Nossa Senhora Medianeira
de todas as Graças e Rainha dos corações
"Santo do Dia",
31 de maio de 1974
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo
portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria
que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar
qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos
aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e
constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor
ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo
nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e
categoricamente o rejeita”.
As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido
que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução
e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº
100 de "Catolicismo",
em abril de 1959.
Zurbarán - Virgen de las Cuevas
(Conjunto
de Santa María de la Cartuja - sacristía de
los Cartujos de Sevilla)
A
imagem de Nossa Senhora está adornada mais do que de
costume, como não costuma estar, e é
por causa da festa de Nossa Senhora Medianeira de todas
as Graças, que é uma festa de muita significação para
todos nós.
Por
que de muita significação? São duas invocações que
coincidem: Nossa Senhora Medianeira de todas as Graças e
Nossa Senhora Rainha dos Corações, que também se festeja
hoje. Essas duas invocações são reversíveis uma na
outra.
O que
é que vem a ser Medianeira de todas as Graças e a Rainha
de todos os corações?
A
Medianeira de todas as Graças é uma invocação que lembra
uma verdade que já é pecado mortal negar, e houve até um
movimento muito importante até o tempo de Pio XII, para
que esta verdade fosse elevada à categoria de dogma. Mas
Pio XII mandou por meio de uma circular confidencial
cessar esse movimento, para ele promulgar o dogma da
Assunção de Nossa Senhora, que de fato ele promulgou e é
o dogma mais recente da Igreja Católica a respeito de
Nossa Senhora.
É a
verdade de que todas as preces que nós temos que
oferecer, todos os atos de adoração, de ação de graças,
de reparação, de louvor que nós queremos fazer subir ao
trono de Deus, devem subir por meio de Nossa Senhora.
Que nenhum destes atos é agradável a Deus se não passar
por meio de Nossa Senhora. E que em sentido inverso,
todos os dons que recebemos do céu nos vem por meio de
Nossa Senhora também. De maneira que Nossa Senhora é o
canal necessário entre nós e Deus.
Necessário porque Deus Nosso senhor quis que fosse
assim. Não era necessário pela natureza das coisas, mas
Deus por um ato de sua vontade livre, estabeleceu que
fosse assim, que todas as graças tivessem que passar por
Nossa Senhora. Ela é portanto, a medianeira de todas as
graças.
Esta
grande verdade coloca Nossa Senhora na posição que Ela
deve tomar no culto católico. E está em larga medida
imbricada no livro de S. Luiz G. Montfort [*], a respeito da
verdadeira devoção a Nossa Senhora. Quer dizer o
princípio dele, da escravidão a Nossa Senhora, se funda
em grande parte nessa verdade. Essa verdade só por si já
daria justificação suficiente para a escravidão dos
homens a Nossa Senhora, porque todo homem – S. Luiz
desenvolve e sustenta perfeitamente – por natureza, é
escravo. Ou é escravo de Deus ou é escravo do demônio.
Se há
uma coisa que o homem tem a ilusão de ser e não é, é
livre. Porque o homem por sua natureza ou obedece a Deus
ou obedece ao demônio. E quando não obedece a Deus
obedece ao demônio.
Todo
homem que se declara livre em relação a Deus, ipso
facto se declara escravo do demônio.
Agora, para ser escravo de Deus, verdadeiramente de um
modo grato a Deus, é preciso ser escravo de Nossa
Senhora,
porque a nossa escravidão só agrada a Deus se vai por
meio de Nossa Senhora. Donde então, o fato de nós nos
declararmos escravos de Nossa Senhora, para que Ela
aceite a nossa escravidão e a eleve, transmita,
encaminhe a Nosso Senhor Jesus Cristo. Purificada pelas
mãos dEla e tornada grata pelo fato de Ela ser a
intercessora, ser a medianeira através da qual esta
escravidão é encaminhada.
Sagrados
Corações de Jesus e de Maria
Os
senhores estão vendo portanto, que a devoção de São Luís
G. de Montfort, a devoção da escravidão a Nossa Senhora
como S. Luís Grignion preceitua
[***], está baseada neste
princípio da Mediação Universal de, em termos tais, que
só a mediação já daria para fundamentar esta devoção.
Agora,
em sentido correlato, há a afirmação de Nossa Senhora
Rainha dos Corações. O que quer dizer esta invocação
Nossa Senhora rainha dos corações? O que quer dizer
coração?
Já
mais de uma vez no Santo do Dia eu tenho insistido a
esse respeito. O coração não quer dizer apenas a
ternura, não quer dizer apenas o afeto; envolve também a
ternura, envolve também o afeto, mas não é
principalmente a ternura e o afeto do homem. O coração,
na linguagem da Escritura, que é evidentemente o sentido
que emprega a Igreja quando fala de Nossa Senhora Rainha
dos Corações, o coração significa o ânimo do homem, a
mentalidade, e a sua vontade. Isto é que o coração
significa.
Rainha
dos corações é a Rainha das convicções e rainha das
vontades dos homens. Isto é que é Nossa Senhora Rainha
dos Corações. E ela é rainha dos corações exatamente por
isso, não é só por isso mas também por isso: como é
através dela que sobem todas as preces e descem todas as
graças, é o pedido dela que alcança tudo para os homens.
E por esse pedido Ela governa todo o Universo, e Ela
governa também as almas humanas, porque Ela pode nos
obter de Deus Nosso Senhor graças enormes que vençam a
nossa fraqueza e dêem ao nosso livre arbítrio de
caminhar na direção do que a fé nos indica, a razão nos
indica.
Por
esta forma, as nossas almas então, caminham para o céu,
caminham para Ela. E algumas graças podem ser tão
enormes que são graças das quais, conservado sempre o
livre arbítrio humano, se pode ter a certeza que
entretanto o homem não abusará. E algumas graças são até
irreversíveis. São as tais graças raríssimas,
naturalmente que a pessoa fica num estado de confirmação
em graça já nesta terra, como por ex., os Apóstolos.
Eles estavam confirmados no estado de graça e não podiam
mais perder o estado de graça, tão abundante foi a graça
que eles receberam em Pentecostes.
Concedendo estas graças, afastando os demônios, dispondo
as circunstâncias em torno dos homens, de maneira tal
que o homem possa praticar adequadamente a virtude,
Nossa Senhora governa as almas. Ela é portanto Rainha de
todas as almas.
Naturalmente, nós não nos devemos iludir a respeito do
alcance desse título. Isto não quer dizer que Nossa
Senhora afaste necessariamente o demônio, e sempre.
Muitas vezes sofrer a tentação do demônio faz bem para a
alma. Torna a alma mais rija, mais enérgica. Então
Nossa Senhora pode deixar a alma pedindo a Ela muito para não
sofrer tentação e Ela deixa sofrer. Mas ainda aí é um
modo pela qual Ela governa a alma. Ela deixa a alma
exposta à tentação, mas em termos tais que a alma
resistindo, lucra, e Ela por esta forma governa. Depois
de repente Ela faz cessar a tentação e vem os anjos de
Deus consolar a alma. Então a alma se sente satisfeita,
sente no seu progresso, mais unida a Ele.
As
grandes aridezes, as trevas interiores, os tormentos, as
borrascas, tudo isto faz parte do modo pelo qual Ela
governa as almas. Ora permitindo algumas coisas, por
ex., a ação do demônio; ora mandando alguma coisa, por
ex., a adversidade, Nossa Senhora governa a alma.
Tudo
quanto acontece com uma alma, é Nossa Senhora que como
Medianeira de todas as Graças, - por isto que é
medianeira, Rainha de todo o Universo -, dispõe a respeito de todas as almas e eleva as
almas.
ComoNossa Senhora é Rainha de todos os corações, Ela é
Rainha de todas as mentalidades, nós podemos dizer que
Nossa Senhora é a Rainha da opinião pública. Porque a
opinião pública não é senão todas as mentalidade,
enquanto consideradas, imbricadas umas nas outras;
influenciando-se reciprocamente. E Nossa Senhora é então
Rainha desta enorme alma coletiva, se se pudesse usar
essa metáfora, alma coletiva da humanidade que é a
opinião pública. Com todas as interações, inter-influências que formam a opinião pública. E
Nossa Senhora é que gradua e encaminha a opinião pública como
Ela quer.
Encaminha até castigando. Quer dizer, encaminha
até
retraindo graças. É o pior castigo que pode acontecer a
uma alma é a retração das graças. Quando Deus se afasta,
Deus se retira e uma determinada área de civilização –
ou todas as almas de uma civilização, ou todas as almas
do mundo, todas não quer dizer cada uma, mas tomada em
seu conjunto, – sofre uma retração de graça.
Até
quando isto
acontece, que é
tremendo, é Nossa Senhora
que está encaminhando.
Quer
dizer, Nossa Senhora nos aparece nesta invocação, em
grande medida por ser a medianeira, Nossa Senhora nos
aparece como a Rainha da história.Porque quem governa
as almas governa a História. Voltaire, o ímpio, dizia,
“a opinião pública é a rainha do mundo”. Ele não se dava
conta, o miserável, que por causa disso Nossa Senhora é
Rainha do mundo, porque Nossa Senhora é a Rainha da
opinião pública; e que quando ele declarava que a
opinião pública era a rainha do mundo, ele sem querer
declarava a realeza de Nossa Senhora.
Mas, é
tal a miséria dos ímpios que eles, mesmo quando
proclamam suas vitórias, proclamam as suas próprias
derrotas.
Os
senhores dirão: mas Voltaire não estava precisamente
vencendo? Voltaire não era o grande vencedor, e Nossa
Senhora não era a derrotada naquele tempo? Miserável
engano. Voltaire só era vencedor na medida em que
Nossa Senhora para castigar os homens se retirava e permitia
que Voltaire avançasse. Porque eles todos não são senão
uns boneco. Eles quando vencem tem a aparência de
vitória. Elas vencem para depois serem derrotados,
serem esmagados. Eles vencem para executar os
desígnios de Nossa Senhora, que para castigar as almas
permite que eles vençam.
Eles
vencem como vencem uma epidemia, um flagelo, não como
vence um herói; assim é que eles venciam; para o mal, para
fustigar a humanidade.
Acontece que estas considerações são preciosas para
nossa vida espiritual, e daí o ser indispensável nós
lembrarmos estas verdades, – aliás, muitas delas já
conhecidas de todos nós; – lembrarmos na noite de hoje,
no que diz respeito antes de tudo à alma de cada um de
nós.
Cada
um dos senhores deveria na noite de hoje imaginar a sua
alma, – para se dar conta da realidade – como se fosse a
única alma que existisse. E Nossa Senhora olhando para a
alma de um de nós e cuidando daquela alma de tal
maneira, que nada acontece em torno da alma que não seja
em benefício dela. Até as provações, até os castigos...,
eu digo mais, é terrível mas é verdade, até as retrações
de graças que são o pior dos castigos, ainda são coisas
que Nossa Senhora permite com a intenção de que a alma
com isso tire algum benefício.
Por
ex., há uma retração de graças, a pessoa tem uma queda,
tem uma queda por sua culpa, sua culpa, sua máxima
culpa, porque graça suficiente todo mundo tem, mas Nossa
Senhora as vezes não deu uma graça extraordinária para
que a pessoa caísse, para cair em si, e ver do que é
capaz, abater o orgulho. E depois então pedir perdão.
“Ah, meu Deus até do que eu sou capaz, perdoai-me meu
Deus, tende pena de mim, etc.” Quer dizer, até ai chegam
as coisas.
Os
senhores compreendem por aí como tudo o que acontece
para a alma de cada um de nós é desejado por Nossa
Senhora. E como seria bom se nós acompanhássemos todos
os fatos interiores de nossa alma pensando nisto: o quê
que Nossa Senhora quis com isso? O quê que Nossa
Senhora
visou com isso? O quê eu devo fazer para atender a
intenção de Nossa Senhora a meu respeito neste ponto?
Como
isto daria mais segurança à nossa vida espiritual e nos
faria caminhar mais tranqüilos, até mesmo nas situações
mais difíceis.
Também
quando acontecem as coisas agradáveis na vida espiritual,
as coisas fáceis. A pessoa entra numa igreja e tem uma
consolação; a pessoa encontra um companheiro, se
edifica, sai pensando “como é bom fulano de tal, eu
quero ser como ele”. É uma sensação tão agradável.
Aquilo foi Nossa Senhora que permitiu. Nós devemos como
um dom dEla. Nada nos acontece por acaso. Tudo acontece
segundo um desígnio da Providência. Nós devemos ver a
mão de Nossa Senhora em absolutamente tudo que nos
acontecer.
Como
nossa vida espiritual se ilumina por dentro e toma outro
sentido, quando a gente considera isto, que é a realeza
de Nossa Senhora sobre os acontecimentos. A meditação dEla dispondo de todas as coisas. Internamente em nossas
almas, externamente nos fatos que circundam nossa vida e
ocasionam os movimentos de nossa alma.
Como
tudo isto é importante e como seria vantajoso nós
considerarmos nossa vida espiritual assim.
De
outro lado, nós devemos ter confiança. Porque se Nossa
Senhora é rainha de minha alma eu devo pedir a ela:
“Minha Mãe lembrai-vos de que o dever de Rainha é
defender o seu reino, e por mais bambo que seja esse
pobre reino interior da alma de x, y, ou z, tende pena
minha Mãe de vosso reino, e não sejais a Rainha remissa
que Vós nunca seríeis, a rainha que abandona ao
adversário o seu reino. Uma vez houve na vida em que
essa alma se Vos consagrou como escrava, em que ela
mesma Vos reconheceu uma realeza que Vós teríeis ainda
que ela não reconhecesse. Mas então, defendei esse
reino; intervinde, agi, não a abandoneis”.
Como a
oração se torna mais quente, e mais segura de ser obtida
quando é feito em nome desse princípio. Quer nós rezemos
por nós, quer nós rezemos pelos outros.
De
outro lado quando fazemos apostolado, devemos
nos lembrar que sempre que agimos junto a uma pessoa
para santificá-la, nós agimos para reconquistar esta
alma para Nossa Senhora. E cada alma que não pertence a
Nossa Senhora é como uma província de um reino que não
pertence à Rainha. Como a Rainha não ficará
contente vendo um batalhador que quer recuperar a
província de um reino em favor dela? Ela não pode deixar
de ficar muito contente com isso. É fatal.
Assim
também, lutando para conseguir uma alma para Nossa
Senhora, nós devemos dizer: “Minha Mãe, pensai, a
principal interessada sois Vós; intervinde portanto; agi
Vós, fazei com que eu compreenda que não sou senão um
instrumento em Vossas mãos, mas vinde logo e conquistai
essa alma”.
Nossa
Senhora Auxiliadora - Capela da sede do
instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Nós
devemos então chegar à seguinte conclusão, nesta festa
de hoje: que quanto mais passemos dia, ou os dias e
os anos, e as décadas e a vida presos a este princípio,
tendo em vista este princípio, da Mediação Universal de
Nossa Senhora, tanto mais nós conseguiremos tudo aquilo
que nós desejamos.
Eu
acho muito bonito na imagem de Nossa Senhora Auxiliadora
– Nossa Senhora Auxiliadora é apresentada pela Igreja,
de um lado tendo à esquerda o Menino Jesus, sentado no
braço; e à direita o cetro. O cetro está estendido e
como que mostrado aos homens. Esse cetro é o símbolo de
mediação onipotente dEla. Como mera criatura ela não
conseguiria nada, porque Nossa Senhora como mera
criatura não consegue nada, todo o poder é de Deus. Mas
tem o cetro porque todas as orações dela são atendidas
por Deus. O cetro dela é a oração dEla. A gente tem a
impressão de que ela estende aquela cetro aos homens e
diz seguinte: rezai que se fará o que vós quereis. Esse
centro, portanto, é vosso por meio da oração. Rezai
portanto.
Lembremo-nos portanto do cetro onipotente, que são as
súplicas de Nossas Senhora e peçamos agora a Nossa
Senhora todas as graças que queiramos.
Inclusive as mais difíceis. Medianeira de todas as
graças é medianeira para a obtenção de todos os favores
e portanto os favores improváveis, os favores difíceis,
os favores árduos de conseguir, esses nós devemos pedir
com redobrado empenho. Nossa Senhora dá. Nossa Senhora
gosta que se peça a ela o difícil. Ela gosta que nós
imploremos para pedir o improvável. Ela vê nisso uma
prova de nossa confiança e premeia. E se há quem possa
fazer seu o dito dos precitos da Sorbonne, na Revolução
de 1968, em Paris: “sejamos realistas, queiramos o
impossível”, somos nós. Porque nós somos aqueles à cuja
prece corresponde o milagre.
Então
para o homem de fé a gente deveria dizer: eu serei
realista, pedirei o impossível, porque minha Mãe é que
torna possível tudo aquilo que eu quero. Eu então peço a
ela o mais improvável. E eu conseguirei.
Vamos,
então, pedir na noite de hoje, todas as coisas
improváveis, as coisa mais árduas, as coisa com a gente
menos sonha.
Quais
são as coisas mais improváveis? Eu acho que nós devemos
pedir algumas coisa improváveis, que são, antes de tudo,
no interior de nossas almas, as graças que estejamos e
pique de desesperar de receber. Estas nós devemos pedir:
“Minha
Mãe, se hoje é a festa de Vossa onipotência, seja a
festa das impossibilidades, tão fáceis para Vós. Então,
aquelas graças que estou a pique de perder a esperança
de receber, estas eu Vos peço agora. Eu não sei bem
quais são, – poderia alguém dizer – é uma tal
maçaroca de graças que eu preciso e que eu já não tenho
confiança de receber, que eu peço todas juntas e de uma
vez. Torna-se mais improvável pedir tudo de uma vez e
receber tudo de uma vez: está bem, eu Vos peço; dobro
meu joelho diante de Vós e vos peço. Aqui está o meu
pedido”.
Outra
graça improvável: é que venha logo o Reino de Maria
[**],
que os acontecimentos se desatem, que nossa perseguição
– se ela tem que chegar ao auge, chegue e cesse – e
que nós penetremos afinal de contas na glória dEla.
Então, peçamos: “Minha Mãe, esse rio chinês que se vem
estendendo pelos anos e pelas décadas e pelas
existências, Vós podeis tudo, transformai-o num canal
largo, límpido, torrencial, que nos leve logo ao
desfecho dos acontecimentos. Dobramos o joelho diante de
Vós e pedimos, isso queremos Minha Mãe”.
Aí
estão os pedidos que podemos fazer. Olhemos para os
outros, tomemos aqueles membros da TFP que nós
consideramos mais encalhados, às vezes aqueles com quem
nós tenhamos algumas antipatia, nós olhamos que dizemos:
qual, o Sr. fulano de tal não se corrige mesmo...
Peçamos para ele se corrigir. Nisto está a esperança
católica. Peçamos, não tem jeito de corrigir? Está bom,
peçamos que ele se corrija. “Minha Mãe, eu vos peço,
imploro-vos por ele, que ele se corrija”.
Pode
ser que não venha logo; se demorar um tanto, meus
filhos, melhor, porque quer dizer que nós esperamos mais
tempo, e Nossa Senhora nos provou. A demora dá mais
doçura ao resultado quando a gente obtém. Peçamos com
confiança, imploremos a Nossa Senhora e nos lembremos do
Memorare: nunca se ouviu dizer que alguém tenha
recorrido à proteção dEla, fosse por ela desamparado.
Então, está aí, recorremos e pedimos. Está acabado. Isto
seria o Santo do Dia de hoje.
NOTAS
[*] "Tratado da Verdadeira Devoção a
Nossa Senhora" - São Luis Maria Grignion de Montfort - O Prof.
Plinio nutria profunda veneração "Tratado",
"O livro que mais efeito teve sobre mim na vida",e nele
encontrou o caminho de sua espiritualidade mariana. Uma
série de comentários sobre o livro, feitos para formação
de seus discípulos,
pode ser lida com proveito aqui.
[**] São Luís Maria Grignion de Montfort
(1673-1716) em seu Tratado da Verdadeira Devoção à
Santíssima Virgem prevê a implantação na Terra de uma
era “em que almas respirarão Maria como o corpo respira
o ar”, e em que inúmeras pessoas “tornar-se-ão cópias
vivas de Maria” (Cap. VI, art. V). A essa era ele chama
Reino de Maria. Essa profecia se entronca organicamente
com a de Nossa Senhora em Fátima. Com efeito, depois de
prever várias calamidades para o mundo, Ela afirmou: “Por
fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.
[***] Sobre o conceito de "Escravidão de amor
a Nossa Senhora" ver aqui.