Plinio Corrêa de Oliveira
Consagração do sábado
a Nossa Senhora
Santo do Dia, 19 de novembro de 1971, sexta-feira |
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A D V E R T Ê N C I
A Transcrição de gravação de
conferência do Prof. Plinio a sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor. Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre
nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial
disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério
tradicional da
Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como
homenagem a tão belo e constante estado de
espírito: “Católico
apostólico romano, o autor deste texto
se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja.
Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja
conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”. As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui
empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em
seu livro "Revolução
e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº
100 de
"Catolicismo", em abril de 1959. |
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Hoje é festa de Santa Isabel viúva, filha do rei da Hungria e duquesa da Turíngia, no século XIII. Eu tenho uma ficha que me foi fornecida pelo Professor (Fernando Furquim de Almeida, n.d.c.), a respeito dos tesouros e maravilha de Cluny em que ele anda fazendo as suas pesquisas. A ficha é precedida de um bilhete escrito na letra regular e pequenininha que há tantos decênios eu conheço, e diz o seguinte: Esta é a explicação dada pelos medievais sobre o fato de ser dedicado o sábado a Nossa Senhora. Está bem resumido e talvez tenha alguma incorreção de linguagem. E me pede uma coisa que certamente não será necessário, que é corrigir... "Bem resumido", ele quer dizer aqui que está muito resumido, ele não fez um autoelogio. Os senhores sabem que de acordo com os hábitos da piedade católica, a sexta-feira é consagrada à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. O fato é muito explicável porque Ele morreu em uma sexta-feira. O Domingo foi consagrado à ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Também o fato é arqui explicável: Ele ressuscitou em um Domingo. Entre a sexta e o Domingo há um dia que é sábado. E esse dia traz consigo uma conotação que mais bem é triste do que alegre, porque o sábado era o dia consagrado ao Senhor na antiga sinagoga. Era o dia de Deus, era um dia em que a criação tinha sido ultimada. E o sábado deixou de ser um dia santo a partir do momento em que a sinagoga se extinguiu, e que com isso ela ficou relegada à situação de opróbrio em que os senhores sabem, quer dizer, ela perdeu a sua aliança com Deus. O que fazer do sábado? Como preencher na piedade católica este dia colocado entre duas datas tão altas? Todos nós sabemos que o sábado é consagrado a Nossa Senhora. Por que razão é que o sábado é consagrado a Nossa Senhora? Por que razão por exemplo se deve fazer as comunhões nos primeiros sábados do mês. Que nexo há entre esse costume católico de consagrar o sábado a Nossa Senhora e uma ordem mais profunda de razões, de motivos que nos façam descobrir isto. O Professor encontrou a razão para isto em documentação referente a Cluny. E é o que eu vou ler agora.
Abadia de Cluny, antes da destruição feita pela Revolução Francesa, em uma antiga gravura A devoção a Nossa Senhora recebeu um grande impulso no início do século X com a reforma monástica, liderada por Cluny, que construiu a civilização medieval. Foi então que se generalizou o hábito de consagrar o sábado especialmente a Ela. São Hugo (que foi abade de Cluny), por exemplo, determinou que quando não ocorresse uma festa inamovível no sábado, em todos os Mosteiros de Cluny se cantasse nesse dia o Ofício e a Missa "De Beata", quer dizer, de "Beata Maria Virgine" especialmente composta em seu louvor. E Urbano II mandou acrescentar ao Ofício da Igreja nesse dia da semana o Ofício Parvo de Nossa Senhora. Os senhores estão vendo, portanto, o impulso dado por grandes personalidades clunyacenses à devoção a Nossa Senhora, e à devoção a Nossa Senhora no sábado. * No sábado que precedeu a Ressurreição só Nossa Senhora, em toda a Terra, personificou a Igreja Católica, e por isso neste dia os medievais A louvavam especialmente São várias as explicações deste costume de se consagrar o sábado a Maria Santíssima. Porém a mais difundida na Cristandade, a que mais movia as almas neste culto especial a Virgem Santíssima era uma decorrência do relevo que tinha na espiritualidade medieval a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a seguinte: Os Evangelhos contam que depois da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, os Apóstolos, os Discípulos e as Santas Mulheres não acreditavam na ressurreição apesar de Nosso Senhor a ter anunciado várias vezes. Assim sendo, desde a hora que Nosso Senhor morreu na Cruz na Sexta-feira Santa até o Domingo da ressurreição, só Nossa Senhora acreditava na divindade de Nosso Senhor. Portanto, só Ela tinha fé perfeita, pois como diz São Paulo: "Sem a ressurreição a nossa Fé seria vã". No sábado, portanto, só Nossa Senhora em toda a Terra personificou a Igreja Católica, e por isso neste dia os medievais A louvavam especialmente. A explicação não poderia ser mais bonita. Os senhores sabem que o fato é real. Seria exagerado dizer que as Santas Mulheres e o Apóstolo São João Evangelista perderam a Fé nesses dias, mas eles não tinham a Fé na ressurreição. Eles apesar de Nosso Senhor ter várias vezes falado da ressurreição, eles não sabiam, não tinham atinado com a coisa. A ressurreição é um fato tão violento, é um fato tão contrário à ordem natural das coisas, que o espírito humano é propenso a não imaginá-la. E embora Nosso Senhor tenha ressuscitado a Lázaro, e eles tenham, portanto, visto esta ressurreição, por dureza de alma que os caracterizava, eles não se davam conta de que aquele que tinha ressuscitado Lázaro se ressuscitaria a Si próprio. Não se davam conta que Nosso Senhor ia aceitar o desafio que os blasfemos lhe lançaram do pé da Cruz, quando diziam para Ele: "Se tu és o Filho de Deus, desce da cruz e cura-Te a Ti próprio". Ele fez muito mais do que descer da Cruz e curar-se a Si próprio, Ele se deixou morrer e depois Ele se ressuscitou a Si próprio. Isto é mais extraordinário! É mais extraordinário ressuscitar-se a si próprio do que ressuscitar Lázaro. Porque que um vivo ressuscite um morto é extraordinário, é inconcebível, é impossível na ordem da natureza, mas enfim é um vivo que ressuscitou a um morto. Mas um morto que se ressuscite a si próprio, que ele pela sua própria força saia dos abismos da morte e diga a sua alma: "levanta-te, entra no teu corpo, e se torna novamente um com ele". Esta é uma espécie de vitória dentro da vitória, uma espécie de esplendor dentro do esplendor que é inconcebível para o espírito humano. * Toda a grandeza que a Igreja haveria de desenvolver, todas as promessas do Antigo Testamento e todas as realizações do Novo Testamento, tudo isso viveu na alma de Nossa Senhora Então se compreende que mesmo aquela “entourage” mais próxima de Nossa Senhora, que A cercava ao pé da Cruz, os Evangelistas, as Santas Mulheres, depois Nicodemos, um ou outro que se aproximou naquela hora de amargura, eles - como se sabe - acompanharam Nossa Senhora até a casa onde Ela morava e que Ela ficou ali com eles em uma dor extrema. Ela sabia que Ele ressuscitaria, os outros não sabiam. E embora tivessem um misterioso instinto de que a história de Nosso Senhor não estava pronta e de que a última palavra não estava dita - a presença deles junto a Nossa Senhora mostrava bem isto; eles tinham idéia de que algo ia continuar, porque do contrário eles se dispersariam completamente - embora, então, eles tivessem esse misterioso instinto de que algo ia continuar, sem embargo não tinham atinado com a idéia da ressurreição. A narração do Evangelho da atitude de Santa Maria Madalena é clara, ela não esperava que Ele tivesse ressuscitado. Bem, durante esse período, só Nossa Senhora creu na ressurreição. Portanto, só Ela teve uma Fé completa, sobre toda a face da Terra era a única criatura que tinha uma Fé completa. Mas então uma Fé completíssima, uma Fé sem sombra de dúvida. Uma certeza absoluta, uma expectativa imensamente dolorida por causa do pecado que havia sido cometido, mas imensamente calma com a certeza da vitória que se aproximava. De maneira que cada minuto que passava, de algum modo era a espada da saudade e da dor que se enfiava ainda mais no Coração Imaculado dEla. Mas de outro lado era a certeza, de uma grande alegria da vitória que se aproximava. E dentro desta concepção era evidentemente para Ela uma razão de consolação, uma razão de alegria. Como Ela só nessa ocasião representou a Fé, nós podemos dizer que se Ela não tivesse - Ela também -, crido o mundo teria acabado, porque o mundo não pode existir sem Fé. A partir do momento em que não existisse mais Fé no mundo, a Providência acabava com o mundo. E é porque existia a Fé admirável de Nossa Senhora que só Ela sustentou o mundo e só Ela deu continuidade às promessas evangélicas. Porque todas as promessas feitas no Evangelho, todas as promessas feitas no Antigo Testamento de que o Messias reinaria sobre toda a Terra, e de que Ele seria o Rei da Glória, e o centro da História, todas essas promessas não se teriam cumprindo se em determinado momento a Fé se tivesse apagado, se em determinado momento o mundo tivesse que acabar. Tudo isso viveu em Nossa Senhora. Ela foi a Arca da esperança dos séculos futuros. Ela teve em si como em uma semente toda a grandeza que a Igreja haveria de desenvolver ao longo dos séculos, todas as virtudes que Ela haveria de semear, todas as promessas do Antigo Testamento e todas as realizações do Novo Testamento, tudo isso viveu dentro de uma só alma, viveu dentro da alma de Nossa Senhora. * As duas ocasiões mais sublimes da vida de Nossa Senhora: quando Ela gerava o Messias e sozinha tinha em si a salvação do mundo, e quando Ela em si tinha a Igreja, o Corpo Místico de Cristo De maneira tal que nós podemos dizer que este lance da vida de Nossa Senhora é um lance particularmente bonito, é um lance dos mais bonitos de sua vida. É um lance tão bonito que se pode levantar a pergunta: não é mais bonito do que o período em que Ela esteve gerando a Nosso Senhor Jesus Cristo dentro de seu ventre Sagrado que era um verdadeiro Tabernáculo? A gente poderia perguntar em qual das duas ocasiões, mais sublime foi a vida de Nossa Senhora: quando Ela gerava o Messias e Ela sozinha tinha em si a salvação do mundo inteiro, ou quando Ela em si tinha a Santa Igreja Católica Apostólica Romana e, portanto, o Corpo Místico de Cristo que só Ela continha, todos os outros eram membros imperfeitos, membros semi-infiéis, membros defectivos deste todo que só Ela continha na integridade. Eu creio que seria temerário decidir a questão. Alguém dirá: "mas eu não compreendo que o senhor ponha a questão, porque é mais belo ter dentro de si a Nosso Senhor do que ter dentro de si a Igreja Católica Apostólica Romana. Porque Nosso Senhor é a cabeça da Igreja, e nada é mais nobre do que ter dentro de si a presença real de Nosso Senhor”. Mas eu me lembro de uma frase de (Edmond) Rostand que um eremita do Êremo de Elias me mandou há poucos dias atrás, eu até tenho aqui no bolso, e calha muito bem com a exposição que nós estamos fazendo. Essa frase de Rostand do “Chanteclair” em que ele declara o seguinte, ele diz o seguinte: "É de noite que é belo acreditar na luz". O sorriso que os senhores murmuraram deixa entender que os senhores compreenderam o fulgor de espírito francês que há nisto. Acreditar na luz ao meio-dia, que grande mérito há? Precisa ser um doente para não ver o sol ao meio-dia. Mas acreditar na luz à meia-noite. Acreditar na luz às duas, três horas da manhã, quando até a própria meia-noite já vai longe, e quando se tem a impressão que o curso das coisas nos afundou nas trevas definitivamente, aí é que é belo acreditar na luz.
* Diante de Nosso Senhor morto, diante daquela imensa derrota física, Nossa Senhora via toda a impossibilidade natural da ressurreição, ali Ela fazia um ato tranqüilíssimo de Fé: "Ele ressuscitará!" Ora, Nossa Senhora acreditou na luz nesta terrível meia-noite, neste terrível desamparo, Ela teve uma Fé plena! Os senhores imaginem Ela vendo Nosso Senhor morrer. Cada chaga, cada ferida era uma razão humana para tornar mais indiscutível que Ele morreria. Ele morreu como disse Bossuet: “rompu, brisé, anéanti”; roto, quebrado, aniquilado. Quando Ela tinha aquele cadáver nas mãos no momento da Pietà, no momento em que Ela O recolheu para que Ele fosse objeto dos cuidados, dos aromas, etc., para ser levado para a sepultura, quando Ela tinha aquela imensa derrota física na mão, ali, Ela via toda a impossibilidade natural da ressurreição, e ali Ela fazia uma ato tranqüilíssimo de Fé, e Ela dizia: "Todas essas chagas não têm importância, toda esta morte estraçalhante, não tem importância, Ele ressuscitará! Eu creio porque Ele prometeu". E com toda segurança nesta noite horrível Ela disse: "Eu creio!" Ela não teve dúvida nenhuma. Nós podemos dizer que se é difícil resolver qual dos momentos foi mais bonito na vida dEla, em todo caso se pode dizer que este foi um dos mais belos momentos da vida dEla. * A Igreja escolheu o sábado para festejar Nossa Senhora porque é exatamente o dia que lembra a hora trágica da dúvida e do abandono Então se compreende com que tato a Igreja escolheu o dia para festejar a Nossa Senhora. É o dia que lembra exatamente a hora trágica da dúvida e do abandono de todos. Sexta-feita Ele morreu, sábado Ele estava na sepultura cheio de perfumes e de aromas, sem respiração, amarrado à moda hebraica, com uma pedra na frente, pedra selada e (com) soldados. Estava tudo acabado exceto na alma dEla, onde uma tocha de Fé e de convicção ardia na certeza de que Ele ressuscitaria. Este é o Sábado Santo. Não é verdade que este dia deveria ser consagrado a Nossa Senhora? Então, não é muito justo que em todos os sábados até o fim do mundo Nossa Senhora seja especialmente considerada bem-aventurada por todas as gerações? Aqui já não é porque Ela gerou o Filho de Deus, mas porque Ela creu no Filho de Deus. É uma verdadeira maravilha! Então nós compreendemos com que tacto e com que acerto Cluny escolheu este dia. Nós temos aí também uma razão especial para nós termos uma devoção especial a Nossa Senhora neste dia. Em todos os sábados nós cultuarmos especialmente a Nossa Senhora, não por uma rotina, por um hábito cuja origem nós não conhecemos, mas vendo a razão excelsa, extraordinária que deu origem a este hábito. E voltamo-nos a Nossa Senhora para pedir a Ela que tenha pena de nós e nos auxilie neste dia. * Missão análoga a de Nossa Senhora: representar a Fé em meio às trevas Acrescentaria mais. Que se há um dia em que um militante ou um sócio da TFP tem o direito de pedir a Nossa Senhora que tenha pena dele, esse dia é o sábado. Nós estamos em plena noite. Se se pudesse dizer isso - a Igreja é imortal – mas senão, dir-se-ia que a Igreja Constantiniana se extinguiu. Que nós temos diante de nós apenas devastação, corrupção e miséria, em quase todos - para não dizer em todos – os setores da vida humana. Por toda a parte onde se olhe só se vê abjeção, só se vê egoísmo, só se vê ambição, só se vê “carreirosa” (preocupação obsessiva pela própria realização pessoal, n.d.c.), ou então, só se vê o desespero sinistro dos hippies. Imoralidade em todos os quadrantes, revolta em todos eles, igualitarismo por toda parte. Tudo diria que a Civilização Cristã morreu inteiramente. Há, entretanto, um vaso que Nossa Senhora quis que fosse um vaso de honra e de glória, quis que fosse um vaso de castidade e de fidelidade, no qual Nossa Senhora recolheu todo o senso católico, toda a devoção a Ela, todo amor a todas as tradições que vão sendo loucamente abandonadas pelos outros. E pôs ao mesmo tempo a esperança e a certeza do Reino dEla. Nesta noite terrível, a alma do militante da TFP é um vaso de honra e de glória, de pureza e de fidelidade que está continuamente posto diante do olhar de Nossa Senhora e recebendo as bênçãos dEla, porque é um traço de ligação entre uma tradição que veio e um futuro que virá. * Até que chegue o Reino de Maria, nós estamos vivendo o grande Sábado Santo, em que tudo que nós amamos jaz na sepultura, sem aromas, sem ordem, no desprezo, no ódio e no abandono O sócio e o militante da TFP crê. Ele tem a certeza de que por fim, o Coração Imaculado dEla triunfará. Essa certeza lhe dá uma tranqüilidade dentro do maior infortúnio, parecido com a tranqüilidade de Nossa Senhora no Sábado Santo. Até que cheque o Reino de Maria, nós estamos vivendo o grande Sábado Santo, em que se diria que tudo que nós amamos jaz na sepultura, sem aromas, sem ordem, no desprezo, no ódio e no abandono. Entretanto, do lado de fora não estão só dois guardas, mas estão os carcereiros do mundo inteiro. Nós estamos juntos com Nossa Senhora certos de vencer. É tão razoável que se diga: "Ó Coração Imaculado Sapiencial e Fidelíssimo de Maria, fazei meu coração semelhante a Vós. Dai-me a graça de ser imaculado, especialmente na pureza. Dai-me a graça de ser integralmente sapiencial, e por causa disto com uma fidelidade à prova de todas as coisas em sentido contrário. De maneira que se o mundo parecesse desfazer-se e as estrelas caíssem do céu, e as colunas da Terra se rachassem, ainda nós diríamos com calma e com paciência, com dinamismo, e com atividade apostólica e com coragem: “O Coração Imaculado dEla triunfará!" É esta a prece que em todos os sábados especialmente nós devemos fazer a Nossa Senhora. Uma vez que em nós ou de nós não brota virtude nenhuma, toda virtude vem dEla que é o canal, por vontade de Deus, necessário, pelo qual vêm todas as graças de Deus, então nós devemos nos voltar para Ela e pedir que Ela nos dê esta graça. Aí está a meditação a respeito da devoção a Nossa Senhora aos sábados. * Esquema da reunião Os senhores querendo nós podemos então tomar nota do esquema: I - O tema Por quê existe na Igreja o hábito de consagrar o sábado a Nossa Senhora? Esse hábito é claríssimo quanto à sexta-feira, dia da Morte do Senhor. É também festa do Sagrado Coração de Jesus etc. É claríssimo no Domingo, dia da Ressurreição do Senhor. Pergunta: por que o sábado à Nossa Senhora? II - Resposta 1 - O que aconteceu no sábado? Era o dia do Senhor morto. Ninguém mais acreditava na Ressurreição. São João Evangelista e as Santas Mulheres, apesar do que Nosso Senhor disse, também não acreditavam. Nossa Senhora acreditava plenamente. 2 - Em conseqüência, toda Fé que houve no Universo, se refugiou nEla. Os outros tinham uma Fé imperfeita, só Ela tinha a Fé perfeita. Ela era o receptáculo de toda Fé dos justos do Antigo Testamento, Ela guardava a tocha da Fé que iria iluminar todo o Novo Testamento. Se a convergência entre os dois Testamentos era o centro da História, o fim de um Testamento e começo do outro era o centro da História, se isto é assim, Ela estava bem no centro da História a esse título. 3 - O que teria acontecido se Nossa Senhora não tivesse crido: a) a hipótese é absurda porque Ela estava confirmada em graça. b) mas imaginada a hipótese, o mundo teria acabado porque o mundo não pode viver sem Fé. Logo é a Nossa Senhora que se deve todos os séculos de glória posteriores até o fim do mundo. 4 - É tal a glória de Nossa Senhora nesse momento que se pode perguntar se esta fase não foi mais gloriosa do que da Encarnação. Seria temerário responder com uma afirmativa absoluta, mas debaixo de um certo ponto de vista: sim! Pensamento de Rostand: "É durante a noite que é belo crer na luz". III - Aplicações para nós O membro da TFP ou o militante é chamado a ser vasos de pureza e de fidelidade hoje, como Ela o foi no Sábado Santo. Esta analogia dá fundamento a que Ela especialmente nos queira ajudar. Particular confiança, especialmente filial, nos sábados. Sugestão de Jaculatória: "Ó Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, Vaso de Pureza, de Fé contra toda esperança e de constância inquebrantável, fazei-me semelhante a Vós". Aqui estaria o Santo do Dia. Não sei se algum dos senhores quer perguntar alguma coisa. * Nada pode honrar mais a Nossa Senhora do que fazermos atos de confiança em que venha os acontecimentos previstos em Fátima e em que, portanto, o Coração Imaculado dEla triunfará (Sr. -: Como se poderia honrar a Nossa Senhora no sábado?) Eu acho que no sábado, nada ou poucas coisas poderão honrar tanto a Nossa Senhora quanto nós procurarmos fazer atos de confiança em que venha a “Bagarre” (realização das profecias feitas por Nossa Senhora em Fatima, n.d.c.), em que o Coração Imaculado dEla triunfará, em que tudo quanto parece hoje estar morrendo viverá com maior esplendor na hora do triunfo dEla. É o modo pelo qual, oferecendo a Ela o que nós temos de semelhante a Ela, nós a Ela agradamos. São Tomás de Aquino diz que o círculo é o mais perfeito dos movimentos, porque é o efeito que volta à sua causa. Assim também nós fazemos o papel do efeito que volta à causa uma vez que fomos criados para nesta hora parecermo-nos com Ela, nós nos voltando e dizendo: "Minha Mãe, vêde, eu me pareço um pouco com Vós. Tornai-me muito semelhante a Vós". Está bem. Há mais alguma pergunta? * Parece que Nossa Senhora quer ser mais adornada durante a noite para ser vista exatamente nesta glória da vigília noturna (Sr. -: Há uma pequena notícia a dar a respeito do Oratório. Hoje chegou uma quantidade particularmente grande de rosas no Oratório. Para se ver: havia uns três ou quatro ramalhetes comuns de rosas. Depois havia dois de aproximadamente cinco dúzias de rosas cada um; e um literalmente deste tamanho... O Sr. "x" Estava desde às oito e trinta até agora arrumando estas rosas. É uma coisa extraordinária.) É a mesma pessoa que mandou? (Sr. -: Não, são pessoas diferentes.) São pessoas diferentes que mandaram. É uma coisa muito interessante no Oratório que os senhores já notaram, a tendência que tem as rosas para chegar à tarde. Normalmente devia ser de manhã para a gente contar sempre com flores frescas, mas nossas rosas chegam à noite. É que é bonito crer na luz durante a noite... Oratório de Nossa Senhora da Conceição, Vítima dos terroristas |