Plinio Corrêa de Oliveira
Amo o turíbulo porque amo a Deus...
Catolicismo, N° 544 - Abril de 1996 (*) |
|
||||
O espírito da Santa Igreja Católica Apostólica Romana penetra não só tudo quanto Ela ensina, mas tudo o que faz. Também seus atos contêm em si um ensinamento virtual. E é preciso ter o senso católico para compreender esse ensinamento, sem o qual não se conhece inteiramente a Santa Madre Igreja.
Imaginemos que uma reforma litúrgica, por exemplo, eliminasse o turíbulo na difusão do incenso e estabelecesse em seu lugar o uso de um spray. Sem dúvida, o senso religioso dos verdadeiros fiéis gemeria. No entanto, alguém poderia argumentar: "Nessa modernização nada há contra a doutrina católica! Pelo contrário, se o perfume do incenso eleva e faz bem às almas, e se o spray é mais fácil e mais eficaz na expansão desse perfume, quem zela pelo bem das almas e ama o incenso deve querer que o aroma se difunda com facilidade por todo o edifício sacro, e, portanto, deve desejar o uso do spray. Somente os anacrônicos, maníacos, como Plinio Corrêa de Oliveira, ficam ainda agarrados ao turíbulo!" Eu responderia que o modo suave, natural e materno como o turíbulo difunde o perfume do incenso pelos vários espaços do recinto sagrado é semelhante ao modo natural, suave e materno com que a Igreja fala a seus filhos. Eles se sentem conquistados pela maternalidade do turíbulo, e não pela imposição quase burocrática e mecânica do spray. Imposição tão contrária à doçura como a Igreja trata as almas. Mais ainda. O turíbulo é belo, como belo é seu solene movimentar. Tudo quanto a Igreja faz, o faz com beleza. Ela é como uma mãe de família que procura introduzir em todos os recantos do lar elementos de elevação espiritual e, conseqüentemente, de elevação cultural. A mãe, ela própria, é um turíbulo da vida de família. E a maneira materna do turíbulo de difundir o incenso faz parte das maravilhas da Igreja. Ao notar esse conjunto de esplendores, minha alma de católico compreende que foi o Divino Espírito Santo quem falou por graças místicas no interior dos homens inspirando-os a difundir em todo o orbe católico o uso do turíbulo. Minha alma então ama o incenso e ama o turíbulo... porque ama o Divino Espírito Santo e Sua Igreja! * * * N.R.: Em 1988, em viagem à Europa, o Prof. Plinio esteve na Basílica de Santiago, na Espanha. Lá estando foi convidado - raro privilégio - a dar início à cerimônia do incensamento da igreja com o famoso "Botafumeiro". Na seqüencia de fotos abaixo se vê claramente o enlevo de alma com que o Prof. Plinio acompanha - e participa - da cerimônia, numa explicitação prática da matéria acima exposta por ele em reunião a seus filhos espirituais.
(*) Extratos de conferência pronunciada a 9 de novembro de 1991. Sem revisão do autor. |