Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

O palácio do Capitólio em Roma

Majestade multissecular

 

 

 

 

 

Catolicismo, Fevereiro de 2004, N. 638, pag. 27

  Bookmark and Share

 

 

O Capitólio é um dos edifícios mais belos que conheci em minha vida.

Ele apresenta uma altura muito adequada. A proporção das janelas e das portas é muito bonita. Ao fundo sobressai a torre, no centro da qual figura o relógio.

Não se pode ter ideia da — não recuo diante da expressão — majestade multissecular desse palácio. É uma verdadeira beleza! Pode-se ficar horas diante dele, admirando-o.

No centro da praça e frente ao palácio, foi colocada uma elegante estátua equestre do Imperador Marco Aurélio (121–180).

Na praça, cuja planta é de Michelangelo, veem-se harmônicos desenhos no solo — uma série de linhas cruzadas, com certa fantasia. A aplicação de pedra sobre pedra evita o piso de uma só cor. Caso assim não fosse, a impressão seria monótona, e a harmonia da praça desapareceria.

A escadaria enorme, de um lado e outro do Capitólio, é caracteristicamente romana. Embaixo dela há várias figuras em pedra, para dar a ilusão de vida, e uma fonte. Roma é rica em águas, encontrando-se fontes numerosas.

***

É o caso de perguntar se São Paulo, Rio de Janeiro e outras grandes cidades brasileiras possuem muitas fontes.

Por que faço comparações de Roma com São Paulo, com essa ou aquela cidade do Brasil? Não é antipático? Não se diria que tais comparações, desfavoráveis a nós, seria melhor que se evitassem? Não, porque a pessoa com critério deseja conhecer seus defeitos para corrigi-los. E se foram cometidos erros no urbanismo de São Paulo, Rio ou qualquer outra cidade brasileira, é preciso que sejam apontados. Cria-se assim o estado de espírito para que esses erros não se repitam.

Nessa linha de pensamento, evitar-se-iam em nossas cidades a perpétua linha reta, a ausência de arborização ou a arborização raquítica, pobre, retorcida, que se preferiria não ver. Todos estes são defeitos urbanísticos gravíssimos que nossas cidades apresentam. Talvez um pouco pela fobia do mato, que é própria ao desbravador. O desbravador embrenha-se pelo mato e sente vontade de estar na cidade. Por isso, quiçá, procura construir a cidade dentro do mato. Assim, para ele, a primeira coisa a ser feita é derrubar as árvores...

Ora, não há raciocínio mais simplista do que esse. Pois é a síntese entre a cidade e o campo que convém fazer. As grandes capitais da Europa são todas construídas segundo essa concepção. E é o que devemos exigir de nossos urbanistas e administradores.

Nota: Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio para sócios e cooperadores da TFP, em 9 de novembro de 1988. Sem revisão do autor.


Bookmark and Share