Plinio Corrêa de Oliveira
O Retábulo de Ouro: portento da arte medieval
Catolicismo, N° 581 - Junho de 1999 |
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Localizada atrás do altar-mor da célebre Basílica de São Marcos, em Veneza, encontra-se a famosa obra-prima da ourivesaria medieval que recebeu a denominação Palla d’oro (Retábulo de Ouro). Sua primitiva douração data do ano 978. Ela foi depois enriquecida com mais ouro e esmaltes provenientes das presas trazidas para Veneza, por ocasião da IV Cruzada, de 1202 a 1204. Essa obra compõe-se de mais de 80 esmaltes, em meio a numerosas pedras preciosas, aplicados sobre uma placa de ouro que mede 3,48 metros de extensão por 1,40 de altura. Cada um dos esmaltes que ela contém é uma verdadeira maravilha. Vê-se um esmalte representando a majestade de Nosso Senhor Jesus Cristo, apresentado com as características de um Imperador bizantino, rodeado dos quatro Evangelistas. Em cima, à esquerda, São Marcos, e à direita São João; embaixo, à esquerda, São Mateus, e à direita, São Lucas.
Diz o livro do Gênesis que, tendo Deus criado todas as coisas, no sétimo dia Ele repousou contemplando Sua obra. Fez, então, um balanço da criação: o conjunto dos seres criados era “muito bom” (Gen. I, 31). Analogamente, no primeiro golpe de olhar que incide sobre o Retábulo de Ouro, nota-se uma beleza que em francês se diria "bariolée", isto é, constituída pela mistura indefinida de muitas cores, formas e figuras, e da qual resulta um "bariolage" extremamente deleitável à vista. Mas também muito conveniente à piedade, porque os olhos sentem atração para se deterem sobre temas santíssimos, cristianíssimos. E isso contribui singularmente para a formação, em primeiro lugar religiosa e em segundo lugar artística, do povo de Deus. Todos esses elementos concorrem para que o Retábulo de Ouro seja considerado um verdadeiro tesouro. (*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio para sócios e cooperadores da TFP em 7 de dezembro de 1988. Sem revisão do autor. |