16. Desmascarando movimento
guerrilheiro africano amparado pela ONU e pela "esquerda católica"
BANHADO PELO ATLÂNTICO, e situado entre Angola e a
África do Sul, o vasto território da Namíbia é escassamente povoado: pouco mais
de um milhão de habitantes, para uma superfície maior que a da França e
Inglaterra somadas. Descoberto pelo navegador português Diogo Cão em fins do
século XV, começa a ser colonizado pela Alemanha na segunda metade do século
passado. Após a I Guerra Mundial, passa a ser administrado pela África do Sul,
por mandato da Liga das Nações. Atualmente conta com um Governo de transição.
A Namíbia possui recursos minerais riquíssimos,
formando com a África do Sul o que se tem chamado de "o Golfo Pérsico dos
minérios". Além disso, possui uma situação geográfica de indiscutível
importância mundial, na estratégica "rota do Cabo", por onde passa o
maior volume de matérias-primas que o Ocidente recebe por via marítima.
A partir dos anos 60, a ONU, cada vez mais
influenciada por países comunistas ou regimes totalitários de esquerda, começa
a questionar a validade do mandado pelo qual a África do Sul administra o
território, e a reclamar para si essa prerrogativa. Paralelamente, surge no
sudoeste um movimento guerrilheiro que visa a tomada do Poder pela força – a
Organização do Povo da África do Sudoeste (SWAPO). Este começa a realizar
incursões terroristas a partir de bases localizadas nos vizinhos Zâmbia e
Angola. No ano de 1976, após uma sangrenta depuração interna, a SWAPO adota
oficialmente uma "Constituição" e um "Programa Político"
declaradamente comunistas e pró-soviéticos. Não obstante, a ONU apressa-se a
dar à SWAPO um patrocínio oficial incondicional, declarando-a "única e
autêntica representante do povo da Namíbia".
Nesse contexto, em 1982 uma Comissão da Conferência
Episcopal da África Austral, encabeçada pelo seu Presidente, o Arcebispo de
Durban, Mons. Denis Hurley, após visita de alguns dias no território, publica
um controvertido Relatório sobre a Namíbia, que pretende descrever
certos traços da situação do país. O documento causa grande estranheza e até
assombro na África do Sudoeste como na do Sul, inclusive entre os católicos
(que constituem pouco mais de 20% da população da SWA/Namíbia e perto de 10% da
população sul-africana). Há viva reação contra o texto episcopal, motivada
pelas inúmeras inexatidões e erros de apreciação que contém, bem como pela
parcialidade clamorosa que manifesta a favor da SWAPO. Por exemplo, o documento
chega a afirmar que "se houvesse (sic) tendências marxistas na SWAPO
seriam neutralizadas pela fé cristã tão amplamente apoiada e apreciada pelos
membros da SWAPO" (Southern African Catholic Bishops Conference, Report
on Namibia, 1-6-1982, pp. 25 e 27).
Interpelado a respeito pelo diretor do Bureau TFP
sul-africano, durante palestra que profere na Catedral de Johannesburgo, o
Arcebispo Mons. Hurley reconhece que os Bispos podem estar "apostando em
um cavalo perigoso" ao não fazerem restrições à SWAPO, mas acrescenta que,
no caso de esta tomar o Poder, "vamos conviver com eles de algum
modo"...
* * *
É então que a TFP norte-americana decide publicar um
estudo pormenorizado sobre a SWAPO, para desfazer de uma vez por todas as
falácias dessa organização, que a ONU e certos lobbies esquerdistas se
empenham em pôr em circulação no Ocidente.
Assim, em maio de 1984 vem a lume o livro Toda a
verdade sobre a SWAPO – Idealistas cristãos e heróis da liberdade e da justiça?
Ou instrumentos da agressão comunista internacional?
A repercussão favorável em círculos políticos e acadêmicos
norte-americanos é imediata.
Pouco depois, a Liga de Defesa Católica da África do
Sul obtém da TFP norte-americana licença
para publicar duas edições locais, em inglês (10 mil exemplares) e africâner
(15 mil exemplares). Estas edições se esgotam rapidamente. O Bureau TFP
para a África do Sul, por sua vez, lança sucessivas edições próprias do estudo;
e, no ano seguinte, por iniciativa do Bureau de Roma, é feita também uma
edição em italiano. Até o momento estão publicadas onze edições em quatro línguas:
africâner (três), alemão (três), inglês (quatro) e italiano (uma), totalizando
90 mil exemplares.
Muito expressiva tem sido a difusão do estudo na
Alemanha, na Austrália, na Bélgica, na Holanda, na Inglaterra, na Itália e na
Nova Zelândia. Pedidos têm chegado também de países como Índia e Gana.
O livro Toda a verdade sobre a SWAPO
demonstra, no essencial, que:
– A SWAPO nasceu patrocinada pelo Partido Comunista
sul-africano;
– Sua ideologia oficial é o marxismo-leninismo,
eufemisticamente denominado pela SWAPO como "socialismo científico";
– Sua meta é o estabelecimento de uma sociedade sem
classes, onde se eliminará a propriedade privada e se implantará a chamada
"propriedade do povo" coletiva e autogestionária;
– O regime político visado é a chamada "democracia
popular", nos moldes dos regimes totalitários detrás da cortina de ferro;
– Esse regime será conquistado e sustentado por meio
da violência, concebida como uma forma de atividade política, que poderá chegar
a tornar-se "universal" (sic!) no território;
– Instaurar-se-á uma educação compulsória no
coletivismo;
– Desencadear-se-á uma perseguição
ideológico-religiosa, visando eliminar "todos os vestígios... de
concepções não-científicas ou supersticiosas dos fenômenos naturais ou
sociais";
– Em matéria de política externa, a SWAPO pleiteia o
alinhamento total com o bloco soviético e a ruptura de todos os laços
tradicionais da África do Sudoeste com a África do Sul e com o Ocidente.
O regime visado pela SWAPO consiste, pois, no
comunismo mais extremado.
Tudo isto, a TFP norte-americana revela com base em
mais de 200 documentos, a maior parte deles emanados da própria SWAPO. O estudo
prova ainda, com dados concludentes que, não fosse o apoio contínuo dado pela
ONU (em dinheiro, publicidade, treinamento, alimentação, suporte logístico de
toda espécie etc.), a SWAPO não teria qualquer expressão a nível local ou
internacional, pois do ponto de vista propandístico e militar está
desqualificada, vendo-se obrigada a limitar suas operações a esporádicos e cruéis
atentados terroristas, a maior parte deles contra indefesos alvos civis na área
fronteiriça com Angola.
Um capítulo de Toda a verdade sobre a SWAPO
analisa também a atitude da Conferência Episcopal da África Austral, pondo em
evidência as inexatidões, distorções da realidade e unilateralidades
clamorosas, contidas no Relatório sobre a Namíbia publicado pelo
Episcopado; em particular, a parcialidade deste a favor da SWAPO. Por exemplo,
o documento episcopal não alude sequer aos atrozes atentados terroristas
perpetrados pela organização, nem às depurações internas que deixaram centenas
de vítimas, nem aos seqüestros – sobretudo de meninos e meninas – violações e
crimes de toda espécie que a SWAPO pratica, e que são públicos e notórios
(documentados inclusive por testemunhas simpáticas à causa da SWAPO). Por isso,
o estudo da TFP assinala que o Relatório sobre a Namíbia foi, do ponto
de vista pastoral, uma catástrofe, pois retira aos Bispos o crédito das pessoas
sérias que conhecem a SWAPO de perto, e desmobiliza a vigilância dos ingênuos
face a uma organização que é visceralmente anticristã.
Na conclusão, Toda a verdade sobre a SWAPO
apela para a união entre as forças vivas da SWA/Namíbia e organizações ou
perso- nalidades do Ocidente vinculadas ao Sul da África, para conduzir o
processo rumo à independência nas vias da civilização cristã, descartando
qualquer ingerência da SWAPO ou do comunismo no mesmo.
Decorridos quatro anos da publicação, a SWAPO não tem
ousado questionar ou desmentir o livro da TFP em nenhuma de suas partes. E o
mito propagandístico em torno dela vai caindo hoje no mais completo descrédito.
* * *
Evidentemente, a maior repercussão de Toda a
verdade sobre a SWAPO deu-se nos dois países mais concernidos: a África do
Sul e a Namíbia.
Sob o título Exposta toda a verdade sobre o
Sudoeste – Americanos alertam contra a SWAPO, o jornal "The
Citizen" (1), de Johannesburgo, publica matéria elogiando o livro.
Matérias análogas aparecem no "Die Republikein" (2) da capital
namíbia, Windhoek; e no conceituado "Aida Parker Newsletter" (3).
(1) De 27-7-84.
(2) De 3-8-84.
(3) De 7-6-74. Além disso, comunicado de imprensa do Bureau
TFP sul-africano sobre o lançamento da obra foi publicado pelos seguintes
jornais e revistas:
a) em inglês, "New Vision", maio de 85;
"SAES Newsletter", Sandton, fevereiro de 86; "The Rand Daily
Mail", de Johannesburgo, 24-4-85; "Daily News", de Durban,
9-11-84; "The Namib Times", de Walvis Bay, 27-9-85; "The
Windhoek Advertiser", 18-9-85; e nos boletins conservadores
"Signpost" e "Gospel Defence League".
b) em africâner: "Die Afrikaner", de
Pretória, abril de 85; "Die Vrystaatse Koerant", de Bloemfontein,
julho de 85; "Die Republikein", de Windhoek, 14-9-84 e 30-11-84;
"The Kouter", Windhoek, 3-12-84; e nos boletins
"Swalurama", fevereiro de 85 e "Die Stryder", também de
Windhoek.
c) em alemão: "Sudafrika Rundschau",
Johannesburgo, agosto de 84; "Allgemeine Zeitung", 18-9-88 e
"Die Suidwester", Windhoek, 27-9-85; "Vox Afrikana" e
"Protest" (boletins); "ADK Informationen", Windhoek,
2-3-86.
O livro alcança também larga difusão nos meios
acadêmicos sul-africanos. Grupos de estudantes conservadores distribuem mais de
900 exemplares dele nas Universidades de Witswatersrand em Johannesburgo, de
Pietermaritzburg em Natal, e da Cidade do Cabo. Na Universidade de
Stellenbosch, na Província do Cabo, são distribuídos 200 exemplares.
O desmascaram nto da SWAPO por parte da TFP desagradou
muito especialmente a setores da "esquerda católica" universitária. O
jornal "Wits Student", da Universidade de Witswatersrand, publica
furioso e inconsistente ataque contra o livro, partido da "Cathsoc"
(Sociedade de Estudantes Católicos). Entretanto – adotando o mais genuíno
estilo esquerdista – o mesmo jornal recusa-se a publicar a réplica da TFP. Não
obstante, esta vem a lume nas páginas do jornal estudantil "Forum" e
do jornal da Aliança dos Estudantes Moderados, ambos da mesma Universidade.
Foi também feita larga difusão entre os participantes
do Simpósio "Juventude pela Liberdade", promovido pela Federação
Nacional de Estudantes, e que reúne centenas de representantes de 45
organizações juvenis de 35 países.
* * *
Além de ser difundido nos mais variados meios
sul-africanos, inclusive entre líderes dos Estados negros independentes ou
semi-autônomos da região, Toda a verdade sobre a SWAPO causa profundo
impacto na própria Namíbia. Pouco depois de seu lançamento, representantes do Bureau
TFP são convidados a visitar o território e proferir palestras a respeito. A
viagem concretiza-se em setembro de 1985.
Na ocasião, entregam um exemplar da obra Toda a
verdade sobre a SWAPO ao Presidente do Conselho de Ministros, o qual
agradece, em nome do Governo, tudo quanto a TFP vem fazendo pelo bem de seu
país.
Pouco depois dessa viagem, a Comissão Diocesana de
Justiça e Reconciliação de Windhoek atribui ao Bispo local, Mons. Bonifatius
Haushiku, declarações ordenando que os organismos eclesiásticos e os fiéis
"reduzissem ao mínimo" seus contatos com o Governo de transição
nacional. Isto gera grande insatisfação entre os católicos, vários dos quais
solicitam à TFP que se pronuncie. Em dezembro de 1985, os três principais
jornais do território, editados nas três línguas nacionais (alemão, inglês e
africâner), estampam o manifesto da TFP intitulado Um apelo à clareza,
que solicita respeitosamente a Mons. Haushiku que esclareça sua posição a
respeito do virtual interdito contra o Governo, que lhe é atribuído.
Vários grandes jornais da África do Sul também publicam o manifesto (4).
4) O manifesto foi publicado na íntegra em "The
Windhoek Advertiser", 6-12-85; "Die Republikein", 13-12-85;
"The Algemeine Zeitung", 13-12-85. Resumos foram estampados por
"The Citizen", 13-12-85; "O Século", Johannesburgo,
16-12-85; "Die Volksblad", Bloemfontein, 17-12-85; "Daily
Dispatch" e "East London", 17-12-85; "Port Elizabeth
Express", 17-12-85; "Weekend Argus", 21-12-85.
O Prelado nada responde ao respeitoso apelo. Pouco
depois, o jornal esquerdista "The Namibian", de Windhoek, porta-voz
oficioso da SWAPO, estampa longa matéria cujo autor, o sr. Willy Namutenja,
tenta sair em defesa de Mons. Haushiku atacando furiosamente a TFP. "The
Namibian" recusa-se a publicar a serena resposta da TFP às confusas
asserções desse singular objetante. De qualquer modo, a "Newsletter"
da entidade a difunde na íntegra para milhares de leitores na África do Sul e
no Sudoeste.
Quatro meses após a primeira visita ao território,
representantes da TFP começam um programa de viagens periódicas para aprofundar
os contatos e proferir palestras. Estabelecem eles interessantes relações no
País e visitam a maioria dos membros do Governo local.
* * *
Em 1988, os Young
South Africans for a Christian Civilization publicam resumo – em forma de
revista em quadrinhos – do estudo sobre a organização subversiva SWAPO. A
revista, editada em inglês e africâner, destina-se a ser distribuída na faixa
de 1.500 km. que separa a Namíbia de Angola e Zâmbia, países marxistas onde a
SWAPO mantém suas bases.
Até o momento foram difundidos 3 mil exemplares em
Katima Mulilo, Rundu, Ovamboland, Oshakati e Windhoek. A iniciativa vem tendo
repercussão na imprensa oral e escrita (5). O jornal "Die Surdester",
a partir de 18-11-88, publicou o folheto por partes.
(5) Cfr.
"A formidável TFP", "Windhoek Advertiser", 21-11-88, e nota
em 11-11-88; "Allgemeine Zeitung", 18-11-88.