Plinio Corrêa de Oliveira
Família Imperial austríaca: Intimidade numa vida de família distinta "Catolicismo", N° 630, Junho 2003 (*) |
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Pintura representando a Imperatriz Maria Teresa (1717-1780), Arquiduquesa da Casa d’Áustria, casada com Francisco I (1708-1765), da Casa de Lorena, Imperador do Sacro Império Romano Alemão, e filhos. [Archduchess Marie Christine: Distribution of gifts on the Feast of St Nicholas, gouache, 1762 - Schloß Schönbrunn Kultur- und Betriebsges.m.b.H.Schloss Schönbrunn Kultur- und Betriebsges.m.b.H.] Vemos neste quadro a família imperial austríaca reunida. Ela está tomando café da manhã. Sobre a mesa há uma cafeteira de prata e duas chicarazinhas. Com certeza, o casal imperial acaba de se servir. Nota-se que as crianças estão brincando: uma menina com boneca na mão, um dos meninos junto a vários brinquedos, está no chão. Vê-se ainda outra criança mais adiante. Os móveis são de muito boa qualidade. Quanto ao tapete, percebe-se que é um tapete persa muito bom. Na parede, um quadro de bom nível e uma lareira de certa imponência. Vêem-se poucos móveis, sendo evidentemente uma sala íntima. O Imperador Francisco I está de chinelo, com robe de chambre e uma touca para usar à noite, porque o inverno na Europa é muito rigoroso. A Imperatriz Maria Teresa está vestida com um traje também simples. Na posição do Imperador e da Imperatriz transparece a bonomia dos vienenses. Ele tem o modo de ser de um homem comum da burguesia, apesar de ser o chefe da Casa de Lorena e Imperador do Sacro Império. Ela, se saísse pela rua como se apresenta na pintura, não chamaria a atenção. O menino, com a mão no rosto numa atitude meio contrafeita, aparenta ter levado um pito. O Imperador lê alguma coisa escrita pela criança, e há alguma tensão entre os dois. O Imperador parece assumir uma atitude de pai severo com o filho. A mais velha das irmãs está apoiando o irmão. Os trajes dos personagens da gravura favorecem a naturalidade, o repouso, a despretensão e manifestam o prazer da intimidade, que é evidentemente necessário ao equilíbrio de todo espírito humano. Sem o prazer da intimidade, este equilíbrio não existe. Não é, entretanto, uma intimidade vulgar. Chama a atenção como se vestiam as crianças naquela época. Trajavam-se como adultos, o traje infantil não se usava. O menino era habituado, desde seus primeiros anos, a vestir-se como um homenzinho e a querer ser como um homenzinho. Observem a menina, que segura a boneca: ela está vestida com uma saia-balão. Não há diferença, no essencial, entre o traje dela, o da mãe e o da irmã. Entretanto, o senso das conveniências não está abolido. A Imperatriz veste-se como convém a uma senhora casada muito jovem. A princesa está com uma roupa cor-de-rosa, que não conviria à Imperatriz. Todo o senso das proporções está mantido. O ambiente apresenta um misto de burguês e de aristocrático, mas sem desarmonia. É o prazer da intimidade, na alegria de uma vida de família distinta e onde as boas maneiras se conservam. (*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio para sócios e cooperadores da TFP, em 25 de junho de 1970. Sem revisão do autor. |