspera de Natal, uma merenda para as crianças pobres.

 

 

1985

 

TFP presta homenagem a João Paulo II e deixa o País

FEVEREIRO – Nas proximidades da visita de João Paulo II, o Núcleo TFP publica um comunicado de imprensa no qual manifesta sua homenagem reverente e filial ao Pontífice (11). Informa, ademais, que escreveu uma carta ao Santo Padre exprimindo sua dor pelo fato de que não estará presente no País durante a visita de Sua Santidade. O motivo de tal ausência é o seguinte:

Consumada a iníqua proscrição da TFP venezuelana ("Resistencia"), a ofensiva publicitária sem precedentes, desencadeada por quase toda a imprensa caraquenha contra a entidade, não cessou suas fantasmagorias e torpes acusações. Com efeito, foi insistente- mente difundida, e obteve surpreendente credulidade, a calúnia infame de que "Resistencia" havia tramado um atentado sacrílego contra João Paulo II, por ocasião de sua visita à Venezuela. Razão pela qual os sócios e cooperadores da Sociedade se ausentaram do País, passando ao território colombiano, e dali a várias outras nações.

Eliminada dessa maneira a possibilidade de que tais maquinações fossem levadas a cabo em detrimento da TFP venezuelana, subsistia o receio de que atentado análogo fosse planejado em território peruano ou equatoriano, podendo ser atribuído às TFPs locais. Para cortar o passo a essa possibilidade, sócios e cooperadores de ambas as entidades resolvem sair dos respectivos territórios nacionais, antes da chegada do Pontífice.

Lamentando enormemente que as circunstâncias a forçassem a isso, a TFP peruana, na referida carta, homenageia Sua Santidade e explica os motivos da ausência, ao mesmo tempo que lhe manifesta sua alegria e esperança de êxito para a visita.

(11) Cfr. "El Comercio", 1º-2-85.

 

Conferências

ABRIL – A TFP é, por natureza, apolítica e apartidária, e como tal não toma posição oficial a favor deste ou daquele candidato nas contendas eleitorais.

Na proximidade das eleições de 1985, considerando patriótico aconselhar a seus cooperadores e simpatizantes que cumprissem o dever cívico do voto, patrocina conferências de personalidades políticas não marxistas.

Assim, os Srs. Enrique Chirinos Soto, destacado opositor à ditadura socialista de Velasco Alvarado, e hoje senador independente; e Armando Buendía Gutiérrez, ex-Ministro da Justiça, expõem os princípios inspira- dores das soluções por eles propostas, ante numeroso e atento público, no auditório da Casa da Cultura de Lince.

 

Reuniões de amigos e simpatizantes

MAIO – Em atenção às impressionantes mostras de piedade mariana a que havia dado lugar a estadia da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima (1983 e 1985), o Exército Azul de Nossa Senhora de Fátima dos Estados Unidos doa à TFP peruana uma imagem sob esta invocação.

Em presença desta imagem tivera lugar a 13 de maio de 1984 – aniversário da primeira aparição da Santíssima Virgem na Cova da Iria – uma reunião de amigos e simpatizantes da TFP em sua sede de Lima, que consistiu na recitação do Rosário e em conferência sobre temas relacionados com Fátima.

A iniciativa se repete em 1985, ocasião em que senhoras amigas da TFP sugerem que aquelas reuniões tenham lugar nos dias 13 de cada mês. Esta é a origem das reuniões "dos 13", realizadas na sede da TFP.

 

 

1986

 

Expansão no interior

Dos contatos com jovens nas cidades de Arequipa e Cuzco resulta a instalação de sedes da associação em ambas as cidades.

Daí se parte para a constituição de núcleos estudantís em diversas universidades onde estudam militantes da TFP, destacando-se a atuação nas Universidades de Santo Agostinho e Santa Maria, em Arequipa, onde a influência marxista e de partidários da "Teologia da Libertação" foi preponderante até pouco tempo atrás.

 

Novo boletim

DEZEMBRO – O Núcleo Peruano Tradición, Familia, Propiedad começa a publicar novo boletim dedicado à reprodução de notícias da imprensa internacional, pouco conhecidas no Peru por causa da desinformação proveniente de certa mídia. Com isto se visa estimular as correntes anticomunistas do País a tomar posição ante os problemas ideológicos contemporâneos. A nova publicação desperta inusitado interesse em numerosos ambientes, o que está de acordo com a vocação da nação peruana de acompanhar os grandes debates de idéias, tomando face às correntes que se entrechocam uma posição autenticamente católica.

 

 

1987

 

A TFP em campanha contra a estatização dos bancos no Peru

SETEMBRO – Após a publicação nas páginas de "El Comercio" e "Expreso" (12), em Lima, e no "Correo" (13), de Arequipa, de substanciosa carta aberta ao Presidente Alán Garcia, apontando os graves riscos da estatização dos bancos, companhias financeiras e de seguros, o Núcleo Peruano da TFP sai às ruas e faz divulgação desse documento. Um Arcebispo, um Bispo e 99 sacerdotes aderem à posição tomada pela TFP, fato que é divulgado pela imprensa (14) e em campanha de rua. Dias depois, mais 30 sacerdotes assinam o mesmo documento de apoio, ao mesmo tempo que o Bispo de Tacna, Mons. Oscar Alzamora, envia nova carta criticando a medida estatizante (15). O Pe. Gustavo Gutiérrez, um dos expoentes da "Teologia da Libertação", tenta neutralizar a ação da TFP, publicando, juntamente com 300 sacerdotes, um confuso manifesto, com o qual procura favorecer a estatização dos bancos. Na Assembléia Nacional, trava-se acirrado debate entre a Senadora Bertha Arroyo de Alva, favorável às teses da entidade, e cinco parlamentares esquerdistas (16).

(12) Ambos em 3-9-87.

(13) Em 6-9-87.

(14) Cfr. “El Comercio” e “Expreso”, 4-9-87; “Correo”, Arequipa, 6-9-87.

(15) Cfr. "El Comercio" e "Expreso", 1º-10-87; "Correo", 3-10-87.

(16) Cfr. "Hoy", 6-9-87.

 

A tomada de posição da TFP repercute amplamente na imprensa (17). Embora convertido em lei, o projeto encontrou muitos obstáculos para a sua aplicação. Segundo porta-vozes do próprio Governo, a iniciativa converteu-se em fracasso.

(17) "La Voz", 4-9-87; "La República" e "Alta Voz", 6-9-87; "Caretas", 7-9-87; "La República", 11-9-87, todos de Lima; "Le Monde", Paris, "La República" e "La Voz", todos de 12-9-87; "La Voz" e "La República", 13-9-87; "Hoy", 20-9-87 e 22-9-87; "La Republica", 22-9-87; "La Voz", 23-9-87; "La Republica", 25-9-87; "Caretas", 28-9-87; "Gente", Lima, 1º-10-87; "La Voz", 5-10-87; "Gente", 15-10-87; "Que Hacer", Lima, novembro/dezembro 87; "Cristianità", Piacenza (Itália), janeiro/fevereiro 88.

 

 

1988

 

"Perestroika": caminhada regressiva rumo ao capitalismo?

JUNHO – "A autogestão não é uma caminhada regressiva rumo ao capitalismo privado. Pelo contrário, é uma via que leva à destruição da propriedade privada e da sociedade, para chegar a um estado de coisas pior que o comunismo, e que este reputa ser o auge de si mesmo". Com estes termos, o boletim "Tradición, Familia, Propiedad" ( 14) comenta a autogestão, acrescentando ser esta um elemento essencial da perestroika gorbacheviana.

 

Sociedad Peruana de Defensa de la Tradición, Família y Propiedad

Presidente: Pablo Luis Fandiño

Vice-Presidente: José Antonio Pancorvo

Endereço principal: Av. San Felipe 630 Jesus Maria – Lima

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