10. Por ocasião do Conclave,
repercutem amplamente pronunciamentos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Aberta a sucessão de
Paulo VI, Plinio Corrêa de Oliveira considerou a hipótese da eleição de um
Cardeal polonês, o que poucos julgavam provável
EM AGOSTO DE 1978, morre Paulo VI. Conforme as leis da
Igreja, Cardeais de todo o orbe dirigem-se à Cidade Eterna, para a escolha do
novo Sucessor de São Pedro.
Como de costume, os jornais das mais diferentes nações
deleitam-se com as múltiplas possibilidades do caudal de papabili.
Naturalmente, a crise na Igreja emerge em grande número de comentários.
Como pensador católico de renome internacional, o
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira não podia deixar de trazer o seu contributo
para a compreensão do grande momento histórico.
Paulo VI reconhecera que a Igreja estava sendo atacada
por um misterioso processo de "autodemolição" (alocução de 7 de
dezembro de 1968) e que "a fumaça de Satanás" havia penetrado no
recinto sagrado (alocução de 29 de junho de 1972).
Nessas circunstâncias, qual seria o desejo da imensa
maioria dos fiéis? É o que se pergunta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, num
primeiro artigo publicado na ocasião. No silêncio algum tanto fatigado,
angustiado e desanimado dessa maioria – diz o pensador católico brasileiro –
podia-se discernir que, do novo Pontífice, os fiéis queriam sobretudo clareza.
A maioria dos católicos gostaria de saber "o que é esta fumaça, quais são
os rótulos ideológicos e os instrumentos humanos que servem a Satanás como
`sprays' de tal fumaça; no que consiste a demolição e como explicar que esta
demolição seja, estranhamente, uma autodemolição?" (1).
(1) Plinio Corrêa de Oliveira, Clareza.
Publicado, no Brasil, na "Folha de S. Paulo", 16-8-78; no Chile, em
"El Cronista", Santiago, 20-8-78; "La Tercera", Santiago,
20-8-78; "El Sur", Concepción, 26-8-78; na Colômbia em "La
Republica", Bogotá; no Uruguai, "El Pais", Montevidéu, e
parcialmente em "La Mañana", 27-8-78; na Venezuela, "El
Universal", Caracas, 23-8-78.
O artigo foi traduzido para o italiano, e o Ufficio
Tradizione, Famiglia, Proprietà, escritório para a representação das TFPs
emRoma, encarregou-se de distribuí-lo na Cidade Eterna. Foi também publicado em
numerosos jornais do Velho e do Novo Continente.
* * *
Entretanto, novo pronunciamento do Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira, também distribuído pelo Ufficio nas vésperas do início do
Conclave, estava destinado a ter maior repercussão e a deixar atrás de si uma
luminosa trajetória.
Em reunião preparatória do Conclave, o Cardeal
Wyszynski, Arcebispo de Varsóvia, recebera dos Cardeais uma estrepitosa salva
de palmas, ao anunciar que estava programada uma romaria a pé, de trezentos mil
poloneses, ao famoso santuário de Nossa Senhora de Czestochowa, pela eleição do
novo Pontífice.
Nem todo mundo, entretanto, se deu conta do alcance
dessa salva de palmas.
A legenda do Cardeal Wyszynski se espalhara pelo
mundo. Ele era apresentado como a figura carismática, ou quase tanto, que teria
conseguido descobrir uma fórmula de convivência da Igreja com o comunismo.
Se fosse eleito o
Cardeal Wyszynski, Primaz da Polônia, ele contra o comunismo faria o mínimo ou
o máximo? Era a pergunta de Plinio Corrêa de Oliveira
A eleição para o
Pontificado de um Bispo de além cortina de ferro põe em foco o mais trágico dos problemas contemporâneos:
deve o mundo dizer sim ou não ao comunismo?
Dentro de uma Polônia dominada pela seita vermelha, o
Cardeal-Arcebispo de Varsóvia teria optado por aceitar um mínimo de liberdade
oferecida pelo regime à Igreja. Cingindo-se embora a esse mínimo, o
Cardeal Wyszynski procurava sagazmente aproveitá-lo ao máximo.
Sagacidade e coragem na defesa do minimo eram
precisamente as duas virtudes que refulgiam na legenda de Wyszynski, o Cunctator,
isto é, o Contemporizador, que como seu célebre congênere romano, Fábio,
"cunctando restituit rem" – contemporizando teria salvo a coisa
pública (Ênio, Anais, XII, 360).
Estas as observações feitas pelo Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira no artigo O
Cunctator, um maximalista?, em que descrevia essa política e fazia
prognósticos ante uma eventual eleição do Primaz da Polônia para o Trono de
São Pedro. Mais uma vez, o artigo foi publicado em muitos países.
Poder-se-ia desejar que, caso fosse eleito Papa, o
Cardeal Wyszynski chegasse ao extremo de sua própria legenda, e pusesse a sua
sagacidade agora a serviço do máximo. Pois os seiscentos milhões de
católicos do Mundo Livre se encontram, com referência ao comunismo, em
situação completamente diversa, e bem menos má que a de seus infelizes e gloriosos
irmãos poloneses (2).
(2) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, O Cunctator,
um maxìmalista?, "Folha de S. Paulo", 24-8-78. Na Venezuela
foi publicado em "El Universal", Caracas, 26-8-78.
* * *
Não deixou de causar certa surpresa, na Sala Stampa
do Vaticano, a distribuição desse artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira,
pois, entre os jornalistas ali credenciados, muito poucos haviam fixado a
hipótese da eleição de um Cardeal polonês.
O Conclave de setembro elegeu o Cardeal Albino
Luciani, Patriarca de Veneza, na própria tarde do primeiro dia de escrutínios.
Mas o mundo logo se surpreenderia com a curtíssima duração do Pontificado de
João Paulo I.
Reúne-se novo Conclave em outubro, e o mundo desta vez
se surpreende com a origem do Cardeal indicado para o Sólio de São Pedro.
Toda a problemática suscitada há pouco pelo artigo O
Cunctator, um maximalista? entrava para o centro das cogitações
gerais.
* * *
Depois da eleição, em novo artigo, o Prof. Plinio
Corrêa de Oliveira acentua a diferença entre a escolha dos dois últimos
Conclaves: o sorriso avassalador do Cardeal Luciani era próprio a amortecer no
espírito público a lembrança dos problemas que a eleição do Cardeal Wojtyla
parece feita para avivar. Realmente, a eleição para o Pontificado de um Bispo
de além cortina de ferro põe em foco, ipso facto, o mais trágico dos
problemas contemporâneos, em torno do qual os demais executam sem cessar a sua
farândola infernal. Isto é: deve o mundo dizer sim ou não ao comunismo? (3)
(3) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, E
João Paulo II?, "Folha de S. Paulo", 28-10-78.
De todos esses artigos as TFPs promoveram ampla
difusão, em seus respectivos países.