Um dos grandes esforços da Igreja tem consistido em que sua ação
missionária, longe de privar de suas legítimas características os
povos gentílicos, as depure de seus elementos pagãos e imorais, e ao
mesmo tempo as salvaguarde, abençoe e vivifique pelo influxo da Fé, em
tudo quanto possuem de sadio.
Com
efeito, as diversidades dos dotes que Deus concedeu às nações em que
se divide o gênero humano, são elementos da riqueza espiritual e
material, de harmonia e de paz.
Em conseqüência, a Igreja não é cosmopolitizante, ou seja, Ela não
deseja eliminar as características regionais e nacionais, antes tende
a protegê-las. Catolicizar é reunir na superior unidade da Fé os mais
diferente povos, sem os eliminar como que os fundindo e liquefazendo
em um gigantesco cadinho.
* * *
No momento em que as nações africanas chegam à independência, em lugar
de tenderem à afirmação e ao progresso na linha de suas
características nacionais parecem varridas por um verdadeiro tufão de
cosmopolitismo. E aquela absorção de todos em uma imensa e
inexpressiva amálgama, que a Igreja se absteve de executar em
benefício próprio, se vai operando em benefício de um neopaganismo
ocidental extremado, quando não do comunismo, um e outro certamente
piores que o paganismo africano.
É, pois, oportuno mostrar alguns dos aspectos locais característicos
da África, que devem ser aproveitados de um ou outro modo por um
progresso inteligente, que seja afim com as belas tradições deles.
* * *
Entre muitos outros exemplos possíveis, consideremos dois.
Na
primeira foto vê-se um corcel branco, com arreios pitorescos e
complicados, que se empina fogosamente. Mas o chefe de tribo nigeriano
o domina com elegância: a elegância varonil e desembaraçada do
guerreiro. Um auxiliar revestido de uma hierática túnica de duas cores
também não se perturba com o salto do corcel, e carrega a umbrela,
distintivo da dignidade de chefe.
O segundo clichê representa três figuras típicas do Norte da Nigéria,
que formam um quadro de conjunto, ao mesmo tempo grandioso e poético,
símbolo de um povo que preza seus valores de alma e tem consciência de
sua dignidade. A admirável simplicidade de traje do homem que monta um
camelo contrasta coma riqueza e a fantasia da indumentária do
cavaleiro e sobretudo da pessoa que vai a pé entre ambos. A imensa
trombeta confere algo de heróico à cena.
África legendária e poética, que contém valores autenticamente
culturais, se bem que incipientes, cujo desaparecimento não se deve
desejar.