CHILE

 

TFP: uma legenda histórica caminha garbosamente para o futuro

 

 

EM ALGUNS PERÍODOS desta segunda metade do século XX, o Chile foi um centro polarizador das atenções e dos olhares de todas as latitudes e longitudes do planeta.

Isto se deveu não só à dramaticidade dos fatos que lá se passaram, mas também a seu caráter típico.

Sucederam-se no País andino as diversas etapas lógicas pelas quais pode uma nação passar, no itinerário da civilização cristã rumo ao comunismo.

Em primeiro lugar, até 1964 predominou um "conservadorismo" otimista e indolente, que ao cabo de alguns anos – cedendo às pressões do Episcopado chileno e do programa "Aliança para o Progresso", do Governo norte-americano – se fez timidamente reformista. Desta fase, foi característica a Reforma Agrária do Presidente Jorge Alessandri.

Numa segunda etapa, ocupou o poder político a Democracia Cristã astuta e demagógica, ao mesmo tempo que o poder espiritual era exercido por um Episcopado predominantemente esquerdista dos mais atuantes da América. Ambos os poderes – o espiritual e o temporal – apoiando-se mutuamente, acentuaram de modo drástico o reformismo, abrindo as portas para o comunismo. Tal foi o período do Presidente demo-cristão Eduardo Frei (1964-1970), que passou para a História com o cognome a ele dado pela TFP: o "Kerensky" chileno (1).

(1) Cfr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira, Frei, o Kerensky chileno, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1967, 208 pp.. Duas edições em português, sete em espanhol e uma em italiano, num total de 128,8 mil exemplares.

 

Na terceira etapa, Allende assume a presidência: é o tempo dos "cristãos para o socialismo", em que 80 sacerdotes hipotecam de público sua solidariedade ao regime marxista e o País soçobra rapidamente no caos e na miséria, arrastado para o abismo para o qual tende de modo característico o coletivismo marxista.

Por fim, as "marchas das panelas vazias", e outras manifestações valorosas da crescente indignação popular que, com a atuação dos militares, tornaram possível ao Chile escapar das garras do comunismo, depois de nelas haver caído (1973).

Se bem que o atual governo chileno tenha sido combatido por uma campanha internacional de inspiração esquerdista das mais vigorosas de nosso tempo, mesmo sem tomar posição perante questões internas da nação irmã não se pode deixar de mencionar que o Chile é hoje o País de menor inflação América Latina, e que sua dívida externa vem diminuindo. A mortalidade infantil caiu verticalmente, a educação melhorou e todas as camadas da população se vêm beneficiando desse progresso (2).

(2) Cfr. Chile 1987: esquecimentos e confusões ameaçam a propriedade privada e a livre iniciativa, por Carlos Patricio del Campo, ed. Tradición, Familia y Propiedad, Santiago, 1987, 70 pp.; e "El Mercurio", Santiago, 18-5-87.

 

Passando ao campo religioso, deve-se notar que o Chile tem 80 a 85% de católicos e é um dos poucos países onde não existe o divórcio. Por outro lado, nele se movem ativas e extremadas correntes da "Teologia da Libertação", saudosistas dos tempos do Presidente Allende, e outras proclives ao socialismo, nostálgicas da era de fastígio da democracia cristã.

Os ideais da TFP chilena ganharam notoriedade no País a partir dos anos 60, quando lutou com lucidez e denodo contra a Reforma Agrária impulsionada pelo governo democrata-cristão de Eduardo Frei. Consumado o acesso ao Poder do marxista Allende, a Sociedade o combateu sem tréguas, primeiramente a partir do exílio, depois, no próprio solo pátrio. Mas ao longo de todo esse processo, e de modo todo especial nos dias de hoje, a TFP não cessa de denunciar a funesta colaboração eclesiástica com os fatores de demolição do Chile, que alcançou no País dimensões verdadeiramente escandalosas. Assim se foi construindo uma legenda que se faz presente em todo o ambiente nacional.

Nos próprios arraiais da "esquerda católica" ouvem-se vozes que reconhecem ter sido "um profundo erro" considerar posições do gênero das da TFP como minoritárias, sem possibilidade nenhuma de alcançar muita influência (3). Tais vozes contrapõem à ação da esquerda reformista nos anos 60, a irradiação de Plinio Corrêa de Oliveira no ambiente chileno, na mesma época (4).

(3) Otto Boye in "Analisis", 79, de abril de 1984.

(4) Cfr. CED – Centro de Estudios del Desarrollo, 13, de agosto de 1984, p. 29.

 

Ao mesmo tempo, a insuspeita revista "Hoy", de tendência democrata-cristã e de grande divulgação no País (5), aponta a TFP como o "máximo expoente" dos setores conservadores inspirados na doutrina da Igreja, no Chile.

(5) Cfr. Edición Extraordinaria, de maio de 1987. O livro Iglesia y Dictatura, de Enrique Correa e Jose Antonio Vieira Gallo – intelectuais ligados à "esquerda católica" – também afirma algo de análogo (p. 222).

 

Esta notoriedade de que hoje desfruta, a TFP a foi co quistando passo a passo a partir de 1967, quando foi fundada: e, mesmo antes, quando seus membros fundadores se reuniam em torno da revista "Fiducia".

 

*      *      *

 

TODAS AS MINORIAS que triunfaram começaram assim, com este desprendimento". "O grupo de jovens que a promove [a revista "Fiducia"] sabe que remam contra a corrente, que caminham encosta acima e discrepam, reagem, se distanciam. Justamente por isto escrevem e lançam sua revista; fechando os olhos para o êxito imediato, indiferentes ao interesse do dia, abrem pacientemente o sulco e aguardam!" ("El Mercurio", Santiago, 20-12-64)

Assim se referia Alone (Hernán Díaz Arrieta) – o maior crítico literário chileno – àquele grupo de jovens universitários da Pontifícia Universidade Católica de Santiago, que em setembro de 1962 fundaram a revista católica e anticomunista "Fiducia", e que, em abril de 1967, constituiriam a Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade.

O pensamento, a obra e o exemplo de uma personalidade possante, que já naqueles anos marcava sua presença no panorama ibero-americano – o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira – inspiraram "Fiducia" desde o seu nascimento. E Revolução e Contra-Revolução, a principal obra do pensador católico brasileiro, abriu seus horizontes para a crise do mundo ocidental e cristão, e foi um guia na ação para levantar no Chile o estandarte da Contra-Revolução em meio à inércia e à imprevidência que se abatia sobre os setores conservadores e anticomunistas do País em princípios da década de 60.

 

 

1963

 

AGOSTO – "Fiducia" começa a publicar, em série, o ensaio Revolução e Contra-Revolução, de Plinio Corrêa de Oliveira. Por iniciativa da revista, as "Ediciones Paulinas" lançam uma edição do livro (ver Livros publicados por várias TFPs 1).

 

Repúdio à visita de Tito

SETEMBRO – "Fiducia" qualifica como "uma desonra à nossa Pátria" a visita oficial de Josip Broz Tito, ditador marxista da Iugoslávia, convidado pelo Presidente conservador Jorge Alessandri.

 

 

1964

 

Complexo de culpa e claudicação

MARÇO – Em carta circular aos agricultores chilenos, "Fiducia" alerta para o complexo de culpa instilado pelo progressismo católico nos proprietários rurais: este os levava a aceitar com passividade a Lei de Reforma Agrária de Alessandri, e preparava o terreno para não enfrentarem com decisão a Reforma Agrária de Frei.

 

"RA-QC"

ABRIL – Difusão, particularmente nos meios rurais e universitários, da obra Reforma Agrária – Questão de Consciência, escrita por Plinio Corrêa de Oliveira com a colaboração de três outros autores.

JULHO – "Fiducia" publica o estudo A liberdade da Igreja no Estado comunista, de Plinio Corrêa de Oliveira (ver Livros publicados por várias TFPs 2).

 

1965

 

Socialista e anticatólico

JANEIRO – Sob a inspiração de "Fiducia", 50 agricultores divulgam pela imprensa (6) uma declaração em que fazem ver o caráter socialista e anticatólico do projeto de Reforma Agrária do Presidente Frei.

(6) Cfr. "La Tercera de la Hora", 14-1-65 e "El Mercurio", 16-1-65; ambos de Santiago.

 

"Fiducia" interpela, Frei se cala

MAIO – No dia 13, interpelação ao Presidente Eduardo Frei assinala que a propriedade privada está exposta à mutilação e morte no projeto de Reforma da Constituição, apresentado pelo Governo democrata-cristão. O documento, assinado por 800 universitários, é publicado nos principais jornais do País (7). A revista comunista "Vistazo" (1º-6-65) declara que o manifesto desencadeou uma "tempestade polêmica" em todo o Chile. Os fiducianos saem às ruas, pela primeira vez com seus estandartes rubro-dourados, e recebem milhares de assinaturas de apoio.

(7) Cfr. "La Tercera" e "Las Ultimas Noticias", ambos de Santiago, 14-5-65; "El Mercurio", Santiago, 15-5-65; "El Mercurio", Valparaíso, 19-5-65; "El Dia", La Serena, 16-5-65; "El Diario Austral", Temuco, 21-5-65.

 

Mons. Alfredo Cifuentes, Arcebispo de La Serena, envia carta pública de apoio a "Fiducia" (8), sendo atacado pelo jornal do governo "La Nación". Sacerdotes progressistas criticam acidamente a "Fiducia". O principal jornal político satírico do Chile glosa, em página inteira, o apoio de Mons. Cifuentes à revista (9). A Junta Executiva do Partido Conservador adere unanimemente à interpelação (10), sucedendo o mesmo com outras entidades e personalidades do mundo civil e universitário.

(8) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 18-5-65; "El Dia", La Serena, 19-5-65; "El Mercurio", Valparaíso, 21-5-65.

(9) Cfr. "Topaze", 25-5-65.

(10) Cfr. "El Diario Ilustrado", Santiago, e "La Unión", Valparaíso, ambos de 20-5-65.

 

Pelas páginas do jornal do governo "La Nación", Jaime Castillo Velasco, principal ideólogo da Democracia Cristã, tenta refutar a interpelação (11), bem como escreve uma série de três artigos com o título As idéias de Plinio Corrêa de Oliveira (12).

(11) Cfr. "La Nación", Santiago, 18-5-65.

(12) Cfr. "La Nación", Santiago, 26, 27 e 29-5-65.

 

O semanário "Política, Economia, Cultura" (25-5-65) se pergunta: "Por que Frei não responde?"

Frei viaja à França, e "Le Monde" (10-7-65), referindo-se ao manifesto de "Fiducia", sustenta que as polêmicas no campo católico são o maior perigo que enfrenta o Presidente democrata-cristão chileno.

Com um comunicado de "Fiducia", que chama a atenção da opinião pública chilena para o "eloqüente silêncio do Presidente Frei", termina esta polêmica que quebrou o mito do "papel salvador" da Democracia Cristã no Chile. Uma equipe de historiadores democrata-cristãos reconhece, anos depois, que as sociedades de classe, a Junta Executiva do Partido Conservador e o Presidente do Partido Liberal só se manifestaram contra a reforma agrária após a carta de "Fiducia" ao Presidente da República (13).

(13) Cfr. M. Aylwin et al., Chile en el Siglo XX, Ed. Emisión, Santiago, 1986, p. 262.

 

NOVEMBRO – Reprodução em "Fiducia" de Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo, de Plinio Corrêa de Oliveira (ver Livros publicados por várias TFPs 3).

 

 

1966

 

Contra Projeto de Reforma Agrária

FEVEREIRO – Em novo manifesto à Nação, ocupando página inteira de vários jornais (14), "Fiducia" mostra o caráter socialista e confiscatório do Projeto de Reforma Agrária de Frei. No Parlamento há discursos a favor e contra. A imprensa socialo-comunista e a governista atacam "Fiducia", enquanto várias personalidades políticas lhe enviam cartas públicas de adesão, como o Presidente da Comissão de Agricultura do Senado, Senador Enrique Curti e o deputado Gustavo Monckeberg (15).

(14) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 26-2-66; "El Mercurio", Valparaíso, 27-2-66; e jornais do sul, do mesmo dia.

(15) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 5 e 10-3-66 e jornais do sul.

 

A propósito de declarações do Cardeal Silva Henríquez, publicadas na revista "Ercilla", em favor da Reforma Agrária, "Fiducia" dá a lume o comunicado É lícito aos católicos discordar do Projeto de Reforma Agrária do Presidente Frei? (16) Nele, "Fiducia" afirma que as palavras do Purpurado não obrigam em consciência os fiéis a apoiar a Reforma Agrária da Democracia Cristã, lembrando que os aspectos técnicos do projeto não são de competência da Hierarquia católica.

(16) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 27-2-66; "El Mercurio", Valparaíso, e "El Diario Austral", Temuco, ambos de 28-2-66; "La Tercera de la Hora", Santiago, 1º-3-66.

 

Sem fundamento

ABRIL – No comunicado Falta de responsabilidade e pouca honestidade na missão jornalística, "Fiducia" polemiza com a revista "Ercilla" (17). Pelas páginas de "El Mercurio", o Pe. Ibañez Langlois, do Opus Dei, acusa "Fiducia" de deformar textos pontifícios em benefício de suas teses anti-agro-reformistas. "Fiducia" responde no mesmo jornal, demonstrando a falta de fundamento da acusação (18).

(17) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 3-4-66.

(18) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 6-4-66.

 

Universitários apóiam

AGOSTO – Mil universitários de todo o País publicam carta de apoio a "Fiducia". 500 estudantes secundários também o fazem, afirmando: "Os socialistas marxistas ou comunitários são anacrônicos: não lhes pertence o Chile de amanhã" (19).

(19) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 20 e 25-8-66; "El Diario Austral", Temuco, 23-8-66.

 

Sacudindo a apatia

SETEMBRO – A apatia e a pusilanimidade das cúpulas agrícolas é generalizada. "Fiducia" denuncia a situação ante as bases de agricultores e ante o País, no manifesto intitulado Ceder para não perder? Ou lutar para não perder? (20)

(20) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 27-8-66 e jornais do sul de 28-8-66.

 

Agressão "cristã"?

OUTUBRO – A polícia suspende, em duas cidades (Santiago e Concepción), a campanha de "Fiducia" contra a Reforma Agrária, deixando ver a falta de segurança do Governo sobre a popularidade da Reforma Agrária. Em outra ocasião há brutal agressão de demo-cristãos e comunistas contra membros da entidade. Em comunicado de imprensa, esta afirma que "não irá retroceder" (21).

(21) Cfr. "El Diario Austral", Temuco, 4-10-66; "El Mercurio", Santiago, 6-10-66.

 

1967

 

Chile apóia "Fiducia"

MARÇO – Declaração comunicando que 11.225 chilenos de 49 cidades apóiam a campanha de "Fiducia" contra a Reforma Agrária. Nela se destaca que tal Projeto se inspira em princípios hostis à propriedade privada (22).

(22) Publicada em "El Mercurio", Santiago, e "El Diario Ilustrado", ambos de 23-3-67; "El Diario Austral", Temuco, 26-3-67.

 

Fundação

ABRIL – No dia 28, funda-se a Sociedad Chilena de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad. Numeroso público assiste à sessão solene de fundação, estando presentes vários parlamentares. O nome do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira é prolongadamente aplaudido, quando se lê seu telegrama de apoio à TFP nascente. Na qualidade de convidado especial, fala Cosme Beccar Varela (h.), Presidente da TFP argentina.

 

Ideário e objetivos

MAIO – Em manifesto (23), a TFP define seu ideário e objetivos. O canal de TV da Universidade Católica convida um de seus diretores para longa entrevista a respeito.

(23) Publicado em "El Mercurio", Santiago, 5-5-67 e "El Diario Austral", Temuco, 7-5-67.

 

Otimismo e imprevidência

JULHO – Protesto junto ao Presidente Frei pelo estabelecimento, no Chile, da subversiva Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), em cuja direção está o então presidente do Senado, Salvador Allende. O espírito otimista e imprevidente do Presidente demo-cristão favorece o aparecimento de focos marxistas em todo o Chile (24).

(24) Cfr. "La Tercera de la Hora", Santiago, 3-8-67.

 

OUTUBRO – Proibição pelo governo democrata-cristão do livro Frei, o Kerensky chileno, de Fabio Vidigal Xavier da Silveira (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 3).

 

 

1968

 

Dois pesos e duas medidas

ABRIL – A TFP edita e difunde em todo o País a série Diálogos Sociais (5 edições, 24 mil exemplares), destinada a defender, em linguagem acessível, os princípios da propriedade privada e da livre iniciativa.

A polícia suspende aparatosamente a campanha em Santiago, detendo os cooperadores da entidade. Esta Sociedade protesta, em comunicado intitulado Discriminação em favor da Cuba vermelha (25), no qual denuncia a inteira liberdade com que militantes comunistas difundem no País o jornal "Granma", órgão do PC cubano.

(25) Cfr. "El Mercurio" e "La Tercera", ambos de Santiago, 9-4-68.

 

JULHO – A TFP chilena promove coleta de assinaturas para a Reverente e Filial Mensagem a S.S. Paulo VI (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 1).

 

Santa Sé recebe telegrama da TFP  com "profundo consolo e  viva complacência"

AGOSTO – A TFP envia telegrama a Paulo VI, felicitando-o filialmente pela publicação da Encíclica Humanae Vitae. Em carta dirigida ao Presidente da TFP chilena, Patricio Larraín Bustamante, a  Secretaria de Estado da Santa Sé manifesta o "profundo consolo e a viva complacência" do Pontífice pela mensagem da entidade (26).

(26) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 29-8-68.

Arcebispo nega Missa

SETEMBRO – Declaração da TFP condenando categoricamente a invasão da Tchecoslováquia. E comunicado informando que o Arcebispo de Santiago não permitiu a celebração de uma Missa pela libertação daquele País (27).

(27) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 5-9-68.

 

 

Novo silêncio de Frei

DEZEMBRO – A propósito da aparente ruptura de Frei com o Partido Comunista, a TFP o interpela publicamente (28), pedindo-lhe que defina sua posição sobre reformas de estrutura, agitação, luta de classes e o esquerdismo chamado católico. Uma vez mais a resposta é o silêncio.

(28) Cfr. "El Mercurio" e "El Diario Ilustrado", ambos de Santiago, 14-12-68; "PEC", Santiago, 6-12-68 e "El Diario Austral", Temuco, 9-12-68.

 

 

1969

 

Não basta dizer-se anticomunista, é preciso sê-lo

FEVEREIRO – Por ocasião das eleições legislativas, a TFP publica (29) o manifesto Em prol da seriedade doutrinária das próximas eleições. O documento mostra como a conduta do Partido Democrata Cristão favorece na prática o avanço do comunismo, apesar de os membros daquele afirmarem o contrário.

(29) Cfr. "La Tercera de la Hora", Santiago, e "El Diario Ilustrado", ambos de 27-2-69; "PEC", Santiago, 28-2-69; "El Diario Austral", Temuco, 1º-3-69.

 

TFP ao PDC

MARÇO – Face à derrota do PDC nas eleições e ao avanço dos candidatos anticomunistas, a TFP faz um apelo às bases daquele Partido (30) para que optem por outras soluções políticas. Exorta também os parlamentares democrata-cristãos a que repudiem qualquer aliança com o bloco socialo-comunista.

(30) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 13-3-69.

 

800 camponeses contra a Reforma Agrária

ABRIL – Quarenta proprietários agrícolas do Vale de Curacavi lançam o manifesto A ditadura democrata-cristã através da Reforma Agrária (31), denunciando a expropriação arbitrária e persecutória de terras pertencentes ao Presidente da TFP e à sua família. Dias depois, 800 camponeses assinalam que "o Vale de Curacavi se solidariza com uma família vítima da Reforma Agrária" (32).

(31) Cfr. "El Mercurio" e "El Diario Ilustrado", ambos de Santiago, 11-4-69.

(32) Cfr. "El Mercurio" e "El Diario Ilustrado", ambos de Santiago, 15-4-69.

 

Os frutos e a árvore

JULHO – Sob o título Bom preço para os frutos, mas confisco para a árvore (33), a TFP publica carta aberta aos líderes agrícolas Benjamin Matte e Manuel Valdés V. A missiva ressalta que os dirigentes agrícolas põem grande empenho em questões secundárias – como pleitear bons preços para seus produtos – e praticamente nada fazem para defender o inviolável direito de propriedade, ameaçado pela Reforma Agrária de Frei. Em sua réplica, os dirigentes das associações de agricultores limitam-se a reiterar suas posições, como deixa claro a tréplica da TFP.

(33) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 5-7-69.

 

Alfândega controla pensamento

AGOSTO – Sem explicação, a alfândega de Los Andes retém uma partida da obra Baldeação ideológica inadvertida e diálogo (34). Seu autor, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, envia telegrama ao Presidente Frei, protestando contra esta violação da liberdade de opinião no Chile (35). Ato contínuo, o Subsecretário do Interior declara que a obra pode ingressar no País (36).

(34) Cfr. "El Diario Ilustrado", Santiago, 7-8-69.

(35) Cfr. "Folha de S. Paulo", 4-8-69; despacho da AFP; "La Prensa", Buenos Aires, 6-8-69.

(36) Cfr. "El Diario Ilustrado", "El Mercurio" e "La Tercera", todos de Santiago, 8-8-69.

 

AGOSTO – "Fiducia" publica número especial sobre o IDO-C e os grupos proféticos (24 mil exemplares), vendido em 105 cidades. A voz de Mons. Cifuentes, Arcebispo de La Serena, se levanta novamente para apoiar a TFP (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 2).

 

Privados do Sacrifício do Altar os que tombaram em defesa da Civilização Cristã

NOVEMBRO – O Arcebispo de Santiago, por meio de seu Vigário Geral Mons. Jorge Gómez Ugarte, nega licença para a celebração de uma Missa pelas vítimas do comunismo, alegando que poderia dar lugar a uma "ação religiosa comprometida com finalidades de política partidária". Face à insólita negativa, a TFP assinala não constituir um partido político, e ressalta o caráter desconcertante e injusto da medida  (cfr. "Fiducia", 31; "El Diario Ilustrado" e "El Mercurio", 31-10-69).

 

Até isto!

DEZEMBRO – Membros da TFP são expulsos do Colégio dos Sagrados Corações (Padres franceses), por sua posição categoricamente anticomunista. No mês seguinte, o deputado Miguel Luis Amunátegui Johnson pronuncia na Câmara corajoso discurso de protesto pela medida, em meio a altercações e debates acalorados com deputados socialistas e democrata-cristãos.

 

 

1970

 

Declarações insólitas

JANEIRO – As eleições presidenciais se aproximam. O Cardeal Silva Henríquez faz insólitas declarações no sentido de que os católicos podem, em sã consciência, sufragar candidatos marxistas. A TFP dirige ao Purpurado respeitosa carta aberta, pedindo que esclareça ou desminta tais declarações (37). A resposta é o silêncio... "El Siglo" (27-1-70), órgão do Partido Comunista chileno, ataca violentamente a Sociedade e defende Mons. Silva Henríquez.

(37) Cfr. "El Mercurio", 24-1-70 e "El Diario Ilustrado", 25-1-70, ambos de Santiago.

 

Ponta de lança

JANEIRO – Ante a promulgação de uma lei complementar que agrava as arbitrarie-–fa–ia8dades da Reforma Agrária, a TFP se dirige uma vez mais ao País: A Democracia Cristã, ponta de lança da esquerda (38).

(38) Cfr. "El Mercurio" e "El Diario Ilustrado", ambos de Santiago, 25-1-70.

 

Diante da injustiça, da ilegalidade e da vingança

FEVEREIRO – Ao consumar-se a expropriação da propriedade de 77 hectares do Presidente da TFP, para a qual o Governo violou a própria lei de Reforma Agrária, agricultores publicam em vários jornais do País a declaração Ante uma lei injusta e ante a aplicação injusta de uma lei (39). No dia em que o Presidente da entidade seria desalojado de suas terras, centenas de agricultores e parlamentares dirigem uma carta aberta ao Presidente Frei, intitulada Diante da injustiça, da ilegalidade e da vingança (40). O Presidente da TFP, em carta aberta aos agricultores e camponeses (41), agradece as valentes manifestações de solidariedade, que contrastam com a pusilanimidade entreguista dos dirigentes de entidades da classe agrícola. 860 camponeses e empregados do Vale de Curacavi também lhe expressam sua solidariedade, em comunicado publicado pela imprensa (42).

(39) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 26-2-70 e 6-3-70.

(40) Cfr. "El Diario Ilustrado", Santiago, 21-2-70.

(41) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 1º-3-70 e jornais do sul, do dia 2-3-70.

(42) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 10-3-70.

 

Para a DC, Cuba não é indesejável

FEVEREIRO – Telegramas ao Presidente Frei e ao Chanceler Gabriel Valdés protestando contra as declarações deste último favoráveis à reintegração de Cuba na conferência interamericana (43).

(43) Cfr. "El Diario Ilustrado", Santiago, 8-2-70.

 

"Triangulitos"

ABRIL – A TFP recorre a um método de difusão inédito: sobre o passeio Ahumada, no coração comercial e financeiro de Santiago, lança 100 mil volantes em forma de triedro. Em cada uma das faces se representam, respectivamente,  Alessandri (candidato conservador), Tomic (candidato demo-cristão) e Allende (candidato marxista). No interior do triangulito – como o denominou o público – um texto breve chama a atenção para o fato de que os três candidatos propuseram – se bem que com matizes diversos – a continuação da Reforma Agrária. Também publica na imprensa a declaração Resguardemos para o Chile autêntico o direito de se expressar (44).

(44) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 11-4-70.

 

Plebiscito

JUNHO – Plebiscito: caminho leal, é o título do comunicado de imprensa em que a TFP pede que se suspenda a aplicação da Reforma Agrária até as próximas eleições, e que o novo Presidente faça uma consulta popular a respeito do assunto (45).

(45) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 9-6-70.

 

Violência governamental

JULHO – A escalada da violência, fruto da continuação do processo de Reforma Agrária, torna cada vez mais verossímil a hipótese de um golpe democrata-cristão. Era preciso explicitar para o público esse perigo difuso. A TFP o faz, lançando um sugestivo volante do alto dos edifícios centrais de Santiago, e inundando as ruas: os "narigões", como o público os alcunhou, pois nas faces externas do volante se vê recortado o característico perfil de Frei, e dentro, a mensagem de advertência da TFP. O Governo vareja a sede da TFP e instaura processo descabido contra seus dirigentes.

 

Negócio de Matte, negócio de chinês

AGOSTO – O Presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Benjamin Matte, faz gestões para restabelecer relações comerciais privadas com o governo de Fidel Castro. A TFP adverte publicamente para esta manobra preparatória do reatamento de vínculos diplomáticos (46). A resposta de Matte é frívola, vazia e... em latim (47), acrescentando ao lado a tradução, e pretendendo desse modo colocar em ridículo a entidade. A TFP treplicou... em chinês – com a respectiva tradução – em manifesto intitulado Negócio de Matte, negócio de chinês (48). Nele aconselha que, a bem de sua reputação, da próxima vez Matte responda de forma objetiva e com argumentos.

(46) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 2-8-70.

(47) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 6-8-70.

(48) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 21-8-70.

 

Para ambigüidades, plebiscito

AGOSTO – Às vésperas das eleições presidenciais, número especial de "Fiducia" com o documento intitulado Só um plebiscito revelará o verdadeiro pensamento do povo chileno, é difundido nas ruas de Santiago.

 

Fatídica eleição

SETEMBRO – A TFP exorta os chilenos a votar em quem se possa supor que aplique as reformas com menos intensidade, uma vez que nenhum dos candidatos é contrário à Reforma Agrária (49). Realizadas as eleições, verifica-se a vitória, por pequena margem de votos, da Unidade Popular. Como nenhum dos candidatos obtém maioria absoluta, a eleição do Presidente deve fazer-se em outubro, pelo Senado e a Câmara de Deputados reunidos – onde o PDC tem os votos decisivos.

(49) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 1º-9-70.

 

No umbral da tragédia, apelo ao Santo Padre

OUTUBRO – Era, pois, o momento para que a Hierarquia católica fizesse sentir todo o peso de sua influência moral sobre os parlamentares demo-cristãos, a fim de que estes negassem seu voto ao candidato marxista, o qual, assim, ipso facto estaria derrotado. Não podendo, à vista de antecedentes inequívocos, esperar essa medida da Hierarquia chilena, a TFP se dirige por carta a Paulo VI, pedindo-lhe que se digne intervir para salvar o Chile do precipício comunista. Não parece que tenha tido ressonância essa súplica, pois sob o alento do Cardeal Silva Henríquez e de outros numerosos Prelados, a Democracia Cristã vota, em outubro, a favor do marxista Allende!

 

TFP no exílio

Tendo em vista as drásticas restrições a que inevitavelmente seria submetida com a ascensão do marxismo ao Poder, a TFP considerou que desde o primeiro momento lhe faltaria o mínimo da liberdade necessária para atuar e influir sobre a opinião pública. Já sob o Governo de Frei, e particularmente nos últimos meses do mandato deste, pôde-se verificar a perseguição e a vingança contra a Sociedade, acompanhadas de constantes invectivas difamatórias por parte da imprensa demo-cristã e socialo-comunista.

Era evidente que, sob o marxismo, a entidade se veria imediatamente coarctada em sua liberdade de movimento, e cerceada por toda sorte de medidas governamentais arbitrárias, inclusive perseguição policial. Poderia, também, ser vítima de agressões de agitadores que o Governo não teria interesse em castigar, e que a opinião pública, amordaçada, não estaria em condições de rechaçar.

Também não era fora de propósito prever o fechamento, cedo ou tarde, da Sociedade por ato arbitrário do Governo.

Nessas circunstâncias, os sócios e os cooperadores da TFP tomam o caminho cheio de incertezas do exílio, com a esperança de encontrar fora do Chile condições eventualmente mais favoráveis para denunciar as manobras do Presidente marxista, do que se permanecessem estavelmente no País.

Poderiam, por fim, fazer chegar por diversos meios publicações e manifestos que fariam circular no Chile, e esclarecer por análoga maneira, em quase todo o Ocidente, a opinião pública internacional sobre o cunho comunista do novo regime, o que por sua vez contribuiria para isolá-lo, redundando em seu debilitamento dentro de suas próprias fronteiras. De todos os modos, partem com a confiança posta na Divina Providência, dispostos a atuar, sempre no terreno doutrinário e legal, e com o propósito de voltar logo que as circunstâncias o permitam (sobre o assunto ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 3).

 

 

1971

 

Crepúsculo artificial

MARÇO – Vem a lume o primeiro número de "Fiducia no Exílio", contendo o manifesto As eleições de abril, uma etapa a mais no crepúsculo artificial do Chile. Distribuído largamente, de mão em mão, através de ampla rede de colaboradores e amigos da TFP, o documento enumera os fatores que contribuíram para a vitória de Allende e desmascara a tentativa de apresentar Frei como anticomunista autêntico.

 

Trapaças na via chilena

SETEMBRO – "Fiducia no Exílio" traz o manifesto Nem armas, nem barbas, mas trapaças: a via chilena, que analisa o modo pelo qual o comunismo, apesar de recusado pela maioria da população, se vai impondo inexoravelmente ao País. O documento critica a recepção que o Presidente argentino Lanusse deu a Allende na nação platina, como fruto de sua política de "queda das barreiras ideológicas", o que contribui para desmoralizar–fa–ia19os chilenos anticomunistas, e deste modo favorecer Allende.

Ilustrada com caricaturas alusivas à situação descrita no manifesto, a revista é editada em papel-bíblia, para facilitar sua ampla circulação no Chile. Os exemplares trazem um selo no qual se lê "distribuição patriótica: coragem e legalidade". Um exemplar do manifesto é exibido em um programa de TV, por dirigentes marxistas, para denunciar o que chamam arbitrariamente de "conspiração contra o regime". O documento contribui ponderavelmente para sacudir o "pânico anestesiante e isolante" que paralisa a maioria anticomunista.

O jornal comunista "El Siglo" (16-10-71), em artigo que reproduz inclusive as caricaturas do manifesto da TFP, afirma sem rodeios: "Os fiducianos chilenos se converteram no centro nevrálgico de uma rede de intensas atividades que se vêm efetuando contra o Chile [sic] em diversos países do Continente".

 

 

1972

 

Ação da TFP é incrementada

FEVEREIRO – A TFP, que sempre constituiu no Chile o pólo de atração dos círculos anticomunistas mais dinâmicos, nunca cessou sua atuação interna no País. Representantes seus percorrem-no com freqüência, tomando contactos para avaliar a situação, aglutinando elementos antiesquerdistas e difundindo seus manifestos. As atividades exercidas pela Sociedade, no Exterior, repercutem também intensamente no País, sensibilizando as zonas mais profundas da mentalidade nacional.

Desta maneira, a TFP em nenhum momento deixa de animar a reação anticomunista, principalmente desmascarando aqueles líderes civis ou eclesiásticos que induzem a ceder para não perder. É sugestivo que a imprensa esquerdista tenha procurado continuamente envolver a TFP, durante esse período, em maquinações e complôs inteiramente alheios a seu estilo, com o que os ditos jornais reconheciam implicitamente a eficácia da ação dela.

Uma vez desfeito o letargo da maioria contrária ao regime marxista, os dirigentes da Sociedade, exilados, julgaram oportuno incrementar sua ação no País. Deste modo, um grupo de cooperadores da TFP retorna ao Chile, a fim de preparar uma futura atuação da entidade no campo que lhe é próprio, isto é, o do debate público, ideológico, desenvolvido dentro da lei, com vistas a influir na opinião nacional. Como resultado dessa presença a TFP pôde, exatamente um ano depois, dirigir-se à opinião pública pela imprensa chilena, e, pouco após, também diretamente nas ruas.

 

 

Autodemolição demolidora

FEVEREIRO – A TFP publica o manifesto A autodemolição da Igreja, fator da demolição do Chile (50), no qual demonstra que o apoio constantemente proporcionado ao regime de Allende pelo Cardeal Silva Henríquez, pela maioria do Episcopado e importante parcela do Clero, era fundamental para que fosse mantida a coalizão socialo-comunista no Poder. Onze valorosos sacerdotes enviam cartas de apoio à TFP, as quais são divulgadas pela imprensa. O manifesto é publicado em importantes jornais do continente e da Europa (51).

(50) Cfr. "La Tercera de la Hora", 27-2-73; "Tribuna", 27-2-73 e resumo em "Las Ultimas Noticias", 28-2-73, todos de Santiago; "El Sur", Concepción, 1º-3-73 e "El Diario Austral", Temuco, 2-3-73.

(51) Cfr. "Folha de S. Paulo", 2-3-73; "La Nación", Buenos Aires, 2-3-73; "El Pais", Montevideo, 3-3-73; "Fuerza Nueva", Espanha, nº 325, de março de 73; "Diario de las Americas", Miami, 29 e 30-3-73; "Diario de Noticias", Rio de Janeiro, 15-4-73.

 

Direitos imprescritíveis de Nosso Senhor

MAIO – Cooperadores da TFP descem às ruas de Santiago para a coleta de assinaturas de apoio a um manifesto dirigido ao Episcopado nacional, pedindo que este adote atitude de clara reprovação ao projeto de Escola Nacional Unificada (ENU), proposto pelo Governo marxista. Em um País convulsionado pelas agitações promovidas por extremistas de esquerda, a TFP recolhe, nas ruas de Santiago, Concepción e Valparaíso, 50 mil assinaturas de estudantes, professores e pais de alunos contra o projeto. A confusão imperante nos dias que antecedem a queda do regime marxista impede que as firmas sejam entregues a seus destinatários. Constituem elas um dos testemunhos mais eloqüentes da indignação popular contra o governo esquerdista.

Quatro meses depois de começada a coleta de assinaturas, as Forças Armadas, interpretando o sentir geral, varrem do Poder as hostes marxistas.

 

"Magnificat pelo Chile"

SETEMBRO – Publicação, nos principais jornais do País, do comunicado A TFP espera no futuro do Chile (52), no qual a entidade manifesta o júbilo caloroso pela libertação do País. Por iniciativa da TFP, é também publicado na imprensa de Santiago o artigo Magnificat pelo Chile, de Plinio Corrêa de Oliveira, no qual o articulista exprime o regozijo dos anticomunistas do mundo inteiro pelo que acabava de suceder no País (53).

(52) Cfr. "El Mercurio", 19-9-73; "Tribuna", 22-9-73 e "La Tercera de la Hora", 27-9-73, todos de Santiago, e "El Sur", de Concepción, 23-9-73.

(53) Cfr. "Tribuna", Santiago, 24-10-73, transcrito da "Folha de S. Paulo", de 16-9-73.

 

1974

 

FEVEREIRO – Em número especial de "Fiducia", a TFP publica e difunde amplamente pelas ruas reportagem completa sobre o panorama de injustiça, miséria e sangue da experiência marxista no Chile (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 3).

 

ABRIL – A TFP chilena adere à Declaração de Resistência, e a faz publicar no Chile (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 4).

 

NOVEMBRO – Telex de felicitações ao Chanceler Patricio Carvajal, pela lúcida e valente atitude na conferência da OEA, em Quito, opondo-se à readmissão de Cuba na convivência das nações americanas (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 6).

 

1975

 

Execrável entreguismo

MAIO – Diante da trágica queda do Vietnã em poder do comunismo, a TFP divulga, através da imprensa e nas ruas, o manifesto Indochina, a "détente" e o futuro do Chile (54), no qual denuncia a mentalidade dialogante que esteve na raiz deste novo execrável retrocesso do Ocidente diante do comunismo.

(54) Cfr. "La Tercera de la Hora", Santiago, 17-5-75.

 

Fátima

AGOSTO – Edição e difusão do opúsculo Simples relato do que se passou em Fátima quando Nossa Senhora apareceu (5 mil exemplares), de A. A. Borelli Machado, sócio da TFP brasileira.

 

Alegria vigilante

SETEMBRO – No segundo aniversário da queda do regime marxista, a TFP publica (55) a declaração No aniversário histórico: alegria, vigilância e esperança, na qual denuncia a falsa paz sonolenta e a-ideológica, propiciada por setores que inculcam a falta de vigilância face ao comunismo.

(55) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 11-9-75.

 

Informação absurda  e caluniosa

OUTUBRO – Em declaração publicada no jornal "La Tercera de la Hora" (56), a TFP repudia como absurda e caluniosa a informação divulgada a partir de Roma pela Agência EFE, de que a Sociedade estaria envolvida no atentado que feriu, na capital italiana, o ex-Ministro democrata-cristão Bernardo Leighton e sua esposa.

(56) Em 18-10-75.

 

1976

 

FEVEREIRO – É lançado, produzindo grande comoção em todo o País, o livro A Igreja do silêncio no Chile – a TFP proclama a verdade inteira (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 8).

 

MAIO – Divulgação no Chile do manifesto intitulado Direitos humanos na América Latina – o utopismo democrático de Carter favorece a expansão comunista (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 9).

 

MAIO/AGOSTO – A propósito da campanha internacional pelos direitos humanos, a TFP toma importantes atitudes (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 9).

 

Desprestígio da ONU

DEZEMBRO – Surpreendentemente, o Governo convoca um plebiscito sobre a nova Constituição, como réplica à terceira resolução das Nações Unidas contra o regime chileno. A TFP lança a declaração Sobre a consulta nacional – a TFP a seus amigos e simpatizantes em todo o País (57), no qual manifesta sua perplexidade pelo fato de que o plebiscito seja convocado a propósito de uma resolução de um organismo tão desacreditado como a ONU; mas, considerando a salus populi, recomenda dar apoio às autoridades.

(57) Cfr. "El Mercurio", "La Tercera de la Hora" e "Las Ultimas Noticias", todos de Santiago, 31-12-77.

 

 

1978

 

A TFP divulga artigo de Plinio Corrêa de Oliveira sobre o Conclave (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 10).

 

Cadeado na boca?

DEZEMBRO – A TFP publica na imprensa o comunicado da coirmã venezuelana Democracia cristã: com um cadeado na boca (58), em que levanta dúvidas sobre a autenticidade democrática dessa corrente político-ideológica.

(58) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 20-12-78 e "Las Ultimas Noticias", Santiago, 20-12-78.

 

Absurda equiparação

DEZEMBRO – Jornais de Santiago divulgam o texto do telex da TFP à Organização Regional Interamericana do Trabalho, com sede no México, protestando contra o boicote comercial decretado por essa organização contra o Chile. A TFP assinala o absurdo da equiparação do Chile com a Cuba castrista, em matéria de direitos humanos (59).

(59) Cfr. "Las Ultimas Noticias", 12-12-78; "La Tercera de la Hora", Santiago, 13-12-78.

 

1979

 

Dirigentes da TFP respondem

FEVEREIRO – A "Revista del Domingo", que circula com o jornal "El Mercurio", apresenta amplo questionário aos diretores da TFP, os quais respondem pormenorizadamente. A matéria publicada no periódico ( 633), entretanto, além de ser apresentada de forma tendenciosa, omite partes essenciais das respostas. A Sociedade edita, então, número especial de seu boletim informativo "Tradición, Familia, Propiedad", com o texto integral da entrevista, que é amplamente difundido nas ruas.

 

Jovens da TFP alegram necessitados

DEZEMBRO – Para alegrar o Natal dos pobres, a TFP realiza campanha de coleta de brinquedos, roupas e alimentos. Os presentes são posteriormente distribuídos entre as famílias mais necessitadas de Buín. A iniciativa se repetirá nos anos seguintes.

 

 

1980

 

Pinochet e Filipinas

MARÇO – O forçado e surpreendente cancelamento da visita do General Pinochet às Filipinas, decidida unilateralmente pelo governo Ferdinand Marcos quando o Presidente chileno se dirigia àquele País, constituiu um insulto ao Chile. A TFP protesta através da imprensa (60), encarecendo que o fato não deveria servir de pretexto para concessões ao marxismo.

(60) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 28-3-80.

 

MAIO – A TFP se soma ao esforço de suas coirmãs em favor dos cubanos refugiados na Embaixada do Peru em Havana (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 9).

 

Constituição, plebiscito e  guerra psicológica

SETEMBRO – Na iminência da realização de um plebiscito sobre o novo projeto de Constituição, a TFP envia ofício aos mais representativos organismos e instituições nacionais que ainda não se tenham pronunciado a respeito, insistindo em que o façam, a fim de que a opinião pública possa estar o mais informada possível no momento de votar. Dias depois, em manifesto de página inteira (61), a Sociedade manifesta pela imprensa seus pontos de vista sobre o novo projeto constitucional.

(61) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 9-9-80.

 

 

1981

 

Modelo polonês

MAIO – No plano internacional, a situação da Polônia atrai a atenção da opinião pública. Fala-se em um "modelo polonês". Para quem? Para o Chile? Para o mundo? Um número especial do boletim informativo da entidade trata da interessante matéria (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 11).

 

Antigo é moderno

NOVEMBRO – "Tradición, Família y Propiedad" consagra um número especial à reportagem Nos Estados Unidos, terra da modernidade, o antigo está se tornando moderno.

 

DEZEMBRO – Publicação no Chile da Mensagem das 13 TFPs sobre o socialismo autogestionário francês (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 12).

 

 

1982

 

ABRIL – Por iniciativa da TFP é transcrito na imprensa de Santiago importante documento sobre a delicada situação criada no Atlântico Sul (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 13).

 

Autogestão no Chile?

JULHO – O Estatuto Social da Empresa representava um primeiro passo para a instauração, no Chile, de um regime autogestionário. A este respeito, a TFP publica categórica declaração intitulada O Estatuto Social da Empresa: Espada de Dâmocles sobre as classes produtoras e proprietários rurais? O texto é amplamente divulgado, tendo um resumo sido publicado pela imprensa (62).

(62) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 28-7-82.

 

 

Informando

OUTUBRO – O boletim informativo da TFP dá um apanhado das reações e comentários suscitados pela divulgação de seu lance contra o Estatuto Social da Empresa.

 

 

1983

 

Aos Arcebispos ignotos

ABRIL – Às vésperas da nomeação de titulares para as três principais Arquidioceses do País – Santiago, Valparaíso e Concepción – a Sociedade publica na imprensa (63) e di- funde nas ruas o manifesto A TFP aos Arcebispos desconhecidos: Carta Aberta, o qual contém filial pedido da entidade para que os futuros Srs. Arcebispos remedeiem tantas omissões e erros do passado, abrindo por fim novas e luminosas páginas na História da Igreja no Chile. A iniciativa dá lugar a polêmicas com setores esquerdistas do Clero.

(63) Cfr. "El Mercurio", 13-4-83 e "La Tercera de la Hora", 23-4-83, Santiago, e "El Sur", Concepción, 21-4-83.

 

Nada melhorou e tudo se agravou

MAIO – 4ª edição de A Igreja do Silêncio no Chile, com um prefácio onde se afirma que "sete anos depois, nada melhorou e tudo se agravou"... (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 8).

Telegrama das TFPs a Reagan protestando contra a nomeação de Kissinger para cargo chave relacionado com a América Latina (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 14).

 

Urge revogar

AGOSTO – Carta ao Ministro do Trabalho, Sr. Hugo Galvez Gajardo, para "insistir, respeitosa mas francamente, junto ao Sr. Ministro, sobre a necessidade e conveniência de não dilatar mais a derrogação do Estatuto Social da Empresa" (64).

(64) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 1º-9-83.

 

Mães valorosamente católicas

NOVEMBRO – 400 mães de família católicas do popular bairro de Pudahuel enviam carta aberta ao novo Arcebispo de Santiago, Mons. Juan Francisco Fresno, fazendo ver respeitosamente a ação de Sacerdotes e Religiosas nos bairros periféricos de Santiago, mais preocupados em promover a luta de classes que em instruir sobre os ensinamentos tradicionais da Igreja (65). Em meio à polêmica com o Arcebispado, que a iniciativa suscita, a TFP esclarece que havia acedido em colaborar, na medida de suas possibilidades, para a concretização da tão boa iniciativa que as valorosas mães haviam ideado (66).

(65) Cfr. "El Mercurio", 6-11-83 e "Las Ultimas Noticias", 10-11-83, Santiago; "El Mercurio", Antofagasta, 11-11-83; "El Sur", Concepción, 10-11-83; "El Diario Austral", Temuco, 11-11-83.

(66) Cfr. "La Segunda", 15-11-83; "Las Ultimas Noticias", 16-11-83, Santiago.

 

Não cruze os braços, Monsenhor

DEZEMBRO – A TFP se dirige ao Arcebispo de Santiago em documentada carta aberta, que ocupa duas páginas de jornal (67). O texto demonstra que os elementos mais radicalmente subversivos do País pertencem às fileiras do Clero, e pede medidas a Mons. Fresno.

(67) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 8-12-83.

 

O Sr. Arcebispo, com uma resposta pouco clara, tenta elidir a questão (68). A TFP publica a nota Não cruze os braços, Monsenhor (69). A Rádio Moscou, em seu programa Escucha Chile, tenta defender a "esquerda católica", tão concludentemente desmascarada... e desmitificada (70).

(68) Cfr. "El Mercurio" e "Las Ultimas Noticias", ambos de Santiago, 16-12-83.

(69) Cfr. "El Mercurio" e "La Segunda", ambos de Santiago, 17-12-83.

(70) Emissão de 19-12-83 às 18:30 hs.

 

A propósito desta carta, Mons. Piñera, Presidente da Conferência Episcopal declarou que "uma infiltração no plano das idéias, da influência, é inevitável e é bom que aconteça" (71). A TFP o interpela respeitosamente, pedindo um esclarecimento (72). A resposta é o silêncio.

(71) "La Tercera de la Hora", Santiago, 14-12-83.

(72) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 22-12-83.

 

Por sua parte, o secretário da Conferência Episcopal, Mons. Contreras, Bispo de Temuco, sem entrar no mérito da posição da TFP, afirma que a entidade "é o que há de mais anticatólico" (73). A entidade se defende, esclarecendo que é por fidelidade à Igreja, e jamais por espírito de rebeldia, que impugnou a atitude de alguns Pastores (74).

(73) Cfr. "El Diario Austral", Temuco, 23-12-83; "El Mercurio", Santiago, 24-12-83.

(74) Cfr. "El Mercurio", Santiago, e "El Diario Austral", Temuco, ambos de 27-12-83.

 

 

1984

 

Primeira bomba, vã tentativa de intimidar

MARÇO – Dia 15, atentado a bomba na sede principal da TFP em Santiago. Os meios de comunicação do País e do Exterior noticiam o fato. A TFP, em comunicado à impren- sa, afirma que "não se deixará intimidar" (75).

(75) "El Mercurio" e "La Tercera", ambos de Santiago, 17-3-84.

 

 

A TFP ausculta os bairros periféricos

MARÇO – Número especial de "Tradición, Familia y Propiedad", com o sugestivo título Que prepara a "esquerda católica" nos bairros periféricos de Santiago? Um show psicológico que adultera a abertura política...? E não preverá que isto degenere em guerra civil, cujo desenlace seja um regime socialo-comunista?

Anúncios são estampados na imprensa (76), e 10 mil exemplares da revista são divulgados em campanha nas ruas de Santiago e das cidades do sul.

(76) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 20, 21 e 22-3-84.

 

A polêmica do ano

SETEMBRO – Comentário intempestivo do Bispo de Punta Arenas, Mons. Tomás Gonzalez Morabo, publicado pela imprensa, sobre o livro A Igreja do Silêncio no Chile (77), dá lugar a uma polêmica na seção de cartas do jornal "El Mercurio" (78). O Prelado progressista deixa à mostra a inconsistência de seus argumentos. Houve quem qualificasse a controvérsia de "a polêmica do ano".

(77) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 31-8-84.

(78) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 10-9-84; 14, 21 e 30-10-84; 4-11-84.

 

Direitos humanos?  Ou totalitarismo simulado?

OUTUBRO – A Comissão Chilena de Direitos Humanos, em seu "Informe Anual", inclui a TFP no rol das entidades violadoras dos direitos humanos, por sua carta aberta de dezembro a Mons. Juan Francisco Fresno (vide supra). A TFP se defende, em incisiva declaração intitulada Atenta contra os Direitos Humanos a Comissão Chilena de Direitos Humanos (79). O documento da TFP faz notar o absurdo de a dita Comissão ter considerado "violadora" dos direitos humanos, um grupo de mães que havia se dirigido ao Arcebispo de Santiago para expressar-lhe respeitosa e filialmente sua perplexidade diante de uma catequese que elas consideravam deformante da mente de seus filhos. A matéria repercute também em Washington (80). A Comissão insiste em suas grotescas acusações (81). Em comunicado, a TFP põe a nu o totalitarismo que transparece no "zelo" da referida entidade (82).

(79) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 7-10-84.

(80) Cfr. "The Washington Post", 11-10-84.

(81) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 13-10-84.

(82) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 19-10-84.

 

Influência nefasta no passado

NOVEMBRO – Mons. Manoel Camilo Vial, atual Bispo de San Felipe, preside em Roma a reunião "Pastoral para o exílio", da qual participam destacados membros da ex-Unidade Popular. Em comunicado de imprensa, a TFP comenta que "esse congresso, para além do problema dos exilados, representa um esforço de articulação das correntes que levaram Allende ao Poder, numa tentativa de voltar a exercer a mesma nefasta influência que exerceram no passado" (83).

(83) Cfr. "Las Ultimas Noticias", Santiago, 5-11-84.

 

Perseguição na Venezuela

NOVEMBRO – Por motivo do arbitrário fechamento de Resistencia, a TFP chilena publica Perseguição ideológico-religiosa na Venezuela – Nuvem negra baixa sobre o País irmão (84).

(84) Cfr. "La Tercera de la Hora", Santiago, 24-11-84.

 

Alegria de Moscou

DEZEMBRO – A propósito dos acontecimentos da Venezuela, a TFP chilena publica também O Kremlin deixa cair a máscara e canta vitória (85).

(85) "El Mercurio", Santiago, 10-3-85.

 

 

1985

 

Terremoto: TFP presente

MARÇO – No dia 3, o Chile é abalado por um terremoto de trágicas conseqüências. A TFP convoca imediatamente todos os seus sócios e cooperadores para se juntarem à campanha de ajuda aos milhares de flagelados.

 

MARÇO – Edição e divulgação do livro de Plinio Corrêa de Oliveira Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo (ver Livros publicados por várias TFPs 3).

 

AGOSTO – A TFP alerta o público chileno sobre o caráter blasfemo do filme "Je Vous salue, Marie" (ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 17).

 

Absurda imputação e desmentido

AGOSTO – Pretende-se vincular a TFP a um atentado contra o Vicariato de Pastoral Operária. A Rádio Cooperativa faz eco a essa absurda imputação. A TFP desmente pronta e categoricamente.

 

Moscou e os universitários

OUTUBRO – Em seu boletim informativo, a TFP publica declaração de 700 universitários intitulada Não precisamos ir à Rússia para conhecer os frutos perversos do comunismo. O documento encontra ampla receptividade nos meios acadêmicos do País, contrastando com a fria e até enigmática acolhida nos jornais e revistas de Santiago, os quais, de fato, o censuram. Significativamente, a Rádio Moscou, em um programa dominical, critica duramente os termos da declaração.

 

Nova tentativa de intimidação

OUTUBRO – Nova bomba explode na sede social da entidade, em Santiago. A Sociedade comenta o fato em comunicado de imprensa (86).

(86) Cfr. "La Tercera de la Hora", "Las Ultimas Noticias", ambos de Santiago, 30-10-85.

 

Tendências entreguistas

DEZEMBRO – Uma rede nacional integrada por 15 jornais publica a carta aberta da TFP aos dirigentes da direita aderentes ao Acordo Nacional (87), de cujo texto são distribuídos 40 mil exemplares nas ruas de Santiago. Nela a Sociedade alerta para certas tendências entreguistas que voltam a se delinear no panorama político nacional.

(87) "El Mercurio", Santiago, 20-12-85; "La Estrella", Arica, 20-12-85; "La Estrella", Iquique, 20-12-85; "El Mercurio", Antofagasta, 20-12-85; "El Mercurio", Calama, 20-12-85; "La Prensa", Tocapilla, 20-12-85; "La Estrella del Norte", 20-12-85; "La Estrella del Loa", 20-12-85; "El Mercurio", Valparaíso, 20-12-85; "La Estrella", Valparaíso, 20-12-85; "El Sur", Concepcion, 20-12-85; "El Diario Austral", Temuco, 20-12-85; "El Diario Austral", Valdivia, 20-12-85; "El Diario Austral", Osorno, 20-12-85; "La Prensa Austral", Punta Arenas, 20-12-85.

 

Norte-americanos fazem conferências

DEZEMBRO – Ciclo de conferências na sede da Sociedade, na Rua Holanda, em Santiago: A fermentação revolucionária na América Latina – A contra-ofensiva ideológica das TFPs; O movimento conservador nos Estados Unidos – Situação atual e esperanças para o futuro. Figuram entre os conferencistas os srs. Paul Weyrich, considerado um dos principais estrategistas políticos da "Nova Direita" americana; Morton Blackwell, assessor especial do Presidente Reagan, de 1981 a 1984, e Presidente do International Policy Forum, e Henry Walther, Diretor Executivo da United States Defense Commitee.

 

 

1986

 

Por detrás do caos

ABRIL – Lançamento do livro Por detrás do caos: a Revolução joga sua cartada (150 pp.). A obra põe à disposição do público "a mais completa e atualizada radiografia da seita comunista no Chile de hoje e de seu coringa, a `esquerda católica'..." O livro é divulgado em campanhas de rua, e se difundem 60 mil exemplares de folhetos explicativos.

 

Resistência afegã

MAIO – Representante da resistência afegã contra a invasão soviética, em tournée pela América do Sul, profere conferência para sócios, cooperadores e amigos da Sociedade, na sede social da TFP.

 

Causa estupor elogio episcopal

JULHO – A propósito de um elogio episcopal ao socialismo: Custa-nos crer, Monsenhor, é o título da declaração publicada pela TFP universitária a respeito dos desconcertantes elogios ao socialismo e ao regime de Fidel Castro, formulados na Universidade Diego Portales por Mons. Hourton, Bispo Auxiliar de Santiago.

 

Patrulhas ideológicas

OUTUBRO – A TFP universitária difunde o comunicado Patrulhas ideológicas de Kerenskinhos percorrem as universidades tentando amedrontar os que suspeitam de discordar dos métodos psicológicos ditatoriais da esquerda.

 

Mudou o pensamento democrata-cristão?

NOVEMBRO – Universitários da TFP participam ativamente da difusão do manifesto Mudou o conteúdo do pensamento democrata-cristão? Ou continua ainda inspirado nos modernos continuadores dos Kerenskys de sempre? (88)

(88) "El Mercurio", Santiago, 11-11-86.

 

 

1987

 

"Esquecimentos e confusões": TFP lança livro de grande impacto

MARÇO – Ante a iminência da chegada ao Chile de João Paulo II, surgem indícios de que a "esquerda católica" prepara um show sobre a suposta miséria generalizada do povo chileno. Centenas de jornalistas estrangeiros que afluiriam na ocasião ao País estariam em condições de servir de veículo transmissor dessa visão distorcida, podendo influenciar inclusive o Pontífice e sua comitiva.

Diante desse quadro, a TFP lança o documentadíssimo livro Chile 1987: esquecimentos e confusões ameaçam a propriedade privada e a livre iniciativa, de autoria do destacado analista econômico, Carlos Patricio del Campo. A edição, de 5 mil exemplares, esgota-se rapidamente. Nela, a partir de uma perspectiva sócio-econômica – sem exageros nem omissões, e baseando-se em abundante documentação – o autor analisa a realidade do País, desmentindo as versões demagógicas da esquerda.

Em Roma, o Ufficio Tradizione, Famiglia, Proprietà faz chegar o primeiro exemplar do livro ao Sumo Pontífice, e outros exemplares são distribuídos à comitiva que o acompanharia ao Chile. A obra é colocada nas principais livrarias, e propagandistas da TFP distribuem 50 mil volantes explicativos pelas ruas de Santiago. É ela classificada como uma das sete mais solicitadas pelo público (cfr. "El Mercurio", 5-4-87).

 

Fátima e os estudantes

MAIO – Por ocasião do 70º aniversário das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, difusão em campanhas de rua da obra Nossa Senhora de Fátima: profecias para a América e o mundo. Tragédia ou esperança?, de autoria do Eng. A. A. Borelli Machado. O lançamento é feito pelo próprio autor, em concorrida sessão na sede da TFP.

 

Entrevista candente

AGOSTO – Entrevista de duas páginas para o jornal "Las Últimas Noticias" (89), na qual o Secretario de Imprensa da TFP manifesta o parecer da Sociedade sobre os mais candentes temas da atualidade nacional. Milhares de chilenos, espalhados por todo o País, recebem o texto da entrevista pelo sistema de mass-mailing.

(89) Em 23-8-87.

 

Inconformidade diante de torpe irreverência

OUTUBRO – Entrega ao Pró-Núncio Apostólico de uma carta de mais de mil universitários, dirigida a João Paulo II (90), na qual asseveram que os filões mais representativos da juventude chilena querem "repudiar o ídolo do sexo e do prazer". Com isso, desagravam a Deus e ao Pontífice pela atitude dos jovens católicos que lotavam o Estádio Nacional, os quais responderam com um rotundo "não!" à pergunta de João Paulo II: "Não é verdade que quereis repudiar o ídolo do sexo, do prazer, que freia vosso desejo de seguir a Cristo?"

(90) Cfr. "El Mercurio", Santiago, 14-10-87.

 

Membros da TFP universitária têm destacada participação na redação do texto e na coleta de assinaturas.

 

 

1988

 

Inusitado

MARÇO – Alcançam inusitada repercussão declarações do Cardeal Silva Henriquez, Arcebispo emérito de Santiago, feitas na Europa. Nelas se pode discernir a intenção de conduzir o Chile pelas mesmas sendas do socialo-comunismo que infelicitou a Nação no início dos anos 70.

Em conseqûência, a TFP se sente na obrigação de publicar o documento Reabrindo as chagas de um trágico passado, que futuro pretende o Cardeal Silva Henriquez para o Chile? A entidade comenta que as soluções sugeridas pelo Prelado são nem mais nem menos as que submeteram o País aos mil dias de voragem marxista sob o governo de Salvador Allende.

O documento é publicado simultaneamente nos quinze principais jornais do País (91). 145 mil exemplares do mesmo texto são distribuídos  pelos militantes da TFP chilena em 20 cidades, durante um mês de campanha.

(91) Cfr. "El Mercurio", 20-3-88 e "Diario de Provincias", 27 e 28-3-88 e 24-4-88.

 

De sua parte, Mons. Tomás Gonzalez, Bispo de Magallanes, toma a defesa do Sr. Cardeal, declarando que é melhor nada dizer e "não dar importância a esse grupo de pessoas" (92). A TFP, em comunicado à imprensa (93), comenta ser " provável que o Prelado haja respondido apenas movido por uma primeira e vaga impressão" e declara esperar que volte a se pronunciar, desta vez sobre o mérito do documento da entidade. O que, lamentavelmente, não sucedeu.

(92) "El Mercurio", 21-3-88.

(93) "El Mercurio", 24-3-88.

 

Alegria de concordar

ABRIL – A propósito de lúcidas reflexões do Bispo de Rancagua, Mons. Jorge Medina, sobre o plebiscito convocado pelo governo, a TFP emite declaração intitulada A alegria de concordar, em que, de modo geral, elogia os princípios orientadores dados pelo Prelado a seus fiéis (94).

(94) Cfr. "La Segunda" e "La Época", ambos de 22-4-88.

 

Jacques Chonchol mantém-se em silêncio

SETEMBRO – Volta ao Chile o mentor e principal executor da reforma agrária socialista e confiscatória durante os governos de Frei e Allende. A TFP chilena lhe pede publicamente que dê uma explicação ao País sobre o contraste existente entre a miséria que resultou da aplicação de suas teorias, e a atual prosperidade agrícola chilena, resultante da garantia da propriedade individual e do estímulo à livre iniciativa (95).

(95) "El Mercurio", 14-9-88.

 

Dificilmente um pedido poderia ter mais cabimento do que este. Ficou, entretanto, sem resposta.

 

Candidato de consenso para esvaziar as eleições?

SETEMBRO – O Comité Permanente do Episcopado afirma que, para evitar uma guerra civil, é necessário escolher um candidato de consenso, "que presida imparcialmente o processo de transição" no Chile. Em conseqüência, a TFP emite declaração pública, assinalando que a sugestão episcopal, ressalvadas as intenções, está "ajudando a criar um regime novo de governo baseado em um sutil e muito eficaz domínio sobre a opinião pública, que no fundo poderia ser mais autoritário e mais despótico do que muitas ditaduras convencionais: a ditadura psicológica dos que se arvoram em intérpretes do consenso".

 

Contrapeso?

SETEMBRO – Poucos dias antes da realização do plebiscito, a TFP publica pela imprensa importante pronunciamento intitulado Em prol da honestidade eleitoral (96). O documento constata que a Democracia Cristã e o Partido Socialista estão sendo apresentados como um contrapeso para os excessos do marxismo clássico, no âmbito da coligação de partidos de oposição. Baseando-se em atualíssima e sólida documentação, a TFP demonstra que, pelo contrário, a Democracia Cristã continua a mesma de sempre, ou seja, propugnadora de reformas de estruturas de caráter socialo-comunista. Com relação ao socialismo renovado, a entidade adverte que não representa nenhuma garantia de moderação, haja vista a  revolução cultural promovida pelo socialista Felipe Gonzalez na Espanha.

(96) "El Mercurio", 25-9-88.

 

Não denunciando o perigo comunista subjacente da coligação oposicionista – comenta finalmente a TFP – o Episcopado dá livre trânsito à nova imagem que a Democracia Cristã e o Socialismo procuram projetar de si.

 

Figurino espanhol

SETEMBRO – Número especial de "Tradición, Familia y Propiedad" apresenta um resumo das principais teses da obra de TFP-Covadonga  Espanha, anestesiada sem o perceber, amordaçada sem o querer, extraviada sem o saber - A obra do PSOE. A TFP chilena coloca assim ao alcance do público os elementos necessários para compreender o novo figurino sócio-político espanhol, que é o socialismo consensual.

 

Mercadejar consensual

OUTUBRO – Consumada a vitória do não nas urnas, a TFP publica uma série de considerações sobre a realidade chilena (97). A entidade observa que nos mais diversos quadrantes da vida religiosa, política e sindical do País se está promovendo uma campanha em prol de ambíguo consenso, consistente em escamotear as diferenças de opinião para atingir um falso e instável entendimento. O documento leva o seguinte título:  Uma democracia construída sobre a base de barganhas ideológicas não é democracia, mas um mercadejar com o qual nada de digno se pode construir.

(97) "El Mercurio", 21-10-88.

 

Sociedad Chilena de Defensa de la Tradición, Família y Propiedad 

Diretor Nacional: Felipe Lecaros Concha

Secretário de Imprensa: Ricardo del Campo Besa

Endereço: Av. Holanda 1403 – Santiago

 

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