12. Socialismo autogestionário:
denúncia da TFP atinge 33,5 milhões de exemplares e é publicada em 52 países
O socialismo triunfa na França. Mas seu
programa autogestionário teve de ser arquivado logo nos primeiros meses de
governo
POR OCASIÃO DA VITÓRIA socialo-comunista ocorrida na
França em meados de 81, primeiro nas eleições presidenciais e, logo depois, nas
legislativas, as caixas de ressonância da propaganda da esquerda colocaram
Mitterrand e suas idéias no auge da notoriedade no mundo inteiro. O socialismo
autogestionário, preconizado pelo Partido Socialista (PS), tornou-se de repente
a esperança de todas as esquerdas, que até então estavam desanimadas pelas
recentes e dolorosas derrotas eleitorais do socialismo na Suécia, Alemanha,
Inglaterra e em outros países (*).
(*) O presente histórico foi extraído, com pequenas
adaptações, da obra de Plinio Corrêa de Oliveira "Autogestion socialiste:
les têtes tombent à l'entreprise, à la maison, à l'école". Edição da Association Française pour la Défense de la
Tradition, de la Famille et de la Propriété, Asnières, 1983. 213 pp.
O PS francês se proclamou internacional por natureza e
por vocação, e afirmou sua determinação de colocar a serviço do objetivo
socialista autogestionário o prestígio e a irradiação cultural que a França
exerce no mundo.
Fiel a esta declaração de intenções, Mitterrand –
favorecido pela grande aura publicitária que envolvia sua vitória – elabora uma
política exterior de expansionismo ideológico e de intervencionismo político. A
América Latina é, em pontos nevrálgicos, um dos primeiros objetivos visados. O
apoio aberto dado aos movimentos guerrilheiros da América Central – nos quais a
"esquerda católica" se engajara a fundo – e em particular a
provocante proteção diplomática e militar concedida ao sandinismo da Nicarágua,
atestavam que as pretensões imperialistas do socialismo francês não eram
simples figuras de retórica.
Os partidos e correntes socialistas de toda a América
Latina, anteriormente tão desprovidos de prestígio, começaram a levantar a
cabeça. A última expressão desta perigosa moda francesa, a autogestão,
principiava a encontrar eco em certos setores da opinião pública.
Diante desta moda internacional, era preciso a todo
preço reagir! Tanto mais que se fechavam em um inexplicável mutismo aqueles que
o cargo, a situação ou a influência obrigavam a empreender a contra-ofensiva.
* * *
Ela veio de onde talvez menos se esperava, e com uma
envergadura que deixou estupefatas as esquerdas do mundo inteiro: no dia 9 de
dezembro de 1981, em publicidade no "Washington Post", dos Estados
Unidos, e no "Frankfurter Allgemeine", da Alemanha, um artigo
ocupando seis páginas de jornal vibra um golpe monumental no socialismo
autogestionário, cavalo de batalha do PS francês.
Sob o título O socialismo autogestionário: em
vista do comunismo, barreira ou cabeça-de-ponte?, o
documento, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, é assinado pelas TFPs
e entidades afins de 13 países: Brasil, Argentina, Bolívia, Canadá, Chile,
Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Portugal, Uruguai e
Venezuela.
Logo depois, é publicado no "The Observer",
de Londres; "Il Tempo", de Roma; "La Vanguardia", de
Barcelona; "Diario de Notícias", de Lisboa; "The New York
Times", "Los Angeles Times", "The Dallas Morning News"
(Estados Unidos); "The Globe and Mail", de Toronto; "Folha de S.
Paulo"; "La Nación", de Buenos Aires; "Sunday Times",
de Johannesburg, e em 34 outros jornais de importância pela tiragem e pela
influência na imprensa ocidental.
O mundo vê, com surpresa, católicos anticomunistas
empreenderem uma campanha publicitária de proporções desconhecidas até então.
A extensão da matéria chama a atenção. A esquerda
internacional, boquiaberta, exclama: seis páginas!
E a famosa "maioria silenciosa" – esse magma
impreciso que opõe uma muda resistência às transformações comunistizantes no
mundo contemporâneo – pôde constatar com satisfação que do lado conservador há
ainda uma voz que sabe proclamar as verdades oportunas. Embora entrincheirada
no seu silêncio, ela se agrada em ouvir essa voz.
O estudo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
impressiona pelo seu conteúdo, por sua análise meticulosa da documentação do
PS, por sua lógica férrea em dissecar as proposições socialistas, levando-as
até os seus últimos desdobramentos. Demonstra que nelas há uma radicalidade
desconcertante, embora disfarçada por um gradualismo puramente tático.
* * *
A palavra socialismo, de significados muito elásticos,
encobre uma ideologia cujo verdadeiro conteúdo é pouco conhecido do grande
público. Quais são a civilização e a cultura realmente preconizadas pelo
socialismo? Sobre este tema, uma grande confusão reina nos espíritos.
Esta confusão não existe, entretanto, no que concerne
aos princípios professados pelo PS francês. Após sua fundação em 1971, o
partido veio publicando regularmente documentos de doutrina e de programa
afirmando com franqueza digna de melhor causa todo seu pensamento
autogestionário. O PS francês apresentava então de si mesmo uma versão inteiramente palpável e
consistente.
Esses
documentos circulavam principalmente nas fileiras internas do partido, ou em
círculos culturais e políticos próximos dele. O grande público, porém,
continuava a ignorar o que era exatamente o socialismo, e para que direção ele
rumava.
Considerando essa situação, o Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira, na Mensagem sobre o socialismo autogestionário, analisa
minuciosamente tais documentos e organiza, com vistas ao grande público,
impressionante quadro de conjunto de seu conteúdo. Todas as afirmações e
comentários são apoiados em abundantes citações de textos do próprio PS
francês. O autor toma como critério de análise o ensinamento do Magistério
tradicional da Igreja, do qual cita os textos pertinentes.
* * *
Publicada em seis línguas (francês, inglês, alemão,
espanhol, italiano e português), a Mensagem das 13 TFPs é divulgada
inicialmente em 19 países (Estados Unidos, África do Sul, Alemanha, Inglaterra,
Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, França,
Itália, Peru, Portugal, Suíça, Uruguai e Venezuela).
Desde sua publicação começam a afluir às diversas TFPs
milhares e milhares de promissoras correspondências, provenientes de leitores
de todas as condições sociais e de todas as origens étnicas.
Associações de todo gênero solicitam exemplares da Mensagem
para divulgar nos círculos de suas relações. Instituições universitárias de
renome tomam o documento das 13 TFPs como matéria de estudo em seus cursos.
Muitos desejam informações sobre Plinio Corrêa de Oliveira e sua obra.
Contribuições, geralmente de bolsos modestos, chegam espontaneamente à TFP,
para a ajudar neste imenso esforço publicitário. Importantes cadeias de
televisão de diversos países, como a CBS norte-americana, a CBC canadense, TF1
e Antenne 2 francesas, dão relevo à Mensagem, embora nem sempre
mostrando-a sob um prisma simpático.
Grandes jornais como "Washington Post”, agências
como a “Associated Press", revistas como "L"Europeo" se
dirigem ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para o entrevistar com
exclusividade.
O raio de ação da Mensagem não se limita, porém, aos
19 países onde é publicada. Vê-se também chegar cartas da Oceania (Austrália,
Nova Zelândia, Nova Caledônia), do Extremo Oriente (Bangladesh, Hong Kong,
Malásia, Nepal, Cingapura), do Oriente Médio (Arábia Saudita, Turquia,
Chipre), da América Central (Costa Rica, El Salvador, México) e de outros países
da Europa (Andorra, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Escócia, Finlândia, Grécia,
Holanda, Irlanda, Irlanda do Norte, Islândia, Liechtenstein, Malta, Mônaco,
Noruega, San Marino, Suécia, e até mesmo da Iugoslávia).
Na África do Sul, a Mensagem não somente entusiasma os
descendentes dos europeus, como também os originários daquela nação e dos
países vizinhos: Lesotho, Swaziland, Transkei, Botswana, Venda e
Bofhuthatswana, aos quais é preciso acrescentar a Algéria, Camarão, Gana,
Malawi, Marrocos, Namíbia, Tunísia, Zimbabwe e Ilhas Maurício.
* * *
Essas cartas são como um pedido para a publicação da
Mensagem também nessas regiões.
Em maio de 1982, novo esforço publicitário das TFPs é
feito sobre quatro continentes. Na Europa, atinge a Áustria e a Irlanda, além
de novas cidades da Alemanha e da Espanha. É novamente publicado na Inglaterra.
Na América Latina, alcança o Paraguai e a Costa Rica. Na Ásia, as Filipinas e o
Nepal. Na Oceania, a Austrália e a Nova Zelândia.
De julho a novembro, estimuladas por repercussões das
mais encorajantes, as TFPs vão mais adiante: um quotidiano londrino de renome,
"The Guardian", publica em página inteira um resumo da Mensagem,
logo seguido pelo influente "The Wall Street Journal", de Nova York;
mais tarde, o "Excelsior", principal jornal do México, reproduz integralmente
as 6 páginas da Mensagem.
* * *
__________________________________________________
CAMPANHA MUNDIAL DAS 15 TFPs
Um dos supremos esforços
empreendidos “in signo Crucis”, a fim de evitar à civilização ocidental
agonizante o soçobro final para o qual esta se vai deixando rolar.
O
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira possui obras publicadas nos seguintes idiomas:
português, espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, polonês, húngaro,
vietnamita, dinamarquês, sueco, norueguês, holandês e africâner. Sua denúncia
contra o socialismo autogestionário foi publicada em 52 países,
recebeu repercussões de 114 nações, e teve uma tiragem total de 33,5
milhões de exemplares.
Países e jornais onde a Mensagem de
seis páginas foi publicada:
Alemanha Federal: "Frankfurter Allgemeine"
Argentina: "La
Nación" (Buenos Aires)
Austrália:
"The Weekend Australian" (
Bolívia: "El
Diario" (La Paz) e "El Mundo" (Santa Cruz)
Brasil:
"Folha de S. Paulo", "Última Hora" (Rio de Janeiro),
"A Tarde" (Salvador), "Estado de Minas" (Belo Horizonte),
"Jornal de Santa Catarina" (Blumenau), "Jornal do
Commércio" (Recife), "O Estado do Paraná" (Curitiba) e "O
Popular" (Goiânia)
Canadá: "The
Globe and Mail" (Toronto) e "La Presse"
(Montreal)
Chile: "El
Mercurio" (Santiago)
Colômbia: "El
Tiempo" (Bogotá), "El País" (Cali), "El Colombiano"
(Medellín), "Diario de la Frontera" (Cúcuta) e "Diario del
Huila" (Neiva)
Equador: "El
Comercio" e "El Tiempo" (Quito), "El Universo"
(Guayaquil)
Espanha: "La
Vanguardia" (Barcelona) e "Hoja del Lunes" (Madrid, Bilbao,
Sevilha e Valença)
Estados Unidos:
"The Washington Post", "The New York Times", "Los
Angeles Times" e "The Dallas Morning News"
Inglaterra: "The
Observer" (Londres)
Itália: "Il
Tempo" (Roma), "Il Giornale Nuovo" (Milão) e "Cristianità"
(Piacenza)
México:
"Excelsior" (México)
Peru:
"El Comercio" e "IP – Indústria Peruana" (Lima)
Portugal:
"Diário de Notícias" (Lisboa) e "O Comércio do Porto"
Suíça:
"Tribuna de Genebra"
Uruguai:
"El País" (Montevidéu)
Venezuela: "El
Universal", "El Diario de Caracas" e "El Mundo"
(Caracas), "El Impulso" (Barquisimeto) e "Panorama"
(Maracaibo)
Países e jornais onde o Comunicado
foi publicado
Alemanha Federal: "Frankfurter Allgemeine"
Brasil:
"O Estado" (Teresina), "Jornal Pequeno" (São Luís) e
"O Progresso" (Dourados)
Canadá:
"The Globe and Mail" (Toronto) e "La Presse" (Montreal)
Espanha:
"Hoja del Lunes" (Madrid, Barcelona, Bilbao, Sevilha e Valença),
"Sur" (Málaga) e "Servicio" (Madrid)
Estados Unidos: "The
França:
"International Herald Tribune" e "Rivarol" (Paris)
Inglaterra: "The Daily Telegraph" (Londres)
Itália: "Il
Tempo" (Roma), "Giornale di Sicilia" (Palermo) e "Gazzeta
del Sud" (Messina)
Luxemburgo: "Luxemburger Wort"
Nova Caledônia (território francês além-mar): "Corail" (Numea)
Portugal: “O
Comércio do Porto” e “O Dia” (Lisboa)
Suíça: “Tribuna
de Genebra”
Uruguai: “El País” (Montevidéu)
Países e jornais onde foi publicado
o Resumo da Mensagem
África
do Sul: "The Argus" (Cidade do Cabo), "The
Star", "The Citizen", "The Sunday Times" e
"Rapport" (
Alemanha
Federal: "Hamburger Abendblatt" e "Die
Welt" (Hamburgo), "Süddeutsche Zeitung" (Munique)
Argentina:
"La Nueva Provincia" (Bahia Branca), "Mendoza" e "Los
Andes" (Mendoza), "Diario de Cuyo" (San Juán), "El
Sol" (Catamarca), "Glos Polski", "Precisiones",
"La Palabra Ucraina" e "De Schakel – El Lazo" (Buenos
Aires), "Nuova Jornada" (General Juán Madariaga)
Austrália:
"The Sydney Morning Herald" e "The Age" (
Áustria:
"Die Presse" (Viena)
Brasil:
"Correio do Povo" e "Zero Hora" (Porto Alegre), Deutsche
Zeitung" e "Brasil Post" (São Paulo), "Monitor
Campista" (Campos), "Diário de Natal" e "A República"
(Natal), "O Jornal" (Uruguaiana), "O Estado do Maranhão" e
"Jornal Pequeno" (São Luís), "Gazeta de Alagoas" (Maceió),
"A Província do Pará" (Belém), "A Voz do Povo" (Cornélio
Procópio), "Letras em Marcha" (Rio de Janeiro), "A Crítica"
e "Jornal do Comércio" (Manaus), "A Gazeta" (Vitória),
"O Jornal" (Rio Branco) e "Jornal do Povo" (Macapá)
Canadá:
"Speakup" (Toronto)
Costa
Rica: "La Nación" (São José)
Espanha:
"Suroeste" (Sevilha), "Odiel" (Huelva), "Córdoba"
(Córdova),"Sur" (Málaga), "El Mundo Financiero", "Portavoz
de la Economia y las Finanzas" e "Servicio" (Madrid)
Estados
Unidos: "The Wall Street Journal" (Nova York e
Chicago) e "Lycie
Polonii"
(Nova York)
Filipinas:
"The Times Journal" (Manilla)
França:
"International Herald Tribune" "Minute" e
"Solidarnosc" (Paris) Inglaterra: "The Guardian"
(Londres)
Irlanda:
"The Irish Times" e "Sunday Independent" (Dublin)
Nova
Zelândia: "The
Paraguay:
"Hoy" e "ABC" (Asunción)
Suíça:
"Le Nouvelliste" (Sion)
Venezuela:
"Buen Rato" (Caracas)
Países
onde circulou o Resumo da Mensagem no "Reader's Digest":
África
do Sul
Alemanha
Federal
Argentina
Austrália
Áustria
Bangladesh
(*)
Bélgica
Bolívia
Brasil
Canadá
Chile
Colômbia
Coréia
do Sul (*)
Costa
Rica
Dinamarca
Equador
Espanha
Estados
Unidos (edição de Chicago e edição em espanhol)
Filipinas
(*)
Formosa
(*)
Guatemala
Honduras
Hong
Kong (*)
Índia
(edição em inglês)
Indonésia
(*)
Inglaterra
e Irlanda do Norte
Irlanda
Japão
(*)
Malásia
(*)
México
Nicarágua
Noruega
Nova
Zelândia
Paquistão
(*)
Panamá
Paraguai
Peru
Porto
Rico
Portugal
República
Dominicana
Salvador
Singapura
(*)
Sri
Lanka (*)
Suécia
Suíça
Tailândia
(*)
Uruguai
Venezuela
(*)
Edição em inglês para o Extremo Oriente.
Países
de onde provieram repercussões seguidas às diferentes etapas da campanha contra
o socialismo autogestionário
África
do Sul
Argélia
Alemanha
Federal
Andorra
Arábia
Saudita
Argentina
Austrália
Áustria
Bahamas
Bangladesh
Barbados
Bélgica
Bolívia
Bophutatswana
Botswana
Brasil
Camarões
Canadá
Chile
Chipre
Ciskei
Colômbia
Coréia
do Sul
Costa
Rica
Costa
do Marfim
Dinamarca
Djibouti
Dominica
Egito
Emirados
Árabes
Equador
Espanha
Estados
Unidos
Fiji
Filipinas
Finlândia
Formosa
França
Gabão
Gambia
Gana
Grécia
Groenlândia
(Din.)
Guadalupe (Fr.)
Guatemala
Guiana
Haiti
Honduras
Hong
Kong (Ing.)
lha
de Man (Inglaterra)
Ilhas
Maurício
Ilhas
Bermudas (Inglaterra)
Índia
Indonésia
Inglaterra
e Irlanda do Norte
Irã
Irlanda
Islândia
Israel
Itália
Jamaica
Japão
Jordânia
Quênia
Kwait
Lesoto
Libéria
Líbia
Liechtenstein
Luxemburgo
Macao
(Portugal)
Malásia
Malta
Marrocos
México
Mônaco
Namíbia
Nepal
Nicarágua
Nigéria
Noruega
Nova
Caledônia (França)
Nova
Zelândia
Omã
Paquistão
Panamá
Papua
Nova Guiné
Paraguai
Países
Baixos
Peru
Portugal
República
Dominicana
Salvador
Senegal
Singapura
Somália
Sri
Lanka
Suécia
Suíça
Suriname
Swaziland
Tanzânia
Tailândia
Transkei
Tunísia
Turquia
Uganda
Uruguai
Venda
Venezuela
Iugoslávia
Zaire
Zâmbia
Zimbabwe
________________________________________
* * *
Entretanto, o documento do Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira ia conhecer uma difusão ainda mais vasta.
Enquanto, diante do mundo inteiro, a estrela do
socialismo autogestionário acentuava seu declínio, dez milhões de exemplares de
"Seleções do Reader's Digest" – a revista mais lida no mundo –
começam, a partir do mês de agosto, a divulgar aos quatro ventos o resumo da Mensagem
das 13 TFPs.
Assim, a edição em inglês dessa revista, destinada ao
Extremo Oriente, atinge a Coréia do Sul, Japão, Formosa, Tailândia, Cingapura,
Filipinas, Malásia, Indonésia, Paquistão, Bangladesh e Sri-Lanka, além da
população de Hong-Kong. A Índia é objeto de uma edição especial, igualmente em
inglês. Na Oceania, uma edição para a Austrália e outra para a Nova Zelândia.
Na África, uma edição sul-africana.
Na Europa, uma edição em Portugal, uma na Espanha,
duas na Bélgica (em francês e flamengo), uma para a Grã-Bretanha e Irlanda, uma
outra para a Alemanha e Áustria, duas na Suíça (em alemão e em francês), uma na
Dinamarca, uma na Noruega e uma na Suécia.
Para as Américas, duas no Canadá (em francês e
inglês); duas edições igualmente nos Estados Unidos: uma para a região de
Chicago e outra em espanhol. Em seguida o México, com uma edição própria,
depois duas outras edições agrupando a Guatemala, a Nicarágua, o Panamá, El
Salvador, Costa Rica e Honduras, e outra destinada a Porto Rico e São Domingos.
Na América do Sul, edições para cada um dos seguintes
países: Brasil, Argentina, Chile, Uruguai-Paraguai-Bolívia (edição conjunta),
Peru, Equador, Colômbia e Venezuela.
É supérfluo lembrar aqui quanto este esforço
representou como encorajamento para
tantas pessoas que viam com preocupação nascer nos respectivos países embriões
muito parecidos, de uma forma ou de outra, ao socialismo autogestionário
francês.
As edições do "Reader's Digest" ocasionam
novo rio de cartas. Várias dentre elas, com tocante insistência, contêm pedidos
de fundação da TFP em diversas nações. O número de países onde o histórico
documento do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira é divulgado passa então para 50.
* * *
E na França?
De seu lado, a imprensa esquerdista desata-se, desde
logo, em fúria contra "as seis páginas de divagações anti-Mitterrand"
(1), verberando o "pavé indigesto" ofertado pelo "professor
brasileiro" (2), bem como a "Publicidade de Ditadores"
proveniente desse movimento de "iluminados integristas" (3), e outras
coisas do gênero.
(1) "Le Canard Enchainé", Paris, 16-12-81.
(2) "Le Matin", Paris, 11-12-81.
(3) "Libération", Paris, 19-12-81.
O "L'Humanité" (11-12-81), órgão do PC
francês, saltando de cólera, chega mesmo a perguntar: "Quem permite a não
se sabe que associação, mais ou menos brasileira, espalhar, a golpes de
bilhões, idiotices destinadas a dar uma imagem repugnante do governo da
República francesa? .... É preciso não dramatizar esta barulhenta campanha
internacional".
De fontes do Governo e do PS, as reações iniciais são
intensas, surpreendentemente intensas. Mas a linha de conduta adotada é – como
a de boa parte da imprensa – de se esquivar sistematicamente à análise do denso
cerne doutrinário da Mensagem. Uma das fontes do Ministério das Relações Exteriores
chega mesmo a declarar que "neste gênero de situações .... sempre é mais
conveniente não dizer nada" (4).
(4) Jeune Afrique, Paris, 3-3-82.
Um prestigioso diário de língua inglesa, editado em
Paris pelo "New York Times" e o "Washington Post", o "International
Herald Tribune", divulgado no mundo inteiro (só para a França 20 mil
exemplares), descreve assim, na edição de 11 de dezembro de 1981, a reação do
governo socialista francês a propósito da Mensagem: "Em Paris, fontes
governamentais autorizadas disseram que não estavam preparadas para responder a
esta publicação, mas que elas o estavam estudando. `Absolutamente não há
pânico, e nós estamos mais bem interessados em saber quem ou o que se acha por
detrás dessa publicação', declarou quinta-feira um porta-voz do Elysée,
acrescentando que `mais tarde' poderia haver reação".
Como o ribombo internacional do documento torna
impossível um mutismo absoluto, porta-vozes do "Elysée" (Presidência
da República), do "Quai d'Orsay" (Ministério do Exterior) e do PS
escolhem a via do insulto, da impertinência e do desaforo para, em rápidas
declarações a correspondentes de imprensa, recusar um diálogo de elevado nível
doutrinário, proposto com dignidade e cortesia.
Assim, as críticas contidas no texto sereno, sério e
amplamente documentado das TFPs são, para as fontes do "Quai
d'Orsay", "abusivas", "excessivas",
"rebuscadas", de uma mordacidade "profundamente desonesta".
Os responsáveis pela publicação da Mensagem "são uns loucos
delirantes"(5), é a tese pouco amena do Sr. Philippe Parrenier, porta-voz
do PS, a qual ele procura demonstrar com três razõezinhas de algibeira, de pura
escamoteação.–eOutros expedientes do gênero são empregados por vozes
autorizadas do Governo. Assim, declara uma das fontes latino-americanas do
Primeiro-ministro: "Uma organização com essa sigla [TFP] já evoca algo que
provoca nos franceses uma enorme repulsa, porque lembra `Trabalho, Família e
Pátria', slogan de Pétain" (6). Como se bastasse uma simples e
absolutamente fortuita coincidência de siglas entre organizações tão diversas
quanto a TFP e "Trabalho, Família e Pátria" para inspirar no povo
francês a tal "enorme repulsa"!
(5) Cfr. "Jornal da Tarde", São Paulo,
10-12-81; "O Estado de São Paulo", 11-12-81. "Folha de S.
Paulo", 11-12-81, correspondência de J. B. Natali.
(6) Cfr. resposta do Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira à correspondência de J. B. Natali, na "Folha de S.
Paulo", 15-12-81.
"Temos a alegria de defender contra esse
canhestro joguinho de palavras, ou de siglas, o povo francês: ele é inteligente
demais para movimentos repulsivos tão primários", comenta o Prof. Plinio
Corrêa de Oliveira pela imprensa (7).
(7) Idem.
É este um joguinho semelhante ao usado pelo próprio
Primeiro-ministro Pierre Mauroy, que em debate na Assembléia Nacional declara:
"Quando a direita quer parecer nova, ela escava o arsenal das doutrinas
anti igualitárias e anti cristãs (sic), que produziram ao longo da primeira
metade deste século os resultados que todos conhecemos. Tornar-se-ia grave que,
por simples hostilidade para com o governo, democratas se deixassem assim
enganar por falsas idéias novas" (8).
(8) "Le Monde", Paris, 18-12-81.
* * *
Bem mais desajeitadas são as declarações da Embaixada
da França em Buenos Aires. Em nota oficial (9), acusa a TFP de ter
"insultado" o programa do governo francês e a divisa "Liberdade,
Igualdade, Fraternidade", que – segundo o comunicado da representação
diplomática – estaria "inscrita" na bandeira de seu país. (Onde? Não
consta que haja na bandeira tricolor francesa qualquer inscrição...).
(9) "La Nación", Buenos Aires, 20-1-82.
Em conseqüência, a TFP argentina desafia ("La
Nación", 24-1-82) a dita Embaixada a que exiba de público as provas
correspondentes. Pois não se vê em que lugar, na Mensagem, se encontra o
tal "insulto".
Depois do comunicado da TFP, aquela embaixada,
guiando-se por uma prudência que não a havia inspirado na atitude afoita de
primeira hora, mantém-se em explicável silêncio.
Tendo esperado cinco dias por uma resposta, a TFP
platina, em novo comunicado ("La Nación", 28-1-82), faz notar quão
expressivo é o mutismo daquela representação diplomática. Ao mesmo tempo
ressalta que o pronunciamento desacertado da Embaixada da França em nada
prejudica o conceito em que é tida na Argentina a ilustre nação francesa.
* * *
Estas reações deixam entrever o embaraço em que se
encontrava o governo Mitterrand diante da publicação da Mensagem, e ainda todo
o proveito que lhe acarretava a inexplicável recusa dos jornais franceses em
publicar o documento.
Com efeito, apesar de todos os esforços feitos pela
TFP daquele país, e não obstante o acordo concluído com dois grandes diários
para a publicação do documento, confirmado em anúncio estampado nas suas
próprias colunas, nas terras do "socialismo... em liberdade" o texto
das TFPs teve sua inserção recusada por todos os jornais parisienses de língua
francesa com tiragem superior a 100 mil exemplares. Só restou à TFP francesa,
assim amordaçada, o recurso de um envio de 300 mil exemplares da Mensagem
por mass-mailing.
Tudo leva a crer que não havia outra saída para o PS
francês. Uma vez que não pôde refutar o documento das TFPs, a solução estava em
impedir a divulgação, recorrendo à poderosa influência que têm os órgãos
governamentais num país de governo socialista.
Dito de outra forma, o governo francês e o PS entraram
num silêncio contrafeito, e – ao que parece – infligiram arbitrariamente aos
propagadores de objeções por eles consideradas incômodas uma inaceitável
restrição de liberdade. Tudo dentro do puro estilo soviético...
Mas, como explicar esta convergência de atitudes entre
o governo socialista e os órgãos de imprensa considerados liberais, e mesmo
anti-socialistas? Não é difícil. Como todas as organizações privadas, as
sociedades editoras proprietárias desses diversos jornais, naqueles dias de
euforia do novo Governo socialista corriam o risco de passar, por simples
deliberação da maioria parlamentar socialo-comunista, para o regime de autogestão.
Seus proprietários perderiam então suas condições atuais, tornando-se simples
gerentes da empresa, cujos novos proprietários seriam os operários. Uma espada
de Dâmocles, suspensa assim sobre a cabeça de cada empresário de imprensa, os
induziria a não publicar um documento que desagradara o Governo, como era o
caso da Mensagem. Espada de Dâmocles que mostra à evidência como a autogestão é
contrária à liberdade.
* * *
Diante da impossibilidade de publicar a Mensagem
na França, as 13 TFPs divulgam, a partir de 25 de fevereiro de 1982, um Comunicado
redigido igualmente pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, intitulado Na
França, o punho estrangulando a rosa. O título é uma alusão ao símbolo
do PS francês: um punho – mais bem feito para o boxe – que segura uma rosa. Um
punho agressivo e brutal, que parece incompatível com a flor. Uma rosa que, se
se visse dentro desse punho, no mesmo instante começaria a murchar. Este
símbolo, na verdade, exprime bem as relações entre o socialismo e uma autêntica
e harmoniosa liberdade. Aquele pode belamente prometer esta, mas acaba sempre por
estrangulá-la. É bem isto o que estava sucedendo.
O comunicado é estampado grosso modo nos mesmos
jornais que divulgaram a Mensagem, aos quais se deve acrescentar o
"International Herald Tribune", o "Luxemburger Wort", e
"Corail", na Nova Caledônia (*).
(*) Um ano depois da publicação da Mensagem, por fim
um órgão de grande tiragem em língua francesa, o semanário "Minute"
(4/10-12-82) com tiragem de 220 mil exemplares, ousou publicar um resumo da Mensagem
e do Comunicado das 13 TFPs. Não obstante, os grandes diários franceses
continuaram fechados à palavra das TFPs. – Assim, considerando-se conjuntamente
a publicação, na íntegra ou em resumo, da Mensagem e do Comunicado, a denúncia
das TFPs atingiu 52 países, recebendo ainda "cupons" de muitos outros
(114 ao todo).
* * *
Estas publicações ocasionam uma nova avalanche de
cartas de adesão, de manifestações de simpatia para com a TFP francesa, com o
desejo de melhor conhecer as TFPs e o pensamento e ação de Plinio Corrêa de
Oliveira.
Órgãos representativos de industriais e de
trabalhadores, membros do corpo diplomático, professores universitários de
renome, bibliotecas destinadas a altos estudos solicitam em grande número
exemplares para a difusão nos meios respectivos.
Na França, a atitude da TFP é saudada por numerosos
aplausos, acompanhados de pedidos insistentes para que sejam divulgados os
nomes dos jornais que recusaram a publicação. A TFP francesa teve, entretanto,
a nobre preocupação de evitar esta divulgação, pois lhe pareceu incorreto expor
assim a uma publicidade desfavorável os jornais que, pelo fato de estarem sob a
espada de Dâmocles do socialismo, não dispõem da liberdade necessária para se
explicar ao público.
Tudo isto não impediu que plágios da Mensagem,
e também do comunicado, aparecessem em certos órgãos ocidentais mais ou menos
de direita, sem jamais revelarem a fonte...
* * *
Uma Comissão de Senadores franceses se vê em
dificuldades na Colômbia quando, durante uma conferência de imprensa, jovens
colaboradores da TFP local pedem explicações sobre a atitude arbitrária do
governo de seu país.
E em dezembro de 1983, em Buenos Aires, é o Primeiro
Ministro francês Pierre Mauroy que parece embaraçado quando, em entrevista
coletiva, representantes da TFP argentina lhe perguntaram por que em seu país
não se pôde publicar livremente a Mensagem. Para Mauroy, a "melhor
resposta" (sic) era sua presença na Argentina por ocasião da subida ao
Poder do Presidente Alfonsín (Cfr. "Pregón de la TFP", nº 109-110,
janeiro de 1984).
* * *
Aí está uma breve história "de um dos supremos
esforços empreendidos `in signo Crucis', a fim de evitar à civilização
ocidental agonizante o soçobro final para o qual esta se vai deixando
rolar" (Cfr. o comunicado "O punho estrangulando a rosa").
Indagará alguém: qual o efeito de todos esses lances
publicitários das TFPs na marcha posterior da autogestão?
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira abordou o assunto em
dois artigos sucessivos para a "Folha de S. Paulo" (10). Deles é
extraída a análise que segue.
(10) No itinerário de Allende
(2-4-82), Jeito, trejeito e estertor
(16-4-82).
* * *
Antes da Mensagem das 13 TFPs, a equipe
Mitterrand caminhava despreocupada. Baseada nos sucessos eleitorais de 1981,
ela se punha em passo resoluto rumo à depredação da propriedade individual no
campo interno, e no campo externo à expansão ideológica e ao intervencionismo
político, sobretudo no assim chamado Terceiro Mundo. A aura publicitária em
torno da autogestão atingia seu zênite.
É bem certo que Mitterrand encontrou vozes de
descontentamento dentro da França. Mas são vozes de franceses, que falavam para
um público especificamente francês, acerca de aspectos circunstanciais e
essencialmente locais da atuação governamental. Vozes, portanto, de limitado
alcance para premunir contra a autogestão – considerada em plano doutrinário e
universal – a opinião pública do Ocidente.
O primeiro documento que, com publicidade
internacional, se ergueu contra a contaminação autogestionária foi a Mensagem
das 13 TFPs. Saíra a lume quando ainda os tenores e as prima-donas de esquerda
entoavam, por toda parte, a ária da autogestão. Eles e elas logo diminuíram um
tanto a voz porque, mais sutis que Mitterrand e sua equipe, perceberam que na
matização político-ideológica do Ocidente, tomado como um todo, algo estava
mudando. E que, no público, havia gente que já não os ia acompanhando.
Por toda parte começa-se, então, a questionar
Mitterrand e seu programa autogestionário "de face humana". E o
interessante é que muitas dessas contestações, até mesmo vindas de conhecidos
homens de pensamento e de ação, quer pela imprensa, quer em conferências
internacionais de repercussão, são notoriamente inspiradas na Mensagem.
Sobretudo os argumentos e as análises mais penetrantes. Uma apreciável
quantidade de recortes o prova, sem deixar a esse respeito nenhuma margem à
dúvida.
Tais repetições pouquíssimas vezes citavam a fonte.
Pois hoje são cada vez mais freqüentes os autores de idéias dos outros...
Em muitos casos, pode-se conceber que os argumentos
tenham entrado nas memórias por osmose, sem que as pessoas se dessem conta de
onde os haviam colhido. Se assim foi, nada é mais indicativo de sucesso em
matéria de propaganda. A Mensagem justamente se destinava à "criação de
opinião", como reconheceu um jornal italiano ("Il Giorno",
Milão, 20-1-82). E uma opinião diametralmente oposta à maré da grande
publicidade.
* * *
Internamente, na França, o brado de alerta também
produziu seus frutos, não se sabe bem porque condutos. Nas eleições cantonais
de março de 1982, a opinião pública francesa rejeitou a autogestão socialista,
proporcionando ao bloco de centro-direita uma vitória espetacular sobre o bloco
socialo-comunista. E o Governo, surpreso, encontrou diante de si a maioria dos
franceses barrando-lhe o caminho.
A rejeição da fórmula autogestionária, na própria
terra que lhe servia de foco de irradiação, reforçou por sua vez o estado de
sobreaviso em que a Mensagem havia colocado extensas áreas da opinião
mundial.
* * *
No ambiente assim irremediavelmente transformado, não
adiantava às altas cúpulas socialo-comunistas sustentar a nota. A derrota impôs
um arrefecimento da força de impacto, dos dinamismos, das audácias,
especialmente no PS. E, em conseqüência, um arrefecimento na ação do Governo.
Se Mitterrand continuasse no caminho dos confiscos,
não só levantaria contra si a maioria cada vez mais compacta e mais indignada
dos franceses, como ainda daria implicitamente razão à denúncia que as 13 TFPs
foram as primeiras a fazer pela voz serena, lúcida, séria, mas retumbante, do
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira à opinião mundial, posta até então em profundo
letargo.
"A confirmação da Mensagem pelos fatos – dizia o
Presidente do Conselho Nacional da TFP – poderia criar em torno dela a
atmosfera que a catástrofe de Allende criou em torno do livro `Frei, o Kerensky
chileno', de meu inesquecível Fábio Vidigal Xavier da Silveira. Certamente tal
efeito reflexo, de um governo socialista de bravatas, seria coisa a que nenhum
governo do mundo haveria de ser indiferente" (11).
(11) Cfr. Jeito, trejeito e estertor
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TFP manda Mensagem: Reagan envia
carta
A TFP norte-americana, por meio de missiva do
Presidente de seu Conselho Nacional, datada de 20 de dezembro de 1981, enviou
ao Chefe do Executivo de seu país a Mensagem das 13 TFPs sobre o
socialismo autogestionário. Da Casa Branca, aquela entidade recebeu a seguinte
carta do Presidente Ronald Reagan, através de sua assessora Anne Higgins:
"O Presidente Reagan solicitou-me que agradecesse
sua carta que acompanhou a Mensagem das Sociedades de Defesa da Tradição,
Família e Propriedade. Ele bem compreende a contradição entre os princípios que
estão por trás das várias formas de socialismo e aqueles que sustentam o
sistema norte-americano de liberdade. O Presidente considera com apreço a
iniciativa dessa publicação, capaz de permitir assim aos outros de ver algumas
das dificuldades inerentes ao abandono de nossas noções tradicionais sobre a
liberdade humana".
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"Se o governo e as altas cúpulas
socialo-comunistas resolverem assim mesmo avançar, ficarão cada vez mais
isolados de seus próprios quadros. Isto é, cada vez com menos amigos à
retaguarda e mais adversários diante de si. Será a marcha para o abismo. O
itinerário de Allende" (12).
(12) Cfr. No itinerário de Allende
Mas Mitterrand foi prudente. Não só não quis avançar,
como recuou. Em 1984 substituiu Pierre Mauroy pelo mais discreto Laurent
Fabius, no cargo de Primeiro-ministro. Novamente batido nas urnas em 1986, foi
obrigado a aceitar um Primeiro-ministro da oposição. Mitterrand teve a
habilidade de compreender que, uma vez que o navio socialista vai soçobrando a
olhos vistos, ele deve tentar salvar-se, levando a bandeira. Assim, faz ele
todo o necessário para ser apresentado como homem talvez socialista, mas de um
socialismo tão róseo, tão moderado, que seu socialismo equivaleria a um
programa de paz, sem ideologia. Com este artifício, conseguiu se reeleger em
1988, enquanto vai declinando a nomeada de seu Partido.
Esta perda de tonus do socialismo tem sido sentida
também em outros países. Na Itália, por exemplo, o conhecido órgão do Partido
Socialista, "Mondoperaio", reconhece, pela voz autorizada de seu
diretor, Luciano Pellicani, que "a última grande estação dos projetos
[socialistas] foi a dos anos 70", e que os "planos que delineavam uma
nova fronteira do socialismo – a fronteira autogestionária – .... têm sido
rapidamente postos de lado, tendo como resultado que hoje os partidos da
Internacional Socialista se encontram na embaraçosa situaçãode ter que
governar, onde governam, sem uma grande meta para indicar" (13).
(13) "Mondoperaio", Roma, de novembro de
1987.
Também na Espanha o Partido Socialista está
consciente da necessidade de adaptar-se. O próprio Primeiro-ministro Felipe
González não hesita em reconhecer que a margem de manobra em matéria econômica
por ora é muito limitada, e que ser progressista atualmente significa avançar
em outros terrenos, como os costumes, a educação e a família (cfr.
"Espanha anestesiada sem o perceber, amordaçada sem o querer e
extraviada sem o saber, a obra do PSOE". Sociedade Espanhola de Defesa da
Tradição, Família e Propriedade – TFP Covadonga, Editorial Fernando III El
Santo, Madrid 1988).
Os socialistas do mundo inteiro – e notadamente os
socialistas franceses – não têm apresentado razões suficientes para explicar
tão profunda rotação.
No momento em que se escrevem estas linhas, é
Gorbachev que, a partir da Rússia vermelha, acena para o Ocidente com a autogestão,
que está na medula de sua perestroika, embora esta característica do
reformismo que sopra de Moscou, por razões pouco claras, seja
insuficientemente divulgada no Mundo Livre (14).
(14) Cfr. Mikail Gorbachcv, Perestroika – Novas
idéias para o meu país e o mundo, Ed. Best-Seller,
São Paulo, pp. 35, 50, 5l, 124 etc.; Octubre y la perestroika, la revolución
continúa, Novosti, Moscou, 1987, p. 43.
O futuro dirá se o líder comunista terá êxito nessa
empreitada em que Mitterrand e os socialistas europeus fracassaram (15).
(15) Posteriormente à última eleição (1988),
verificou-se que o recuo de Mitterrand rumo à direita foi insuficiente, e que
a opinião pública francesa continua a se distanciar cada vez mais da posição
inicial do chamado "estado de graça", ou seja, da situação de
desprevenção em relação ao esquerdismo característico dos meses que se
seguiram à primeira eleição do velho político socialista (1981).