Plinio Corrêa de Oliveira
Santuário do Sagrado Coração de Jesus Recolhimento, proteção e difusão de bênçãos "Catolicismo", N° 595 - Agosto de 2000 (*) |
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Há na igreja do Sagrado Coração de Jesus, na capital paulista (fotografia abaixo), um harmonioso contraste entre o altar-mor e o edifício do templo. Qual a razão desse contraste? O edifício do Santuário é muito colorido, em qualquer canto onde se deita a vista, percebem-se cores em quantidade, as quais, com bom gosto, imitam materiais muito ricos.
Consideremos o teto da igreja, por exemplo. Ele é composto por retângulos, todos pintados, e nos quais notam-se desenhos. No centro do teto há uma como que pedra preciosa, dando assim uma idéia do fausto da pintura. Não o fausto da joalheria, mas o da arte pictórica que, se não indica opulência de quem pintou, indica riqueza de imaginação, a qual vale muito mais do que a riqueza do dinheiro.
Consideremos os vitrais: todos coloridos. As colunas são pintadas, imitando mármore. O pulpitosinho contém mármores de mais de uma cor.
O presbitério, onde está o altar-mor, também é decorado com alguns quadros . A cena pintada no teto, que representa Nosso Senhor Jesus Cristo expirando na Cruz - enquanto Nossa Senhora, as Santas Mulheres e São João Evangelista contemplam entristecidos o fato -, é um quadro digno. Não vejo nele as qualidades próprias de uma grande pintura, mas é uma obra que reflete dignidade.
* * * Em contraste com o que foi exposto acima, observemos agora o altar.
Nota-se que ele é constituído por uma pedra cinzenta, muito discreta, e que apresenta no alto a imagem do Sagrado Coração de Jesus, a qual destaca-se por sua singeleza. Ela exprime e assume a majestade de quem fala como Mestre e Doutor paterno, transbordante de bondade. Mas firme sobre seus pés. Cinza e branco são cores que se fundem uma na outra, decorrendo, assim, não digo uma monotonia, mas sim uma monocromia, uma como que identidade de cores muito acentuada entre a imagem do Sagrado Coração de Jesus e o altar. Abaixo vê-se a mesa do altar, cujo fundo é também revestido de mármores coloridos. No centro há o sacrário dourado muito bonito, encimado por um mosaico, que reputo verdadeiramente majestoso, representando o Padre Eterno, com barba branca, o qual ostenta no peito o Divino Espírito Santo. Assim, tal mosaico retrata as três Pessoas da Santíssima Trindade. Para meu gosto, pelo menos, o altar é um pouco pequeno, tendo-se em vista o tamanho geral do Santuário. Mas ele produz um descanso para o olhar, devido a suas cores discretas, se comparadas ao que o resto da igreja exibe de explosivamente cromático. Por outro lado, agrada muito a bela proporção da nave central. * * * O templo, em seu conjunto, causa a impressão de uma igreja forte, grande, maior do que ela é na realidade, e produz a sensação de recolhimento e da formação de um como que universo: quem está lá dentro tem a impressão de estar protegido contra o mundo exterior. Nesta admirável posição, a alma sente-se unida a Nosso Senhor Jesus Cristo, recebendo as bênçãos que emanam do Seu Sagrado Coração. Para mim, enriquece enormemente esta análise a idéia - presente no espírito de quem conhece o Santuário, mas que não aparece na fotografia - de que há uma imagem de Nossa Senhora Auxiliadora na capela do lado direito, disposta a acolher nossas súplicas e apresentá-las ao Nosso Divino Redentor.
Todo esse conjunto é expresso muito bem pela luz discreta e filtrada do Santuário, que faz dessa fotografia uma verdadeira obra-prima, no seu gênero. (*) Nota da Redação: o Santuário do Sagrado Coração de Jesus foi inaugurado em 1884, junto ao Colégio dos Padres Salesianos, na capital paulista, no bairro Campos Elíseos. Excertos da conferência proferida em 6 de fevereiro de 1987. Sem revisão do autor. |