Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento e a Comunhão plenamente confiante, tranquila e jubilosa

 

 

Santo do Dia, 17 de maio de 1969

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

Hoje, sábado na Oitava da Ascensão, é festa de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. É também festa de Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos.

Estamos na novena do Espírito Santo e na novena de Nossa Senhora Auxiliadora.

Acho conveniente deter nossa atenção particularmente nessa invocação de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Esta quer dizer Nossa Senhora considerada especialmente em suas relações com o Santíssimo Sacramento.

 

 

Imagem à qual São Pedro Julião Eymard (fundador dos Sacramentinos) tinha muita devoção. Igreja de São Cláudio, Roma

 

Como eu não posso fazer um Santo do Dia longo, procurarei  esquematizar, para que caiba o mais possível de matéria dentro do pouco tempo disponível.

Darei então, os seguintes pontos para considerarmos:

1 - uma das maiores graças que o gênero humano recebeu foi a instituição da Sagrada Eucaristia, ou seja da presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo em todos os sacrários da Terra, até o fim do mundo.

Para medirmos a importância dessa graça, basta considerarmos como julgaríamos magnífico o favor de, subitamente, termos Nosso Senhor visível aqui entre nós... Consideraríamos, com toda razão, que uma eternidade não bastaria para agradecer a uma tal mercê.

Ora, Nosso Senhor não está visível, mas está tão real quanto estivesse visível no Santíssimo Sacramento. Por aí nós podemos medir um pouco a importância dessa graça.

2 - A importância da graça da comunhão não é apenas a presença dEle no Santíssimo Sacramento, mas é a presença real dEle em nós.

3 - Na ordem dos valores, o supremo, o maior que tudo é a Santa Missa, que é a renovação incruenta do sacrifício do Calvário, e que está ligada à Eucaristia. Não haveria Missa sem Eucaristia.

Essas graças todas, se as recebemos, vieram a rogos de Maria, porque todas as graças vêm por meio dEla. De maneira que esses favores insondáveis devemos a Nossa Senhora. Ela é que obteve o Santíssimo Sacramento para o gênero humano.

4 - Todas as graças que Nosso Senhor distribui no Santíssimo Sacramento, Ele distribui pelo pedido dEla. Se Ela não pedisse, não se  obteria.

5 – A única criatura humana que presta ao Santíssimo Sacramento um culto inteiramente digno é Nossa Senhora. As outras criaturas humanas algum defeito sempre têm, que macula o alcance desse culto. Pelo contrário, Nossa Senhora presta um culto perfeito.

6 - Nossa Senhora conhece todos os lugares da Terra onde está o Santíssimo Sacramento, e Ela, do alto do Céu, está adorando continuamente as Sagradas Espécies por toda parte. Onde as Sagradas Espécies são adequadamente cultuadas, aí Ela presta um culto jubiloso. Quando são tratadas com indiferença ou até com blasfêmia, ou sacrilégio, Ela aí presta um culto reparador.

A devoção do Santíssimo Sacramento em cada alma é uma graça, logo é um fruto dEla. Por Ela é que somos devotos do Santíssimo Sacramento.

 

O modo de comungar de um verdadeiro escravo de Maria 

Que uso fazer desses pontos acima?

Cada um deles é um tópico para meditação, que nos deve ajudar a comungar como São Luís Maria Grignion quer.

Todas as nossas comunhões são atos de culto a Nosso Senhor Jesus Cristo, mas com Maria, por Maria, em Maria.

Então, dadas todas essas relações que Nossa Senhora tem com o Santíssimo Sacramento, devemos nos preparar para a comunhão com o auxílio dEla. O que quer dizer isso? Pedir a Ela que venha à nossa alma, que disponha nossa alma e que diga por nós a Nosso Senhor tudo quanto Ela diria se  estivesse comungando.

Devemos receber a Eucaristia junto com Ela. O que significa isso concretamente? Pedir com que Ela esteja como que à entrada de nossa alma para receber a Nosso Senhor, e que, em nossa alma, preste os atos de culto a Ele. Os atos de culto, como os senhores sabem, são quatro: adoração, ação de graças, reparação e petição das graças que precisamos. Então pedir que Ela faça tudo isso em união conosco.

Dizer a Nosso Senhor na comunhão, por exemplo, o seguinte: "Meu Deus, Vós encontráveis vosso Paraíso estando em Maria durante a concepção dEla. Como é inferior a acolhida que eu Vos dou! Tende entretanto em consideração que, em espírito, Vossa Mãe está presente em mim, dispensando-Vos uma acolhida incomparável. Recebei, assim, com benignidade, meus pobres atos de culto, enriquecidos por passarem através dEla, a fim de chegar a Vós".

Deste modo, nossa piedade eucarística se torna inteiramente marial, inteiramente embebida do espírito, do modo da devoção de São Luís Maria Grignion de Montfort. Isso é o modo de comungar de um escravo de Maria. E evita que, a respeito da comunhão, se caia em dois erros: a idéia da inacessibilidade de Deus e a falta de respeito para com Ele.

 

A Comunhão feita em união com Nossa Senhora é plenamente confiante e jubilosa 

Porque Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, quer dizer, Ele é tão  infinitamente Santo, que não há nenhuma proporção possível entre nós e Ele debaixo de nenhum ponto de vista.

Então, se a gente tem apenas este aspecto em consideração, vai-se comungar e corre-se o risco de fazê-lo de modo acanhado, quase deprimido.

Se a gente tem em vista que Nossa Senhora está em nós espiritualmente – não realmente como está Ele – comunga-se alegre, porque apesar de sermos o que somos, Ela está lá.

Eu lhes dou um exemplo: imaginem um mendigo que vai receber a visita do maior Rei da Terra. Ele não tem nada para lhe oferecer, mas consegue que a Rainha-mãe esteja lá para recebê-lo. O mendigo fica tranqüilo. A recepção dele foi soberba, não lhe falta nada se a Rainha-mãe está na entrada do tugúrio e diz ao Rei: "Meu filho, eu quis honrar essa casa com a minha presença. Essa casa é minha. Entre..."

O dono da casa não tem outra coisa senão sorrir, regozijar-se, transbordar de alegria porque a recepção está à altura do Rei. É feita pela mãe dele, e acabou-se.

Então, a comunhão é plenamente confiante, plenamente tranqüila,  alegre e jubilosa.

A gente deve comungar com a alma assim. Não acanhado, encafifado. E dava para isso, porque se cada um de nós fosse pensar nesse momento apenas o que leva consigo... meu Deus! que encafifamento!... Mas ali está Nossa Senhora, acabou! Que tranqüilidade, alegria, paz de alma, esperança para tudo!

 

A devoção a Nossa Senhora põe em equilíbrio todos os problemas que podem prejudicar nossa Comunhão 

Assim se evita também a falta de respeito que teria, por exemplo, um mendigo a quem o rei fosse visitar todo dia. Nunca o mendigo tem nada para oferecer ao rei. No “tantésimo” dia, ele diz ao rei: "Quer saber de uma coisa? Senta aqui e conversa, porque eu não tenho mesmo nada, não posso me rachar! Se Vós quiserdes vir aqui, a coisa é essa! Aqui está meu café velho para oferecer, e minha caneca rachada. Não tenho outra coisa, não posso me virar pelo avesso." Conseqüência: falta de respeito...

Então, a devoção a Nossa Senhora tira o acanhamento, o encafifamento, mas também a rotina, o desrespeito. Enfim, equilibra a situação. Compreende-se quem é que em nós está recebendo Quem.

Há, portanto, uma espécie de equilíbrio da piedade eucarística simplesmente magnífica, pela conjunção da maior das venerações, uma veneração que se chama adoração, de um lado. Mas também a maior das ternuras. Eu posso tomar com Ele as liberdades mais afetuosas, porque fui trazido pela Mãe dEle.

Eu quisera que um membro do Grupo, habitualmente, comungasse nesse espírito, tomando cada dia, por exemplo, um desses pontos para meditar durante a comunhão.

Dizer: "Minha Mãe, eu Vos devo a instituição da Sagrada Eucaristia. Todo o gênero humano Vos deve essa instituição. Ajudai-me a agradecê-la a Vosso Divino Filho, vinde à minha alma." Ao recebê-Lo, agradecer isso a Ele.

Acho que seria um método (inteiramente válido) para a comunhão, e assim se pode evitar as tais comunhões em que as pessoas tem a impressão de que não sabem o que dizer a Deus, como dois velhos amigos que se encontram todos os dias e que já não têm muito o que dizer um para o outro...

Nós, para Nosso Senhor, temos sempre coisas novas para dizer. É questão de aprofundar esses horizontes.

Que Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, que é Nossa Senhora enquanto relacionada com todos esses títulos ao Santíssimo Sacramento, nos conceda a todos essa graça tão preciosa de uma piedade eucarística em união com Ela.


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